No seguimento da entrevista de José Carlos Cidade, presidente da ONGaia – Associação Defesa Ambiente, publicada a 1 de junho no Jornal AUDIÊNCIA, o presidente da Câmara Municipal de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, não poupou críticas ao dirigente associativo, após este ter afirmado que “a nível da Câmara, infelizmente, temos de assumir que não temos um vereador do Ambiente”. Sublinhando que as críticas feitas à atuação da autarquia em matéria ambiental são infundadas e motivadas por “ressabiamentos”, o autarca gaiense frisou que o dirigente “tem, de facto, um problema com esta Câmara, mas é um problema pessoal, não é um problema institucional”. Acusando José Carlos Cidade de ser “cúmplice de um crime ambiental na zona do Senhor da Pedra, que ele conhece e não denuncia”, o edil frisou que “toda a gente sabe que a amargura dele foi nunca ter sido vereador”, garantindo que nunca o escolheria, porque “o município não merecia”.
Em entrevista exclusiva ao AUDIÊNCIA, José Carlos Cidade, presidente da ONGaia – Associação Defesa Ambiente, garantiu que, em Gaia, não existe um vereador do Ambiente, afirmando que “temos um vereador que se preocupa muito mais com os jardins do que com o ambiente e o ambiente é muito mais do que jardins”. Qual foi a sua reação perante esta declaração?
A entrevista é dada por alguém que assume tirar uma fotografia na praia, como defensor das questões ambientais, quando é cúmplice de um crime ambiental na zona do Senhor da Pedra, que ele conhece e não denuncia, que é uma ocupação selvagem das dunas, por parte de um amigo. O doutor José Carlos Cidade faz esse ataque por despeito. Toda a gente sabe que a amargura dele foi nunca ter sido vereador, porque eu sempre achei que a Câmara já estava num patamar que não pode ser qualquer um e, portanto, é um despeito de fim de mandato. O doutor José Carlos Cidade é uma pessoa que mostra um grande despeito, mostra não ter respeito e ancora-se numa estrutura que ninguém conhece, da qual não há atas, que reúne num café, onde ninguém entra e onde eu próprio, como poderei demonstrar, fui impedido de me tornar associado, logo, é sinal de que há ali um fechamento evidente. O doutor José Carlos Cidade melhor faria se tivesse aproveitado a entrevista, para explicar porque é que tem estado silencioso perante os crimes ambientais nas dunas do Senhor da Pedra, que ele conhece. E já agora, podia o doutor José Carlos Cidade explicar às pessoas e fechar de vez este assunto, que já devolveu o dinheiro à Junta de Freguesia, que o tribunal mandou devolver, por utilização abusiva de dinheiro público. Portanto, eu acho que o doutor José Carlos Cidade, que assina como professor doutor, que é outra coisa absolutamente inacreditável, tem, de facto, um problema com esta Câmara, mas é um problema pessoal, não é um problema institucional. E já agora, sobre as questões do ambiente, talvez valesse a pena o doutor José Carlos Cidade, de uma vez por todas, parar com estes ataques, que toda a gente vê que são de ressabiamento, que são de uma pessoa que pode ter muitas formações, mas é mal formada e, de uma vez por todas, aproveitar o peito que mostra, a pujança que exibe, o armanço que demonstra, e explicar como é que ele foi parar ao Centro de Reabilitação do Norte e depois ao Hospital de Gaia, qual foi o concurso público em que ele entrou, para se poder perceber que estamos a falar de uma pessoa que mais valeria estar calada, porque eu para já, como presidente de Câmara, não abrirei muito o livro, mas quando deixar de o ser, terei outra liberdade para falar, de toda a forma. Eu tenho de defender o meu vereador, porque o trabalho que tem sido feito tem sido absolutamente extraordinário e é lamentável que se diga que o ambiente não são só jardins. Eu quero lembrar, por desconhecimento da figura, naturalmente, que ainda recentemente apresentámos um parque ambiental de 20 hectares, o Parque de Vale dos Amores. Temos em curso o Parque de Bustes, que é um parque ambiente colossal. Fizemos o Parque de São Paio, quase que duplicamos o Parque da Lavandeira e aumentamos o Parque Biológico, ou seja, dizer que isto são jardins é insultar-se a ele próprio, porque o doutor Carlos Cidade tem, na sua própria freguesia, o principal, o maior equipamento transformado em espaço ambiental, que é o Ecoparque do Atlântico e, portanto, pode confirmar que não são apenas jardins. O problema é que ele já lá passou, já foi presidente de Junta. Esteve lá e as consequências de ter sido presidente de Junta foram ter perdido as eleições a seguir. É porque o povo não lhe deu crédito e, em termos de balanço, que se conste, não há nada. Em contrapartida, quem lhe sucedeu, com o apoio da Câmara Municipal que eu lidero, já construiu um Centro de Saúde, reabilitou a Junta de Freguesia, está a construir um Centro de Dia e Creche, atualmente em construção, não estou a falar de promessas, estou a falar de coisas efetivas, criou o Ecoparque do Atlântico, ou seja, para mostrar que talvez o que move mesmo este tipo de entrevistas, onde não há uma ideia, onde não há um conceito, a única coisa que há é uma vontade de destilar ódio à Câmara, é o ressabiamento. Agora, é verdade que quem escolhe pessoas pode ter cometido sempre erros, e eu com certeza também terei cometido erros a escolher uma ou outra pessoa, mas há um erro que eu nunca cometeria, era algum dia escolhê-lo a ele. Ganharia a paz, porque ele calava-se, porque é um tipo de pessoa que se cala quando lhe dão alguma coisa. Mas, o município não merecia. Por isso, é mais um momento triste, de um destilar de ódio, de uma pessoa cheia de ressabiamentos e o meu único objetivo ao responder não é valorizá-lo, é pura e simplesmente dizer que o arquiteto Valentim Miranda dá 10 a 0 a qualquer desses professores doutores que andam aí.
Ao longo da entrevista, José Carlos Cidade também mencionou que a instituição que lidera não recebe qualquer tipo de apoio da Câmara Municipal de Gaia ou das Juntas de Freguesia.
A Câmara apoia instituições que existem.
Também foi salientado que quer em 2018, quer em 2021, os membros da Associação foram apresentar cumprimentos à Câmara Municipal e que “de ambas as vezes saímos de lá com a sensação de que foi meramente tempo perdido, porque houve uma falta de cuidado e de atenção para com a associação, que foi desesperante”. A seu ver, o que é que era esperado?
Provavelmente esperava ter um rancho folclórico à espera e um beberete no final. O ego do doutor Cidade é tão elevado que deve pensar que quando visita a Câmara Municipal tem de ter uma fanfarra à porta para o receber. Ele é tão só ridículo.
Relativamente ao Relatório Anual de Ambiente que, segundo o presidente da ONGaia – Associação Defesa Ambiente, foi solicitado há seis anos à autarquia e não foi enviado, o que é que tem a dizer?
Eu acho que, em primeiro lugar, o doutor José Carlos Cidade podia publicar os relatórios e contas da associação dele. Primeiro que se preocupe com a casa dele e depois trata da casa comum da humanidade.
Também foi citado que não há grande sensibilidade dos autarcas pelas questões ambientais, porque, de acordo com José Carlos Cidade “para alguns deles, a questão do ambiente não dá votos”.
Se assim é, não percebo como é que o povo tem dado 60% nas duas últimas eleições à candidatura que eu assumi, porque toda a gente sabe que tem sido altamente investidora nas áreas ambientais, não tenho é andado a financiar coisas da treta.
Em resposta a uma questão sobre o feedback das Juntas de Freguesia, o presidente da ONGaia – Associação Defesa Ambiente referiu que a instituição viu ser-lhe retirada, pelo presidente da Junta de Freguesia da Madalena, a Casa das Tílias, espaço que tinha sido cedido por esta edilidade.
O passado do doutor José Carlos Cidade na Junta de Freguesia é suficientemente negro para ele se abster de falar dessas coisas, que evidentemente não envolvem a Câmara, não têm nada a ver com a Câmara, isso é uma questão interna dele, mas eu espero é que fique claro que ele já ajustou as contas todas com a Junta de Freguesia, porque isso é que é fundamental, não ficar nada em dívida.
Qual é a sua apreciação sobre o trabalho que é desenvolvido pela ONGaia – Associação Defesa Ambiente?
Não conheço. Conheço o paleio e entrevistas de autopromoção, de resto não conheço e acho que ninguém conhece, a não ser que me apresentem o relatório e contas e eu possa ver alguma coisa que ainda não vi. Talvez eu pudesse sugerir ao doutor José Carlos Cidade que utilizasse o tempo disponível no emprego que lhe arranjaram no hospital, para ir verificar os atentados às dunas e torná-los públicos e assim dar um contributo para a crítica social, em vez de estar a fazer entrevistas de autoproclamação, porque em termos ambiental, o doutor José Carlos Cidade percebe tanto de ambiente como eu de futebol, é a partir da bancada.