A Artrite Reumatoide (AR) é uma doença inflamatória autoimune crónica sistémica presente em 0,8-1,5% da população portuguesa, caracterizada pelo atingimento das articulações, geralmente, com rigidez e deformidade articular, mas também com perda de massa e força muscular, diminuição da flexibilidade, da coordenação e da destreza (manual). Pode haver atingimentos cutâneo (nódulos), vascular (vasculite dos pequenos e médios vasos), pulmonar (derrame pleural), cardíaco (derrame pericárdico), renal, ocular e alterações sanguíneas (com anemia, alteração das plaquetas e dos glóbulos brancos e aumento de alguns anticorpos). É a doença inflamatória autoimune mais frequente na população adulta, ocorrendo com maior frequência em mulheres do que em homens.
A doença costuma começar de forma insidiosa, com sintomas leves, pouco característicos, como cansaço, dor muscular e nas articulações, formigamento nas mãos, perda de peso ou febre baixa. É muito frequente haver um intervalo de meses entre o início dos sintomas pouco característicos e a procura da consulta médica pelo doente, que deverá ser o mais precoce possível.
A AR afeta principalmente as articulações das mãos, punhos e pés, sendo que o atingimento destas articulações tem um grande impacto na funcionalidade (na realização dos movimentos), nas atividades de vida diária e na participação social dos doentes. Atividades simples como usar os talheres na alimentação, cozinhar, calçar os sapatos, vestir a metade superior ou inferior do corpo, caminhar ou conduzir podem ser muito desafiantes e com um elevado grau de dificuldade.
O tratamento medicamentoso da doença progrediu muito nas últimas décadas, mas não consegue retroceder completamente as alterações articulares e musculares associadas, sendo a abordagem multidisciplinar, com vários profissionais de saúde, essencial para o doente com AR, incluindo-se aqui a equipa de Medicina Física e de Reabilitação (MFR), com Médico Fisiatra, Fisioterapeuta, Terapeuta Ocupacional e Enfermagem de reabilitação.
Do ponto de vista da MFR, o doente pode necessitar de cuidados hospitalares (em Hospitais de Agudos ou em Centros Especializados de Reabilitação) ou extra-hospitalares (em Clínicas de MFR, na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados ou na Comunidade), numa perspetiva de atuação na prevenção/promoção da saúde e no tratamento de reabilitação, com estratégias para aumentar a sua capacidade funcional e de realização das atividades de vida diária, atividades de lazer ou profissionais.
Um programa de reabilitação estruturado, com exercícios de mobilização articular, flexibilidade, fortalecimento muscular (principalmente em treino de resistência, de baixa intensidade, alternando com períodos de treino de força, com intensidades maiores), coordenação, equilíbrio e marcha, jogos recreativos (que exijam também flexibilidade, força e coordenação) e reeducação das atividades e do esforço traduz-se em melhorias na força de preensão palmar, na destreza manual, na funcionalidade global da coluna e das articulações da anca, do joelho e do pé e na capacidade de realizar as atividades (incluindo a marcha).
Estas melhorias têm repercussões na diminuição das queixas álgicas e do cansaço dos doentes, assim como na capacidade do doente autonomamente se alimentar, fazer a sua higiene pessoal, se vestir, se deitar ou sentar e, posteriormente, se levantar ou poder andar (com ou sem ajudas externas, como de produtos de apoio, por exemplo, ortóteses/ talas, canadianas ou andarilhos). Ou seja, melhora-se a qualidade de vida do doente.
A colaboração entre as especialidades médicas de Reumatologia, Medicina Interna, MFR e de Medicina Geral e Familiar é fulcral para garantir a referenciação e a integração precoce dos doentes com AR nestes programas de reabilitação. Importa ainda destacar a relação existente entre a especialidade de MFR e os profissionais de saúde das áreas da Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Enfermagem de Reabilitação (e outros) sem os quais a implementação do programa de reabilitação para o doente com AR não teria os resultados que se esperam e são normalmente obtidos.
A MFR convencionada com o Serviço Nacional de Saúde (SNS), com as suas equipas de diferentes tipos de profissionais, presta cuidados especializados a este tipo de doentes, na prevenção e tratamento, permitindo a melhoria da função das articulações e dos restantes órgãos e sistemas atingidos, a melhoria do desempenho das atividades de vida diária, de lazer e profissionais e a retoma (ou a manutenção) da participação em sociedade.
Neste âmbito, a APMFR destaca o impacto da MFR na melhoria da qualidade de vida dos doentes com AR. Através de uma abordagem multidisciplinar, que integra diversas especialidades e profissionais de saúde, a MFR restaura a funcionalidade, controla a dor e promove a autonomia nas atividades diárias. Saiba mais sobre a APMFR em www.apmfr.pt.