Uma equipa de 29 investigadores da Alemanha, EUA, Reino Unido e Noruega venceu a terceira edição do BIAL Award in Biomedicine, um prémio promovido pela Fundação BIAL no valor de 300 mil euros, que pretende distinguir um trabalho publicado na área da biomedicina de excecional qualidade e relevância científica.
Liderado pelos investigadores Varun Venkataramani (primeiro autor), Frank Winkler e Thomas Kuner (coautores seniores), da Universidade de Heidelberg e do Hospital Universitário de Heidelberg, na Alemanha, o estudo “Glutamatergic synaptic input to glioma cells drives brain tumour progression”, publicado na revista Nature, em setembro de 2019, representa, segundo a Fundação BIAL, “uma investigação importante para a compreensão do cancro humano, concretamente do glioblastoma, um tipo de tumor cerebral muito agressivo, com um tempo médio de sobrevivência de apenas 1,5 anos, mesmo com tratamento de última geração”.
Segundo Ralph Adolphs, neurocientista e presidente do júri do BIAL Award in Biomedicine, as descobertas apresentadas neste trabalho “representam um avanço importante e surpreendente na compreensão de como o cancro do cérebro progride, ao descrever um novo canal de comunicação entre os neurónios e o tumor, podendo ser consideradas um marco no campo emergente da neurociência do cancro, além de sugerirem caminhos específicos para o tratamento”.
Neste seguimento, o neurocientista afiançou, ainda, que “o artigo vencedor desta edição representa um estudo chave para a neurociência do cancro, ilustrando um tema fundamental e absolutamente crítico para o cancro em geral. As células cancerígenas não podem simplesmente proliferar, têm de sequestrar processos biológicos saudáveis e integrar-se no funcionamento normal dos tecidos. Em nenhum lugar isto é mais flagrante, e surpreendente, do que nos tumores cerebrais estudados no presente artigo. A biologia do cancro continua a ser um campo muito complexo, mas este artigo fornece uma das caracterizações mais surpreendentes e profundas dos mecanismos de um dos tipos mais devastadores de cancro do cérebro”.
O trabalho vencedor foi escolhido entre 70 artigos nomeados como os trabalhos mais importantes publicados nos últimos 10 anos na área da biomedicina e contemplavam desde investigação básica a ensaios clínicos, incluindo estudos nas áreas das neurociências, oncologia, reumatologia, doenças metabólicas e infeciosas.