JUNTA DE FREGUESIA HERDOU DÍVIDAS, MAS FILIPE LOPES VAI CONTINUAR A TRABALHAR EM PROL DA COMUNIDADE

Filipe Lopes, presidente da Junta de Freguesia de Pedroso e Seixezelo, falou, em conversa com o AUDIÊNCIA, sobre as dívidas herdadas do anterior executivo, sobre o impacto das mesmas na gestão da Junta de Freguesia e sobre os projetos que implementou e os que ainda pretende incrementar antes do fim do seu mandato.

 

 

 

A Junta de Freguesia de Pedroso e Seixezelo herdou recentemente uma nova dívida com um valor superior a 66 mil euros, que foi acumulada pelo anterior executivo à Prozinco, e que se refere ao ano de 2003, mais concretamente à construção do Estádio Dr. Jorge Sampaio, em Pedroso. Depois de a Junta de Freguesia ter sido condenada, em 2018, a pagar uma dívida à Civopal, que foi somada pelo antigo presidente, o que sentiu, como atual presidente da Junta de Freguesia de Pedroso e Seixezelo, quando tomou conhecimento desta nova sentença?

Eu, antes de chegar a presidente da Junta de Freguesia estive quatro anos como deputado na Assembleia e fui conhecendo os Relatórios e Contas que iam sendo apresentados e os que eram apresentados contemplavam uma dívida de cerca de 850 mil euros. Era isso que era apresentado pelo anterior executivo da Junta de Freguesia de Pedroso, mas o que é certo, é que, efetivamente, tem-se vindo a suceder um conjunto de situações, como já falou da Civopal, mas não só, mas como sentenças de tribunal, efetivamente, houve a Civopal, houve agora esta da Prozinco e houve uma também relacionada com o Estádio Dr. Jorge Sampaio, contudo não da construção, mas da manutenção com a empresa ET, foram estas três sentenças que nós tivemos que regularizar, a da ET, a da CIVOPAL, da qual já pagamos mais de 550 mil euros em dois anos e agora surgiu mais esta condenação que não deixa de ser caricata, porque estamos a falar de uma obra que foi inaugurada em maio de 2003, por isso eu tinha vinte e poucos anos, de uma fatura de março de 2004, na qual a Junta de Freguesia era a dona da obra, por isso contratava e adjudicava com as entidades e os fornecedores que selecionava para a execução da obra, no entanto, conforme a obra ia sendo executada, as empresas iam faturando e a Junta entregava à Câmara Municipal as respetivas faturas e a Câmara transferia para a Junta o valor, que depois era pago aos fornecedores. Toda a gente se lembra, principalmente a população de Pedroso, da publicidade que foi feita na altura da construção do Estádio Dr. Jorge Sampaio, que era uma obra de 3 milhões de euros, era o custo estimado, e foi uma obra que custou mais de 9 milhões de euros, que custou mais do que o triplo do que estava previsto. A Junta de Freguesia pediu o reembolso à Câmara, a Câmara reembolsou, pagou, por isso a Câmara Municipal cumpriu a parte dela com a Junta de Freguesia e a Junta de Freguesia não pagou à Prozinco, por suposta deficiência de construção na pala de cobertura e até aí acho que sim, porque efetivamente a pala nunca desempenhou a função para a qual foi construída, mas não contestou, tinha a fatura, pediu dinheiro do Câmara, recebeu o dinheiro da Câmara, o dinheiro não existe, por isso foi gasto sabe-se lá em quê e não contestou o defeito da construção. Por isso, a contestação que houve foi por parte da Prozinco a dizer que tinha uma fatura desde 2004, esperou até 2009, que foi ano de eleições autárquicas, e se calhar com algum receio colocou uma ação, o anterior presidente ainda esteve mais quatro anos aqui, pois ele saiu em 2013 e não foi capaz de resolver, não foi capaz de deixar dinheiro para esta situação e, mais uma vez, temos aqui um problema que temos de resolver para o bem da freguesia, para o bem dos funcionários da Junta, para o bem de toda a gente. Para terem uma noção, nós estamos a falar de uma fatura de cerca de 66 mil euros, mas que atualmente, à data de hoje, acrescentando os jutos de mora passa os 180 mil euros.

 

Porque é que a dívida da Civopal e da Prozinco existem?

Porque a antiga Junta de Freguesia de Pedroso foi totalmente incompetente e irresponsável, porque adjudicou obras, no caso da Civopal, no valor de 600 mil euros sem ter o compromisso da Câmara e o compromisso escrito da Câmara em como suportaria e apoiaria tais investimentos. Os investimentos foram feitos em 2009, em ano de eleições, porque era assim que a Junta de Freguesia de Pedroso era governada, eram três anos a fazer nada e um ano a fazer obras para os eleitores verem e depois fazia-se a obra, inaugurava-se e depois logo se via como é que se ia pagar e, neste momento, as coisas estão a aparecer e estamos a tentar regularizá-las. Aqui o que se foi fazendo foi um total desvario e, honestamente, apesar da dívida da Prozinco ser de um valor bastante inferior ao da Civopal, é uma fatura que nos custa particularmente pagar, que nos custa pagar porque é para uma empreitada na qual, na minha ótica, e falo apenas como habitante da freguesia, é uma obra que nada trouxe de bom para a freguesia. O Estádio Dr. Jorge Sampaio, por todo o respeito que tenho pelo antigo presidente Jorge Sampaio, por todo o carinho e admiração que tenho por ele, é uma obra que não trouxe mais-valias. Se me disser que trouxe aqui o Presidente da República num dia, se me disser que já veio aqui a seleção três ou quatro vezes jogar, se me disser que isso é prestigiante para a freguesia eu digo que sim, a questão é se a fatura que estamos a pagar por isso, ou seja, se o valor que estamos a pagar por isso justificaria esta obra, pois, muito honestamente, eu acho que não, eu acho que quando se está a governar uma Junta de Freguesia, uma Câmara, uma casa ou uma empresa nós não devemos fazer as coisas ou investir nas coisas por um show-off momentâneo de uma tarde ou de um clique de uma fotografia. Nós devemos estar a gastar dinheiro mediante as possibilidades que temos e sendo em funções autárquicas ou funções públicas ou políticas, tendo em vista o benefício de uma comunidade e aquela obra, efetivamente, na minha ótica, só prejudicou. Nós recentemente tivemos aqui uma Assembleia de Freguesia, onde eu pedi para a Assembleia se pronunciar relativamente à proposta de acordo que conseguimos desenhar com a Prozinco e eu desafiei todos os deputados quer do PS, quer do PSD, porque o deputado do MIPS continua a não pôr os pés na Assembleia de Freguesia, a dizerem-me se aquela obra foi benéfica para a freguesia e em quê, porque a nível económico não houve nada que crescesse à volta do Estádio, fez-se a Avenida José Maria Pedroto para beneficiar o Estádio e beneficia, naturalmente, os habitantes da freguesia, mas aquela é uma via que está ali não por o Estádio estar ali, mas sim porque é uma via de entrada para a freguesia. O Futebol Clube do Porto B vem aqui, e toda a gente sabe a minha preferência clubística, mas não é por ser o FC Porto, o Sport Lisboa e Benfica B era igual, porque estas equipas não fomentam o negócio, não fomentam a economia, uma vez que basta ver um jogo do Futebol Clube do Porto B contra qualquer equipa que não seja o Sport Lisboa e Benfica B para ver que está menos gente a ver o Futebol Clube do Porto B do que a ver o Pedroso ao lado. Por isso, isto tudo foi um flop, foi o vender a ideia de que agora íamos ter um Estádio, íamos aparecer nos jornais desportivos e se me perguntar se gosto de pegar no jornal e de ler que o Futebol Clube do Porto B vai jogar no Estádio Dr. Jorge Sampaio, em Pedroso, eu gosto de ver, eu gosto, mas todos gostávamos de ter um avião nas nossas garagens e não temos. Portanto, a questão é que temos sempre de ponderar e eu acho que foi uma total irresponsabilidade, uma total incompetência, para não dizer outras palavras, porque, na minha ótica, elas estão-me na mente, mas não sou eu que tenho de as dizer, alguém terá de as dizer que não eu, alguém com competência jurídica para isso, mas, muito honestamente, é uma obra que mancha a freguesia, que penaliza a freguesia, que penaliza os investimentos futuros da freguesia e continuamos com isto, são mais 90 mil euros que vamos ter de pagar, que podiam ser canalizados para arruamentos, para qualquer outra situação que é necessária na freguesia, para o envolvimento de novos projetos para a comunidade e que acabam por nos limitar.

 

Acredita que estas condenações vão colocar em causa a gestão corrente da Junta de Freguesia de Pedroso e Seixezelo?

Felizmente não, felizmente não porque nestes seis anos nós conseguimos colocar a casa direita, porque se isto tivesse surgido em 2014, as duas decisões quer a da Prozinco, quer a da Civopal, eu acho que a única coisa que podíamos fazer era vender o edifício da Junta e ir embora, porque não havia forma de pagarmos ou de fazermos qualquer tipo de acordo, porque não tínhamos fundo de maneio para isso. Neste momento, felizmente as coisas estão mais organizadas, agora cria dificuldades, são 90 mil euros que temos de pagar em 3 anos, ou seja, 30 mil euros  ano a somar aos 120 mil que pagamos anualmente à Civopal, são 150 mil euros, estamos a falar de 15% do orçamento da Junta de Freguesia, que é pago para desvarios e tiques de vaidade do passado.

 

O Filipe Lopes afirmou que as dívidas herdadas não vão colocar em causa a gestão corrente da Junta de Freguesia, todavia acha que terão algum impacto na mesma?

Naturalmente, eu acho que nenhuma freguesia de Gaia, atualmente, paga por mês aquilo que nós pagamos em dívidas herdadas, nem de perto, nem de longe, por isso, naturalmente que isto tem um grande impacto. Todas as Juntas de Freguesia já vivem com dificuldades e nós ainda temos 150 mil euros para pagar por ano por causa destes desvarios, naturalmente que isso cria um impacto e cria dificuldades na nossa gestão. Eu lembro-me perfeitamente quando saiu a decisão da Civopal, há dois anos, e sei bem a frustração com que eu e os meus colegas do executivo lidamos e como sentimos bem o garrote do fim do mês e de tentarmos ver como é que íamos pagar os ordenados. Os meses de abril e maio de 2018 foram dois meses que eu nem ao meu maior inimigo desejo, foram dois meses de terror aqui na Junta de Freguesia. Era o encarregado a dizer que precisava de um saco de cimento para fazer um arranjo aqui ou acolá e eu a questionar se dizia para comprar ou se dizia para não comprar. Por isso, estamos a falar disto e isto passou-se e é verídico, não estamos aqui a exagerar, nem estamos aqui a dar um enfoque que não é verdadeiro, foi isso o que aconteceu e em maio de 2018 só eu, os funcionários da Junta de Freguesia e o senhor presidente da Câmara de Gaia é que soubemos o que passamos para conseguirmos pagar os vencimentos. Mas, felizmente, as coisas resolveram-se e resolveram-se porque houve um enorme apoio da Câmara Municipal de Gaia e aqui, naturalmente, o senhor presidente da Câmara teve um papel muito decisivo em conseguirmos fazer um acordo de pagamento com a Civopal, um acordo de pagamento que vai até 2025, por isso condiciona mais este mandato e o próximo. Toda a gente se recorda que em 2018 nós tínhamos já os cartazes para os festivais fechados e tivemos de cancelar todos esses contratos e eu tive de dar a cara e de falar particularmente com todos os artistas e de pedir-lhes desculpa, porque haviam contratos que eram selvagens ao nível de proteções e de indeminizações que teríamos de pagar em caso de desistência, mas todos eles foram compreensíveis, houveram quatro ou cinco com os quais nos comprometemos caso dessemos a volta no ano seguinte e eles vieram cá em 2019 e alguns deles disseram que nós éramos uma Junta de Freguesia de cara lavada, porque, efetivamente, cumprimos com aquilo que dissemos. Este ano, por coincidência, esta decisão chegou na altura em que estávamos mesmo a olhar para os nomes dos cartazes, eu acho que já começa a ser tradição, por isso é lógico que nos condiciona, se bem que com toda a honestidade eu quero dizer o seguinte porque às vezes existe um mito em torno dos festivais que está relacionado com o excesso de gastos e eu desafio qualquer pessoa a começar pelos deputados da Assembleia de Freguesia, mas qualquer pessoa da Freguesia que queira, a ver as contas dos festivais, porque eu abro a porta da Junta e mostro a capa da Festa do Caneco para verem que é uma festa praticamente autossustentável. Toda a gente sabe que a Câmara Municipal apoia as festas que as Juntas realizam com um determinado valor e nós temos a sorte de ter parceiros, empresas da freguesia que também apoiam esta iniciativa e é com esse dinheiro que nós nos organizamos, por isso a Festa quase que se paga a ela própria. Não vou dizer que a Junta não gasta 5 ou 10 mil euros diretos do orçamento, mas tudo o resto não, por isso mesmo é que se não tivéssemos a Civopal, mesmo que não tivéssemos a Prozinco e mesmo que tivéssemos um poço de petróleo aqui na freguesia, eu acho que o orçamento que a Festa do Caneco atingiu é perfeitamente um orçamento para continuarmos nos próximos anos. Eu acho que não podemos entrar num desvario, eu acho que todos nós sabemos que o país, o concelho, a freguesia têm necessidades e necessidades essas que, naturalmente, não serão a Festa do Caneco, por isso eu acho que, independentemente de todos estes problemas, mesmo que não tivéssemos de gastar este dinheiro nestas questões, o dinheiro nunca seria canalizado para os festivais, seria canalizado para arruamentos, para outro tipo de investimentos que seriam necessários, se calhar um reforço na componente da ação social, que corresponde a uma forte fatia do orçamento. O valor que excedia do orçamento para opções políticas, neste momento quase não há, a opção política é pagar as dívidas que outros fizeram. Naturalmente, e eu tive a oportunidade de dizer isto na Assembleia, eu acho que para a oposição isto são boas notícias, porque limita-nos o investimento, mas eu já deixei claro recentemente e o senhor presidente da Câmara já anunciou a Feira dos Carvalhos, o Centro de Saúde, os arruamentos, pois isto não vai parar, a dinâmica da freguesia não vai parar e isso deixa muitas vezes a oposição e se calhar a pessoa que fez estes disparates desiludida, porque, efetivamente, apesar de tudo isto, de termos este fardo para pagar, a freguesia continua com o dinamismo que toda a gente vê e eu não preciso de dizer, porque também não gosto de falar em causa própria, mas continua com o mesmo dinamismo quer a nível de projetos, quer sejam culturais, quer sejam desportivos, quer sejam da ação social, quer sejam educativos, quer também da vertente do investimento e esse investimento passa, numa primeira instância, por reabilitar o salão nobre aqui do edifício sede, porque está a precisar e vamos iniciar em breve as obras com o apoio da Câmara Municipal, de arruamentos e da Feira dos Carvalhos que muito em breve irá começar.

 

Na sua opinião, o que deveria ter sido feito?

Eu acho que quem contratou isto o que poderia ter feito era o que o bom senso nos obriga a fazer, a começar por nossa casa, que é se temos um orçamento de x, não podemos gastar mais do que x, temos é de gastar menos um bocado do que x, é isso o que as escolas primárias até ao quarto ano nos ensinam, porque se temos quatro, não podemos gastar cinco. Aqui, na antiga Junta de Freguesia de Pedroso, isso nunca se verificou, principalmente a partir de 2005, quando a pessoa que desempenhava a função de tesoureiro decidiu sair, devido a um total desacordo e total desentendimento face à política que estava a ser definida para a freguesia e para o concelho e o que se verificou é que, após as eleições autárquicas, em 2005, a dívida de Pedroso era praticamente zero e em 2013, quando aqui chegamos, o que tivemos foi isto o que se vê, nós vamos pagar 2 milhões de euros de dívidas.

 

Relativamente ao investimento, quais são os projetos que estão prestes a desenvolver-se em Pedroso e Seixezelo?

O senhor presidente da Câmara Municipal de Gaia tem vindo a anunciar quatro ou cinco investimentos que são vitais para a freguesia e numa relação de parceria e de diálogo constante que a Câmara estabelece com as Juntas de Freguesia, nós definimos um conjunto de obras estruturantes. A Feira dos Carvalhos é uma obra que está anunciada já há bastante tempo e por vários motivos, por toda a burocracia que infelizmente existe, muitas vezes a velocidade não é aquela que nós queremos, mas a obra será uma realidade e muito em breve ela irá começar. Temos o novo Centro de Saúde dos Carvalhos, cuja construção já foi anunciada pelo senhor presidente da Câmara para o início do próximo ano, em 2021. Temos também a decorrer neste momento o projeto que está praticamente concluído da reabilitação da Escola EB 2/3 Padre António Luís Moreira e temos a construção da dupla rotunda na Estrada Nacional 1, que irá permitir um acesso digno à Escola Secundária e irá permitir também um acesso digno às novas instalações do Quartel da GNR, cujo projeto também está neste momento com o Ministério da Administração Interna para a sua validação e serão estas obras numa primeira instância. Estas são aquelas obras pesadas que são impossíveis de realizar por qualquer Junta de Freguesia do país sem o apoio de um município e isto é o que está previsto fazermos para os próximos tempos. Para além disso, há um conjunto de arruamentos que também estão identificados e que serão repavimentados em breve e isto na parte do investimento material. Depois também temos um conjunto de investimentos que não são falados, que não são visíveis, mas que têm um impacto brutal na Freguesia, por exemplo, nós nestes seis anos já requalificamos praticamente todos os lavadouros da freguesia, temos também a reabilitação de vários espaços públicos, quer com as praças que já fizemos, quer a Praça da Saudade, quer a Praça dos Combatentes, que têm uma dimensão diferente, mas também com a colocação de um banco, com a colocação de um arranjo e com a realização de um arranjo de um piso. Também já reabilitamos vários largos das capelas e continuamos a reabilitar, no Largo do Senhor dos Aflitos já fizemos uma primeira fase e vamos fazer uma segunda fase a custo da própria Junta de Freguesia, também reabilitamos a escadaria que dá acesso ao parque de São Bartolomeu, por isso há um conjunto de obras também com pessoal próprio da Junta, com orçamento próprio da Junta e nós tentamos inventar e reinventar e dignificar vários espaços públicos que a freguesia tem, por isso a nível de investimentos será isto. A Junta de Freguesia neste momento tem um plano de projetos que dá resposta às necessidades da freguesia, mas bastante pesado, ou seja, nós temos mais de 20 eventos por ano e quando eu digo eventos não me refiro aos eventos culturais como é o caso da Festa do Caneco e do Festival da Cereja, mas, por exemplo, ao Regresso às Aulas onde entregamos material escolar a todos os alunos, ao Concerto de Natal Solidário, à Caminhada de Abril, à Homenagem aos Combatentes, ao 25 de Abril, à Escola vai à Junta, ao Eco-Decorando ou à Petrus Run. No entanto, para além de todos estes eventos que são mais de 20, vamos ver se todo este pesadelo financeiro não nos condiciona e nos permite criar uma Noite Branca na freguesia, eu tinha anunciado isto o ano passado, continuamos a trabalhar nesse sentido e eu acredito piamente que será possível, por isso não numa vertente de festival, mas criar um ambiente em que se interrompe o trânsito nas artérias onde a mesma se irá realizar e as pessoas estarão na rua a conviver como em qualquer Noite Branca que se realiza noutros locais e onde claramente existe um ambiente diferente, nesse conceito de também as pessoas se interligarem numa zona mais central geograficamente da freguesia, nós já temos o local na cabeça e eu acredito que será o evento novo que iremos implementar este ano, porque apesar de já termos mais de 20 eventos, nós gostamos de fazer algo de novo, então é esse o incremento que temos. Ainda hoje estive a entregar Kits do Bebé no âmbito do Projeto “Um Bebé…Um Futuro!”, que nós criámos. Nós somos uma Junta de Freguesia que tem mais de 100 atendimentos por dia, entre 100 e 150 é o normal nesta Junta de Freguesia, quer seja para “Um Bebé…Um Futuro!”, quer seja para a Academia Sénior, quer seja para a secretaria, quer seja para os correios, quer seja para a ação social, quer seja para o GIP, portanto nós temos aqui um conjunto de serviços e hoje fala-se lá fora e eu sinto isso cá dentro, a Junta de Freguesia faz parte do dia-a-dia das pessoas e muito honestamente eu sinto que esta freguesia tem um potencial enorme para melhorar cada vez mais a qualidade de vida dos seus habitantes, mas depois vêm sempre estes contratempos que nos desanimam um bocadinho e nos atiram um bocadinho ao chão, mas nós temos de levantar a cabeça e continuar.

 

O Filipe Lopes também referiu que a Ação Social representava uma fatia considerável do orçamento da Junta de Freguesia. Neste seguimento, quais são as medidas implementadas tendo em vista a promoção da qualidade de vida da população de Pedroso e Seixezelo?

Nós quando nos candidatamos à Junta de Freguesia foi com o slogan “novas ideias pelas pessoas”, mas, normalmente, os políticos quando estão em campanha colocam um slogan para as pessoas e quando chegam à Junta olham para o asfalto e para o betão e eu não digo que isso não é importante, mas nós sempre pusemos as pessoas em primeiro lugar e eu sempre tive muito presente na minha cabeça que entre tapar um buraco ou apoiar uma família na medicação ou apoiar uma família na alimentação, a minha certeza, o meu pensamento está muito claro a esse nível, por isso nem se coloca a questão. Mas, quando eu cheguei à Junta de Freguesia, tivemos de iniciar um processo de credibilização quer das pessoas, a começar pelo presidente, quer da Junta de Freguesia e dos funcionários, quer a própria credibilização da entidade no sentido de nós quando dizemos alguma coisa fazemos e quando compramos alguma coisa pagamos e isso tem vindo a acontecer e hoje aconteceu essa parte a credibilização das pessoas e a credibilização da entidade e aconteceu também outra parte que é a credibilização das iniciativas da Junta de Freguesia, por isso há muito a ideia de que tudo o que a Junta de Freguesia faz, tudo em que a Junta está metida tem potencial para correr bem e isso também motiva e faz com que os parceiros, as entidades externas e as empresas olhem para a Junta como um parceiro, efetivamente, e então isso aconteceu e criamos o projeto Pedroso e Seixezelo Apoio Solidário que, no fundo, é o guarda-chuva de todo o apoio social que damos e depois fomos criando vários programas dentro desse projeto e o primeiro foi Farmácias Solidárias, onde temos desde 2014 duas farmácias que são parceiras e mais recentemente, em 2017, mais uma, portanto temos três farmácias, estamos a falar de um plafond superior a 6 mil euros que se destina ao fornecimento de medicação aos utentes da freguesia. Temos também um protocolo desde 2015 com uma ótica, que fornece óculos às pessoas carenciadas de forma gratuita, onde temos um plafond de 4 mil euros e depois temos protocolos com clínicas de medicina dentária onde a preços mais em conta para a Junta de Freguesia as pessoas recebem tratamentos. Muito honestamente, soube-me bem inaugurar a Casa Mortuária de Seixezelo ou as Praças ou o conjunto das muitas obras que já realizamos e inauguramos nestes 6 anos, mas soube-me muito melhor descer as escadas e ouvir uma mãe a agradecer-me pelos óculos porque o filho não tinha aprendizagem na escola e hoje tem e isso para mim sabe-me melhor. A parte dos óculos emocionou-me, foi um projeto que me emocionou. Eu acho que também ser autarca é isso, eu tenho imenso orgulho neste projeto e nestes protocolos, porque é uma satisfação tremenda ver as pessoas felizes e isso vale mais do que tudo. Para além disso, nós temos o Projeto “Um Bebé…Um Futuro!”, que é um pequeníssimo estímulo, um apoio à natalidade e um carinho que damos a quem quer ter um filho nesta freguesia. E depois também numa vertente da ação social, numa vertente do emprego, criámos o ano passado um evento novo que foi a Feira de Emprego, que teve um sucesso estupendo, na qual estiveram mais de 20 empresas da freguesia, do concelho e não só, esteve a Marinha, esteve a Força Aérea, e conseguimos ali, só para a Santa Casa da Misericórdia de Vila Nova de Gaia, 8 ou 9 colocações durante a Feira, fora as outras empresas. Nós fizemos uma Feira de Emprego e o feedback que recebemos é que os resultados tinham sido satisfatórios, parece que é uma sina que nós temos, tudo o que fazemos corre bem, mas é porque nós planeamos bem as coisas, tentamos alocar os custos necessários para os projetos terem sucesso, nós fomos às empresas, não as contactamos por email, nem por carta e batemos porta-a-porta para as empresas irem para a Feira de Emprego, mas irem com ofertas de emprego. Nós tivemos muito esse cuidado e no total tivemos dezenas de pessoas colocadas e centenas de currículos entregues e o feedback de todas as empresas que lá estiveram foi que se devia realizar duas vezes por ano e eu disse que vamos manter uma vez por ano, porque às vezes mais vale ter pouco para que as pessoas valorizem o que têm, porque se começar a ser comum já não valorizamos o que temos.

 

O seu mandato está a chegar ao fim. Quais são os seus objetivos para as próximas eleições autárquicas?

Ainda é muito cedo para pensar nisso. Muitas pessoas da Freguesia e até fora da Freguesia me questionam se vou embora no fim deste mandato. É um ruído que corre cada vez mais aqui em Pedroso e Seixezelo. O que posso dizer é que o meu pensamento e a minha dedicação estão focadíssimos em Pedroso e Seixezelo. A minha dedicação é à freguesia, foi para isso que eu me candidatei em 2013 a convite do Eduardo Vítor Rodrigues e eu estou aqui com uma dupla missão, uma primeira missão passa por servir a freguesia onde eu nasci, onde eu cresci, onde eu vivo e espero um dia, daqui a muitos anos, morrer, e uma segunda missão que é estar num projeto liderado pelo Eduardo Vítor Rodrigues. Não quer dizer que não possa trabalhar com outras pessoas, com outras equipas, mas foi com este intuito que eu vim para a política, porque eu nunca pensei estar na política, a minha formação e a minha vida profissional não é política, com todo o respeito que eu tenho por quem se dedica totalmente à política, mas eu estou cá com estes dois objetivos. Por isso 2021 está aí, o tempo passa muito a voar, ainda parece que foi ontem que ganhamos as eleições com quase 70% aqui em Pedroso e Seixezelo, mas efetivamente estão as eleições à porta, todavia eu acho que neste momento ainda é cedo para falarmos nisso. O meu empenho é total à freguesia quer hoje, quer quando eu tinha 18 anos e andava pelo movimento associativo, se calhar hoje tenho mais responsabilidades fruto do cargo que momentaneamente ocupo, mas a minha dedicação à freguesia hoje é igual à quando eu tinha 18 e irá ser igual quando eu tiver 48, idade com a qual já não estarei aqui, mesmo que me candidate ao terceiro mandato, pois já terá terminado. Como tal, é cedo para isso e eu acho que neste momento é uma discussão que não se coloca, a última palavra é sempre do Eduardo Vítor Rodrigues, ele é o líder inquestionável de todo este projeto, a palavra é dele e se ele entender que eu serei útil na freguesia de Pedroso e Seixezelo e se eu entender que também tenho força para continuar mais um mandato assim o farei, mas é uma decisão que neste momento acho que não se coloca, coloca-se é aquilo que eu entendo e aquilo que eu entendo é que independentemente dos cargos, independentemente dos momentos, independentemente da idade de cada um nós não podemos dizer que somos dedicados a uma terra e que somos fiéis a uma terra e depois quando deixamos de ser presidentes de Junta nem sequer aparecemos nas Assembleias de Freguesia, por isso eu não quero esse papel para mim, eu quero ser útil à freguesia, neste momento como presidente de Junta, amanhã quando sair daqui como habitante, como membro de algum movimento associativo, como contribuinte da freguesia, do concelho e do país, mas ser útil naquilo a que me propus. A minha motivação hoje é enormíssima, por isso, a motivação continua no máximo, mas neste momento eu acho que é cedo, acho que é uma decisão que tem de sair do Eduardo Vítor Rodrigues e a primeira pessoa a tomar uma decisão terá de ser ele.

 

Falou em motivação, o que o motiva?

Eu costumo dizer que eu não sou melhor do que ninguém e certamente também não serei a pessoa mais inteligente da freguesia. No entanto, sou uma pessoa focada e dedicada no que faço. Apesar de conceptualmente não me deixar levar por grandes entusiasmos ou expectativas, dou o melhor de mim em tudo o que faço. Procuro acrescentar valor em tua o que faço. Eu não sei se herdei isto dos meus pais, mas eu trabalho, vai fazer em dezembro 20 anos numa grande empresa e comecei como braço direito de um diretor de um departamento e ao fim de quatro anos a empresa criou um novo departamento e a administração convidou-me para diretor desse departamento, estamos a falar de uma empresa com 80 anos, que fatura cerca de 100 milhões de euros por ano e cujos diretores tinham mais de 50 anos e eu era diretor com 24 anos, mas eu entrei para lá na expectativa de dar o meu melhor no dia-a-dia. Eu acho que nós devemos sempre ambicionar mais, devemos passar isso para os nossos filhos, mas, no fundo, ambicionar de uma forma limpa, algo que muitas vezes não se vê, a começar pela política, onde muitas vezes as jogadas fazem com que as melhores pessoas não estejam nos melhores cargos e isso faz com que abstenção cresça cada vez mais e que cada vez mais as pessoas olhem para a política da forma como olham, porque há um descrédito, porque as pessoas começam a perceber que, efetivamente, há situações em que os melhores não estão nos melhores sítios, mas é indiscutível que o melhor em Gaia é sem dúvida alguma o Eduardo Vítor Rodrigues, que é de longe a pessoa mais bem preparada para o cargo que ocupa. A sorte em Gaia é que efetivamente o melhor está no melhor sítio. Mas a minha expectativa é sempre essa, porque nós nunca vamos conseguir mudar o mundo, nunca vamos conseguir mudar um país, um concelho ou uma freguesia, mas podemos melhorar a nossa rua, mas não quer dizer que por a minha expectativa ser baixa eu não me empenhe para chegar ao fim do dia com a missão cumprida, por isso apesar de eu ter expectativas baixas, eu estou sempre muito focado naquilo que eu acho que devemos fazer. Quem me conhece e a freguesia conhece-me bem, eu sempre consegui conciliar muitas atividades ao mesmo tempo, também durmo pouco, sempre dormi pouco e isso é uma vantagem, mas o que me motiva é fazer melhor todos os dias, é deitar-me e adormecer num minuto, porque é sinal de que tenho a consciência tranquila, é sinal de que dei o melhor de mim, de que estou cansado do trabalho que desempenhei. Motiva-me muito os alunos da Academia Sénior, por exemplo, motiva-me imenso os alunos da Academia Sénior, motiva-me imenso ver o Posto de Enfermagem a funcionar, motiva-me imenso ver a freguesia a crescer a nível de espaços onde as pessoas possam estar com dignidade, motiva-me muito o facto de hoje Pedroso e Seixezelo ser conhecido como uma freguesia dinâmica, como uma freguesia cumpridora, como uma freguesia rigorosa e motiva-me muito poder, numa pequeníssima escala, contribuir para tudo isso quer a nível de projetos que vamos lançando, quer a nível de investimentos que vamos concretizando e motiva-me também muito a sorte de ter na Junta de Freguesia uma equipa de profissionais, porque motiva-me ver que a equipa se identifica com este projeto. Motiva-me muito poder contribuir para deixar a freguesia melhor para os meus filhos e para um dia mais tarde os meus netos se os tiver e motiva-me muito o nome de Pedroso e Seixezelo, muito honestamente motiva-me muito e tenho muito orgulho de ser desta freguesia. Nós somos uma freguesia de gente humilde, de gente de trabalho, de gente cumpridora, de gente responsável, de gente que percebe que neste momento a freguesia tem de fazer um aperto de cinto, mas também que percebe que na Junta de Freguesia, neste momento, está uma pessoa que vai fazer com que as dívidas herdadas repercutam o menos possível nas pessoas e que tenha o menor impacto possível no dia a dia nas pessoas, desejando, que era o ideal, que não tivesse impacto nenhum, vamos ver se será possível, estamos focados a trabalhar para isso. A Câmara Municipal e o senhor presidente têm isso inexcedíveis em todo o apoio e muitas vezes o apoio nem é o apoio do cheque, porque a Câmara Municipal não pode pagar dívidas, nem o calote que o antigo presidente de Junta fazia, mas muitas vezes o apoio de uma palavra, de uma demonstração de apoio e de força para o que for necessário, porque os cheques também dão jeito, mas muitas vezes isso vale muito mais do que qualquer transferência que as Juntas de Freguesia possam receber, por isso motiva-me muito isso, motiva-me fazer a freguesia melhor. E estou certo que no dia em que deixar a Junta de Freguesia, deixarei a Freguesia muito melhor do que a recebi e regressarei à minha vida normal, sem ter de andar fugido ou escondido.