Para comemorar o 49º aniversário do Dia da Liberdade, a Junta de Freguesia de Rio Tinto promoveu inúmeras iniciativas culturais, que decorreram entre os passados dias 20 e 28 de abril. A tradicional sessão solene, que se realizou no Auditório do Centro Cultural desta localidade, foi um dos pontos altos das celebrações e culminou com a intervenção de todas as forças políticas com assento na Assembleia, que ressaltaram a importância desta data nunca ser esquecida.
A Junta de Freguesia de Rio Tinto promoveu várias iniciativas inseridas nas comemorações dos 49 anos do 25 de Abril. Além de uma exposição de cartazes alusivos ao tema, que decorreu entre os dias 20 e 28 do mês transato, as celebrações contemplaram uma tertúlia poética, que aconteceu a 22 de abril.
Já no dia 24, pelas 21h30, foi a vez do Auditório do Centro Cultural de Rio Tinto receber a tradicional sessão solene, que contou com a presença de inúmeros representantes de entidades civis e militares, assim como com a intervenção das mais diversas forças políticas, com assento na Assembleia desta localidade.
Por conseguinte, o momento dos discursos foi inaugurado por Eugénio Saraiva, presidente da Assembleia de Freguesia de Rio Tinto, que aproveitou a ocasião para assegurar que “é imperativo que as gerações vindouras tenham presente a importância da Revolução dos Cravos e o que se passou, para evitar a mais pequena possibilidade de os regimes ditatoriais e totalitários voltarem, novamente, a assombrar a vivência dos cidadãos”, afiançando que “os desafios do presente são o reflexo do passado e alavancam o nosso futuro coletivo. As escolhas que fazemos hoje vão potenciar as vivências do amanhã”.
A Associação 25 de Abril também fez questão de transmitir uma mensagem aos presentes, que foi lida pela vogal da Junta de Freguesia de Rio Tinto, Conceição Loureiro, asseverando que “o mundo está conturbado e em mudança, os regimes democráticos veem-se cada vez mais colocados em causa pelos demagogos e populistas, que procuram retornar aos regimes totalitários, assentes nas mentiras. Mas, a democracia tem teimado em garantir que continua a ser o pior de todos os sistemas políticos, à exceção de todos os outros, porque Abril é liberdade, paz, democracia e justiça social”.
Seguiu-se o representante do Chega, Edison Pinheiro, que, depois de mencionar que “hoje celebramos a vitória da democracia”, usufruiu do momento para falar sobre a pandemia da Covid-19, referindo que “devemos perguntar como permitimos que as nossas liberdades fossem roubadas nos últimos três anos, as televisões inundadas com notícias que provocaram o medo numa população praticamente obrigada a vacinar-se, com substâncias que não foram devidamente testadas”. Para o deputado, “esta não é, certamente, a democracia defendida pelos ideais de Abril, nem pelos ideais de Novembro, mas é a chamada democracia que temos, a dos casos de corrupção, uns atrás dos outros”.
Já João Pedro Silva, do Bloco de Esquerda, realçou que “comemoramos o 49º aniversário de um dos momentos mais importantes da nossa história coletiva”, frisando que “a vitória da liberdade e da democracia contra o fascismo permitiu iniciar a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e fraterna. (…) Manter vivo o espírito de Abril, implica combater as desigualdades e a exclusão social”.
Por sua vez, Eduarda Ferreira, representante do CDS-PP, usufruiu do momento para salientar que “a democracia instituída em Portugal, não pode esquecer as suas origens e a importância desta data tem de ser assinalada pelas gerações mais jovens, para que o 25 de Abril não seja mais um feriado. Não é saudável que a nossa democracia despreze o seu código genético e as promessas que nele estiveram inscritas. Num certo sentido, o 25 de Abril continua por realizar, na esperança que trouxe aos portugueses de um futuro melhor”, sublinhando que “há um longo caminho a percorrer”.
Também Fátima Pinto, da CDU, evidenciou que “comemorar Abril é afirmar a revolução, o que ela representa e expressa, assim como o processo libertador e transformador da sociedade portuguesa, num dos mais altos momentos da vida e da história de Portugal. Celebrar a Revolução dos Cravos é não esconder o que foi o fascismo, é combater o branqueamento a que assistimos, é destacar a luta antifascista e continuar pela liberdade e democracia conquistadas. Importa, por isso, destacar o seu sentido transformador e revolucionário”, apontando que “é preciso trazer, novamente, o povo para a luta, pela defesa dos seus direitos”.
Posteriormente, o representante do PSD, Francisco Moura, reiterou que “hoje festejamos um momento, que marcou o fim de um longo caminho de ditadura. Foi uma noite de medos, terror, ansiedade para a população em geral. Todos desejávamos que o regime caísse e não resistisse e não resistiu. (…) No entanto, passados 49 anos, existem outros receios, que nos atormentam, as injustiças, as insatisfações sociais, a corrupção e as manobras políticas”, sustentando que “ao fim de tantos anos de democracia, devemos olhar para o futuro com preocupação, porque são os que mais necessitam que vão continuar a sofrer com as políticas que estão a ser praticadas”.
Por outro lado, Isa Pereira, do PS, garantiu que “o 25 de Abril de 1974 é, para todos os democratas, um dia inigualável, que marcou a história contemporânea de Portugal”, defendendo que “a Revolução da Liberdade é um processo permanente, que nunca se poderá dar por concluído. Cabe-nos a nós eternizar esses valores, transmitindo-os de geração em geração, para que jamais sejam esquecidos”.
Seguidamente, Aníbal Lira, presidente da Assembleia Municipal de Gondomar, também foi convidado a dirigir a palavra aos presentes, aproveitando o momento para parabenizar Nuno Fonseca, presidente da autarquia riotintense, “pelo trabalho desenvolvido em prol da nossa terra, que é Rio Tinto”. Evocando o ambiente festivo que se vivia por todo o país com a celebração do 49º aniversário da Revolução dos Cravos, o autarca atestou que “é importante que em todos os lugares se fale do 25 de Abril 1974, da revolução que fez emergir o povo do abismo profundo, da ignorância e miséria, em que se encontrava mergulhado, devolveu-lhe a liberdade e restaurou a democracia. (…) Hoje, ao recordar esta data gloriosa, não consigo deixar de me preocupar com o futuro que, ao avaliar pelo presente, há de ser sombrio e triste, mas com força, coragem, determinação e empenho vamos conseguir ultrapassar a crise e fazer deste Portugal, uma terra melhor”.
Por fim, foi a vez de Nuno Fonseca, presidente da Junta de Freguesia de Rio Tinto, proferir o seu discurso, enaltecendo a relevância da preservação das conquistas de Abril e do poder local. “A democracia não é um fim em si mesmo, é uma ideia, uma esperança que os democratas têm e que, com todos os erros e acertos, avanços e recuos, vitórias e derrotas, é e será sempre o melhor regime político, porque dá aos cidadãos a decisão da escolha do seu caminho”, reforçou o edil, aludindo que “todos juntos vamos construir o nosso Portugal do futuro e não vamos deixar ninguém para trás e é isso o que nós fazemos, todos os dias, em Rio Tinto”.
A sessão solene comemorativa do 49º aniversário do 25 de Abril, em Rio Tinto, contou, ainda, com um momento musical, protagonizado por Jorge Lomba.
As celebrações da Revolução dos Cravos continuaram no dia seguinte, com o hastear das bandeiras e um concerto dirigido pela Banda de S. Cristóvão de Rio Tinto, seguindo-se, a 26 de abril, uma Assembleia Especial – Escolas, no edifício da Junta de Freguesia desta localidade, onde esteve patente, até ao passado dia 28 do mês transato, uma exposição de cartazes alusivos à data.