O mundo lusófono congrega uma população total aproximada de 264 milhões de pessoas e sete mil optometristas. O rácio é de 0,0265 Optometristas por 100 mil habitantes. Um rácio razoável seria de 16 por 100 mil habitantes.
Acresce a esta situação o contexto próprio muito específico da saúde pública da visão de cada um dos países lusófonos, com desafios enormes e extremamente variados. Se em alguns países o acesso aos cuidados para a saúde da visão é muito limitado, noutros o envelhecimento da população coloca pressão crescente sobre o sistema de saúde. Como enfrentar tão diversos e significativos desafios? Não há uma resposta definitiva a estas questão. Mas não nos enganaremos muito se assumirmos que será necessário enfrentar estes desafios em conjunto.
Há algo que partilhamos e que nos une, a nossa língua nativa e a vontade de dialogar e entre ajudar. Foi esta visão comum aos nossos países, foi esta empatia entre optometristas, foi esta a lógica que reuniu Angola, Brasil, Moçambique, Portugal e Timor-Leste na XVIIª Edição das Conferências Abertas de Optometria, uma organização da Associação de Profissionais Licenciados de Optometria (APLO) e que contou com mais de 1.100 participantes.
Após análise, debate e discussão entre representantes e as associações representantes dos Optometristas de cada um destes países, foi criado o Conselho Lusófono de Optometria com a participação de Associação de Optometristas Angolanos, Conselho Brasileiro de Óptica e Optometria, Associação Moçambicana de Optometria e Representantes de Timor-Leste.
Este Conselho tem como atribuições a defesa da saúde pública, a saúde da visão e o direito dos utentes a cuidados para a saúde da visão, com segurança e qualidade, a promoção de mais e melhores cuidados para a saúde da visão, a defesa do acesso a cuidados para a saúde da visão de proximidade e na comunidade, com qualidade e atempadamente, e ainda, a promoção do desenvolvimento da prevenção visual, colaborando com os organismos oficiais e autoridades internacionais da área da saúde. O momento não poderia ser mais oportuno, dado que, recentemente a Assembleia-Geral da Organização Mundial de Saúde aprovou dois objetivos para 2030. O aumento em 40% da cobertura dos cuidados para o erro refrativo e o aumento em 30% da cobertura da cirurgia à catarata. Nos países onde for possível, atingir a cobertura total.
Nas celebrações da APLO no passado 23 de março, Dia Mundial da Optometria, Sílvio Mariotti, Médico Oficial da OMS, teve a oportunidade de explicar o esforço que estes objetivos implicam para cada país, para os seus ministérios da saúde, para as suas políticas de saúde e para os seus sistemas de saúde e recursos humanos. Apelou, de forma clara e objetiva, à sinergia de todos os intervenientes relevantes, incluindo os Optometristas.
O Conselho Lusófono de Optometria é, indiscutivelmente, mais um importante contributo para dar maior relevância à necessidade dos cuidados para a saúde da visão e da Optometria na lusofonia.