O circo com palhaços, leões, acrobatas, mágicos malabaristas e outras animações ficaram fora do nosso dia-a-dia.
Ao longo do ano 2020 ainda foram alguns os espectáculos mas com número de assistentes muito limitados por causa da pandemia.
No natal então é que nem se questionou, nada destas animações habituais, nada de palhaços, apenas alguns palhacinhos que se passearam a seu belo prazer sem olhar a consequências, convencidos que a pandemia era uma brincadeira do chinês e que a “malta” que se anda a “esfolar” desde Março nos hospitais e centros de saúde estão em modo de avião “planeando em descanso”.
Por falar em chineses, veio-me à memória a alegada tortura do chinês. São realmente tempos da tortura do chinês. Não há estado de emergência, nem regras de confinamento e distanciamento social que valham, se alguns mantiveram comportamentos irresponsáveis e os números de infectados e mortos dispararam para primeiro lugar do mundo, “até que enfim somos os melhores do mundo”, mas pelas piores razões.
Os últimos relatos de profissionais de saúde em Portugal são esclarecedores do que o nosso país esteve e ainda está a viver. Nós por cá, estamos como ilhas, “não é nada connosco. O grande esforço que todas as equipas têm revelado desde Março 2020 e já lá vai quase um ano sem aprendermos grande coisa, tem permitido que descêssemos do céu ao inferno e por fim estamos no purgatório.
O que está em causa, na minha modéstia opinião, cada acto de irresponsabilidade de um cidadão, resulta em prejuízo na vida do próprio e dos próximos, sejam aqueles que se cruzam todos os dias e até os próprios familiares.
Em tempo de pandemia basta repartirmos um pouco da importante tarefa de protecção. Se cada um pensar no seu quadrado ou círculo de distanciamento, rapidamente percebe que poderá escapar à peste deste século “COVID” e contribuirá para o bem-estar de todos. Certo ou errado?
È uma questão que deixo aos treinadores de bancada, aos blogueiros do “Face” e do “Instragam”, comentadores das redes sociais, que diariamente exercitam a sua criatividade em tentativas de perturbar o caminho que estamos a seguir, quando poderiam de forma positiva e correcta contribuir para a importante mobilização de todos contra o COVID.
Apetece-me falar de bola, para quebrar a rotina desta conversa da treta que muitos dos leitores acham.
O SCP, terminou o ano em primeiro lugar, foi campeão de inverno e leva um número considerável de pontos de avanço em relação aos seus mais directos rivais. Para muitos, como por exemplo, os tais que se esfolam a trabalhar desde Março, e para os quais não houve férias de verão, não houve Natal, nem haverá carnaval e possivelmente nem Páscoa, fica a informação.
Fica também a informação que o CR7 além de continuar a bater todos os recordes, foi considerado o rei do século e volta a receber mais um reconhecimento, mas quem reconhece o mérito e sacrifício que todos aqueles que estão ligados à saúde fazem em prol de todos nós? Bem mas podia ter mantido o sangue frio e não deitar a braçadeira de capitão ao chão no jogo de Belgrado, mas que Portugal foi roubado, lá isso foi. Tal como está a ser roubada a vida de muitos pelas atitudes menos correctas daqueles que teimam em não ver a realidade e os factos.
Para terminar, regresso aos palhaços. Como diz um amigo meu, há dinheiro para tudo menos para gratificar os profissionais de saúde e todos aqueles ligados á mesma. Há dinheiro para injectar nos Bancos que nos roubam todos os dias com comissões, mas não há dinheiro para aumentar os médicos no SNS. Há dinheiro para injectar na TAP, que tem viagem mais baratas para o continente americano do que para as ilhas, mas não há dinheiro para colocar no quadro os profissionais de saúde a prazo nem aumentar o número de enfermeiros tão necessário em Portugal.
O circo está instalado no nosso quotidiano, porque palhaços, é o que mais há, espalhados um pouco por todo o lado, até na assembleia da república que nos representa a todos nós, andam por lá alguns, sem falar na distribuição das vacinas, enfim é tudo uma palhaçada que apenas não nos dá vontade de rir quando a pandemia nos entra pela porta dentro. Mas que nos dá um sentimento de revolta, lá isso dá. Enfim é o circo que sem espectáculos continua instalado no nosso quotodiano.