Este ano, a Festa do Senhor Santo Cristo dos Milagres regressou ao formato presencial e contou com algumas alterações, entre as quais, o facto da imagem ter saído para o adro da Igreja logo na sexta-feira, decisão que permitiu uma maior aproximação dos peregrinos à imagem, depois de dois anos de pandemia, como referiu o Cónego Adriano Borges. Apesar de afirmar que o balanço é extremamente positivo e que a adesão foi grande, o reitor do Santuário do Senhor Santo Cristo dos Milagres, acredita que participaram menos emigrantes do que em edições anteriores. Quanto à festa de 2023, o Cónego garante que é cedo para pensar nela, no entanto, lembrou que coincidirá com a data de 13 de maio.
As Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres, regressaram, este ano, após dois anos de interregno causados pela pandemia da Covid-19, que atingiu o país e o mundo, e que obrigou a celebração a cingir-se ao formato televisivo. A festa teve lugar entre os dias 20 e 26 de maio, e apesar do regresso ao formato presencial, e aproximado ao que acontecia antes da pandemia, contou com algumas modificações. A grande alteração foi o facto da imagem do Santo Cristo ter saído da Igreja do Santuário para o adro na sexta-feira à noite, sendo que, em anos anteriores, saía apenas no sábado. A colocação da imagem do adro coincidiu com a hora do acender das luzes no Campo de São Francisco, e a mesma permaneceu nesse local cerca de uma hora, tendo, depois, sido transportada para a Igreja de São José, onde decorreu a primeira vigília.
Durante a tarde de sábado, aconteceu a procissão à volta do Campo de São Francisco e à noite, nesse dia, como já era habitual antes da pandemia, a imagem voltou ao adro da Igreja do Santuário.
No domingo, celebrou-se, pela manhãzinha, a tradicional missa dos peregrinos, na Igreja de São José. A imagem foi, depois, colocada no adro do Santuário, novamente, onde ficou até à celebração eucarística, este ano, conduzida pelo Cardeal Tolentino Mendonça, arquivista do Arquivo Apostólico do Vaticano e bibliotecário da Biblioteca Apostólica Vaticana. Terminada a eucaristia, a imagem foi recolhida até ao convento para ser preparada para a procissão, que aconteceu, como habitualmente, nessa tarde e percorreu as principais artérias da cidade de Ponta Delgada, num percurso que tem a duração de cerca de quatro horas.
No dia seguinte, segunda-feira, feriado municipal, foi realizada uma celebração eucarística pelas intenções da Mesa da Irmandade e dos seus colaboradores. Nesse mesmo dia houve a abertura do Bazar que reabriu, depois, no último dia das comemorações. A vertente religiosa da festa terminou, então, no dia 26 de maio, com uma missa presidida pelo Cónego Adriano Borges, reitor do Santuário.
No rescaldo da Festa, o Jornal AUDIÊNCIA conversou com o Cónego Adriano Borges, que além de reitor do Santuário, é, também, presidente do Concelho dos Assuntos Económicos do Senhor Santo Cristo, diretor do Serviço Diocesano de Apoio Pastoral Escolar, assistente da Comissão Diocesana dos Bens Culturais da Igreja e professor convidado do Seminário Episcopal de Angra. “Na minha opinião, a Festa do Senhor Santo Cristo dos Milagres foi bastante positiva, intensa, e vivida com bastante emoção depois destes dois anos de pandemia”, disse o Cónego, que confessou que o facto da imagem ter estado mais tempo fora da igreja, nomeadamente no adro na Igreja do Santuário na sexta-feira, algo que não era habitual, “permitiu que as pessoas se aproximassem mais e rezassem mais”.
“O balanço é muito positivo e não posso deixar de destacar a cereja no topo do bolo desta festividade: a presença do Cardeal D. José Tolentino Mendonça, que nos ajudou ainda mais a entrar no espírito”, destacou o reitor do Santuário do Senhor Santo Cristo dos Milagres.
O tempo é de regresso à normalidade, no entanto, o Cónego Adriano Borges lembrou que nem toda a gente sentiu segurança para voltar ao formato presencial da celebração, mesmo admitido que não conseguia precisar se o número de pessoas presentes tinha sido maior ou menor do que em anos anteriores à pandemia, afirmou que “houve pessoas que pela sua fragilidade, seja em relação à idade ou até devido a alguma doença, preferiram assistir às comemorações a partir de casa, pela televisão”, ainda assim destacou que “a adesão foi bastante grande”.
As Festas em honra do Senhor Santo Cristo dos Milagres são consideradas uma das maiores manifestações religiosas do país e, todos os anos, leva milhares de peregrinos, turistas e emigrantes à Ilha de São Miguel. Este ano não foi diferente, no entanto, o presidente do Concelho dos Assuntos Económicos do Senhor Santo Cristo acredita que a presença de emigrantes não foi tão grande como em anos anteriores. “Parece-me, numa primeira análise, que tivemos menos emigrantes do que em anos anteriores à pandemia. Não houve o boom que esperávamos, mas, mesmo assim, estavam cá muitas pessoas da nossa diáspora”, referiu.
Com a edição de 2022 terminada, o Cónego Adriano Borges garantiu que ainda não é tempo para pensar na festa de 2023. “Ainda é cedo para pensar no próximo ano, uma vez que ainda estamos em fase de rescaldo desta festa”, disse, no entanto, deixando a ressalva que “em 2023, o sábado da Festa do Senhor Santo Cristo dos Milagres, coincide com o dia 13 de maio, por isso, temos de pensar bem no que vamos fazer”, afirmou, deixando, porém, a confissão de que “ainda não projetamos nada”.