MAFAMUDE E VILAR DO PARAÍSO CELEBROU O 25 DE ABRIL E RELEMBROU AS CONQUISTAS DA REVOLUÇÃO

A Junta de Freguesia de Mafamude e Vilar do Paraíso realizou as Comemorações do 25 de Abril de 1974, no Centro Recreativo de Mafamude e assinalou os 45 anos da Revolução dos Cravos com intervenções políticas, música e poesia. A celebração contou com a presença de Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Gaia, de Patrocínio Azevedo, vice-presidente da Câmara Municipal de Gaia, de Paula Carvalhal, presidente da direção do Centro Recreativo de Mafamude, e de Tiago Braga, presidente da Assembleia de Freguesia de Mafamude e Vilar do Paraíso.

Foi com a entrega de um cravo e do célebre poema ao 25 de Abril de Sophia de Mello Breyner, que abre com os versos “Esta é a madrugada que eu esperava/ O dia inicial inteiro e limpo”, que a comunidade na cerimónia comemorativa do 25 de Abril de 1974, organizada pela Junta de Freguesia de Mafamude e Vilar do Paraíso.

A sessão contemplou momentos musicais e de poesia proporcionados pelo Grupo Musicanto, nomeadamente por David Cardoso, que deu voz a inúmeras canções icónicas repletas de simbolismo, e por Amílcar Mendes, que lembrou a Revolução dos Cravos através dos grandes nomes da literatura.

As intervenções políticas iniciaram com o discurso de Ricardo Lopes, representante do Centro Democrático Social – Partido Popular, que afirmou que “na data de hoje celebramos o mais importante, que é respeitar e dignificar a liberdade e a democracia, conquistas do 25 de Abril de 1974, que foram confirmadas a 25 de abril de 1975”, salientando que “45 anos depois de 1974 é urgente recordarmos a todos que o voto continua a ser a melhor solução para se demonstrar a vontade em mudar de opinião, pelo interesse de todos, viva-se a democracia, celebre-se a liberdade oferecida por Abril, celebre-se o que novembro evitou e, sobretudo, que os portugueses sejam muito felizes neste paraíso à beira mar plantado”.

Posteriormente, Sérgio Barros, representante do Partido Comunista Português – Coligação Democrática Unitária, destacou que “nesta sessão que visa assinalar o 45º aniversário a Revolução ocorrida da 25 de Abril de 1974, em primeiro lugar queremos evidenciar a importância de tal comemoração, fazendo votos para que esta data se continue a celebrar, nomeadamente como símbolo e identidade de uma cultura que queremos preservar e aprofundar”, acrescentando que “a Revolução do 25 de Abril de 1974, onde se partiu para a materialização de um sonho desejado e partilhado por muitos homens e mulheres, permitiu transformar a realidade da vida do nosso país, restituindo, assim, a liberdade ao nosso povo. Revolução que não teria sido possível sem o apoio e iniciativa dos militares do Movimento das Forças Armadas, que puseram em marcha o desejo ancestral dos homens bons e de boa vontade, que anseiam pela inevitável, justa e nobre liberdade. Pelo que a CDU presta, desde já, a sua homenagem aos militares do MFA, assim como a todos os homens e mulheres que na luta pela liberdade foram presos, torturados e em muitos casos sacrificaram a sua própria vida, doando o seu maior bem a uma causa maior do que eles próprios”.

Por seu turno, Paula Valentim, representante do Bloco de Esquerda, sublinhou que “é importante manter a memória do 25 de Abril, principalmente para as gerações que não o viveram” e referiu que “o Bloco de Esquerda saúda o 25 de Abril de 1974, que pôs fim à Guerra Colonial, à censura e à ditadura fascista do Estado Novo e saúda também o 1º de Maio pela negociação coletiva, pelo aumento de salários contra a precariedade, pelo emprego digno e com direitos”.

Já Francisco Nascimento, representante do Partido Social Democrata, mencionou que “a Revolução do 25 de Abril trouxe grandes conquistas para o povo português. Podemos dar a nossa opinião livremente, ler os livros que quisermos, ouvir as músicas que queremos, sermos informados sobre tudo e isto sem receio”, evidenciando que “esta mudança levou ao melhoramento da nossa qualidade de vida, à promoção de uma sociedade mais igualitária, ao melhoramento das infraestruturas do país, ao melhoramento da nossa saúde e educação, à legalização dos sindicatos e, claro, dos partidos políticos”.

Enquanto Nuno Cardoso, representante do Partido Socialista, garantiu que “se celebrar Abril é comemorar a possibilidade de divergir, discordar e criticar, julgo que o mais importante nestes momentos é refletir sobre aquilo que nos une, sobre os desafios comuns que enfrentamos enquanto comunidade e os obstáculos que nos separam de uma sociedade mais justa, mais livre, mais informada e mais democrática”.

Tiago Braga, presidente da Assembleia de Freguesia de Mafamude e Vilar do Paraíso, também fez questão de intervir, assegurando que “as tentativas quotidianas, paradigmáticas no seu faciosismo, de revisionismo da nossa história contemporânea, particularmente da importância do 25 de Abril e do processo revolucionário consequente na implantação de um regime democrático em Portugal, obrigam-nos, mais do que nunca, a insistir, a persistir, a desistir, a evocar, a relembrar e, fundamentalmente, a celebrar este momento tão importante para nós todos” e declarando “não nos esquecemos de celebrar Abril. Viva o 25 de Abril!”.

Seguidamente, João Paulo Correia, presidente da Junta de Freguesia de Mafamude e Vilar do Paraíso, recordou “o papel daqueles que foram os resistentes durante o Estado Novo, aqueles que dedicaram as suas vidas resistindo ao Estado Novo, resistindo ao fascismo”.

“Não nos podemos esquecer do que foi o Estado Novo”, asseverou o presidente da Junta de Freguesia de Mafamude e Vilar do Paraíso, completando que “eu sei e tenho a certeza que o Regime do Estado Novo foi um regime opressor, que perseguia, que torturava aqueles que em nada concordavam com o regime, porque estavam contra as suas decisões e sei também que era um regime corrupto”.

João Paulo Correia esclareceu ainda que “eu julgo que temos de celebrar o progresso que o país conquistou” e que “nós vamos conseguindo resolver os nossos problemas. O país vai conseguindo resolver os nossos problemas, mas precisa, sobretudo, de resolver problemas, que já não são problemas da nossa democracia portuguesa, mas são problemas do mundo e da humanidade. O problema da liberdade de expressão, o problema da bancarrota ambiental, a ameaça que os nossos dias de hoje fazem ao equilíbrio ambiental nos próximos anos é uma ameaça que não é só em Portugal, mas que nós também temos de saber responder. Todos nós somos ativistas do 25 de Abril, todos somos importantes para caminhar no progresso do país e no desenvolvimento”.

O presidente da Câmara Municipal de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, aproveitou a ocasião para refletir sobre os valores e sobre as conquistas do 25 de Abril de 1974 e aludiu que “Mafamude e Vilar do Paraíso tem muitas razões para olhar para o futuro com confiança”.

“Nós ultrapassamos o 25 de abril e começamos a construir um país que é absolutamente extraordinário, que continua a ser absolutamente extraordinário. Durante parte dos 17 anos em que eu dei aulas, tinha funções políticas não executivas e portanto não remuneradas, mas durante grande parte desse tempo, do ponto de vista político, nomeadamente me Vila Nova de Gaia eu não fiz parte do poder, mas continuava a achar e continuo hoje a achar que éramos e somos um grande país, porque fizemos, num curtíssimo espaço de tempo, um trabalho extraordinário para criar uma democracia formalizada, com eleições democráticas. Fizemos o 25 de abril em 1974 e em 1976 já estávamos no ato eleitoral para as autarquias locais, umas eleições que foram simultaneamente para as Câmaras e para as Juntas de Freguesia e fizemos no mais curto espaço de tempo que eu conheço, a maior revolução que há no serviço nacional de saúde”, enalteceu o autarca.

“Viva o 25 de Abril! Viva Mafamude e Vilar do Paraíso!”. Estes foram os clamores da noite que assinalou os 45 anos do 25 de Abril de 1974. No final, os presentes cantaram em uníssono “Trova do Vento que Passa”, uma das canções mais conhecidas de Adriano Oliveira, que tem letra de Manuel Alegre, e brindaram à Revolução dos Cravos durante um porto de honra.