A Bienal Internacional de Arte, promovida pela Artistas de Gaia – Cooperativa Cultural, vai regressar de 8 de abril a 8 de julho de 2023 e terá, mais uma vez, como centro nevrálgico a antiga Companhia de Fiação de Crestuma, sita em Lever. A quinta edição deste evento vai reunir centenas de artistas em 30 exposições no concelho gaiense e em 12 localidades do país, tendo em vista “contribuir para a descentralização da arte”.
A apresentação da 5ª Bienal Internacional de Arte de Gaia 2023, que decorrerá entre os dias 8 de abril e 8 de julho do próximo ano, aconteceu a 28 de setembro, no Salão Nobre da autarquia gaiense. Na ocasião, marcaram presença os vereadores, Paula Carvalhal, Dário Silva e Elísio Pinto, assim como os presidentes de Junta, Maria José Gamboa, de Canidelo, Cipriano Castro, de Avintes, e Alexandra Amaro, de Mafamude e Vilar do Paraíso, os presidentes da Direção e da Mesa da Assembleia da Federação das Coletividades de Vila Nova de Gaia, Paulo Rodrigues e César Oliveira, respetivamente, Ilda Figueiredo, presidente da Direção do Conselho Português para a Paz e Cooperação, Luís Pedro Martins, presidente da Comissão Executiva da Turismo do Porto e Norte de Portugal, António Ponte, diretor do Museu Soares dos Reis, entre inúmeras individualidades do mundo das artes.
Assegurando que esta é a maior bienal de sempre, Agostinho Santos, diretor da Artistas de Gaia – Cooperativa Cultural, lembrou o papel preponderante que a Câmara Municipal de Gaia teve na concretização da primeira edição do evento. “Nós tínhamos o sonho de fazer uma bienal e todos acharam que era uma ótima ideia, porém, ninguém apoiava, até que, em 2014, e apesar das dificuldades que a autarquia tinha, na altura, eu falei com o presidente da Câmara, o professor Eduardo Vítor Rodrigues e ele disse sim à realização do evento”, ressaltou o curador e mentor da iniciativa, enfatizando que “sem o apoio do município de Gaia não era possível termos esta bienal”.
A próxima edição do certame contemplará 30 exposições, mais especificamente 18 coletivas e individuais e 12 em diferentes locais do país, nomeadamente Alfândega da Fé, Amarante, Esposende, Gondomar, Funchal, Lisboa, Mirandela, Oliveira do Hospital, Paredes, Paços de Ferreira, Paredes de Coura e Viana do Castelo. “Nós queremos congregar o que de melhor há na arte em Portugal, nas mais diversas regiões, e é por isso que nós vamos sair da nossa zona de conforto, que é Vila Nova de Gaia, e vamos a 12 municípios. Portanto, naturalmente que um dos nossos grandes objetivos é contribuir para a descentralização da arte, ao levarmos os nossos artistas a expor em conjunto com os artistas locais e a dialogar com eles”, revelou o diretor do evento.
Feliz com a expansão desta iniciativa cultural a outros pontos do país, Agostinho Santos sublinhou que “existem grandes artistas em pequenos municípios que, às vezes, não têm possibilidade de expor e a nossa função, enquanto bienal que se preocupa com os outros, é, exatamente, também dar a possibilidade de expor e, por isso, vamos levar os nossos artistas e vamos colocá-los em contacto com os artistas locais”.
Nas obras em exposição, de pintura, desenho, fotografia e escultura, os artistas vão abordar temas da atualidade, que inquietam as pessoas, desde a guerra e as invasões, à xenofobia, racismo, violência doméstica, assim como desigualdades de género e sociais. Entre as diferentes mostras, haverá, também, uma coletiva sobre o cancro, que surgiu a partir de uma conversa com o investigador médico Sobrinho Simões. “Vamos colocar à discussão dos artistas o cancro, a doença que afeta todos nós e vamos desafiar alguns artistas a abordar esta questão. Não é um tema bom, mas não podemos fugir às questões do dia a dia”, afiançou o diretor da Artistas de Gaia – Cooperativa Cultural, asseverando que “nós queremos expor arte de intervenção. (…) Eu acho que a contemporaneidade é a grande fonte de inspiração, infelizmente, dos artistas e, portanto, nós pretendemos que eles comecem, de facto, a abordar estas questões, porque temos a certeza de que os artistas podem não mudar o mundo, mas podem contribuir para mudar algumas mentalidades e embelezar os males do mundo”.
Enaltecendo que a bienal já ultrapassou as fronteiras do concelho e demonstrando a sua vontade de extravasar os limites do país, o curador e mentor da iniciativa salientou que a quinta edição deste evento vai homenagear os artistas Carlos Carreiro, um açoriano residente na Invicta, que foi professor da Faculdade de Belas Artes do Porto, e João Jacinto, de Lisboa, um nome da arte, que “ainda não é suficientemente conhecido”.
Em parceria com a Universidade do Porto, a bienal vai ter, também, uma mostra dedicada à biodiversidade, estando a curadoria a cargo da vice-reitora da instituição, Fátima Vieira. Já com Ilda Figueiredo, presidente da Direção do Conselho Português para a Paz e Cooperação, como curadora, estará, igualmente, patente uma mostra alusiva aos 50 anos do 25 de Abril, que se assinalarão em 2024, intitulada: “Revolução: 50 anos, 50 artistas”.
Agostinho Santos alertou, ainda, que “o número de exposições está sempre a aumentar e eu costumo dizer que a programação da 5ª Bienal Internacional de Arte só fechará no dia 6 ou 7 de abril, porque estamos a receber mais solicitações, cada vez temos mais ideias e estamos a alargar e, portanto, o único sítio que temos disponível é, de facto, onde temos realizado as últimas edições, na antiga Companhia de Fiação de Crestuma, que é um bom espaço e é lá que vamos fazer, também, esta bienal”.
Presente na apresentação da 5ª Bienal Internacional de Arte de Gaia 2023, Paula Carvalhal, vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Gaia, fez questão de dirigir algumas palavras aos presentes, agradecendo à Artistas de Gaia – Cooperativa Cultural, pelo trabalho realizado e evocando a importância da cultura na formação dos jovens. “Parabéns pelo vosso trabalho. O município é parceiro e queremos continuar a desenvolver os vários projetos da Artistas de Gaia”.
Assegurando que o objetivo é tornar a arte cada vez mais “democrática e próxima de todos”, a edil destacou que “tudo isto é um projeto integrado, onde esta iniciativa tem um papel muito importante. É um projeto de continuidade” e exaltou que “vamos afirmar-nos enquanto Bienal de Gaia, mas, também, enquanto país desenvolvido. (…) Vamos trabalhar em prol da cultura”.