Alberto Ponte, presidente da Junta de Freguesia da Lomba da Maia, falou, em conversa com o AUDIÊNCIA, sobre o trabalho que tem desenvolvido em prol da comunidade, sobre as festas locais e sobre os projetos que pretende desenvolver e incrementar.
Alberto Ponte, porque decidiu servir a freguesia da Lomba da Maia?
Eu não sou político e, apesar de me ter candidatado por um partido, não tenho nada de político. Acontece que eu comecei a servir a freguesia desde muito cedo. Já fui presidente, secretário e tesoureiro da Casa do Povo da Lomba da Maia e estive ligado à mesma durante mais de 20 anos. Estive na Comissão de Festas da minha freguesia durante 11 anos, estive na frente da Associação de Futebol de São Miguel durante 6 anos, nós tínhamos uma equipa, mas o futebol estava em morte. A verdade é que nunca pensei ser presidente de uma Junta de Freguesia, até que, há quatro anos, fizeram-me uma proposta e eu decidi abraçar esse desafio. A primeira vez que fui presidente de Junta foi em 2013, com Alexandre Gaudêncio. É importante referir que a Junta de Freguesia da Lomba da Maia não se resume só ao presidente, mas a uma equipa que é composta, nomeadamente, pelo tesoureiro Renato Medeiros, pela secretária Marta Medeiros e pela restante equipa, porque nós trabalhamos sempre em equipa e não se faz nada sem o conhecimento de todos. Sou eu quem dá a cara, mas a equipa é completa, pois um só indivíduo não faz tudo, nem consegue fazer muita coisa, na minha opinião, por isso é que se calhar muitas Juntas de Freguesia não funcionam bem. Porém, na minha freguesia tenho uma equipa que trabalha em cooperação e em sintonia em prol da comunidade.
Senhor Presidente, como caracteriza esta freguesia?
A Lomba da Maia é uma freguesia que tem cerca de 1200 habitantes e que é caracterizada principalmente pela agricultura, pela pecuária e pelo turismo.
Existem condições na Lomba da Maia ou anseia alguns apoios para que possa apostar no turismo, que é a aposta do concelho da Ribeira Grande e de toda a ilha de São Miguel?
Não se pode fazer nada sem apoios, mas a Lomba da Maia tem potencial, aliás ao nível de trilhos tem os melhores trilhos do mundo, tem o trilho da Viola, que já foi eleito, por dois anos, o melhor trilho da europa. No que respeita o surf, esta vai ser uma aposta nossa. Posso dizer-lhe, em primeira mão, que nós vamos realizar um grande evento, em novembro, que será um projeto de surf na Lomba da Maia.
A Lomba da Maia não tem espaço hoteleiro?
Não, a Lomba da Maia ainda não tem nenhum espaço hoteleiro. Nós temos alojamento local, mas já fomos contactados por duas empresas, para criarmos dois projetos hoteleiros.
Um dos problemas das pessoas que não estão localizadas nas quatro freguesias do centro da Ribeira Grande, mais especificamente na Ribeira Seca, Conceição, Matriz e Ribeirinha, é a falta de via de comunicação ou de acesso entre as freguesias que estão mais afastadas e o centro da cidade e o facto de as iniciativas estarem um pouco centralizadas na cidade e o concelho sofre com isso. Perante esta situação, qual é a sua missão?
A minha missão e a minha visão passam por tentar aproximar a freguesia do grande centro e tentar colmatar esta falha.
Você disse anteriormente que o futebol está em morte na Ilha de São Miguel. Neste contexto, você acredita que a recente subida do Santa Clara à Primeira Liga vai criar outra expectativa em São Miguel e nos Açores?
Eu acredito que é difícil manter uma equipa de futebol nas freguesias mais pequenas. Todavia, penso que a morte do futebol de 11 vai estagnar um bocadinho em São Miguel. Eu posso dizer-lhe que, com a falta de emprego, muitos jovens emigraram e as freguesias ficaram constituídas, essencialmente, por pessoas mais velhas. Isto é uma condicionante que também impede o desenvolvimento do futebol em São Miguel. No que respeita o incentivo ao desporto, nós inauguramos, em 2017, um pavilhão polidesportivo, temos duas equipas de futebol masculino e temos uma equipa de futebol feminino, mas são equipas de 10 ou 12 atletas, não são equipas de 30 atletas, como é preciso para uma equipa de futebol de 11, daí a dificuldade e a necessidade de equipar neste sentido.
Referiu-me também que a Freguesia da Lomba da Maia é uma freguesia de idade avançada, em termos de habitantes, mas isso está em contradição com o concelho da Ribeira Grande, porque é o mais jovem de Portugal. A terceira idade foi toda para a Lomba da Maia?
Eu quando falei em população envelhecida não me referia a terceira idade, mas a pessoas com mais de 40 anos. No que respeita os jovens, eu referia-me a jovens entre os 18 anos e os 25, que estão a ingressar no mercado de trabalho e que estão a estudar em Universidades no continente, porque a Universidade dos Açores não tem todos os cursos. Neste seguimento, posso afirmar que cerca de 70% dos jovens da Lomba da Maia estão a estudar no continente, contudo, eu acredito que vão regressar à Lomba da Maia. Não é que a Lomba da Maia não tenha jovens, mas eu vou-lhe dar um exemplo, na minha rua que é constituída por 300 pessoas, tem 15 jovens a trabalhar noutras ilhas, jovens estes que praticavam futebol, andebol, ou basquetebol.
No que concerne a Junta de freguesia da Lomba da Maia, qual foi o orçamento aprovado para o ano de 2018?
O orçamento aprovado ronda os 60 mil euros e já inclui quase tudo, protocolos, secretarias, projetos, entre muitas outras coisas.
Considerando esta verba, o que é que a Junta de Freguesia pode fazer pela freguesia da Lomba da Maia?
Nós temos uma equipa muito guerreira e que está cheia de vontade de trabalhar, mas com esta verba consegue-se fazer muito pouco. O meu ideal não é construir grandes edifícios para colocar uma placa, mas sim ajudar a população. Eu posso dizer-lhe que fico mais satisfeito se conseguir empregar ou contribuir para a contratação de 5, 6 ou 7 pessoas, do que construir um edifício e ter lá uma placa com o meu nome, pois esse nunca foi o meu objetivo, nem o propósito da minha candidatura. Eu não quero ser reconhecido por fazer grandes obras, mas por ajudar e contribuir para o bem-estar das pessoas. Eu acho que, durante vários anos, construíram-se grandes edifícios e realizaram-se grandes obras e a população ficou um bocadinho esquecida. Neste contexto, eu acredito que o presidente da Junta deve de olhar primeiro para pessoas e, depois, deve realizar as obras e os investimentos, porque são coisas que são sempre necessárias, porém o objetivo principal deve ser sempre as pessoas. Claro que, com 60 mil euros, a Junta de Freguesia não consegue fazer obra nenhuma. Eu tento apelar à Câmara Municipal e ao Governo Regional para realizar as obras necessárias e tento ser um bom negociador. Eu sinto-me à vontade nesta área, também devido à minha vida profissional, que foi sempre ligada aos negócios. Já passei por algumas instituições na minha vida profissional e, sendo empresário, fiz muitos contactos em secretarias e noutros locais. Como deve imaginar uma pessoa que chega à política e a presidente de Junta de Freguesia, tem de ter contactos, caso contrário é complicado. Posso afirmar que, nesta área, não me tem sido muito difícil chegar aos sítios, todavia, infelizmente surgem sempre barreiras.
A cor da sua camisola foi ou criou algum entrave à criação de protocolos, por exemplo, com instituições do Governo Regional?
Eu não quero acreditar nisso, mas que existem coisas estranhas, existem.
Eu sei que acaba de chegar do IROA. O facto de o IROA ser presidido por um ribeiragrandense e ex-presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, é uma ajuda para a Lomba da Maia?
Eu não acho que seja uma ajuda, mas também não acredito que seja prejudicial. Eu sou amigo do presidente do IROA há vários anos, porque jogamos futebol juntos, como adversários, durante muitos anos, e continuamos em instituições diferentes. Agora, não vejo que prejudique ou ajude, porque quando entro numa reunião no IROA ou onde ou com quer que seja, será sempre para tratar de assuntos institucionais, não há amizades, não há mais nada. Eu acredito que cada um faz o que pode. Se calhar o IROA, neste momento, também não tem grandes verbas ou uma situação financeira que lhe permita fazer muitas coisas.
A Câmara Municipal da Ribeira Grande tem prestado alguma atenção à freguesia. Qual tem sido o papel da Câmara Municipal da Ribeira Grande no desenvolvimento da Lomba da Maia?
A Câmara Municipal da Ribeira Grande tem sido fundamental, porque, com o orçamento, a Junta de Freguesia não consegue fazer nada e da parte do Governo Regional não temos tido grandes ajudas, pelo que a Câmara Municipal tem sido fundamental. Não acho que tenhamos sido preferidos, não é isso, mas cada um faz pela sua freguesia e eu sou amigo de todos os presidentes de Junta do concelho, independentemente da cor.
Socialmente, como caracteriza a freguesia? Referiu-me há pouco o facto de os jovens representarem uma fatia menor da freguesia, há muito desemprego?
Não há muito emprego, mas começa a haver menos desemprego do que havia anteriormente. Eu, pessoalmente, como presidente de Junta de Freguesia, criei vários programas, consegui melhorar a situação e consegui, não como presidente, mas com a minha vida profissional, criar contratos no Brasil, no Canadá, na América, no Faial, na Terceira, e em muitos outros locais que precisam de pessoas para determinados trabalhos, com o intuito de aumentar a empregabilidade. Neste contexto, se as pessoas estiverem interessadas, nós tratamos do processo todo na Junta de Freguesia. Também temos realizado contratos com o continente português, porque precisavam de pessoas para a agricultura, sendo que, nos últimos dois meses, foram lá 7 jovens que estão a trabalhar em ordenhadores, uma vez que há escassez de mão-de-obra no continente nessa área e, considerando que a minha área é a pecuária, eu tenho alguns conhecimentos pessoais, e é uma forma de ajudar os jovens a angariar algum dinheiro.
Qual tem sido o feedback dos emigrantes em termos de investimento na freguesia?
Os emigrantes têm tido um papel fundamental na freguesia, porque ajudam, tanto faz na Igreja, na Junta de Freguesia ou na Casa do Povo. Nós também trabalhamos diretamente com a Associação dos Amigos da Lomba da Maia, no Canadá, com a qual vamos iniciar a construção de um Centro Cívico e realizamos, anualmente, um encontro, cujos fundos revertem a favor da Lomba da Maia, pelo mesmo Centro Cívico. Fora isso, a Junta de Freguesia tem duas camas articuladas de hospitais, sendo que uma delas foi oferecida pelos Amigos da Lomba da Maia e outra foi por um individual, temos também uma cadeira de rodas e esse serviço é prestado gratuitamente às pessoas que precisam dentro da freguesia.
Senhor presidente, as Casas do Povo das freguesias da Ribeira Grande têm sempre um papel muito importante nas causas sociais. Que tipo de relacionamento existe entre a Junta de Freguesia da Lomba da Maia e a Casa do Povo?
Existe uma relação excelente, não digo isto apenas porque pertenci à direção da Casa do Povo da Lomba da Maia, aliás a atual relação que existe com esta instituição é a melhor que existiu até agora, uma vez que ao longo dos anos foi havendo discrepâncias entre as Juntas anteriores e a Casa do Povo. A nossa prioridade, enquanto Junta de Freguesia, é darmo-nos bem com todas as instituições, independentemente se estamos a falar de uma Casa do Povo ou de uma Comissão de Festas, porque estamos todos a trabalhar em prol da freguesia e quem diz que trabalha em prol da freguesia, tem de se dar bem com todas as instituições e não há outra verdade. Eu estou aqui apenas para ajudar a freguesia, sem qualquer outro interesse.
Que tipo de parcerias foram criadas em prol da população? Quais são as iniciativas no terreno que são mais significativas?
Neste momento, no que respeita as iniciativas, eu posso destacar que nós estamos a efetuar, diariamente e de forma gratuita, o transporte dos idosos para o Centro de Dia; estamos a disponibilizar alguns funcionários ocupacionais, para ajudar na manutenção da Casa do Povo, que não tem verbas suficientes para contratar operacionais, aliás nós apoiamos qualquer iniciativa que não só a Casa do Povo, como qualquer outra instituição da freguesia, realiza, como passeios para os idosos e almoços.
Que Instituições e/ou Associações, com um papel relevante, existem na freguesia?
A Lomba da Maia tem a Associação Tradições da Terra, a Casa do Povo, temos colaborações com os ATL’S, que são da responsabilidade da Santa Casa da Misericórdia da Maia. Neste momento temos um espaço que funciona todos os dias da parte da tarde, das 12 horas até às 17 horas e que durante dois dias por semana é disponibilizado às crianças do ATL.
Em termos de juventude, a juventude é feliz na Lomba da Maia ou existe uma falta de escape e uma falta de iniciativas para os jovens?
Eu penso que é uma juventude feliz, mas uma juventude também insatisfeita, pois não sabe onde está a real felicidade. Eu já não sou jovem e no meu tempo havia outros entretenimentos, agora, se calhar, a juventude já não se interessa tanto pelo desporto mas pela tecnologia.
Como são as relações da Junta de Freguesia com a paróquia, que é sempre um polo dinamizador destas freguesias?
Nós temos uma excelente relação com seja com o padre ou com toda a direção da Comissão de Festas, aliás nós sempre tivemos um bom relacionamento e esperamos continuar a ter. Como eu já disse anteriormente, este executivo da Junta de Freguesia não trabalha para fazer grandes obras mas sim para realizar o essencial para ajudar a população. Nós colaboramos em tudo o que podemos colaborar, seja na disponibilização de mão-de-obra para a colocação de eletricidade ou para a limpeza das ruas, no âmbito das festas locais. Posso dizer-lhe ainda que a Junta de Freguesia disponibiliza e assegura, há quatro anos, uma pessoa que está encarregue por abrir e limpar a Igreja e uma pessoa que está encarregue por fazer a limpeza do salão dos Bombeiros da Lomba da Maia. Quando nós chegamos há Junta de Freguesia os Bombeiros só prestavam serviços durante 12 horas, mas agora estão disponíveis 24 horas por dia, porque fizemos um protocolo e disponibilizamos uma pessoa para trabalhar lá durante o dia nas limpezas e no restante.
Quem visita a Lomba da Maia, o que deve visitar?
Tudo e mais alguma coisa. Para já, quem visita a Lomba da Maia fica mais perto do paraíso, se é que o paraíso existe. Eu digo isto porque estou a falar da minha freguesia e quando eu falo da minha freguesia os meus olhos brilham. A Lomba da Maia tem a Praia da Viola que é conhecida a nível internacional, tem trilhos, tem a Igreja, tem toda a freguesia em si, e tem um museu de artesanato, no qual é possível ver e adquirir os trabalhos realizados pelos artesãos e cujas verbas revertem inteiramente para os mesmos. A Lomba da Maia também tem vários cafés centenários e restaurantes emblemáticos. Por isso, esta freguesia reúne todas as condições para que qualquer pessoa que a visita possa passar um ótimo dia.
Em termos de festas e romarias, quais são as mais significativas da Lomba da Maia?
A festa mais significativa é a festa da paróquia, que é a festa da Nossa Senhora do Rosário, que se realiza sempre no último domingo do mês de agosto. Uma semana antes concretiza-se a festa do Linho, que é uma festa organizada pela Junta de Freguesia, e uma festa com muito reconhecimento a nível nacional e não só, que se realiza no penúltimo domingo de agosto. Para ter uma ideia, existem pessoas que vêm da América de propósito para a festa do Linho. A Lomba da Maia foi um dos grandes polos do linho, portanto este foi uma das grandes culturas desta freguesia, mas está a desaparecer um bocadinho por todas as ilhas, pelo que realizamos a Festa do Linho, de há alguns anos para cá. Nós plantamos o linho, e colhemos o linho no dia da festa. O linho é aproveitado pelas senhoras do Movimento Esperança e Vida, que são pessoas que trabalham o linho e fazem artesanato ao longo de todo o ano, esse artesanato é vendido na nossa loja e o valor é revertido a favor da paróquia. Além disso, nós fornecemos sementes de linho à Universidade dos Açores, para algumas freguesias da ilha Terceira, para algumas freguesias de São Miguel, para algumas secretarias, para as Furnas, para o Prior e, inclusivamente, para o continente e para outros locais. Nós estamos a tentar renascer a cultura do linho e temos um protocolo com a Universidade dos Açores, através do qual nós fornecemos sementes ao longo de todo o ano. No que respeita a festa em si, nós realizamos uma festa para toda a ilha, na qual é possível encontrar a gastronomia local, que é confecionada pela Junta de Freguesia, em colaboração com as pessoas da freguesia, ou seja nós pedimos às pessoas e cada pessoa faz um prato, existem pessoas que dão os mantimentos e outras que apenas confecionam os pratos e a Junta aí dá os mantimentos. Esta iniciativa consiste em dar a conhecer, não só aos turistas e emigrantes, que a tradição de apanha e manutenção do linho ainda é conservada nesta freguesia, como também em dar a conhecer aos mais jovens a forma como era trabalhado o linho pelos nossos antepassados, assim como os nossos costumes e gastronomia. Nós temos também da Festa da Viola que é uma festa para a juventude que se realiza a meados de junho e à qual temos uma adesão muito grande.
O que é que gostava de concretizar nestes três anos que lhe faltam de mandato?
Eu gostava de concretizar uma série de projetos, mas entre os principais está a construção do Centro Cívico, este é o grande projeto para agora. A Câmara Municipal da Ribeira Grande vai intervir neste projeto, que foi aprovado em reunião, e vai disponibilizar 25 mil euros para arrancarmos com a obra. No que respeita o estacionamento isto é algo em que temos de apostar, porque temos poucos parques de estacionamento. Também temos de concluir a obra do polidesportivo, da zona de lazer, do miradouro e do parque de merendas. No que concerne a habitação em si, nós temos de reabilitar a habitação degradada.
Na sua opinião, qual é a disponibilidade do Município para apostar na Lomba da Maia?
A Câmara Municipal da Ribeira Grande apoia a freguesia. Eu tenho a noção de que sou um bocadinho insistente e de que devo ser o presidente da Junta de Freguesia que mais pressiona a Câmara Municipal e que aparece na autarquia sem reunião marcada, mas, no entanto, sou sempre atendido. A verdade é esta, aliás, enquanto fui membro da Casa do Povo e de outras instituições aconteceu-me chegar à autarquia sem ter reunião marcada, com outro executivo e não ser atendido, mas aqui, a qualquer hora somos atendidos, seja pelo senhor presidente ou por outra pessoa do executivo que esteja disponível. Eu não me candidatei a presidente da Junta por dinheiro e também não tenho empresas de construção, nem qualquer tipo de outros interesses. Eu sempre disse que quando acharem que o meu trabalho não está a ser bem feito nem eficaz é só dizerem-me que eu, por mim, abro a porta e venho embora.
Começou esta caminhada com Alexandre Gaudêncio, atual presidente da Câmara da Ribeira Grande, ou seja, entraram no mesmo barco, na mesma altura, há quem diga neste momento, que o presidente da Câmara está a pensar seriamente em ser o próximo líder do PSD e, eventualmente, o próximo presidente do Governo Regional dos Açores. Se ele o desafiar, também entra no mesmo barco?
Esta é uma pergunta difícil. Contudo, é muito provável que não o faça, a não ser que vá para um cargo na minha área. Eu confio muito no Alexandre Gaudêncio e acredito que é um dos melhores políticos do país, se não o melhor, e que tem muito futuro à sua frente, porque é um político com garra, com vontade e é uma pessoa honesta e espetacular. Se eu for desafiado para uma área que eu perceba, eu posso pensar na proposta, porque a minha vida também não me permite fugir muito da minha área e eu sou contra aquelas pessoas que aceitam cargos só para serem secretários ou diretores de alguma coisa sem saberem nada sobre o assunto em questão. Eu acho que, na política, é importante que as pessoas certas estejam nos sítios certos e não nos mais convenientes. Eu posso dizer-lhe que ficava desiludido com o Alexandre Gaudêncio, se ele, algum dia, fosse para o Governo, e me nomeasse apenas pela amizade.