Após dois anos a lutar contra um cancro, Guilherme Pinto, presidente da Câmara Municipal de Matosinhos durante 11 anos, faleceu, no passado dia 8 de janeiro, aos 57 anos, durante a madrugada, em casa.
O funeral realizou-se na segunda-feira, dia 9, mas as cerimónias fúnebres começaram no dia anterior, com o corpo do presidente a ser velado no salão nobre dos Paços do Concelho, partindo depois, no dia seguinte, para a Igreja do Bom Jesus de Matosinhos, onde foi celebrada uma missa de corpo presente, presidida pelo bispo do Porto, D. António Francisco dos Santos.
Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, Guilherme Pinto assumiu a vice-presidência da Câmara de Matosinhos em 2001, e nas autárquicas de 2005 teve o caminho aberto para uma candidatura após os incidentes na lota de Matosinhos, entre apoiantes de Narciso Miranda e de Manuel Seabra, durante uma campanha de Sousa Franco, que viria a morrer na sequência de um ataque cardíaco após o sucedido.
Desta forma, com ambos os candidatos socialistas impedidos pelo PS de se candidatarem, Guilherme Pinto acabaria como vencedor das autárquicas, repetindo em 2009 a vitória contra, precisamente, a Narciso Miranda. Voltaria a recandidatar-se, desta vez em 2013, mas como independente, depois de romper com o PS quando António José Seguro escolheu António Parada como candidato do partido para as respetivas autárquicas.
Sem partido, Guilherme Pinto candidatou-se como independente e voltaria a vencer, com maioria absoluta.
A poucos dias da sua morte, mais precisamente a 2 de janeiro, Guilherme Pinto entregou à Assembleia Municipal a carta de renúncia ao mandato, por motivos de saúde. “Matosinhos e o projeto que, com grande honra, liderei durante 11 anos merecem um presidente a tempo inteiro e não alguém que hoje está diminuído nas suas capacidades físicas”, escreveu o então presidente.
Na mesma altura, Guilherme Pinto apresentou também a demissão dos diversos cargos que desempenhava, nomeadamente a presidência do Fórum Europeu de Segurança Urbana, a presidência do Conselho de Administração da Rede Europeia das Cidades e Escolas de Segunda Oportunidade e a presidência da Casa da Arquitetura.
Contudo, a 7 de janeiro, Guilherme Pinto esteve ainda presente na inauguração da obra de requalificação da Rua Alfredo Cunha, uma intervenção no valor de quase meio milhão de euros que permitiu regenerar uma das principais vias de entrada e saída do centro de Matosinhos. Foi a despedida do autarca que deixa na cidade um conjunto de obras emblemáticas.
Entretanto, Guilherme Pinto tinha já assinado a ficha de adesão ao PS, voltando, assim, a ser militante do partido pelo qual foi eleito pela primeira vez. Nas suas palavras, pretendia “regressar formalmente ao PS em sinal de agradecimento pelo apoio que recebeu do partido, sem trair o estatuto de independente com que se apresentou nas autárquicas de 2013”. “Isto é algo que só foi possível graças a António Costa e à relação excecional que mantenho com ele”, esclareceu na altura.
A ficha de inscrição foi assinada pelo secretário geral do partido, António Costa, e pelo presidente da Federação Distrital do Porto, Manuel Pizarro, duas personalidades que já lamentaram publicamente a morte de Guilherme Pinto.
Dias antes de falecer, Guilherme Pinto encabeçou ainda a Comissão de Honra de apoio à da candidatura socialista de Luísa Salgueiro, atualmente deputada na Assembleia da República. A lista reúne ainda os vereadores Eduardo Pinheiro, Fernando Rocha, António Correia Pinto, Joana Felício, Lurdes Queiroz e as administradoras municipais Helena Vaz e Olga Maia bem como diversas individualidades como Ricardo Fonseca, Isabel Pires de Lima, Pedro Guedes, João Paulo Sá Couto, Diamantino Gomes, Manuel Dias da Fonseca, Carlos Oliveira e Pedro Sousa.
Constituem também esta Comissão de Honra mais de uma centena de presidentes de associações, culturais e desportivas, assim como presidentes de corporações de Bombeiros do concelho que se aliam em torno de uma candidatura que se pretende “forte, abrangente e envolvente” que “una os matosinhenses em torno de um projeto que tem vindo a ser implementado por Guilherme Pinto e que Luísa Salgueiro pretende inovar e continuar”.
Considerado por muitos como um “autarca de eleição”, Guilherme Pinto deixa um legado político em Matosinhos que, certamente, irá perdurar. Eduardo Pinheiro, vice-presidente que após a renuncia iria assumir a autarquia a partir de 1 de fevereiro, e que passa, a partir de agora, a presidente da autarquia, já garantiu que “não haverá alterações profundas”.
Esta alteração implica ainda a subida à vereação do sétimo da lista independente liderada por Guilherme Pinto, Tiago Maia, que assumirá o pelouro do Desporto, até aqui sob a alçada do presidente.