No ano do centenário da morte do poeta, falar de Guerra Junqueiro, o “freixenista” (assim se denominam os naturais de Freixo de Espada-à-Cinta), o poeta, o escritor, o político e o diplomata, mas também o “”camponês” que incarnava na plenitude o pulsar das gentes da ruralidade transmontana das quais era originário, é falar dum homem que conhecia como ninguém o sentir e a natureza rude do povo multissecular a que pertencia, no remoto universo territorial do Nordeste, bem no “coração” do Parque Natural do Douro Internacional. Abílio Manuel Guerra Junqueiro, cujo centenário de falecimento ocorrerá no próximo Verão, partilhou tudo isso; ideais republicanos, cortesia, valores humanos e genuinidade, atributos que adoraria ver perpetuados nos hábitos culturais do seu povo de origem. Porém, após uma vida repleta de exigências sociais, quer em Portugal quer no estrangeiro, no âmbito das suas obrigações institucionais, cujos exemplos apontavam sempre num caminho de retidão a seguir, ele que era um apoiante incondicional da cultura, mas também um crítico acérrimo do incumprimento de certos desígnios, tantas vezes desvalorizados pela comunidade, quer pelo elevado índice de iliteracia da população, em razão do facilitismo dos sistemas de ensino com que hoje igualmente nos confrontamos, por conveniências mesquinhas, e/ou interesses obscuros, individuais ou de grupo, a Pátria e a Língua Portuguesa eram o seu mundo. Um “Eldorado” linguístico, afinal o sonho idêntico a muitos dos seus ancestrais compatriotas, “Senhores do Mundo” que chegaram a ser!. Porém, ainda que tenha vivido alguns períodos de “glória”, essa realidade histórica não foi além de um “Sonho Efémero”, que durou alguns séculos, mas que a dada altura do tempo, acabou por ruir, como se de um “baralho de cartas” se tratasse! Em todo o caso, eternizado com um busto bem visível no jardim fronteiro ao edifício dos Paços do Concelho de Freixo, o Poeta Guerra Junqueiro, como sempre o trataram os seus concidadãos, em cujo leque me incluo e cujo centenário da morte ocorrerá em Julho deste ano, por via da sua vasta Obra Literária, está hoje imortalizado na história e na mente de Portugal e do mundo, sem limites de uma qualquer fronteira física, política ou intelectual.
* * * Em termos de produção literária, Guerra Junqueiro deixou-nos um manancial imenso de publicações, em verso e em prosa, das quais poderemos destacar: “A Morte de D. João” (1.874), “A Velhice do Padre Eterno” (1.885), “Finis Patriae” (1.891), “Os Simples” (1.892), etc. Todavia, essa “obra” perene que nos legou é bastante mais vasta.