Aproveitando projetos já existentes, a Junta de Freguesia de Rio Tinto criou, recentemente, uma Loja Circular, que alia uma resposta social a vários níveis a preocupações e benefícios também a nível ambiental. Num só espaço, é possível agora doar, comprar ou receber roupas, alimentando assim o circuito de apoio na freguesia.
Dando resposta à problemática da área social, a Junta de Freguesia de Rio Tinto reinventou a sua loja social e implementou um projeto totalmente novo, a Loja Circular, que alia as questões ambientais às sociais. De uma forma geral, esta Loja Circular funciona através da doação de roupas por parte da comunidade, que são depois tratadas e colocadas à venda na loja social para aqueles que mais precisam.
Assim, não só há uma reutilização da roupa, ajudando o ambiente, como há uma ajuda na resposta social, sendo que todas as receitas revertem para projetos dentro da área social da Junta.
“A Junta de Freguesia é uma eco freguesia, com uma votação nacional ficamos em 4º lugar, com uma diferença entre nós e o 1º lugar de 4 pontos, e temos investido imenso nas áreas de economia circular. Temos o projeto Composto para Trocar, que implementamos junto com as escolas e com outras instituições e que teve um financiamento do Fundo Ambiental, e nessa ótica, detetamos que o nosso uso das roupas é uma das atividades mais poluentes. Todos nós usamos roupas que usam tintas para serem coloridas e a própria produção do tecido é extremamente poluente. E com a moda e a facilidade de aquisição que temos, cada vez mais, segundo os estudos, o período que usamos a roupa é muito menor. Portanto, estamos aqui com esta questão que é a produção de resíduos que é as roupas e fazia sentido darmos uma segunda vida a essas roupas, e juntarmos aqui a parte ambiental à social. Então refundamos a loja social, passamos para a loja circular, com outro tipo de respostas, com outro tipo de funcionamento. A loja circular está aberta a toda a gente e permite às pessoas adquirirem quase a preços simbólicos roupas que outros já não usam e que podem usar para eles fazendo com que exista esta circularidade”, explica Nuno Fonseca, presidente da Junta de Freguesia de Rio Tinto.
A loja social foi um dos primeiros projetos que a Junta liderada por Nuno Fonseca implementou e que rapidamente cresceu exponencialmente. “Ao fim de poucos meses viu-se que não tinha capacidade de espaço, então, fizemos umas obras numa parte da Junta e criamos uma loja maior. E nesse espaço, tínhamos várias respostas, o banco de ajudas técnicas, o banco de livros, que agora deixou um bocadinho de fazer sentido porque os livros agora são de oferta, e também o banco de emergência alimentar que foi o primeiro projeto que criamos em 2013 na Junta, onde temos sempre bens alimentares para atribuir às famílias em situações de emergência alimentar. Aqueles casos em que não podemos estar à espera de uma resposta mais integrada, e é a emergência”, explica o presidente.
Para que “o circuito não pare”, as receitas da Loja Circular revertem, não só para pagar as despesas de funcionários e instalações, mas também para o banco de emergência alimentar, que tem vindo a aumentar a sua assistência nos últimos meses, como explicou ao AUDIÊNCIA Mónica Babo, assistente social da Junta de Freguesia de Rio Tinto.
“A procura tem aumentado, desde março que criamos um serviço diferente daquele que tínhamos normalmente, adequado às questões da pandemia, em que tínhamos uma equipa na rua que esteve constantemente a fazer a entrega de cabazes alimentares às famílias. Até ao momento já apoiamos mais de 300 famílias, e isto traduz-se num número muito grande de pessoas, tendo uma média cada família 3 a 4 pessoas. Nós recebemos os pedidos não só diretamente da família, como da comunidade e das instituições, e fazemos uma pequena avaliação, falamos com as técnicas da segurança social para avaliar depois da primeira entrega dos alimentos, que apoios existem para aquela família. Portanto, não é o dar só por dar, é dar no sentido de estarmos a colmatar a falha alimentar naquele momento mas vamos tentar perceber que problemáticas tem a família e que forma podemos ajudar no combate à pobreza e situações criadas pela pandemia porque temos muitas famílias jovens, com crianças pequenas, com trabalho precário, ficam em casa e não recebem e é complicado”, refere Mónica Babo.
Além destes projetos, a Loja Circular acaba por apoiar outros projetos paralelos, como o polo de ajudas técnicas, que disponibiliza o empréstimo totalmente gratuito de camas, cadeiras de rodas e outros equipamentos a idosos carenciados, ou o Projeto Reveste, do Centro Social de Soutelo, em parceria com a Junta de Freguesia de Rio Tinto e outras instituições, em que os utentes da área da deficiência mental escolhem peças da loja para depois as customizar com o apoio de estilistas da área da moda. “Cada peça está personalizada, conta a história do utente que a criou e porque é que a criou. E eles devolvem as peças e nós devolvemos à comunidade devidamente alteradas e trabalhadas por eles”, acrescenta a assistente social.