Foi apresentado o projeto ambicioso que vai transformar o antigo parque de campismo da Madalena num espaço único de lazer e educação ambiental, o Ecoparque do Atlântico. A autarquia prevê que o mesmo tenha, para já, 17 hectares e que possa ser já visitado no verão, sendo que será o local para diversos eventos, incluindo o Festival Marés Vivas.
Decorreu, no passado dia 24 de março, a apresentação oficial do Ecoparque do Atlântico, um projeto ambicioso que visa transformar o antigo parque de campismo da Madalena num espaço multifuncional e sustentável, de lazer e educação ambiental.
Este projeto será desenvolvido com base nos princípios da sustentabilidade, acessibilidade inclusiva e manutenção da qualidade ambiental, promovendo o equilíbrio entre as atividades recreativas, culturais, desportivas e de conservação da natureza, tanto dentro da área de intervenção, como nos espaços contíguos. O projeto inclui também a criação de um Centro de Juventude, com a implantação de unidades de alojamento modular, que pretende ser um espaço inovador, oferecendo respostas e oportunidades para os jovens.
O Ecoparque do Atlântico terá uma área de 17 hectares e poderá aumentar, no futuro, mais 10 hectares, dado que o município pretende adquirir uma área de terreno a sul com frente para a rua do Cerro e para a rua Clube Atlântico da Madalena até à Ribeira de Ateães, dando continuidade à requalificação deste corredor ecológico e integrando a restante área no parque urbano.
Para o município de Gaia, esta é uma oportunidade não só de ampliar o parque mas também valorizar o território, promovendo a sustentabilidade ambiental, reduzindo a pegada ecológica e criando percursos de manutenção à margem da Ribeira de Ateães, com ligação pedonal ao parque existente, perfazendo um total de cerca de 270 mil metros quadrados de área verde.
Este novo parque permitirá ainda estabelecer uma conexão com a frente marítima de Gaia, promover atividades desportivas (como por exemplo surf) e funcionará, ainda, como um ponto de partida para a sensibilização ambiental e para a promoção da conservação da biodiversidade. Para tal, haverá ações educativas, didáticas e culturais sobre temas ambientais, tendo presente a importância da conservação da natureza. Este será, também, o espaço de referência para a realização de eventos que já fazem parte do calendário cultural do concelho, como o Eco-Famílias, o Festival da Primavera ou o Festival Marés Vivas.
Ao nível de infraestruturas, o projeto inclui a requalificação dos equipamentos existentes e a implementação de tecnologias limpas e práticas sustentáveis, sendo que também serão valorizados todos os vestígios arqueológicos existentes.
Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Gaia, adiantou, na ocasião que “podemos optar por dimensões de sustentabilidade tanto mais quando as nossas contas sejam, também elas, sustentáveis” e, “por isso, por opção, abdicamos da receita que poderia significar a venda deste parque para o termos para todos nós”. “Um parque aberto a todos, para todos, onde não se pagará para entrar e podermos usufruir dos equipamentos e que pode ser um novo pulmão em Vila Nova de Gaia”, explicou o autarca.
Na sua intervenção, o presidente recordou ainda a importância do resgate do terreno do antigo Parque de Campismo da Madalena, transmitido para o Município após a dissolução e liquidação do Fundo Especial de Investimento Imobiliário Fechado Gaia Douro. Em 2023, a autarquia resgatou os bens desse fundo, constituído em 2008, no anterior ciclo autárquico, por 17 milhões de euros, pondo fim à obrigatoriedade de pagar 200 mil euros por ano de rendas pela utilização de equipamentos como o Parque da Madalena, o Parque da Aguda, o quartel dos Bombeiros Sapadores, as Oficinas Municipais, entre outros.
“Uma opção pela sustentabilidade, num espaço que vale milhões, e ainda mais valeria se fosse vendido para construção. Podemos hoje não ver alienado um parque que poderia ter aqui uma megaurbanização, porque temos sustentabilidade financeira”, congratulou-se Eduardo Vítor Rodrigues, destacando que o terreno será brevemente zonado como parque/equipamento, “sem capacidade construtiva”.
Quanto à execução deste novo parque, Eduardo Vítor Rodrigues esclareceu que “será transformado a partir de agora” e a expetativa é que possa começar a ser visitado no arranque do verão. “Este não é um daqueles equipamentos que necessita de ter um complexo projeto arquitetónico e de engenharia, é um projeto que nunca estará pronto, que se vai fazendo e construindo e em que as pessoas vão participando. Ele vai ficando pronto, e a natureza vai ficando pronta, porque se vai adaptando a desafios e a novas soluções. Espero que seja uma referência para o que é Vila Nova de Gaia no contexto da sustentabilidade e da natureza”, concluiu.
Já Luís Alves, autor da conceção da proposta de definição e desenvolvimento do plano para o Ecoparque do Atlântico, congratulou-se por poder estar “na génese daquilo que poderá vir a ser uma área fabulosa, um projeto fantástico para Vila Nova de Gaia. O engenheiro agrónomo sublinhou que este poderá vir a ser um “parque de referência da Europa”, muito focado nas questões ambientais e da sustentabilidade através da realização de “workshops, espaço museológico, escavações arqueológicas, feiras biológicas, entre outras iniciativas.
“Gostaria que este fosse um exemplo nacional que integra inovação, sustentabilidade e promoção de qualidade de vida. Ser também uma referência turística do concelho e um exemplo a nível nacional na alteração do uso, criando uma boa ligação entre a natureza e as atividades humanas”, acrescentou Luís Alves, que foi já responsável pelos Jardins de Serralves e também o responsável pelo Cantinho das Aromáticas.