“A «BRISA DE VERÃO» SÃO POESIAS FEITAS COM AMOR E PAIXÃO”

Depois do lançamento no Centro Comunitário do Espírito Santo d’Anjou, em Montreal, Adelaide Ramos Vilela apresentou, no passado dia 8 de outubro, na Livraria Letras Lavadas, em Ponta Delgada, o seu novo livro intitulado “Brisa de Verão”, que foi escrito em coautoria com Jorge Campos. Esta sessão, que foi repleta de emoção, contou com a participação dos escritores Pedro Paulo Câmara e Ana Isabel d’Arruda, do proprietário desta editora, Ernesto Resendes, assim como de inúmeros amigos.

 

A Livraria Letras Lavadas, em Ponta Delgada, acolheu, no passado dia 8 de outubro, o lançamento do livro “Brisa de Verão”, da autoria da covilhanense Adelaide Ramos Vilela e de Jorge Campos. Esta sessão, que foi repleta de emoção, contou com a participação dos escritores Pedro Paulo Câmara e Ana Isabel d’Arruda, do proprietário desta editora, Ernesto Resendes, assim como de inúmeros amigos.

“Brisa de Verão” nasceu da cooperação entre uma poetisa de prestígio internacional e um escritor galardoado e oferece uma seleção de poemas de Adelaide Ramos Vilela que, tal como palavras mágicas, têm o dom de nos maravilhar e descontrair, assim como contos de Jorge Campos, repletos de surpresas e emoções, sem descurar uma pontinha de humor.

Este lançamento inaugurou o Festival Literário “Folhas de Outono”, promovido pela Livraria Letras Lavadas, e foi iniciado pela sub-diretora desta editora, Ilda Silva, que fez questão de agradecer à autora por “ter escolhido fazer a apresentação do seu livro na nossa livraria. É sempre um orgulho, para nós, recebermos livros de portugueses que estão espalhados pelo mundo e que levam sempre no coração os Açores e Portugal”.

Neste seguimento, foi a escritora Ana Isabel d’Arruda quem apresentou a autora da obra “Brisa de Verão”, frisando que “escreve desde os 14 anos e é na poesia que se tem destacado. Já editou onze livros de poesia, contos e colaborou em inúmeras antologias. As suas obras poéticas principais e alvo de destaque são «Os meus versos meninos», «Versos do meu jardim», «Versos e Universos», «Portugal à janela», «Cantares de Adelaide», «Palabras del Corazón», «Horizontes de Saudade», «Laços e Abraços», «Olhos nas Letras» e «Magma de Afetos», sendo a «Brisa de Verão» a sua última obra. Foi reconhecida na América Latina como “Poeta de la luz” e agraciada pela Casa do Poeta Peruano. Recebeu, ainda, uma medalha de ouro, no Festival Internacional de Poesia, em Tumbes e foi premiada, mais tarde, com uma segunda medalha de ouro. No dia 7 de outubro foi reconhecida pelo Jornal AUDIÊNCIA com o Troféu Exemplo & Vida 2023”, no Teatro Ribeiragrandense”. (…) A sua inspiração vem de Florbela Espanca e, portanto, ainda haveria muito a dizer sobre a vida cultural da Adelaide”.

Posteriormente, foi o escritor Pedro Paulo Câmara quem se pronunciou acerca da obra e da sua autora. “Apesar deste livro ter dois autores distintos, Adelaide Ramos Vilela e Jorge Campos, dedicar-me-ei principalmente à Adelaide, porque é ela que está connosco hoje”, destacou o também professor, ressaltando que “juntos deram estampa à obra que a este recanto do mundo nos chega. Um livro bipartido escrito a quatro mãos”.

Durante a sua intervenção, o investigador enalteceu que “de facto a obra organiza-se em dois momentos distintos, o primeiro da responsabilidade de Adelaide Ramos Vilela e encerra 53 textos poéticos, o segundo é da responsabilidade do Jorge Campos e apresenta um conjunto de sete contos”.

Reiterando que teve o prazer de conhecer “a autora e, mais importante, a mulher, através de amigos em comum”, Pedro Paulo Câmara admitiu que “a estes devo o facto de ser, hoje em dia, um ser humano mais rico, mais completo e mais sonhador. (…) E por mais que o calendário cumpra a sua missão e os dias vão errando e renascendo, e por mais que o cansaço assalte o corpo e as moléstias físicas toldem a mobilidade ou o discernimento, a mulher autora, este ser que está aqui, dá provas de que ainda não é tempo de cessar, principalmente numa primeira instância, quando as palavras ainda dançam frenéticas e desinibidas dentro de si, porque a própria mulher, entenda-se, é poesia”.

A sessão terminou com a intervenção da autora desta obra, Adelaide Ramos Vilela, que depois de agradecer a todos os presentes, contou que “o Jorge Campos entregou-me os diretos de autor. Eu já vendi mais de 600 livros e ele só quis o dinheiro de dez livros”.

Revelando que pensou neste livro durante uma viagem que realizou ao Peru, por questões de saúde oral, em 2023, a poetisa sublinhou que “chegado o mês de setembro, eu tinha umas poesias, um rascunho deste livro que eu queria fazer para o intitular mesmo de “Brisa de Verão” e, de repente, eu estava no hospital para fazer a primeira cirurgia ao pé e recebo um telefonema de um engenheiro luso-canadiano, meu colega nas escolas portuguesas, que são um hobby para nós, porque cada um tem o seu trabalho à parte das escolas, que me perguntou se eu queria fazer parte de um livro que ele queria escrever, acerca de uma epopeia marítima, pois precisava de um escritor ou jornalista que tivesse saído fora de portas e as bibliotecas no Quebeque e no Canadá referiram-lhe o meu nome, tal como aqui em Portugal, o que significa que eu sou conhecida, talvez mais arte do coração do que por outra coisa, mas eu aceitei o desafio, ressaltando que estava hospitalizada e que não seria fácil. Na ocasião, ele e a esposa foram visitar-me e nós falamos no livro. Então eu comecei a escrever e a organizar a obra e, três meses depois, o livro estava cá fora”.

Segundo Adelaide Ramos Vilela, a fotografia da capa é da sua autoria, mas a paginação do livro foi da responsabilidade de Jorge Campos. “Após a minha produção, o livro esteve muito bem entregue ao engenheiro Campos e à sua esposa, enquanto eu estava no hospital”.

O primeiro lançamento do livro “Brisa de Verão” decorreu no passado dia 27 de janeiro, no Centro Comunitário do Espírito Santo d’Anjou, em Montreal, no Canadá, e, de acordo com a autora, foi um verdadeiro sucesso. “Na altura, os médicos deixaram-me sair, porque, entretanto, eu iria ser operada ao estômago, porque apanhei uma bactéria e também tinha de fazer uma segunda operação ao pé e foi simplesmente um sucesso monstro, mesmo à Divino Espírito Santo, aliás, mais de 80 pessoas não puderam participar, porque o espaço ficou completamente lotado. Também, tive de cancelar três lançamentos em Portugal continental, porque já não tinha mais livros”, contou a escritora em entrevista exclusiva ao AUDIÊNCIA.

Recordando o período difícil vivido durante os sete meses em que esteve internada, Adelaide Ramos Vilela reforçou o seu grito de esperança “a todas as pessoas que sofrem, que tenham fé, coragem e enfrentem. Eu vim para Portugal com uma sonda e com uma órtese no pé, eu agora neste momento não a trago, mas caminho dificilmente”.

Para a autora, “a «Brisa de Verão» são poesias feitas com amor e paixão. As minhas poesias são sempre feitas da mesma maneira, são líricas, são românticas, são de amor e são de denúncia. Eu não escrevo só de uma forma, eu escrevo de muitas formas e inspiro-me em muitas coisas e são brisas de verão, como podem ser de outono e de inverno, aquelas que denunciam. Eu sou capaz de escrever, de denunciar os predadores, como posso denunciar os pirómanos ou os violentadores, aqueles que batem nas esposas e nos filhos, sou capaz de o fazer. Aliás, eu faço sempre, tenho sempre um capítulo que é amor-ilusão e amor-desilusão. Portanto, também pode não ser brisa de verão e pode ser brisa do mar, com tempestade também”.

Não escondendo o quanto gosta da Livraria Letras Lavadas, a poetisa ressaltou que “a proximidade, o encanto e a maravilha de poder estar aqui dentro entre livros, é o maior objetivo”.

De regresso a Montreal, Adelaide Ramos Vilela adiantou que levará na bagagem “sempre muito amor e muito carinho” desta passagem pelos Açores. “O facto de o diretor do Jornal AUDIÊNCIA me ter convidado e premiado na XIX Gala, ajudou-me a abrir novos e belos horizontes depois desta tempestade. Chegou a bonança com este prémio. Na ocasião, eu perguntei-me a mim mesma: porque é que eu fui aceitar, afinal, mais uma cirurgia, tanto sofrimento e como é que eu vou ser capaz de ir a Portugal? Mas vim e confirmei a mim mesma que sou capaz de passar para além da tempestade. Daqui vou levar, uma vez mais, um mar de saudade e de paixão. Como eu digo em algumas das minhas poesias, mar de lume, mar de saudade e mar de paixão, porque esta é, realmente, a terra que me trouxe Portugal ao coração, há 47 anos. Eu, como já disse várias vezes, não gostava de Portugal, porque quando cheguei de Angola fui muito maltratada e ao ajudar os açorianos, sobretudo aqueles que são oriundos desta ilha, nas Festas do Espírito Santo e Santo Cristo, a fazer algumas criações com eles e a preparar algumas procissões, até mesmo quando trabalhei no hospital, para que pudessem ter uma bela vida e uma bela saúde, fiquei a conhecer Portugal. Os açorianos ajudaram-me a voltar a amar Portugal, porque quando cheguei de África, resolvi partir à descoberta de outros horizontes, de outros mundos, porque não me sentia bem na minha própria terra. Eu acho que eles aceitaram melhor o meu marido do que me aceitaram a mim e resolvi partir e foi aí que eu aprendi a amar Portugal e hoje eu adoro Portugal de lés a lés. Eu costumo dizer, por brincadeira, que talvez tenha trazido mais pessoas aqui ao arquipélago dos Açores do que muitos açorianos espalhados pelo mundo e faço sempre com prazer, porque afinal de contas aqui não se preserva só a açorianidade, preserva-se a portugalidade e de que maneira. Eu quando chego a Portugal, encontro um Portugal diferente, que olha muito para dentro do umbigo, para cima do nariz e para além do chinelo e digo à boca cheia e escrevo, enquanto eu chego aos Açores, encontro um Portugal de outros tempos uns Açores evoluídos, mas encontro as pessoas iguaizinhas como as que encontrei em Montreal, em Toronto e nos Estados Unidos é por isso que eu gosto de vir aqui e refiro: os Açores recomendam-se”, salientou a poetisa.