CAMPANHÃ

De “villa campaniana” a Campanhã: A história da freguesia mais oriental do Porto

Com uma posição geográfica privilegiada, a freguesia de Campanhã ofereceu, desde sempre, condições muito favoráveis à fixação de população. Não admira, por isso, que a presença humana nesta zona esteja documentada desde os períodos mais recuados da pré-história.

Certos traços da toponímia demonstram que Campanhã terá sido habitada ainda durante o período dos grandes monumentos megalíticos (III e II A.C.), contudo, alguns vestígios encontrados junto ao Esteiro e atribuídos ao Paleolítico, indicam que a ocupação possa ser anterior.

Ao longo dos séculos, Campanhã foi crescendo a olhos vistos, sendo considerada, já no século XI, como sendo a sede de uma “villa” relativamente importante, a “villa campaniana”, que sob o domínio de uma família nobre, incluía grande parte das atuais freguesias de Campanhã, Rio Tinto e Valbom, acolhendo também o Mosteiro de Santa Maria de Campanhã.

Já mais tarde, a par de uma população crescente dedicada à agricultura, à pesca, e à moagem de cereais, Campanhã assume-se também como local de quintas e solares de veraneio das grandes famílias burguesas e nobres do Porto. As quintas do Freixo, de Bonjoia, da Revolta, de Furamontes e de Vila Meã são alguns casos representativos do luxo e requinte arquitetónico destes solares.

Com o século XIX, chega o tempo das destruições provocadas pela guerra e pelo célebre cerco à cidade do Porto, entre 1832 e 1833. Contudo, este século representa também um período de crescimento e prosperidade, em que a freguesia aumenta significativamente a sua população e indústria, muito devido à expansão dos meios de transporte, nomeadamente o caminho de ferro.

Este quadro, poucas mudanças sofreu até 1950/1960, altura em que se intensificou a tendência de expansão da cidade para oriente, convertendo-se a freguesia numa das zonas preferenciais para a construção de bairros de iniciativa camarária. O aumento de população continuou acentuado até finais de 2000, sendo que, a partir daí, Campanhã foi perdendo, gradualmente, parte da sua população, principalmente jovens que procuraram oportunidades noutras zonas limítrofes.

Atualmente, Campanhã continua repartida entre o seu passado de tradição rural, que ainda persiste na paisagem, e os traços cada vez mais visíveis da modernidade. Já a população, ronda, neste momento, os 40 mil habitantes, sendo que cerca de 40 por cento têm já mais de 65 anos de idade.