BEL BAIXA PREÇO DO LEITE PAGO AO PRODUTOR

A BEL Portugal vai baixar o preço do leite pago ao produtor em média de um cêntimo por litro a partir de 1 de julho. A fábrica alega que a situação vivida devido à COVID-19 fez desvalorizar o mercado de laticínios, mas o Conselho de Administração da Associação Agrícola de São Miguel diz que esta é uma decisão que vem prejudicar o setor do leite na Região.

 

A partir do dia 1 de julho a BEL vai fazer um reajustamento ao preço do leite pago ao consumidor. Assim sendo, a partir de então o preço base do leite descerá um cêntimo por litro e o prémio de leite frio 0,5 cêntimos por litro. No entanto, manterá o prémio aos produtores certificados e em vias de certificação, que aumentará entre 0,5 e 1 cêntimo por litro, sendo que atualmente atribui a estes produtores certificados de leite de vacas felizes um prémio de 2,65€ por litro.

O Conselho de Administração da Associação Agrícola de São Miguel mostrou-se descontente com a situação, afirmando que este é uma decisão que vem prejudicar a fileira do leite na Região, já que a indústria não consegue repercutir nos produtores as mais-valias da qualidade do leite que lhes é entregue e que é do agrado do consumidor, afirmando que é a produção que sofre as consequências das ineficiências das indústrias que não são capazes de aproveitar a “excelência” do leite que recebem.

No entanto, a BEL justifica esta descida no preço dizendo que enfrenta um momento “problemático” na sua atividade económica, consequência da COVID-19, e que isso está a afetar o consumo de produtos lácteos e afirma ainda que se verifica uma desvalorização geral do mercado de laticínios, iniciada pela queda abrupta do preço de produtos industriais lácteos, de cerca de 20% em manteiga e leite de pó desde o início do ano.

Mesmo com estas justificações os produtores de leite não estão contentes. A Associação Agrícola diz ainda que os agricultores não têm o apoio do Governo e que necessitam de um que tenha “a capacidade e o engenho de agir perante as indústrias, já que não basta constatar a realidade, são precisos mecanismos que impeçam esta constante delapidação de uma fileira que é imprescindível à coesão socioeconómica dos Açores”.