“Por favor entendam-se.” O apelo vem de Cláudia Azevedo da Sonae, o maior empregador privado português. A herdeira do império de Belmiro de Azevedo fala sem papas na língua a propósito dos resultados eleitorais. “As pessoas votaram assim porque a política não trata da sua vida (…). As pessoas votaram a dizer isto: estamos fartos de politiquices e queremos políticas de futuro”. Mas, o que a preocupa mais é “a falta de política para o futuro de Portugal”.
O clima que se avizinha de instabilidade governativa, pelas posições assumidas pelos diversos partidos, leva a gestora da Sonae a lembrar que “é importante que haja estabilidade”.
Os portugueses têm praticamente como certo que as promessas eleitorais não são para ser levadas a sério. Mas, a reduzida abstenção, comparativamente aos dois últimos atos eleitorais, pode significar que o povo está a ficar farto dessa forma de apanhar votos.
Habituados a pescar com rede de “arrasto” os partidos parecem ter dificuldades em perceber que cada cidadão acha que conta. E conta mesmo! Basta olhar para a reduzida diferença de deputados eleitos entre as duas forças políticas tradicionalmente mais votadas. Um punhado de votos de diferença dos mais de seis milhões de votantes! E os jovens, o nosso futuro, o que pensam disto tudo? Segundo a análise de resultados, os jovens afastaram-se dos partidos tradicionais. Os partidos que recolheram
menos votos foram os mais escolhidos pelo eleitorado jovem. Conclusão? Parece que os jovens que votaram não estão satisfeitos. Querem mudança que se veja. Querem ter futuro!