“O SONHO É OCUPAR A VILA TODA”

O Cupula Circus Village Festival ocupou Arcozelo, entre os dias 16 e 18 de setembro. Organizado pela Junta de Freguesia de Arcozelo em parceria com o Instituto Nacional de Artes do Circo (INAC), o evento, que voltou aos moldes normais, depois da edição de 2021 ter sido contida devido às restrições da pandemia, correu muito bem e superou as expectativas da autarquia. Para a edição de 2023 espera-se mais e melhor, nomeadamente três tendas de espetáculos, mas, a longo prazo, o diretor artístico do INAC quer “ocupar a vila toda”.

 

 

 

Entre os dias 16 e 18 de setembro, Arcozelo recebeu a 4ª edição do Cupula Circus Village Festival. Este festival de circo contemporâneo é organizado pelo Instituto Nacional de Artes do Circo (INAC), em parceria com a Junta de Freguesia de Arcozelo, desde 2018, não se tendo realizado apenas no ano de 2020, devido à pandemia da Covid-19. Além dos espetáculos de circo e música, o evento contou ainda com concertos, masterclasses, uma conferência, uma exposição de fotografia e um atelier para famílias, sendo que todas as atividades foram de entrada gratuita.

Apesar do evento de ter realizado em 2021, as restrições foram muitas, por isso, tanto Maria Adelina Pereira, presidente da Junta de Freguesia de Arcozelo, como Bruno Machado, diretor artístico do INAC e do Cupula Circus Village Festival, afirmaram que a edição de 2022 foi um recomeçar. “Um recomeço a medo, não da nossa parte, o medo tem a ver muito mais com a disponibilidade financeira das entidades que apoiavam o festival”, afirmou Bruno Machado, enquanto que a autarca de Arcozelo explicou que “estas coisas têm de ser organizadas com muito tempo de antecedência e, naquela altura, nós não sabíamos se chegávamos a esta data e o evento se podia realizar normalmente, portanto, foi um ano zero”.

O diretor artístico lembrou que, no segundo ano do evento, este teve um boom gigantesco, uma vez que contou com duas tendas, programação de rua, companhias de todo o mundo, camping e mais de uma semana de festival. Em 2021, as restrições obrigaram a ter apenas espetáculos na tenda, respeitando lotações e distâncias. Apesar deste ano o Cupula ter contado apenas com uma tenda, como no ano passado, a lotação já podia ser completa, e, ainda assim, Bruno Machado destacou que “temos de valorizar muito o facto da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia e da Junta de Freguesia de Arcozelo terem continuado a apoiar o projeto, não são todas as Câmaras nem todas as Juntas que têm esta visão, porque quando tem de se fazer algum corte orçamental, a cultura é a primeira a sofrer com isso”.

A 4ª edição, apesar de contida, foi um autêntico sucesso. “Correu muito bem, foi muito vivida, esteve cá muita gente, milhares de pessoas, mesmo durante as refeições, e a conviver depois da hora dos espetáculos, com música (…). Dentro daquilo que nós tínhamos planeado, ultrapassou todas as expectativas, isso sem dúvida”, destacou Maria Adelina. “O balanço, mesmo assim, mesmo sendo uma edição pequenina e familiar, foi muito bom, porque as pessoas estavam com sede de cultura, as pessoas estavam com sede de sair, de se divertirem, de tocarem uns nos outros, de estar junto”, disse, por sua vez, o diretor artístico do INAC.

“Queríamos criar um evento que ficasse a marcar a terra, que fosse uma imagem de marca da terra”, contou Maria Adelina Pereira sobre o surgimento da ideia há cinco anos. Analisando o presente, ninguém tem dúvidas de que os arcozelenses se identificam muito com este evento e o têm como seu. “Algumas pessoas vieram ter connosco e dizer-nos que queriam que voltasse a ser como já foi”, referiu Bruno Machado, enquanto a edil afirmou que “não só os arcozelenses, mesmo pessoas de fora, de outras freguesias, do centro de Gaia, de Espinho, de cidades aqui à volta, vêm cá e já nos perguntam, antes uns tempos, se vai haver Cupula. Há todo um interesse. Isto não é circo puro e duro, há ali a interpretação, o teatro, a música, toda uma série de artes envolvidas (…) é uma visão do circo muito diferente, o que é simpático porque não se encontra este tipo de artes em qualquer sítio”.

De destacar, ainda, a produção nacional no evento que é um dos maiores orgulhos de Bruno Machado. “Para mim, como diretor artístico, é muito importante programar artistas portugueses, porque é dessa forma que conseguimos elevar e trazer mais qualidade as artistas nacionais. Se não estivermos aqui a apoia-los, se formos sempre, como programadores, buscar artistas de fora, não conseguimos fazer crescer o que é nosso. Já o ano passado a programação foi totalmente nacional, este ano incluímos programação internacional, até porque se trata de um festival internacional, mas nós gostamos de dizer que 70% da programação é de território nacional, porque é importante fomentar a arte e o circo em Portugal”, referiu.

Para o próximo ano os sonhos são fazer mais e melhor. “Esperamos, para o ano, voltar ao nível que foi o primeiro e o segundo ano, onde, de facto, tivemos atividades várias, com duas tendas, esta mais pequena para alguns eventos durante a tarde, e à noite tínhamos a tenda grande com espetáculos, vieram muitas empresas de fora, do estrangeiro, que trouxeram uma série de novidades. estamos preparados para voltar ao sucesso anterior e àquela pujança que teve o evento naqueles dois anos”, aludiu a presidente da Junta de Freguesia de Arcozelo. Par ao diretor artístico do INAC, garantiu que “o objetivo não é igualar, mas é sempre superar”, por isso, pretende ver três tendas de espetáculos no festival. Mas este será o sonho do próximo ano, porque a longo prazo “o sonho é ocupar a vila toda. Eu acho que sempre que falamos sobre Arcozelo e o Cupula pensamos mesmo numa dimensão de um festival internacional, com pessoas a vir de todo o mundo e, essencialmente, marcado por tendas de circo espalhadas pela vila e as pessoas poderem, durante uma semana, irem assistir a vários espetáculos”, terminou.