RABO DE PEIXE: LIVRO “ABRILHANTA” 13º ANIVERSÁRIO DE ELEVAÇÃO A VILA

As comemorações do 13º aniversário de elevação de Rabo de Peixe a vila foram, este ano, especiais. Começando no dia 21 de abril com um ato simbólico de aquisição do imóvel degradado para requalificação do largo Frei António do Presépio Moniz, em frente à Igreja, as festividades continuaram no dia 23 de abril, no Cineteatro Miramar, com um momento muito especial: o lançamento do livro “Rabo de Peixe: de lugar a vila”, da autoria do ex-presidente da Câmara e presidente da Assembleia de Freguesia, António Pedro Costa.

A obra, que retrata o património, a economia, a sociedade, a religiosidade, as tradições, o desporto, a diáspora e o futuro da vila de Rabo de Peixe teve apresentação de Américo Natalino Viveiros.

“Apresentar um livro é uma tarefa difícil, sobretudo quando o autor conta já com um conjunto apreciável de publicações editadas. E esta é uma publicação que vem, no fundo, completar, dar a conhecer, vários passos da história desta freguesia e que será, no futuro, um livro de consulta obrigatória para melhor se conhecer quão valiosa é a vila e o povo de Rabo de Peixe”, afirmou.

Américo Natalino Viveiros explicou que o autor descreve nesta obra as condições difíceis em que sobreviveram os primeiros povoadores de Rabo de Peixe, “servindo de escravos e sempre trabalhando, para servir o reino e os senhores que dele recebiam honrarias à custa da exploração do trabalho escravo”.

 

As várias obras de António Pedro Costa sobre Rabo de Peixe
Em 2010, António Pedro Costa, impulsionado pelo filme produzido em 1967 sobre a pesca do bacalhau na terra nova, “A Frota Branca”, decidiu homenagear no seu livro “Aventura na Terra Nova”, os bravos homens que enfrentaram com ousadia e grande risco de vida a faina do bacalhau. Nesse livro, descreve detalhadamente o dia a dia, as venturas e desventuras e até a morte dos pescadores, lembrando os verdadeiros heróis dos Açores e, sobretudo, de Rabo de Peixe.
Sete anos depois, António Pedro Costa vai ao baú da história procurar notas de grandes vultos como Gaspar Frutuoso, ou Luís Bernardo Leite de Ataíde e, a partir delas, cria a ponte entre o povoamento do lugar de Rabo de Peixe por volta do ano 1480, e chega depois aos nossos dias, ao seculo XXI.
Do acervo que consultou, António Pedro Costa transpôs para o livro a forma como se deu o povoamento do lugar, quem foi para cá mandado, e as razões da ocupação desta vasta orla costeira da costa norte de S. Miguel. O autor foi buscar as reminiscências do povoamento e a partir daí traçou o percurso empreendido. Crê-se que foi pela importante colónia de mouros, que se estendeu ao longo da orla litoral de Rabo de Peixe que provavelmente se foi concentrar na zona que hoje ainda é conhecida como Cova da Moura.
Antonio Pedro Costa levanta ainda a hipótese nos seus livros de que além dos mouros, haverem sido despachados pelo reino para Rabo de Peixe islamitas que se misturaram. E tal convicção encontra eco na existência de um local chamado Canadá da Meca, ainda hoje assim conhecido e por estar virado para Meca, teria sido lugar da oração do clã islamita.
Da autoria de António Pedro Costa constam as obras “Rabo de Peixe: o presente e o futuro” de 1980, “A Nossa Memória Coletiva” de 2003, “Memórias da Vila” de 2005, “Aventura na Terra Nova” em 2010, e agora “Rabo de Peixe: de lugar a vila”.

Em “Rabo de Peixe: de lugar a vila”, António Pedro Costa aborda a vida dura da população piscatória, bem como a divisão que existiu, durante séculos, entre as gentes do mar e as da terra. “Os do mar dificilmente passavam da chamada praça para cima, e os da terra desciam até à praça, mas dificilmente pisavam a linha que levava ao que era chamado o caranguejo. Não era comum o casamento entre pessoas que residiam nos polos opostos, tal costume foi uma chaga que durante séculos permaneceu aberta na população mas que em boa hora, na era pós-moderna em que vivemos, se logrou curar”, explica Américo Natalino Viveiros.

O autor afirma ainda que “Rabo de Peixe não era avaliado pelo seu todo, porque a pobreza dos pescadores serviu erradamente de radiografia de uma freguesia que tem património arquitetónico, uma malha urbana de qualidade que junta várias épocas e que hoje acolhe projetos modernos que são parte dos 2500 alojamentos que albergam as 2100 famílias formadas a partir dos 8800 habitantes registados”.

No livro, o autor descreve também a vocação agrícola da vila, “que a torna num dos grandes mercados abastecedores de produtos hortícolas de S. Miguel”, bem como um conjunto de serviços, nomeadamente, a construção civil, a madeira, as conservas, o pescado, a reparação e construção naval, as rações para animais e outras indústrias agroalimentares.

“O autor parte do século XIV onde narra as condições sub-humanas em que se deu o povoamento e chega ao Século XXI para apresentar a vila no presente e com futuro. Rabo de peixe tem quase tanta população como a cidade da Ribeira Grande”, resume.

Na obra também não ficaram de parte os que de debateram pela elevação de Rabo de Peixe a vila, como Ezequiel Moreira da Silva ou Artur Martins, que já se haviam batido para que a Ribeira Grande fosse cidade. “A data para elevação a vila não podia ser melhor, 25 de abril de 2004, pois foi pela liberdade restituída em 74 que Rabo de Peixe conseguiu atingir o nível de progresso percetível em termos sociais, culturais e económicos”, refere Américo Natalino Viveiros.

Com prefácio de Francisco José Ferreira da Silva, presidente da Faculdade de Economia e Gestão da Universidade dos Açores, a obra é para Américo Natalino Viveiros “um importante instrumento que nos leva a conhecer o passado, lembrar o presente e imaginar o futuro de uma das maiores freguesias dos Açores que soube sarar o estigma da exclusão e da pobreza com que era vista pelo exterior”.

“A Ribeira Grande não pode esquecer a importância desta vila no contexto do concelho e que ninguém duvide da força e do querer do nosso povo. Os guetos nunca acabam porque haverá sempre quem não tenha o suficiente para viver mas depende da nossa sociedade criar condições para os derrubar à nascença e manter as novas centralidades que o povo de Rabo de Peixe conquistou”, afirmou.

A religiosidade e costumes das gentes de Rabo de Peixe também merecem um grande destaque nesta obra, especialmente no que toca às festividades em honra do Espírito Santo e a importância que a terceira pessoa da Santíssima Trindade teve ao longo do crescimento do lugar de Rabo de Peixe.

“O autor, juntando, certamente sentimentos e vivências de infância, estabelece a trilogia entre os costumes importados pelos colonos e a importância da festa perante a pobreza dos pescadores residentes e a religiosidade que sustentava a partilha da carne, do pão e do vinho pelos necessitados”, explica o apresentador da obra, acrescentando que António Pedro Costa vai mais longe e explica também as diferenças destas festividades para outros locais da ilha.

“Durante séculos, as Festas do Espírito Santo eram, para muitos, o momento do ano em que tinham oportunidade de comer carne e saborear o pão provindos das esmolas. Mas o autor também nos relata no livro a mudança que se operou nas últimas décadas, que embora sem perder o espírito, importou usos e costumes no trajar e no servir, que, prosseguindo, poderão perder a genuinidade e simplicidade”.

 

 

Um desafio lançado pela autarquia

António Pedro Costa, autor da obra e presidente da Assembleia de Freguesia de Rabo de Peixe, explicou como surgiu a ideia para esta nova obra.

“No final de uma cerimónia de elevação a vila em que fui convidado a proferir algumas palavras sobre a caracterização de Rabo de Peixe focando os seus aspetos históricos, culturais e sociais, fui desafiado pelo presidente Alexandre Gaudêncio a editar em livro aquela temática. Hesitei, porquanto já tinha lançado em 2003 o livro “A Nossa Memória Coletiva” onde reuni muitas informações dispersas sobre Rabo de Peixe. No entanto, instado por diversas vezes a faze-lo, aceitei por fim o repto do presidente da Câmara Municipal, até porque se tratavam de novos dados e não poderia deixar de disponibilizá-los aos que se interessam por aprofundar a investigação sobre a história da nossa vila. Trata-te, portanto, de um complemento que poderia até chamar-se “A Nossa Memória Coletiva II”. Mas senti que devia avançar com a publicação desta brochura”.

Agradecendo à autarquia e aos seus parceiros por esta publicação, António Pedro Costa não esqueceu também Jaime Vieira, presidente da Junta de Freguesia de Rabo de Peixe “pelo seu persistente empenhamento em proceder ao lançamento da brochura numa cerimónia comemorativa do aniversário de elevação a vila”. Para o autor, este facto “vem enobrecer não apenas a celebração como valorizar este livro de estórias que fazem a história desta terra”.

“Não se trata de um tratado porque é um trabalho incompleto mas transluz para novas interpretações e que permitirão facilitar o aprofundamento da investigação sobre o passado de Rabo de Peixe”, acrescenta.

António Pedro Costa destaca ainda três aspetos desta obra, a começar pelo nome do primeiro habitante ilustre de Rabo de Peixe, João Moniz, que decidiu viver na vila e que se tornou num dos mais influentes da mesma. “Ao ponto de Gaspar Frutuoso citar que ‘os moradores lavaram na maioria em terra alheira, tirando os Monizes e a sua família’”, afirma o autor.

Outro aspeto importante para António Pedro Costa é também a questão da religiosidade, já apontada por Américo Natalino Viveiros, bem como o facto de estas serem totalmente “distintas” das que se veem no restante arquipélago.

“Até ao Século XIX, por volta do ano 1870, em Rabo de Peixe o Espírito Santo era celebrado tal como em todas as outras localidades onde havia uma coroa com o respetivo império em vários pontos. A partir de então, o morgado Maurício Arruda e outros companheiros decidiram fundar uma festa que abrangesse toda a freguesia e não fosse apenas de uma zona específica com o objetivo, além de honrar de forma solene e imponente o Divino Espírito Santo, que não faltasse à mesa das famílias dos pobres de toda a freguesia o vinho e carne, no verdadeiro espírito cristão. Foi então que para se distinguir das outras celebrações, em Rabo de Peixe, se criou uma bandeira ficando assim como símbolo maior da festa, prescindindo-se da coroa que se mantinha nos impérios”, explica o autor.

Por todos estes motivos, António Pedro Costa considera mesmo que “este livro poderá constituir um instrumento para melhor se perceber as vivências do povo desta terra”, tendo também como objetivo “ajudar a que outros prossigam com a investigação para se trazer à luz do dia todo o enquadramento e contexto social, cultural e económico, de como este lugar de desenvolveu ao ponto de chegar a vila e, quem sabe, um dia, a cidade”.

António Pedro Costa agradeceu ainda a Francisco José Ferreira da Silva o prefácio da obra “que vem engrandecer esta pequena tese”, bem como a Américo Natalino Viveiros, que “deixou um aperitivo para incentivar a leitura”.
“Espero que o meu esforço de pesquisa não tenha sido em vão, e que esta obra seja útil para os vindouros. Feita com modéstia mas empenhadamente em prol de Rabo de Peixe”, concluiu o autor.

 

 

Já Jaime Vieira, presidente da Junta de Freguesia de Rabo de Peixe, não deixou de demonstrar a satisfação por iniciar as comemorações com a publicação desta obra que, a seu ver, “será mais um importante contributo para a difusão da cultura açoriana e, mais concretamente, para a cultura da vila de Rabo de Peixe”.

“Não tenho dúvidas que este livro foi escrito com muita paixão mas, acima de tudo, com muita vontade de transmitir todo o seu vasto conhecimento acerca da nossa vila. Poucos são aqueles que estão habilitados a falar de Rabo de Peixe como o autor, pelo que agradecemos por mais esta criação”, afirmou o presidente.

Jaime Vieira adiantou ainda que quando teve conhecimento do desafio de Alexandre Gaudêncio para que António Pedro Costa escrevesse este livro, acabou também por desafiar o autor para que o lançasse, precisamente, na “data mais solene que a vila possui”.

“Deste modo, colocamos nas comemorações uma marca cultural, relevante para a nossa jovem vila. Esperemos que daqui a uns anos haja novos desafios e, possivelmente, novos livros da sua autoria”, acrescentou o presidente.
Presente no lançamento da obra esteve também o seu impulsionador, o presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, Alexandre Gaudêncio, que deu os parabéns ao autor pelo “excelente contributo para a história e para perpetuar a memória das gentes da vila de Rabo de Peixe”.

“Quando se fala de livros, de memórias, é, sem sombra de dúvida, uma forma de enaltecer o que de melhor se faz numa determinada localidade. E este livro vem, precisamente, reforçar esta qualidade das gentes de Rabo de Peixe. É uma mentalidade que não sabe virar a cara à luta, sabem lutar contra todas as adversidades e são um exemplo para todos nós. Acho que é uma excelente forma de começarmos as comemorações de elevação a vila com a publicação de um trabalho que para nós é fundamental para o futuro das nossas gentes”, reforçou o autarca.

Para Alexandre Gaudêncio, a obra “é um relato fidedigno, cultural, social e histórico”, que merece ser divulgado. Como tal, o presidente comprometeu-se a fazer chegar o livro não só a todas as bibliotecas e escolas do concelho como também à Biblioteca Municipal e bibliotecas públicas dos Açores.

Já sobre o autor, o autarca define-o como “uma pessoa que já deu muito e que, com certeza, irá continuar a dar pela sua terra”. “Além de ter sido presidente de Câmara e presidente da Junta, é um homem que não vira a cara à luta das causas sociais. Ainda recentemente abraçou um desafio na Santa Casa da Misericórdia da Ribeira Grande, o que revela bem a sua preocupação social, por isso, não podemos deixar fugir a sua responsabilidade nem o seu olhar crítico, às vezes, mas sempre construtivo, na melhoria da qualidade de vida do seu povo”.

Alexandre Gaudêncio lembrou ainda que desde que o seu executivo tomou posse já apoiou mais de 20 publicações, em parceria com a Cooperativa A Ponte Norte e a EDA Renováveis, o que “representa bem a preocupação da autarquia para que este tipo de trabalhos possam ser cada vez mais conhecidos pelas pessoas” e lançou o desafio a “todos os que queiram ver os seus trabalhos publicados” que contactem a Câmara.

Na sessão foram ainda homenageadas cerca de 20 instituições de carácter cultural, social e desportivo com sede social na freguesia e que desenvolvem a sua atividade em Rabo de Peixe.

Jaime Vieira explicou que esta era “uma singela homenagem” mas que se revestia “de grande significado”, já que o movimento associativo de Rabo de Peixe é bastante dinamizador e mobilizador tanto de jovens como de adultos e idosos.

“Este dinamismo é uma das maiores riquezas, não só pelo número de associações existentes mas também pela diversidade das atividades que desenvolvem. O movimento associativo em Rabo de Peixe desempenha o papel de verdadeiro embaixador da nossa vila já que são os primeiros a levar o bom nome da nossa vila para fora, seja na ilha, no país, ou até fora dele. Por isso, o movimento associativo merece todo o respeito deste executivo, pelo que não poderíamos terminar o mandato sem fazer este reconhecimento público”, afirmou o presidente de Junta destacando ainda o facto das duas filarmónicas homenageadas contarem já com mais de 100 anos de existência.

 

 

SESSÃO SOLENE NA JUNTA DE FREGUESIA DE RABO DE PEIXE

Já no dia 25 de abril, as comemorações do 13º aniversário da elevação de Rabo de Peixe a vila continuaram com a sessão solene na Junta de Freguesia onde Jaime Vieira, Alexandre Gaudêncio e António Pedro Costa lembraram os feitos conquistados por esta autarquia e por este executivo da Junta em Rabo de Peixe nos últimos anos.

Na altura, foram também homenageadas associações de imigrantes, a “outra parte de Rabo de Peixe” que como afirma Jaime Vieira, que apesar de não estarem na ilha, “sentem de maneira diferente a vila”.

Foram elas os Círculos de Amigos de Rabo de Peixe da Nova Inglaterra (EUA), Montreal, Ontário, e de São Miguel, em “reconhecimento do seu papel ativo em prol das tradições e da defesa do bom nome desta vila”.

O representante do Círculo de Amigos de Rabo de Peixe dos EUA acabou por falar em nome de todos e admitiu ser uma “grande honra representar aqueles que ao longo de 23 anos tem dignificado e elevado a vila”.

“Trago um abraço dos rabopeixense, particularmente dos Amigos de Rabo de Peixe para todos vós porque como diz o presidente da Junta, os imigrantes são a outra parte da nossa terra, e ninguém ama a sua terra natal mais que os imigrantes por causa da saudade”, afirmou.

Presente na cerimónia esteve também Vítor Santos, diretor regional da Organização e Administração Pública, em representação do Governo Regional, que destacou a “multiculturalidade” e a importância de a direção política autárquica “estabelecer as pontes, chegar aos que mais precisam e de potenciar o desenvolvimento daqueles que têm iniciativa e empreendedorismo”.

Vítor Santos enalteceu ainda a presença dos imigrantes nestas comemorações. “Entendo que esta, como todas as terras dos Açores, tem uma dimensão que vai além da circunscrição administrativa da região, do concelho ou da freguesia. E essa é dada precisamente pela diáspora dos nossos imigrantes nas várias partes do mundo”, referiu.

Aproveitando a data, que assinalava também a Revolução dos Cravos, o diretor regional lembrou que esta é também uma data “que não pode nem deve ser esquecida, principalmente na perspetiva do que faltará sempre cumprir do 25 de Abril”.

“Certamente que a democracia formal que vivemos e que, de alguma forma, os mais novos já não valorizam porque não tiveram a perceção, nem proximidade, do que era não ter um regime democrático, mas o desenvolvimento é um desafio nunca acabado e que nos assiste a todos, cidadãos e responsáveis políticos. É naturalmente uma marca que o 25 de Abril faz lembrar. A responsabilidade não é só de quem faz a liderança política, central, regional ou local, a responsabilidade é de todos nós. Não podemos exigir aos outros o que não fazemos do ponto de vista daquilo que nos cabe fazer. Portanto, a todos os açorianos, comecemos por ver o que podemos fazer para termos autoridade para exigir aos que nos representam para que façam o melhor pela nossa terra”, reforçou Vítor Santos.

As cerimónias do 13º aniversário de elevação a vila terminaram no passado dia 30 de abril com o desfile etnográfico “Viver o Presente, lembrando o passado”, que estava agendado para o dia 25, mas que teve de ser adiado por causa das previsões meteorológicas.

 

 

DECLARAÇÕES

Jaime Vieira, presidente da Junta de Freguesia de Rabo de Peixe
“Tenho a grata missão de presidir a esta Junta desde 2013, herdando-a num período de grandes dificuldades, mas de grandes expetativas e muitas conquistas feitas. Saúdo todos aqueles que trabalharam pelo progresso de Rabo de Peixe, tanto a nível público, como a nível empresarial, pessoal ou privado. Todos sabemos que a evolução de uma terra se faz com a entreajuda, o investimento e a coragem de muitos!
Neste 25 de abril de 2017, comemoramos 13 anos da Elevação de Rabo de Peixe à condição de Vila. Aproveitamos este dia para, publicamente, manifestar o nosso apreço e gratidão a personalidades, trabalhadores da Junta, instituições e empresas que, na nossa perspetiva, serviram bem e honraram a nossa comunidade.
Ainda, no domingo passado, tivemos a ocasião de homenagear todas as instituições desta Vila, foi certamente uma homenagem muito digna, pois o voluntário é um trabalho que merece toda a nossa admiração. Para além disso, assistimos ao lançamento do livro de António Rebelo Costa, intitulado “Rabo de Peixe de lugar a Vila”, que é com certeza uma mais-valia para a nossa jovem Vila.
Quero, também, aproveitar este momento para, publicamente, agradecer a todos os trabalhadores e colaboradores desta Junta (do mais humilde ao mais qualificado) que ao longo destes últimos três anos e meio ajudaram-me no desempenho da minha missão, através do seu trabalho que não só foi grande em quantidade como em qualidade.
Aos membros do executivo desta Junta, a que tive a honra de presidir, bem como ao presidente da Assembleia e vogais da mesma, deixo, também, uma palavra de gratidão, em meu nome pessoal e da comunidade, que tivemos a honra e o privilégio de servir.
A todos o meu bem hajam!
Nesta sala fazem-se representar três associações de grande orgulho para a nossa Vila, permitem-me falar um pouco delas, falo das associações do círculo de amigos de Rabo de Peixe de Montreal, Estados Unidos e Toronto.
Ao longo destes anos os círculos de amigos de rabo de peixe, bem como, todos os Rabopeixenses residentes no estrangeiro têm feito historia, na forma como defendem, lutam, mas acima de tudo como sentem a identidade de ser Rabopeixense, pois estas são caraterísticas humanas que só é possível encontrar em quem ama a sua terra.
Assim sendo a Junta de Freguesia não podia deixar de não reconhecer publicamente estas associações e os seus legítimos representantes.
Do círculo de amigos de Montreal fomos honrados com a sua jovem e dinâmica presidente Diane Borges, recentemente eleita, que se deslocou exclusivamente da Cidade de Montreal para esta cerimónia.
Do círculo de amigos da nova Inglaterra fomos agraciados com a vinda do seu presidente jovem e também recentemente eleito, Nick Flôr, que de igual modo se deslocou exclusivamente a Rabo de Peixe.
Do círculo de Amigos de Toronto fomos merecedores da Vinda dos dois representantes da sua presidente.
É com estas associações, também, que continuamos a ver renascido o espírito desta Vila. O trabalho desenvolvido é meritório e eu aplaudo-o. No futuro, teremos e queremos continuar a contar com eles, pois Rabo de Peixe não somos só nós, mas sim os vários milhares de emigrantes de Rabo de Peixe, aos quais dizemos hoje obrigada.
Hoje, de igual modo, relembramos a participação ativa que tiveram na elevação de Rabo de Peixe a Vila, pois o contributo desta comunidade foi de extrema relevância.
No entanto para se chegar a esta elevação, houve de igual modo duas pessoas que foram fundamentais para a concretização deste objetivo, falo do então presidente da Câmara Municipal, António Pedro Costa, e do presidente de Junta de Freguesia de Rabo de Peixe, Artur Martins, foram estes que tomaram as rédeas de todo este processo que terminou com a aprovação em unanimidade do então parlamento Regional.
A todos os que permitiram que Rabo de Peixe se transformasse Vila, o nosso muito obrigada em nome desta Vila.
Passados três anos e meio após a entrada deste executivo à frente dos destinos desta Vila, sinto que tentamos realizar bem a nossa missão, fazendo-a com muita paixão e entrega pelas causas da nossa Vila.
Apesar de árdua, esta tarefa foi verdadeiramente gratificante, porque como diz o ditado “quem corre por gosto não cansa”, e ao fazermos algo que enaltece a nossa Vila é sempre sinónimo de orgulho. Este foi claramente um dos motivos da nossa candidatura.
Ao candidatarmo-nos para a Junta estávamos cientes dos nossos desafios, todavia a nossa paixão pela terra falou mais alto. A candidatura, também deveu-se porque Rabo de Peixe precisava de alguém capaz de melhorar a vida de todos os Rabopeixenses, mudando para melhor, sem exceção do mais rico ao mais pobre, do menos qualificado ao mais qualificado, porque todos são Rabo de Peixe e merecem a nossa atenção e respeito.
Por isso tudo nunca ficamos parados, sabíamos que os miseráveis fundos que esta Junta possuía para quase dez mil pessoas, não davam para resolver uma pequena percentagem dos problemas, pois Rabo de Peixe tem os problemas e volume de trabalho de muitas Câmaras Municipais.
Deste modo, só nos restava sermos pró ativos, fomos à luta, procuramos parcerias com diversas instituições e pessoas individuais. Logicamente que tivemos a felicidade de contar com uma Câmara Municipal que sempre teve o bom senso e sensibilidade de perceber a realidade desta Vila, onde permitiu-nos ter capacidade de ser a Junta de Freguesia que somos hoje, no qual agradecemos ao seu presidente e seus vereadores. Agradecendo também ao Governo Regional o apoio que tem dado o que evidencia que acreditou neste executivo.
Com pouco acreditamos que fizemos muito, assim, a nível social, apoiamos as faixas etárias mais desfavorecidas, como idosos e crianças no apoio à aquisição de medicação. No mesmo registo apoiamos mais de duas centenas de famílias no âmbito da alimentação, onde vão surgindo inúmeros casos de pobreza envergonha.
Na educação, pugnamos para a requalificação do recreio e refeitório da escola António Tavares Torres, ambição antiga da comunidade escolar. A nível da Habitação, proporcionamos melhores condições de habitabilidade intervindo em mais de uma centena e meia de habitações.
No emprego, um dos maiores problemas desta comunidade, conseguimos dar emprego a mais de 70 pessoas e mais de duas centenas de pessoas ao abrigo do programa fios. No sentido de facilitar a procura de emprego por parte dos cidadãos desta Vila, foi criado o gabinete de apoio ao emprego.
Posso ainda referir que a visão futura desta Junta e Câmara Municipal, através da venda do campo de futebol à Cofaco, permitiu de uma forma indireta que não se perdesse emprego nesta unidade fabril, contribuindo assim para a possibilidade de aquela unidade fabril vir a empregar mais de 50 pessoas, com o aumento da mesma.
Na área desportiva, saliente-se o arrelvamento de dois ringues desportivos a efetuar nos próximos dias, bem como a criação de um terceiro cuja inauguração está prevista para este mês de maio.
No entanto e devido a ambição de querer mais e melhor para Rabo de Peixe e colocando sempre Rabo de Peixe em primeiro lugar, tivemos a ousadia e coragem de ambicionar a construção de um campo novo, a que podemos designar a cidade desportiva.
Na cultura, dignificamos a data de elevação a Vila, dotando este dia de um programa rico onde pontifica entre outras, as homenagens e reconhecimentos públicos, não esquecendo o nosso desfile etnográfico, que já traz muitos visitantes a Rabo de Peixe.
No Natal e com a Vila Natal conseguimos trazer para Rabo de Peixe a magia, onde pequenos e graúdos podem sentir a mundo mágico do natal e o mundo encantado.
No Turismo, aproveito para anunciar, que a Junta já tem em sua posse o roteiro e guia turístico para Rabo de Peixe, no entanto ainda não foi apresentado porque estamos a aguardar o filme promocional de Rabo de Peixe, que ainda não está concluído uma vez que aguardamos as filmagens do nosso cortejo etnográfico e as Festas do Espirito Santo.
No ambiente, adquirimos um aspirador mecânico para que as nossas ruas continuem a serem dignas e que diariamente uma equipa de varredores asseguram a limpeza das diversas artérias desta vila.
Através de um acordo interadministrativo com a Câmara Municipal conseguimos requalificar várias zonas da nossa Vila, permitindo de igual modo embelezar alguns espaços verdes da Vila.
Entretanto a nossa Ação em quatro anos não ficou por aqui, conseguimos resolver vários assuntos, que já vinham do passado, como a desativação a grua junto à Rua do Toronto, requalificamos uma das entradas da Vila, o rés do chão das courelas, salienta-se na mesma linha a requalificação e limpeza da avenida D. Paulo José Tavares, onde brevemente irá nascer um parque de estacionamento.
O Cemitério também foi alvo de intervenção, dotando aquele espaço de eletricidade, bem como alteração do piso que veio dar uma nova imagem aquele espaço.
Em associação com o grupo de romeiros fizemos a homenagem aos romeiros, bem como ao pescador com a imagem de São Pedro Gonçalves, e o Senhor dos navegantes. Alargamos a rua das areias facilitando a circulação viária naquela artéria.
No entanto uma das nossas maiores conquistas foi sem dúvida a concretização da requalificação do largo do coreto onde atualmente se assiste ao decorrer das obras, e que vai dignificar o centro da nossa vila, no qual tinha sido promessa nossa e da Câmara Municipal.
Também quero anunciar a aquisição da já afamada casa do Joe Silva, que realmente é caso para se dizer até que enfim.
É JUSTO REFERIR HOJE, que estas só foram possíveis devido à Câmara atual.
No futuro, já temos alguns projetos acordados com a Câmara Municipal e em andamento que vai, e de que maneira, dignificar e honrar ainda mais a nossa Vila, como um centro etnográfico, zona balnear, cozinha solidária jardim da Vila entre outros.
Teremos e queremos continuar a contar com todos, com a Câmara, com o Governo Regional, e com as diversas associações e pessoas individuais que compõem esta vila.
Não esquecendo os círculos de amigos e todos os imigrantes, porque Rabo de Peixe não é apenas a Junta. Rabo de Peixe somos todos nós, todos nós que nela vivemos, trabalhamos, aprendemos, nascemos, crescemos e morremos. Rabo de Peixe são também aqueles que emigraram e voltaram, aqueles que mesmo no estrangeiro pertencem de coração a esta terra.
Parabéns a Rabo de Peixe!”.

 

Alexandre Gaudêncio, presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande
“Comemorar um aniversário é sempre sinónimo de alegria e quando se festeja a efeméride de uma localidade é motivo de festa, mas também de reflexão sobre o seu presente e futuro.
É também importante não esquecer o passado, pois sem ele não estaríamos hoje aqui a comemorar o 13º aniversário de elevação a vila.
Quando Gaspar Frutuoso, no século XVI, mencionou esta localidade, referia que aqui foi encontrado um rabo de um grande peixe desconhecido. A própria morfologia do terreno parece-se com a cauda de um peixe devido às suas pontas de terra que têm a forma de uma cauda de peixe.
As suas gentes são o seu principal património. Para além da pesca que sempre foi uma das principais atividades económicas deste local, a agricultura, em particular a produção de hortícolas e frutícolas, foi e ainda é uma das atividades principais da economia local.
Merece por isso toda a nossa admiração e serve de exemplo a todos nós a forma como estas gentes sempre souberam ultrapassar as dificuldades, fazendo de muitos deles verdadeiros heróis e empreendedores.
Por aqui passaram figuras ilustres e que muito honram a nossa história coletiva, como D. Paulo José Tavares, bispo da diocese de Macau, Ruy Galvão de Carvalho, escritor e poeta e António Tavares Torres, músico e autor do texto da versão original do hino da autonomia.
Falar de Rabo de Peixe é falar também do seu património arquitetónico, onde se destaca a Igreja do Bom Jesus, edifício de estilo barroco tendo sido concluída a sua construção em 1735, as ermidas de Nossa Senhora do Rosário, do século XVI, de São Sebastião, do século XVII, Nossa Senhora da Conceição e Sant’Ana, bem como a mais recente a da Senhora do Perpétuo Socorro, que foi mandada construída para as romarias.
No entanto, para além do passado que merece a nossa recordação e admiração, há que olhar para o presente para se projetar o futuro desta vila.
Numa altura em que as dificuldades económicas são bem patentes, em particular no setor das pescas onde os rendimentos desta comunidade, que é a maior dos Açores, são escassos, não podemos deixar passar este momento sem esquecer aqueles que estão a passar por dificuldades em pleno século XXI.
Os nossos pescadores podem contar com as suas representações civis de Rabo de Peixe e do concelho da Ribeira Grande, para ajudar a ultrapassar esta forte crise que teima em não deixar este setor. Estamos solidários convosco e tudo faremos para que sejam encontradas soluções de forma a serem devidamente remunerados do vosso trabalho.
Para além da questão económica, cabe às entidades públicas, em particular às autarquias locais, definir rumos e políticas de investimento que visem à melhoria das condições de vida das populações, mas também na captação de investimento de forma a ser criado emprego sustentável e duradouro.
Nesse sentido, esta Câmara Municipal tem trabalho em parceria constante com a Junta de Freguesia de Rabo de Peixe, nessa visão e nessa missão.
Olhando para um setor em franca expansão, como o turismo, temos já finalizado o roteiro turístico da vila, que irá ser uma ferramenta importante de divulgação das atividades e das tradições locais.
Neste momento, decorrem em bom ritmo, as obras de requalificação do Largo Padre António Vieira, um investimento de 400 mil euros, que pretende dotar a vila de uma nova centralidade, virada para o turismo, mas sem esquecer as pretensões das suas gentes.
Adquirimos, no final do ano passado, o imóvel pertencente ao emigrante José Silva, e que será demolido para fazer parte integrante da nova frente da vila, junto à Igreja do Bom Jesus.
Numa outra vertente, e fruto de uma negociação com a empresa Cofaco, conseguimos vender o terreno do campo de jogos, pelo valor de 450 mil euros. Com essa venda a empresa irá expandir a sua capacidade de produção, aumentando significativamente os postos de trabalho e tornando aquela fábrica numa das maiores do país.
Esse negócio permite ainda requalificar todo o litoral da zona, onde se pretende tornar mais atrativo toda a orla marítima, desde a zona da dorna, junto ao antigo restaurante O Golfinho (já adquirido por esta autarquia) até à praia de Santana.
Com este projeto pretende-se virar aquela zona de Rabo de Peixe para o mar, numa nova frente de atração turística, mas acima de tudo em espaços condignos para que a população possa tirar partido, como uma nova zona balnear e zonas verdes e de lazer.
Antes de terminar, gostaria de aproveitar a ocasião para apelar aos nossos emigrantes, representados nesta sessão pelos amigos de Rabo de Peixe de Montreal, que invistam nesta terra.
Esta é uma excelente altura atendendo à nova procura de novos mercados turísticos, e numa altura em que se fala de novas e mais ligações aéreas à américa do norte.
Da nossa parte queremos vos receber de braços abertos.
Um bem haja a todos, em particular àqueles que viram nesta edição de freguesia a vila uma oportunidade para fazer desta terra um dos melhores locais para se viver nos Açores e no país.
Muito obrigado.”

 

António Pedro Costa, presidente da Assembleia de Freguesia
“Hoje é dia da Vila de Rabo de Peixe. Celebremos esta data com júbilo e alegria, pois foi a 25 de abril de 2004 que foi elevada à categoria de vila. Neste XIII aniversário a Assembleia e a Junta de Freguesia em tão boa hora resolvem homenagear a nossa diáspora, como parte integrante deste Rabo de Peixe que tanto amamos.
Com o efeito, os Amigos de Rabo de Peixe da Nova Inglaterra, de Ontário e do Quebeque estão constituídas formalmente como associações de emigrantes, oriundos desta Vila que no norte da américa têm tido um insubstituível papel de promoção e dignificação de Rabo de Peixe, em qualquer partida do mundo. A sua intensa atividade ao longo do ano é sinal de como os nossos emigrantes têm uma ligação telúrica capital e mostram ao novo mundo sem estigmas, a verdadeira face de Rabo de Peixe.
Todos irmanados à volta do torrão natal, vive-se não apenas a saudade sentida e a nostalgia de outros tempos, mas sobretudo a grande vontade em contribuir para o desenvolvimento e progresso desta Vila.
Sãos aos milhares os Rabopeixenses da diáspora que se juntam à volta dos Círculos de Amigos de Rabo de Peixe e hoje aqui, em dia em que se comemora a elevação a Vila se homenageia com toda a justiça aqueles que um dia partiram de mãos vazias e o coração cheio de vontade de singrarem na vida.
É muito importante que os naturais de Rabo de Peixe na diáspora continuem a mobilizar-se em torno dos Círculos de Amigos e demonstrem o seu dinamismo e a sua grande pujança, pois assim serão cada vez mais respeitados pelas autoridades locais.
São vários os exemplos de rabopeixenses que se têm destacado em áreas de grande responsabilidade na sociedade canadiana e americana, como lição de vida que deve ser seguida, pois nunca viram a cara à luta na sua da valorização pessoal, o que constitui uma honra para Rabo de Peixe.
As atividades dos Amigos de Rabo de Peixe são bem o exemplo da preocupação em preservar a sua cultura de origem, em que os usos e costumes levados na bagagem estão bem presentes. Há no entanto um problema que perpassa em toda a diáspora açoriana que é a preocupação, de que progressivamente a cultura e a língua portuguesas estão em fase de declínio, junto das camadas mais jovens, o que vem exigir medidas imediatas de preservação da herança açoriana, sob pena de na próxima geração a nossa diáspora ser incaracterística e metamorfosear-se.
Atenda-se o que se passou em Havai, quando no século XIX muitos emigrantes açorianos se estabeleceram naquele arquipélago do Pacífico e contribuíram significativamente para o seu desenvolvimento, mas que hoje em dia a língua portuguesa desapareceu, havendo apenas alguns idosos que teimosamente ainda dizem algumas palavras dos seus antepassados.
Apesar do orgulho que têm pelas suas raízes, a miscigenação foi inevitável e apenas as “malassadas” ou o culto ao Divino Espírito Santo permanecem, como herança cultural que preservam com grande entusiasmo, devoção e a todo o custo.
Evidentemente nas nossas comunidades no Canadá ou nos Estados Unidos a situação não é assim tão dramática, mas falta pouco para lá chegarmos, se nada for, entretanto, feito.
Por isso, esta homenagem da Junta de Freguesia de Rabo de Peixe aos Círculos de Amigos de Rabo de Peixe, para além de um agradecimento público pelo apego à sua terra natal, é um incentivo para continuarem com as suas manifestações culturais, em que o ensino da língua deveria ser também uma preocupação permanente.
A segunda e terceira geração começam a falar o “português”, em que cada indivíduo se exprime à sua maneira e de acordo com a herança familiar e a sua escolaridade. As raízes açorianas é para os jovens uma temática longínqua, pois confrontam-se com a vivência no dia a dia de uma cultura multicultural, em que o inglês é o denominador comum, não sentindo falta da língua dos seus familiares.
Por outro lado, não podemos colocar a cabeça na areia como se não houvesse um problema que urge resolver e diz respeito à raríssima a participação ativa de jovens nas atividades, pois os mais velhos ainda não conseguiram encontrar a fórmula para atrair camadas mais expressivas da juventude às suas iniciativas.
As preocupações oficiais situam-se em concretizar políticas que promovam, sejam por razões económicas, históricas ou culturais, os jovens da diáspora para o interesse pelas suas raízes, que não passa necessariamente pela aprendizagem da língua de Camões. O estímulo para o encontro destas raízes, revelam-se sobretudo no sentimento que se traduz numa memória coletiva, fruto das experiências de cada um no seio da sua família e na comunidade em que se integram.
As visitas promovidas à terra de seus pais e avós, na busca das raízes é, indubitavelmente, um fator relevante na consolidação dos laços e do interesse pela sua herança cultural, mas não se fique por aí.
Uma comunidade que não cultive e incentive o interesse pelas suas raízes culturais é uma comunidade que não sobreviverá. Por isso, para além dos concorridos convívios anuais e festas do chicharro, torna-se urgente aproveitar estas associações para se constituírem numa voz forte e unida, trabalhando em prol na cultura e em defesa da comunidade, mas também exigindo das autoridades mais atenção para a preservação da língua e cultura.
Nesta hora em que celebramos a elevação a Vila é de toda a justiça realçar o papel que os Amigos de Rabo de Peixe tiveram na revindicação da promoção da freguesia de Rabo de Peixe a vila, pois foi da diáspora que partiu este forte sentimento e aspiração, que fora há muitos anos levados na bagagem de cada rabopeixense.
Esta homenagem deverá constituir também um despertar para as preocupações aqui deixadas e para nos consciencializarmos para esta real situação e os convívios anuais poderão e deverão incluir esta vertente/inquietação para não se ficar apenas pela alegria dos encontros, do convívio festivo e salutar e do matar saudades do nosso torrão insulano.
Viva a Vila de Rabo de Peixe.
Vivam os Amigos de Rabo de Peixe”