O 430º aniversário da Santa Casa da Misericórdia da Ribeira Grande foi assinalado no passado dia 22 de fevereiro, com uma cerimónia, que decorreu nas instalações da instituição e contou com a presença de várias individualidades políticas, associativas e religiosas. Com base na missão de servir a comunidade, o provedor, Nelson Correia, fez questão de anunciar que anseia construir uma creche e jardim de infância, em Rabo de Peixe, e uma residência assistida, para jovens com deficiência mental grave a profunda.
Fundada por Decreto de El Rei Filipe I de Portugal, em 1593, de acordo com o alvará encontrado na Torre do Tombo em Lisboa, a Santa Casa da Misericórdia da Ribeira Grande assinalou, no passado dia 22 de fevereiro, 430 anos ao serviço da comunidade. A data foi comemorada com uma cerimónia, que teve lugar nas instalações da instituição e contou com a presença de Alexandre Gaudêncio, presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, Tânia Fonseca, vogal do Conselho Diretivo do Instituto de Ação Social dos Açores, Manuel Galvão, capelão da instituição e pároco da Igreja Matriz da Ribeira Grande, deputados regionais, vereadores, presidentes de Junta, assim como provedores das Santas Casas da Maia, Nordeste, Povoação e Lagoa, entre inúmeros representantes de entidades civis, militares e religiosas.
A sessão solene foi inaugurada com um momento musical, protagonizado pelo pianista ribeiragrandense Luís Martins, seguindo-se o momento das intervenções, que iniciou com Nelson Correia, provedor da Santa Casa da Misericórdia da Ribeira Grande, que fez questão de enaltecer que, para dar resposta aos 800 utentes diários, a instituição “conta com todo um conjunto de valências onde se procura, acima de tudo, aprofundar e renovar os instrumentos de política social, orientados para a redução da pobreza e da exclusão social, trabalhando na implementação de medidas sociais proativas de integração e solidariedade”.
Garantindo que a importância que a comunidade e a região reconhecem na atuação desta Instituição Particular de Segurança Social (IPSS) constitui um incentivo, Nelson Correia afiançou que “prosseguimos, neste mesmo sentido, sempre com um enfoque no compromisso, na tradição e na modernidade. Tradição, porque tem uma missão com 430 anos, que vale a pena continuar e modernidade, devido ao acompanhamento das mudanças na sociedade e no arquipélago, que devem estar sempre lado a lado, a olhar pelos que mais precisam”.
Neste seguimento, o provedor da Santa Casa da Misericórdia da Ribeira Grande aproveitou, ainda, a ocasião para realçar o papel de todos os que serviram esta instituição ao longo dos séculos, pois “foi graças aos seus trabalhadores e colaboradores, cuja abnegação, generosidade e sacrifício, em prol do ideal, que é sempre o mesmo desde 1593, e sempre fiéis aos princípios, se mantêm na resposta às obras de misericórdia”.
Assumindo que esta entidade ainda tem muito para fazer, em prol da comunidade, Nelson Correia anunciou, com base na missão de servir a sociedade, a construção de um imóvel, em Rabo de Peixe, onde serão concentradas muitas das valências espalhadas nesta vila, bem como a construção, de raiz, de uma creche e jardim de infância, assim como a edificação de uma residência assistida para 16 pessoas, destinada a jovens com deficiência mental grave a profunda, com idades superiores a 16 anos.
Seguidamente, Tânia Fonseca, vogal do Conselho Diretivo do Instituto de Ação Social dos Açores, foi convidada a intervir, em representação do vice-presidente do Governo Regional dos Açores, Artur Lima, usufruindo do momento para parabenizar a Santa Casa da Misericórdia da Ribeira Grande, afirmando que “são muitos anos ao serviço do concelho e dos ribeiragrandenses e é de frisar a importância que estas respostas têm para nós. As Instituições Particulares de Segurança Social dão respostas que o Governo, por si só, não consegue garantir”, realçando que “a Santa Casa da Misericórdia da Ribeira Grande tem sido um exemplo daquilo que é criar respostas, adaptar-se aos novos tempos, estar atenta à sua população e perceber quais são as soluções que é preciso criar”.
Ressaltando o papel das Misericórdias e das IPSS como pares do Governo Regional, Tânia Fonseca enfatizou que “é, sobretudo, através daquele que é o financiamento garantido pela Segurança Social, que estas respostas, ao nível da infância, da juventude, dos idosos, da deficiência e das famílias mais carenciadas, são dadas. Portanto, como eu costumo dizer, somos parceiros”.
As intervenções foram encerradas por Alexandre Gaudêncio, presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, que fez questão de informar, no dia em que instituição assinalou o seu 430º aniversário, que, por sua proposta, a autarquia iria aprovar a cedência de um terreno municipal, anexo ao Centro de Atividades e Capacitação para a Inclusão (CACI), a fim de que a Santa Casa da Misericórdia possa implementar o seu projeto de construção de uma residência assistida. “É nossa intenção que esta cedência seja debatida, durante o mês de março, em sede de Câmara Municipal, para que, de forma gratuita, este terreno que tem cerca de 3500 metros quadrados, que fica precisamente ao lado do CACI possa, finalmente, também, poder avançar com o projeto que esta Santa Casa da Misericórdia tem, para construir uma residência assistida, para cerca de 16 utentes. É uma lacuna que pretendemos sanar e um novo serviço que poderemos oferecer à comunidade”, evidenciou o edil, que também se comprometeu a financiar a elaboração do projeto, para a construção do edifício em Rabo de Peixe, onde se congregarão muitas das valências da entidade, naquela vila.
Felicitando a instituição, o autarca ribeiragrandense destacou, ainda, o relevante papel social que esta desempenha na comunidade. “A Santa Casa tem sabido adaptar-se às exigências sociais dos tempos. Ao fim de mais de quatro séculos de história, continua a ter um papel preponderante, no apoio àqueles que mais precisam”, sublinhou Alexandre Gaudêncio.
Evocando a importância do Plano Municipal de Combate às Dependências, o presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande desafiou as instituições locais a criarem novos serviços de apoio à população, no âmbito de uma ação, que pretende envolver todos os parceiros. “Nós estamos a identificar uma necessidade na nossa sociedade, que é aquele público, dos 16 aos 18 anos, pois temos percebido que há uma falta de resposta social, principalmente para esta faixa etária, para agarrá-los à vida, porque temos visto muitos jovens a perderem-se pelo caminho, principalmente ao nível das toxicodependências e isto é aquilo que salta mais à vista e aquilo que vamos propor, efetivamente, às nossas instituições é que possam criar uma resposta social nestas áreas e, aqui, também dar como novidade que a Câmara Municipal, através de fundos comunitários, vai permitir que esse serviço à sociedade possa ser ressarcido”, sugeriu o edil, ressalvando que “fica, aqui, este desejo, quanto mais não seja, para começarmos a olhar para o futuro”.
A cerimónia comemorativa dos 430 anos da Santa Casa da Misericórdia da Ribeira Grande culminou com uma homenagem aos trabalhadores com mais de 30 anos ao serviço da instituição, bem como aos que passaram, recentemente, à situação de aposentados, pela dedicação a esta IPSS.
Posteriormente, os presentes foram agraciados com mais um momento musical, protagonizado por Bárbara Azevedo, que encerrou esta cerimónia, que findou com um brinde à instituição.