Nuno Gomes Oliveira é candidato a presidente da Câmara Municipal de Gaia pelo PAN. Em entrevista ao Jornal AUDIÊNCIA contou como o tema ambiente sempre o mobilizou, desde a adolescência, e o quanto lhe interessa trazer para a gestão de Gaia as questões ambientais. O candidato fala numa Câmara mais aberta e transparente e pensa em projetos como a criação do Parque Florestal da Serra de Canelas, acabar com o amianto em todas as escolas, a construção de parques de estacionamento junto às estações de metro, entre muitos outros.
Como surgiu o convite e porque decidiu candidatar-se a presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia?
A ideia de intervir na vida política de Gaia é antiga e começou a tomar forma logo a seguir ao 25 de Abril de 74; atualmente, as boas relações com o PAN/Gaia permitiram uma aproximação que resultou, este verão, na decisão de candidatura. Sendo o PAN o partido que mais se preocupa, de forma sincera, com a problemática do ambiente, tema que me mobiliza desde a adolescência, é natural esta aproximação e candidatura.
Quais são as principais motivações da sua candidatura?
A primeira, talvez a principal, trazer as questões ambientais para a gestão do concelho de Gaia, não esquecendo que os problemas de ambiente não se resumem às árvores e às poluições, mas tem a ver com a gestão do território, dos seus recursos e a maneira de “fazer” a cidade. Por outro lado, ajudar a desenvolver uma nova forma de estar no Poder Local, sem clientelismos, sem falsas promessas, com verdade e transparência, servindo toda a população. Nenhuma Câmara tem orçamento que chegue para fazer tudo o que a população legitimamente deseja; então que se diga claramente o que se pode fazer, e que se justifiquem as prioridades.
Como avalia o trabalho que o atual executivo tem realizado ao longo dos últimos oito anos?
Acho que tem aspetos positivos, particularmente na área social, área que não domino, pelo que fundamento a minha avaliação nas opiniões que me chegam de dirigentes de IPSS e de outros munícipes. Mas, no global, acho que o trabalho foi pouco e fraco, não se podendo apontar nenhuma inovação que marque os dois mandatos. A extensa brochura, designada “Prestar Contas” que o recandidato Eduardo Vítor Rodrigues fez distribuir profusamente em Gaia está recheada de meias-verdades e colagens, de que cito, a título de exemplo: Eduardo Vítor Rodrigues transmite a ideia de ser sua a responsabilidade da reabilitação do Hospital de Gaia (pág.13), referindo, até, uma verba de 42 milhões, dando a ideia de que possa ser municipal, quando é uma obra do Estado, a que o Município deu uma pequena e desnecessária contribuição; o “Programa Municipal de Vacinação” (pág.14) incluiu, ao contrário do que é escrito, vacinas constantes do Plano Nacional de Vacinação 2020 e confunde as vacinas anti-meningite B, com a marca comercial Bexsero, da GlaxoSmithKline, nome por acaso mal escrito; na pág.32 refere a conclusão do construção da “PATA – Plataforma de Acolhimento e Tratamento Animal”, estranho nome para um CRO (Centro de Recolha Oficial) que, também estranhamente, não está legalizado nem em vias de legalização e a que faltam os meios adequados de intervenção, a começar pela inexistência crónica de veterinário-municipal. Muito mais exemplos haveria para referir, mas os munícipes tirarão as suas conclusões.
Como vê a evolução do concelho de Gaia nestes últimos anos? O que teria feito de diferente?
Nos últimos anos (décadas) Gaia cresceu muito, mas não se desenvolveu significativamente e nas áreas onde evoluiu positivamente (ensino, saúde, mobilidade, assistência social, etc.) isso deve-se essencialmente a obras e ações do Governo Central, e não dos executivos municipais; embora com alguma pressão das sucessivas câmaras municipais. De diferente teria feito o PDM de 1994 e as revisões seguintes; teria apostado no desenvolvimento e não no crescimento. A evolução de uma cidade não se mede pelo número de guindastes, como há dias foi dito! Mede-se por índices de qualidade de vida dos seus habitantes e visitantes.
Se for eleito, o que anseia concretizar durante o seu primeiro mandato, em prol do desenvolvimento da população e do concelho?
Ser eleito é, claramente, um objetivo. As primeiras medidas, depois de estudar os dossiers existentes na Câmara e que, muitos deles, a população desconhece, seriam encerrar dossiers abertos – alguns há décadas – e acabar com obras e promessas que se arrastam de orçamento em orçamento municipal. Fazer um novo tipo de orçamento municipal (com os condicionalismos financeiros e legais existentes), o mesmo com o PDM, e tornar a gestão municipal mais transparente e célere. Um qualquer requerimento de um munícipe, por vezes sobre um assunto de lana-caprina, não pode ter dezenas de despachos e pareceres antes da decisão final que decorre meses depois, ou muitas vezes não chega a acontecer. Um requerimento tem que ter um “não” ou um “sim”, ainda que condicionados, num prazo curto, nunca superior a 10 dias. E não esqueço a conveniência de reverter algumas fusões de freguesias ocorridas em 2013, e que em nada contribuíram para a redução de custos, nem para o desenvolvimento local.
Em caso de vitória, pode mencionar alguns projetos que serão implementados nas áreas da educação, saúde, desporto, cultura, ação social e ambiente?
Não falaria de vitória pois se for eleito, não “venço” ninguém, antes pelo contrário, sou “vencido” pelos gaienses que me escolhem e me atribuem uma tarefa para quatro anos. Mas um candidato, por não conhecer muitos dos dossiers pendentes na Câmara, alguns guardados a sete-chaves, não pode ter soluções, pode é identificar problemas. Na área da educação, acabar de vez com o amianto nas escolas, como foi prometido em 2014 e ainda não cumprido, apesar dos apoios comunitários de mais de 700 mil euros concedidos ao município para esse efeito, e dotá-las do pessoal necessário; na saúde, promover os espaços verdes de proximidade, o que também é válido para o desporto, e insistir com o Ministério da Saúde para aumentar os médicos de família, peça base do sistema de saúde, dando-lhe mais tempo de consulta por utente, e para reduzir os infinitos tempos de espera na urgência do Hospital de Gaia que, embora nova, não funciona satisfatoriamente; na cultura, reabilitar e dar uso ao Atelier Soares dos Reis e estudar e musealizar os castros da Senhora da Saúde, Castelo de Crestuma, e outros, como formas de valorização do património e de atração turística ao interior. Na ação social, para além de atender às situações de carência urgentes, combater todas as formas de pobreza, habitacional, energética e alimentar. No ambiente, a criação do Parque Florestal da Serra de Canelas, dos parques de proximidade e dos agroclusters ou parques agrícolas.
Que equipamentos/infraestruturas acredita que enriqueceriam e proporcionariam melhor qualidade de vida em Vila Nova de Gaia?
Antes de mais, transportes internos no concelho que permitam deslocações rápidas entre as freguesias interiores ou do sul do concelho, e as outras. Estudar a criação de uma “cidade administrativa” onde se concentrassem todos os serviços públicos, particularmente os municipais, uma espécie de grande Loja do Cidadão, implantada em local de fácil acesso por transportes públicos e privados, talvez em Vilar de Andorinho, no extremo da linha do Metro e perto da A1 e da A29. Quanto ao falado auditório para milhares de pessoas, deixaria cair esse projeto por inútil. O autocarro-anfíbio cairia (já caiu?) igualmente e traria de novo à discussão uma carreia de barco, a “sério”, no Rio Douro desde, talvez, Entre-os-Rios a Gaia e Porto. Outra infraestrutura fundamental será a construção de parques de estacionamento junto às estações do Metro, sendo imperdoável que isso não esteja incluído na empreitada em curso. E, claro, polos de atração turística no interior do concelho.
Relativamente ao projeto autárquico que lidera para este concelho, pode falar-nos sobre a equipa que o está a acompanhar ao longo deste desafio?
Sendo o PAN um partido recente, naturalmente não tem a disponibilidade de apoiantes que têm os partidos “clássicos”, nem os meios financeiros dos grandes partidos, especialmente dos que ocupam ou ocuparam o poder. Por isso temos uma equipa muito pequena, mas muito motivada, e escassos meios que não nos permitem editar brochuras de 53 páginas, nem vídeos com recurso a drones e outros meios sofisticados de campanha; fazemos vídeos com telemóvel, temos um outdoord e vamos ter uns quantos folhetos. Para a Assembleia Municipal lidera a lista o Pedro Ribeiro e Castro, que já foi eleito em 2017 para esse órgão, e que será reeleito este ano, acompanhado de outro ou outros membros do PAN. Para as Freguesias apenas temos a Mariana Rufino Teixeira, para a Assembleia de Freguesia de Mafamude e Vilar do Paraíso, para onde será, seguramente, eleita.
Que mensagem gostaria de deixar à população?
É preciso um novo modelo de gestão municipal, mais transparente e participativo, e é isso que propomos, a começar pela pública divulgação, permanente e contínua, das receitas e despesas do Município, desde um simples lápis de 50 cêntimos a um contrato de 20 milhões, informando a população do porquê e para quê de cada despesa. Esta é uma das nossas propostas para gestão da Câmara que, ao contrário do que é continuamente afirmado, não tem as contas equilibradas, mas sim uma grande dívida dilatada no tempo que compromete futuros mandatos e gerações, e a que importa pôr cobro e tornar do conhecimento público. É com o objetivo de arrumar a casa, mas com as portas abertas e a ajuda de todos, que nos candidatamos à presidência da Câmara Municipal de Gaia.
Lista de Candidatos do PAN à Câmara Municipal de Gaia
- Nuno Gomes Oliveira
- Pedro Ribeiro Castro
- Joana Almeida
- Hélder Trigo Marques
- Artur Delgado
- Sandra Pereira
- Porfírio Silva
- Eduardo Nunes
- Mariana Teixeira
- Francisco Magalhães
- Lúcia Pedro
- José Pedro Sousa
- Mónica Villadelprat
- Ilda Ascenção
- Luís Afonso