O passeio anual sénior, organizado pela Junta de Freguesia de Canidelo, realizou-se no passado dia 5 de setembro e contou com a participação de cerca de 800 idosos e com a presença de Elisa Cidade, vereadora da Câmara Municipal de Gaia, do Pároco José Maria, adjunto de Almiro Mendes, Pároco da Paróquia de Canidelo, e dos Bombeiros Voluntários de Coimbrões.
O tradicional passeio anual sénior reuniu 800 idosos da Freguesia de Canidelo, com o objetivo de lhes proporcionar um dia especial. Os quinze autocarros partiram por volta das 8h30 da Junta de Freguesia de Canidelo com destino ao Santuário de Fátima, onde tiveram algum tempo livre para assistir à missa que decorreu na Basílica da Santíssima Trindade e para explorar o local.
Após a paragem no Santuário, os seniores rumaram até ao Complexo Turístico D. Nuno, para se saciarem com um banquete e se divertirem durante a tarde, que foi de fraternização e animação. O almoço foi servido e, depois, os idosos começaram a explorar a Quinta. Enquanto uns aproveitaram os espaços verdejantes, que envolviam alguns lagos com chafarizes, para conversar, outros aderiram ao momento dançante, que decorreu no exterior do estabelecimento e se prolongou até à hora do lanche. Finda a merenda, os 800 seniores de Canidelo regressaram a Vila Nova de Gaia.
Maria José Gamboa, presidente da Junta de Freguesia de Canidelo, afirmou ao AUDIÊNCIA que “este convívio significa, para todas estas pessoas, um devolver do seu próprio passado. No passado, o passeio era a única atividade que havia para as pessoas se encontrarem, distraírem-se, conviverem e viajarem. Este mantém a mesma tradição. Digamos, que o astro é do convívio, do encontro de pessoas que não se vêm durante o ano e que hoje se encontram, também até de matar algumas saudades, porque as pessoas, entretanto, saíram de uma determinada zona da freguesia e passaram a viver noutra. É uma tentativa de manter os laços de relação entre as pessoas”.
Elisa Cidade, vereadora da Câmara Municipal de Gaia, mencionou ao AUDIÊNCIA que o passeio da terceira idade é muito importante a nível social, porque “é um dia diferente, é um dia no qual a maior parte deles sai de casa e já esperam todos os anos o dia do passeio, porque aqui encontram amigos que não veem durante o resto do ano e convivem. É um dia para esquecer também um bocadinho aqueles problemas que têm, que são normais do dia-a-dia, até esquecer um bocadinho as dores, as doenças e eu acho que é um dia de convívio e é muito, muito importante”.
A Câmara Municipal de Gaia financiou, pelo segundo ano consecutivo, através de um protocolo, os passeios da terceira idade organizados pelas Juntas de Freguesia com 25% do valor investido nos mesmos. A vereadora da autarquia revelou, a este propósito, que esta medida “é importante porque, na minha opinião, eu acho que as Juntas de Freguesia fariam o passeio na mesma, mas, de qualquer maneira, com esta parte que a Câmara financia, as Juntas acabam por ficar com o dinheiro, também, para depois investirem na parte social, que é onde as Juntas investem a maior parte do seu orçamento, portanto acaba por ajudar um bocadinho. As Juntas fariam na mesma estes passeios, como fazem há muitos anos, porque percebem a importância que eles têm e o impacto que eles têm na vida das pessoas, pois torna-as mais felizes e é um dia diferente”.
Neste seguimento, a presidente da Junta de Freguesia de Canidelo sublinhou, no que concerne o financiamento, que “a Câmara tem uma atitude muito solidária relativamente a este grupo geracional, que são os idosos. Também tem uma visão que coincide com a da Junta de Freguesia de Canidelo, que é o que é preciso é manter as pessoas na vida ativa, no seu lado ativo, do seu funcionamento e portanto do seu convívio e do seu bem-estar. O financiamento da Câmara vem aliviar o orçamento da Junta, porque uma atividade destas é uma atividade que tem o seu custo significativo, sobretudo quando abrange um grupo muito significativo, como é este caso, que são cerca de 800 pessoas”.
Maria José Gamboa aproveitou ainda a ocasião para salientar os objetivos da Junta de Freguesia de Canidelo. “Nós temos um objetivo, que é o primeiro objetivo, que é, digamos, o objetivo pai, que é o combate à pobreza dos idosos. Objetivamente nós estamos a falar de um grupo muito grande, que no país e, portanto, também em Canidelo é pobre, são reformas muito pequenas, muito baixas, têm encargos com as suas medicações, porque muitas vezes estamos a falar de trajetórias de saúde muito comprometidas. Também têm encargos, muitas vezes, de suporte aos seus filhos e aos seus netos, porque a vida dos filhos deu uma volta e eles estão sempre na retaguarda. Portanto, este combate à pobreza é, para nós, um dos principais compromissos e, por isso, nós temos um apoio financeiro à medicação dos idosos pobres, sobretudo à medicação crónica dos nossos idosos. Como também temos um apoio à parte alimentar, digamos, dos nossos idosos. Os idosos por força de muitas doenças podem ter uma alimentação corrente, uma alimentação de qualquer maneira e, portanto, é preciso também ajudá-los a aprender a cuidar e, nesse aspeto, a Junta pode ajudar sempre, proporcionando uma alimentação mais adequada, ou criando a condição para que eles possam ter uma alimentação mais adequada. Muitas vezes há momentos difíceis, que são as grandes faturas da água, as grandes faturas da luz, que também é preciso combater. Nós temos, também nesta dimensão, temos um apoio muito importante da Câmara de Vila Nova de Gaia, através do Plano de Emergência Social, que é um plano que trata, exatamente disso é a emergência é a emergência da vida que acontece a todos”, salientou a presidente da Junta de Freguesia, acrescentando que “depois há uma dimensão que é simbólica e que também é uma forma de olhar a vida, que é criar a condição para que estas pessoas tenham a vida que querem até ao limite das suas forças e, portanto, nós somos, claramente a favor das pessoas nas suas casas, no seu pequeno conforto ou no seu grande conforto, nas suas relações de vizinhança, na sua convivência com a sua rua. Amanhã pode haver o momento em que pode haver o recurso ou tem que haver o recurso a uma solução mais drástica, mais difícil, como é a institucionalização, recurso a um lar, mas que eles tenham para trás uma vida vivida e não exatamente amputada por uma solução, que às vezes não representa mais do que um grande egoísmo, um grande conforto, que fica para todos nós, termos os idosos encafuados, como eu costumo dizer, metidos muitas vezes e na maior parte das vezes contra a vontade deles em sítios que não têm a ver com a vida deles. Nós não podemos permitir que pessoas com estas idades, 70 anos, 80 anos, a sua vida fique rapidamente reduzida a um quarto de um quarto, a uma mesinha de cabeceira, a três cruzetas e a duas gavetas numa comoda. Isto é uma crueldade, é uma das crueldades do tempo de hoje. Agora esta solução do lar é uma solução importante para pessoas doentes, com alterações de comportamento, alterações de saúde mental e doenças degenerativas, essa é uma expressão pequena, felizmente, para todos nós. Há outra expressão, que é a expressão do envelhecimento natural, nós nascemos para envelhecer e para morrermos velhinhos e é isso o que nós queremos e, por isso, a nossa aposta na reorganização da ASSIC, no seu serviço de Centro de Dia e do Centro de Apoio Domiciliário, também e mais uma vez, com fortíssimo apoio da Câmara Municipal e aqui, também, da paróquia de Canidelo, que facultou o espaço que se pôde transformar e que está a terminar agora as suas obras para servir, fundamentalmente, este grande objetivo que é manter as pessoas vivas, ativas, o maior tempo possível. As pessoas têm de estar nos seus passeios, na sua colónia balnear, como fizemos este ano com o apoio da Câmara Municipal, os seus convívios, do mês do idoso, das suas marchas, em tudo aquilo o que signifique vida mais vida, mais saúde, mais alegria”.