Foram várias as iniciativas que a mais pequena ínsula da região recebeu para assinalar o centenário da viagem do escritor Raul Brandão aos Açores. As celebrações contaram com a presença de Luís Garcia, presidente da ALRAA que não deixou de lembrar a importância da conservação do mar açoriano.
A ilha do Corvo recebeu, no passado dia 16 de junho, um conjunto de atividades e iniciativas para assinalar a comemoração do centenário da viagem do escritor Raul Brandão aos Açores, que aconteceu a 17 de junho de 1924.
Raul Brandão é o celebre autor da obra literária “Ilhas Desconhecidas. Notas e Paisagens”, escrita em 1926 e publicada em 1927, que relata a viagem que Brandão fez, acompanhado pela esposa, aos arquipélagos dos Açores e da Madeira em 1924.
Promovidas pela Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, Governo dos Açores, Direção Regional da Cultura, Ecomuseu do Corvo e Escola Básica e Secundária Mouzinho da Silveira, as celebrações arrancaram pelas 10h com um Roteiro Cultural de Raul Brandão, num percurso encenado pela ilha.
Posteriormente, pelas 15h, deu-se a inauguração de uma placa comemorativa da passagem de Raul Brandão pela mais pequena ínsula da região, colocada na casa onde ficou alojado durante os 12 dias que esteve no Corvo, e pelas 15h30 foi inaugurada a exposição “Açores Silêncio e Ser”, no Edifício da Delegação da ALRAA do Corvo, que ficará patente até setembro.
Já às 17h, ocorreu uma palestra no Pavilhão Multiusos do Corvo, que contou com a participação da Diretora do Ecomuseu, Deolinda Estevão, dos investigadores Ana Cristina Gil e João Saramago e do jornalista literário Vasco Rosa, precedida de um momento musical protagonizado pelos alunos da EBS Mouzinho da Silveira, e às 18h30 deu-se o encerramento das comemorações, com um Porto de Honra.
Estas comemorações contaram com a presença do Presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (ALRAA), Luís Garcia, que evidenciou a “contribuição inestimável” de Raul Brandão para a história e cultura dos Açores.
“Esta obra destaca-se pela forma autêntica com que o autor retrata o ambiente vivido nas ilhas”, referiu o presidente, sublinhando a descrição do autor sobre “as fragilidades dos açorianos, o isolamento e a sua realidade geográfica e social, transmitindo a singularidade do nosso arquipélago”.
Referindo-se à data que marcou o início da viagem do autor aos arquipélagos dos Açores e da Madeira, 8 de junho, que é também o Dia Mundial dos Oceanos, desde 1992, Luís Garcia frisou essa coincidência como “um testemunho notável da nossa profunda ligação ao mar” ao mesmo tempo que “reforça a importância vital do oceano para os Açores e para os que aqui vivem”.
“Este mesmo oceano, que tal como Raul Brandão descreveu, simboliza, muitas vezes, isolamento, é também um mar de oportunidades, a nossa ligação ao mundo, fonte de sustento e de inspiração”, salientou.
Na ocasião, o presidente da ALRAA deixou o apelo aos açorianos “para que continuem a contribuir para a proteção e conservação do mar dos Açores”, lembrando que se trata de uma responsabilidade coletiva orientada a “garantir que as futuras gerações possam disfrutar da sua beleza e potencial incomparáveis”.