A poucos dias das eleições legislativas, voltamos a ouvir os apelos habituais: “Vote.” “Exerça o seu direito.” “Não fique em casa.” São frases que, pela repetição, correm o risco de se tornarem ruído. Mas a verdade é esta: o voto não é um ritual democrático — é a forma mais poderosa de cada cidadão assumir responsabilidade pelo rumo coletivo.
Votar não é um favor que fazemos ao sistema. É um compromisso com os outros e com o futuro. É a forma mais simples — e mais exigente — de dizer: “estou presente e assumo as consequências.” Num tempo em que muitos gritam nas redes sociais, mas se calam nas urnas, torna-se ainda mais urgente reforçar esta ideia: sem participação, a democracia enfraquece. E quando enfraquece, quem mais sofre são os que menos voz têm.
Na QUOR, acreditamos que o Direito começa com um ato de cidadania. A justiça que defendemos diariamente nos tribunais e nos gabinetes ganha sentido quando o cidadão participa, pensa, escolhe. E o voto é o ponto de partida. Não resolve tudo. Não apaga injustiças. Mas é um começo — e, sobretudo, um sinal de que não desistimos.
Não há voto pequeno. O voto do reformado vale tanto como o do gestor. O da jovem estudante tanto como o da empresária com décadas de carreira. Cada cruz no boletim é uma afirmação de igualdade — e uma declaração de confiança no processo democrático. É também um gesto de respeito para com todos os que, no passado, lutaram para que hoje possamos votar livremente. Num mundo onde até as democracias mais antigas sentem ameaças, exercer esse direito torna-se ainda mais urgente.
Se, como sociedade, queremos exigir mais — de quem governa, de quem legisla, de quem decide — temos de começar por cumprir o mínimo: estar lá. O dia 18 de Maio é mais do que uma data. É uma oportunidade de honrarmos a liberdade que temos e de usá-la com responsabilidade, lucidez e visão de futuro.
Porque a democracia é imperfeita — mas sem ela, tudo o resto se desmorona. E cada ausência conta.
