PROTOCOLO ENTRE A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA E A CASA DA ARQUITECTURA VAI DAR ORIGEM A UMA EXPOSIÇÃO

A partir do dia 17 de fevereiro vai estar patente na Casa da Arquitectura – Centro Português de Arquitectura (CA), em Matosinhos, uma exposição sobre a forma como se cruzam a evolução arquitetónica do Palácio de São Bento e a evolução política de Portugal. Este vai ser o primeiro resultado visível do Protocolo que foi assinado entre o Parlamento e a CA, que visa o “tratamento arquivístico dos projetos dos edifícios da Assembleia da República”.

Nuno Sampaio, diretor-executivo da Casa da Arquitectura, anunciou que a CA vai avançar, a 17 de fevereiro, com “uma exposição prévia, intitulada ‘A Casa da Democracia: entre Espaço e Poder’, com curadoria de Susana Ventura, que pretende, por um lado, dar a conhecer a um público mais vasto os vários espaços que compõem o conjunto edificado da Assembleia da República, e, por outro lado, estabelecer um pensamento crítico sobre as relações entre espaço e poder”.

O diretor-executivo da Casa da Arquitectura lembrou que a CA tem patente a exposição inaugural “Poder Arquitectura” e salientou que a instituição vai “organizar, paralelamente à mostra, um programa de atividades e debates sobre esta relação entre arquitetura e poder legislativo”.

Eduardo Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República, ressalvou que a história do edifício “confunde-se com a História de Portugal e dos seus diferentes regimes políticos” e lembrou ainda a “missão de serviço público essencial”, desempenhada pela Casa da Arquitectura porque “procura retirar a arquitetura da sua torre de marfim, colocando-a em diálogo com a sociedade, que é, no fundo, o fim último da arquitetura e do urbanismo”.

Neste seguimento, Luísa Salgueiro, presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, frisou que a CA é “o equipamento que vai guardar para as próximas gerações o arquivo da arquitetura nacional” e que o protocolo “está, também, a contruir a democracia”.

Segundo José Manuel Dias da Fonseca, presidente da Casa da Arquitectura, “a Assembleia da República simboliza o poder legislativo, a democracia, mas também já representou vários regimes em diferentes alturas e isso também teve impacto no edifício”. Neste contexto, a exposição vai ser uma forma de partilhar o edifício “sistematicamente, muito eficiente, para o país e à escala global”, permitindo que a população “principalmente a que não vive tão perto do Palácio de São Bento, tenha acesso a este património que é muito simbólico”, revelou o presidente da CA.

Os elementos de arquitetura relativos aos edifícios da Assembleia da República em causa, no Protocolo assinado, dizem respeito a várias fases desses imóveis, nomeadamente “a adaptação do Mosteiro de São Bento da Saúde a Parlamento; a reconstrução/Projeto do Arquiteto Ventura Terra; as intervenções produzidas durante o Estado Novo; e a construção do novo edifício/Projeto dos Arquitetos Fernando Távora e Bernardo Távora”, destacou a Casa da Arquitectura. Estes elementos consistem, entre outros, em projetos de arquitetura e de construção dos edifícios, processos, telas, projetos de execução, fotografias e cartas.

Este tratamento vai implicar cerca de um ano de trabalho, materializando-se, posteriormente, numa grande exposição na Assembleia da República, no âmbito da programação para o bicentenário do constitucionalismo, que vai ser celebrado em 2019.