A Festa da Flor da Ribeira Grande voltou a colorir e a perfumar este concelho da Ilha de São Miguel, entre os passados dias 5 e 7 de maio. Assumindo-se como sendo um dos eventos âncora da cidade, esta iniciativa foi, segundo Alexandre Gaudêncio, presidente da autarquia ribeiragrandense, a mais participada de sempre, tendo atraído milhares de visitantes à região. Garantindo que esta edição foi um verdadeiro sucesso, o edil ressaltou que os momentos com mais afluência recaíram no desfile alegórico e na procissão do Senhor Santo Cristo dos Terceiros.
A Festa da Flor da Ribeira Grande regressou, entre os passados dias 5 e 7 de maio, às ruas da cidade. A sustentabilidade foi a grande bandeira deste evento de referência, no panorama cultural do concelho ribeiragrandense, que proporcionou, através de um vasto programa, dias coloridos, repletos de animação e alegria, durante os quais as flores foram as protagonistas.
Assim, esta iniciativa começou a ser celebrada no dia 5 de maio, com a inauguração, no Largo Hintze Ribeiro, do tradicional tapete composto por 10 mil flores, no centro do qual estava desenhada uma hortênsia, ícone das nove ilhas dos Açores. Posteriormente, decorreu a abertura da exposição coletiva de pintura “Pintores de Mil Flores”, na Igreja do Senhor dos Passos, que antecedeu a XXII Gala do Desporto Açoriano, com palco no Teatro Ribeiragrandense.
Já a 6 do corrente mês, as comemorações iniciaram com o espetáculo intitulado “O Mar é Redondo como a Lua”, no âmbito do projeto Entre Ruas e Canadas, no Largo Hintze Ribeiro, ao qual se sucedeu a atuação do Grupo de Educação Musical e Alunos da EBI – Rabo de Peixe, assim como o espetáculo protagonizado por Move Dance Crew. Este dia ficou, igualmente, marcado pelo emblemático desfile alegórico, que contou com a participação de 14 freguesias, assim como de instituições da Ribeira Grande e encheu as ruas da cidade de perfume e cor. Mais tarde, decorreu a atuação dos grupos folclóricos de Nossa Senhora da Graça e de Santa Bárbara, seguindo-se o concerto dos Alquimia, também, em frente aos Paços do Concelho da Ribeira Grande.
No seguimento deste célebre cortejo, Alexandre Gaudêncio, presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, revelou, em entrevista exclusiva ao AUDIÊNCIA que, “no total, contamos com 18 participações, incluindo as Juntas e instituições, e 11 carros alegóricos. Foi a Festa da Flor com mais participação de sempre, não só pelo número de figurantes que fizeram parte, principalmente, do desfile alegórico, que foram mais de mil e este foi um recorde, mas também pelo número de pessoas que estavam a visitar a Ribeira Grande neste dia, que também na nossa opinião, bateu todos os recordes, portanto o balanço é extremamente positivo”.
Por outro lado, no dia 7 de maio, a programação foi inaugurada com uma tarde infantil, no Largo Hintze Ribeiro, dedicada aos mais pequenos, com pula-pulas, figuras da Disney e jogos. Porém, a componente religiosa também não ficou esquecida, tendo sido assinalada com uma missa solene, seguida da procissão em honra do Senhor Santo Cristo dos Terceiros, no seguimento da qual, os fiéis fizeram o percurso desde a Igreja de São Pedro, na Ribeira Seca, até ao Museu Vivo do Franciscanismo. “Esta figura religiosa é muito querida pelos ribeiragrandenses e é uma forma de divulgarmos as nossas tradições, sem esquecermos que o grande motivo desta procissão é, precisamente, revitalizarmos o culto à Madre Teresa da Anunciada, freira ribeiragrandense responsável pela devoção e festa de adoração ao Senhor Santo Cristo dos Milagres, para que o processo de beatificação, que já se arrasta há muitos anos, seja recuperado”, asseverou o edil, sublinhando que “desde que retomamos esta tradição, em 2015, reinserimos esta componente religiosa, para que, efetivamente, tenhamos a Madre Teresa como uma santa, porque já tem essa fama e é por este motivo que nós associamos esta procissão à Festa da Flor e quisemos dar este cunho, que continuará sempre connosco”. Depois deste momento religioso, todos os presentes foram brindados com um espetáculo de novo circo, intitulado “O Lavrador”, que foi protagonizado pelo artista Ticosi, no Largo Hintze Ribeiro. A comemoração da Festa da Flor terminou com um concerto da Orquestra Ligeira da Ribeira Grande.
Por conseguinte, durante três dias, a cidade vestiu-se a rigor para celebrar a primavera, num evento que contemplou, ainda, um mercadinho de flores, plantas e artesanato, no qual participaram vários empresários do ramo da floricultura, bem como instituições locais. “Para além dos vendedores de flores, muita gente juntou-se a nós no fim de semana. Por exemplo, a própria Igreja da Matriz aproveitou o evento para vender doçaria local, as tradicionais malassadas, que também bateu todos os recordes, portanto acabou por haver, aqui, uma dinâmica muito interessante, em torno desta Festa da Flor”. Neste contexto, o AUDIÊNCIA falou com os alunos, mães e professora do 6º ano da Escola Básica Gaspar Frutuoso, que estavam a vender doçarias e peças de bazar, num stand, para angariarem dinheiro para realizarem uma viagem de finalistas a Lisboa. Na ocasião, felizes com a iniciativa, os jovens estudantes, Telmo, Simão, Martim, Isabel, Joana, Matilde e Margarida, revelaram que “estamos a vender doces que as nossas mães fizeram, como bolo de chocolate, queijadas de cerveja e de leite, brownies, torrões e pão de ló e as pessoas têm aderido”. Presentes, as encarregadas de educação, Sílvia e Ana, fizeram, também questão de enfatizar que “ser mãe de um finalista do 6º ano é uma aventura. Nós temos de colaborar muito em todas as atividades que vão surgindo. Esta iniciativa é muito importante para eles perceberem que, na vida, não é tudo oferecido e que têm de trabalhar para obterem o que desejam”. Por fim, a professora Mónica fez questão de elogiar os pais, salientando que “nós vamos em frente, porque a equipa é extremamente trabalhadora e os alunos merecem. Esta viagem vai decorrer de 12 a 16 de junho e abranger 19 alunos. Em causa está a promoção de atividades que estimulem o desenvolvimento das crianças. Tenho de agradecer a todos os pais, que participam incondicionalmente, porque sem eles, não seria possível”.
Para Alexandre Gaudêncio, a Festa da Flor, por si só, constitui “um cartaz turístico. Nós, nesta altura, temos a hotelaria praticamente preenchida, pelo que esta é uma forma de dinamizarmos e atrairmos pessoas à nossa cidade. Por outro lado, também é uma grande oportunidade para a nossa economia local, desde logo para as floristas, que estiveram na festa a vender e a expor os seus produtos, assim como para a restauração, alojamento locais e hotelaria, como não poderia deixar de ser, que, nestes dias, estiveram completamente lotadas”.
Assegurando que este evento foi “um verdadeiro sucesso” e que superou todas as expectativas, pela adesão das pessoas, assim como das instituições e empresários locais, o edil ribeiragrandense salientou a epígrafe desta edição da Festa da Flor, enaltecendo a importância da sustentabilidade. “Nós aproveitamos muitos materiais que foram reutilizados de edições anteriores, como forma, também, de darmos nota pública da nossa preocupação com a questão da pegada de carbono e precisamente com a reutilização de produtos, que poderiam causar resíduos. No próprio desfile alegórico, praticamente todos os materiais também tiveram esta preocupação. Portanto, houve, claramente, uma mensagem de preocupação ambiental que, ao fim e ao cabo, foi o grande tema desta iniciativa”, referiu o autarca, afiançando que “a tónica é em torno da flor, mas sem esquecer as tradições locais e, por isso, o desfile alegórico teve como objetivo mostrar às pessoas como é que nós vivemos e os nossos costumes, o que é muito apreciado por quem nos visita”.
As flores foram muito variadas e de todas as cores, mas, no ar, ficou a ânsia de que a glória deste evento se estenda às restantes iniciativas promovidas pela edilidade. “Nós vamos começar a programar as Festas da Cidade. O São Pedro é o nosso padroeiro e no dia do Feriado Municipal haverá um amplo programa cultural e religioso à volta desta festa, que contemplará, nomeadamente, as Cavalhadas e a Sessão Solene da autarquia, mas também a comemoração deste santo e a decoração da igreja com alâmpadas, que são muito características da época. Também já batemos o recorde de inscrições nas Marchas de São Pedro, que este ano serão 13, pelo que prevemos que, no total, serão mais de 2 mil participantes, um número nunca antes visto. Também vamos receber o Campeonato Nacional de Surf, na Ribeira Grande, e, no mês de julho, a Feira Quinhentista, que já estamos a programar, para que seja um grande evento”, esclareceu o presidente ribeiragrandense.