Concluídos que estão todos os procedimentos relativos às classificações finais das competições da nossa secção que animaram o último trimestre de 2022 e os primeiros oito meses de 2023, que nos levará ao ano do oitavo aniversário do seu nascimento (julho de 2024) nas páginas do jornal AUDIÊNCIA GP e no blogue O LOCAL DO CRIME (localdocrime.blogspot.com), cumpre-nos agora recordar os nomes dos “detetives” que se posicionaram em lugares distinguidos com prémios. São eles: Da Vinci (Taça Madame Eclética – 1º lugar), Búfalos Associados (Taça Joaquim Ferreira Leite – 2º lugar), Detetive Jeremias (Taça Salvador Santos – 3º lugar), Paulo (Medalha – 4º lugar), Inspetor Gigas (Medalha – 5º lugar), Dona Sopas (Medalha – 6º lugar), Inspetor Mucaba (Medalha – 7º lugar), Elisa Bethy (Medalha – 8º lugar), Inspetor Moscardo (Medalha – 8º lugar) e Pim-Pim Leite (Medalha – 8º lugar), no Torneio de Decifração “Solução à Vista!”; Bernie Leceiro (Taça Jornal Audiência GP – 1º lugar), Detetive Jeremias (Taça O Desafio dos Enigmas – 2º lugar) e Rigor Mortis (Taça Local do Crime – 3º lugar), no Concurso de Produção “Mãos à Escrita!”. Estes prémios serão entregues em almoço-convívio de âmbito nacional, a realizar em local a designar, entre abril e maio do próximo ano, uma tradição que importa manter.
PRÓXIMAS INICIATIVAS
Está já delineado o calendário de iniciativas da nossa secção para o biénio 2023-2024, que tem como provas rainhas o torneio “Solução à Vista!” e o concurso “Mãos à Escrita!”, em novas edições a decorrer em paralelo, e cujo número de etapas depende do nível de participação dos produtores que respondem habitualmente à nossa chamada e de novos praticantes desta importante vertente do policiário que queiram mostrar aqui as suas criações. Importa sublinhar, aliás, que sem o surgimento de novos produtores que venham a preencher os lugares que vão sendo deixados vagos pelo desaparecimento natural dos nossos veteranos nos domínios da produção policiária, a modalidade corre sérios riscos de extinção. Importa, portanto, estimular os amantes deste passatempo lúdico e cultural a aventurarem-se na escrita de enigmas, objetivo primeiro das nossas próximas iniciativas, que envolvem ainda um concurso de contos (“Um Caso Policial no Natal”), que marca, aliás, o arranque da temporada 2023-2024. O estímulo à escrita de contos policiais tem sido também uma das nossas preocupações desde o início da secção, que reuniu em duas edições realizadas até ao momento 20 (vinte!) trabalhos de elevada qualidade, de onde se destacam naturalmente os contos vencedores em 2018 (de Inspetor Fidalgo) e 2021 (de Búfalos Associados).
Entretanto, enquanto aguardamos a receção de contos candidatos ao concurso “Um Caso Policial no Natal”, aberto à participação de todos, sem quaisquer condicionalismos de idade, sexo ou nacionalidade, desde que escritos em língua portuguesa e de índole policial, com ação centrada na quadra natalícia, damos hoje início à publicação de um conjunto de problemas de grau de dificuldade baixa, produzidos e publicados na década de 1950 no extinto jornal Diário Popular, tendo como objetivo único o “aquecimento das células cinzentas” dos nossos leitores que ainda não experimentaram participar nas nossas competições policiárias. E para os estimular a dar finalmente esse passo há muito adiado, o enunciado desses enigmas será acompanhado da respetiva solução de autor em “nota de rodapé” para que seja possível a quem nos segue comparar de imediato a sua “proposta de solução mental” com a que o produtor deu originalmente na época.
Problema Policial 1 – de Austin Ripley
(Diário Popular 3993 – 14.11.1953)
A pequena sala do Juízo de Investigação do Arizona estava à cunha e o professor Fordney seguia com interesse tudo o que se passava.
Rupert Durand contava a sua história.
“Hanky Brody, Clint Kevin e eu andávamos há uma semana a pesquisar minério no deserto – disse ele – quando se levantou uma terrível tempestade de areia. Estávamos a oito milhas do nosso acampamento. Não tardámos em ficar perdidos. Hank e Clint começaram a questionar um ao outro. Não conseguimos abrigar-nos durante as 48 horas que durou a tempestade e o vento soprava com extraordinária violência. Na manhã do dia seguinte, quando o tempo acalmou, Hank afastou-se sem dizer palavra. Cinco minutos depois, Clint seguiu na mesma direção, que era oposta à do acampamento. Devem ter caminhado em círculo, porque eu tomei o sentido oposto e avistei-os meia hora mais tarde. A cerca de 200 metros de distância, com boa visibilidade, observei que Clint agarrava Hank por um ombro, fazia-o dar uma volta e abatia-o com um tiro de revólver. Corri para o local, mas Clint afastou-se sem nada me dizer. Hank estava morto”.
Fordney fez uma pergunta e a testemunha respondeu:
“Sim, trazia estes mesmos óculos durante a tempestade. Uso-os tanto para ler como para ver ao longe. Com eles a minha visão é perfeitamente normal”.
Pode mostrar-nos, pediu o professor.
Durand entregou-lhe os óculos e Fordney limpou-os cuidadosamente. De seguida colocou-os sobre o nariz e, olhando através deles para o juiz de investigação, disse:
Durand está manifestamente a querer comprometer Kevin, levantando contra ele uma falsa acusação. Não pode ter visto a cena que contou… pelo menos com estes óculos.
DESAFIO AO LEITOR
O leitor é capaz de deduzir em que se baseou o professor Fordney para fazer esta afirmação? Sugerimos que faça uma nova leitura um pouco mais atenta do enunciado e, depois de uma breve pausa para reflexão, procure elaborar mentalmente a sua solução. Posto isto, prossiga a leitura do texto que se segue para saber se a sua conclusão coincide com a solução do autor.
NOTA DE RODAPÉ
Antes de passar à publicação da solução do autor, cumpre-nos sublinhar que este e os problemas seguintes, todos da autoria de Austin Ripley, fazem parte do espólio do Arquivo Histórico da Problemística Policiária, disponível online no site Clube de Detetives (clubededetectives.pt), que tem por “pai” e “gestor” o incansável Jartur, dando corpo a uma ideia partilhada por vários cultores do Policiário de ver preservado, para as gerações vindouras, o acervo cultural e informativo, que alguns de nós fomos reunindo, em algumas décadas da nossa atividade criativa como decifradores e produtores de problemas policiários, autores de contos ou coordenadores de secções da especialidade”. Posto isto, passemos à solução do problema de hoje:
Problema Policial 1 – de Austin Ripley
Solução do Autor
Fordney sabia que se Durand tivesse andado de óculos durante as quarenta e oito horas que durou a tempestade de areia (conforme ele dizia) as lentes teriam ficado tão riscadas que se tornaria impossível a visão clara através delas. Ora os óculos com que ele se apresentou perante os investigadores estavam límpidos. Portanto, não tinham sido usados durante a tempestade de areia.