O fígado desempenha um papel fundamental na digestão, na absorção e no metabolismo de carboidratos. Cerca de 50 a 75 % dos pacientes com doença hepática avançada desenvolvem desnutrição.
Uma das principais consequências da doença hepática crónica descompensada (DHCD) é a cirrose hepática, responsável pela alteração estrutural e funcional do órgão e representando na sua maioria o estádio final da doença. A cirrose hepática é uma doença em que o fígado funciona com dificuldade, podendo ser causada pelo excesso de álcool, hepatite viral ou outras doenças. Apesar de esta doença apenas ter cura através da realização de um transplante de fígado, caso seja identificada precocemente e tratada de forma adequada, a sua evolução pode ser atrasada.
A desnutrição é cada vez mais reconhecida na doença hepática crónica, portanto, nessas situações, a alimentação adequada e equilibrada é fundamental, uma vez que esta condição normalmente é acompanhada pela perda de peso severa, perda de massa muscular, retenção de líquidos e deficiência de nutrientes.
Por forma a otimizar o estado nutricional no caso da cirrose hepática descompensada, devem ser consumidas frutas, vegetais, cereais integrais e carnes baixas em gorduras, uma vez que estes alimentos têm vários nutrientes e são de fácil digestão, não exigindo muito trabalho por parte do fígado para que sejam metabolizados.
A dieta para a cirrose hepática deve ter a quantidade ideal de nutrientes, pelo que é importante que se realizem cinco a sete refeições diárias de baixo volume. A alimentação deve incluir carboidratos complexos, gorduras boas e proteínas de alto valor biológico. Inicialmente pensava-se que a dieta deveria restringir ao máximo o consumo de proteínas, no entanto, os estudos atuais demonstraram que o impacto das proteínas no desenvolvimento da encefalopatia hepática é mínimo, pelo que as proteínas podem ser incluídas na alimentação. Devem, ainda, ser incluídos peixe, ovos, carnes brancas baixas em gordura e queijos baixos em sal e gordura, como a ricota e o cottage, por exemplo. O consumo de leite e derivados deve ser desnatado e, no caso das gorduras, o azeite pode ser consumido em pequenas quantidades, assim como sementes e frutos secos.
Por outro lado, para que o fígado não trabalhe em excesso há que evitar os seguintes alimentos: carnes vermelhas, laticínios integrais, enlatados e fast food. O consumo de bebidas alcoólicas também deve ser reduzido, visto que piora a condição do doente.
Através destes hábitos alimentares e otimizando o estado nutricional, torna-se mais fácil controlar a cirrose hepática e, consequentemente, ter uma melhor qualidade de vida.
É muito importante que, para otimizar o estado nutricional na cirrose hepática descompensada, siga as recomendações e o aconselhamento de um profissional de saúde, nomeadamente de um hepatologista.