“Uma obra para os agricultores”. Foi assim que Hernâni Costa, presidente do IROA, classificou o novo Sistema de Abastecimento de Água dos Barreiros – Reservatório dos Calços, na freguesia da Maia. Este é o primeiro de vários investimentos na ilha ao nível de abastecimento de água com sistemas de contagem e controlo.
Foi inaugurado, no passado dia 27 de junho, o Sistema de Abastecimento de Água dos Barreiros – Reservatório dos Calços, na freguesia da Maia, na Ribeira Grande. Esta era uma aspiração de longa data dos agricultores da área e que consistiu no aproveitamento do excedente de água de abastecimento público no reservatório da Câmara Municipal da Ribeira Grande, com a construção de um novo reservatório de 250 m3 e um ponto de abastecimento de água aos agricultores com equipamento de controlo acionado por chave digital.
Este é o primeiro de vários investimentos em São Miguel ao nível de abastecimento de água com um sistema de contagem e controlo, específico e exclusivo para os agricultores, que vai permitir uma gestão mais racional da sua utilização.
Na ocasião, Hernâni Costa, presidente do IROA, explicou que esta era uma “obra que vai beneficiar os agricultores desta zona de São Miguel” e que “apesar de não ser uma obra de grande valor monetário, tem uma grande importância para os agricultores que se vão servir dela”. Sendo este um verdadeiro projeto de parceria entre entidades, Hernâni Costa admitiu que o IROA comprou o terreno devido à urgência da situação, e garantiu que a qualidade da água está dentro de todos os parâmetros exigidos.
O presidente do IROA adiantou ainda que a máquina controladora de água só ficará a funcionar a 100 por cento a partir de 1 de outubro, para dar tempo aos agricultores de se habituarem ao seu funcionamento e se registarem no IROA para terem acesso às chaves.
Hernâni Costa salientou também que esta construção está incorporada numa visão mais global do abastecimento de água em São Miguel e que está previsto um aumento das redes de condutas com ramais. “O ano passado fizemos a Lagoa do Caldeirão Grande na bacia leiteira de Ponta Delgada, neste momento, estamos a fazer a obra de abastecimento da Vila Franca, que estará concluída entre agosto e setembro. O que quer dizer que os agricultores da zona da Vila Franca e Ponte da Garça deixarão de utilizar a água das contendas, que ficará exclusivamente para a zona da Ribeira Grande, e o objetivo, no futuro, será prolongar as nossas redes de condutas com ramais até à Maia, São Brás, Porto Formoso e Fenais da Ajuda”.
Presente na cerimónia esteve também o vice-presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, Carlos Anselmo, que explicou que este investimento tem como objetivo possibilitar aos agricultores mais condições de abastecimento de água, “contribuindo para a rentabilidade das explorações agrícolas”. “Tudo o que diga respeito ao reforço do abastecimento de água aos agricultores no concelho são sempre investimento estratégicos e que promovem o desenvolvimento da agricultura e a criação de riqueza no concelho”.
Elogiando o Governo Regional por este investimento, Carlos Anselmo lembrou que “outros também são essenciais”, e que o Secretário Regional da Agricultura e Desenvolvimento Rural já tem elencadas as necessidades do município. “Faço votos para que o Secretário Regional da Agricultura e Desenvolvimento Rural continue a trabalhar em prol dos agricultores do nosso concelho, e assim contribuímos para que haja maior dignidade, maior rentabilidade, maior futuro da nossa agricultura”, apelou.
Também Suzana Ferreira, presidente da Junta de Freguesia da Maia, se congratulou com este investimento na Maia para os agricultores. “É merecido. Faço votos que o saibam usar bem e que contribua para facilitar a vossa vida. A Maia merece, os nossos lavradores também”.
A importância desta estrutura foi também comentada por Jorge Rita, presidente da Federação Agrícola dos Açores, que a denominou de “um bom exemplo” e um “bom aproveitamento com pouco custo das disponibilidades existentes”. “Esta era uma necessidade de um aproveitamento que tinha de ser feito. Não há nada pior para a imagem pública do que reclamarmos que não existe água, quando a água corre em torno para as ribeiras. Ainda por cima água de grande qualidade como temos aqui. A região tem muita água disponível, e este é um bom exemplo de como a aproveitar. Criou-se aqui uma aproximação da lavoura num espaço que estava vazio e que não tinha água disponível assim tão perto”.
Também António Ventura, Secretário Regional da Agricultura e Desenvolvimento Rural, marcou presença na inauguração e destacou a importância de projetos que promovam a sustentabilidade do setor agrícola, adiantando que não se deve agradecer o que é público. “Uma obra destas não se agradece ao Governo, temos a obrigação de trabalhar publicamente. O dinheiro não é meu, é de todos nós, pagamos impostos e o Governo pode é ter opções, mas, mesmo assim, fazemos de acordo com as disponibilidades financeiras que temos”.
O Secretário Regional enalteceu ainda a “articulação de sinergias humanas e financeiras” do IROA e da Câmara Municipal da Ribeira Grande para a concretização desta obra “para disponibilizar um bem essencial nos dias de hoje”.
“Investir-se num aproveitamento conjunto das disponibilidades já existentes, obviamente que isto é mérito e é uma boa solução. Estamos todos de parabéns”, afirmou António Ventura que lembrou ainda que a agricultura é um setor com enorme responsabilidade e que deveria ser considerado “um bem público”. “É a agricultura que alimenta as pessoas numa era de conflitos militares, em que a população está a aumentar, em que há cada vez mais exigências ambientais, em que se tenta combater as alterações climáticas, em que os animais têm de ter um bem-estar. E não sobrevivemos sem nos alimentarmos e, por vezes, esquecemos desta importância. Que esta estrutura possa servir os agricultores locais, possa contribuir para a produção e melhoria do leite e carne, e que possa, de facto, facilitar a vida e contribuir para o melhor rendimento dos agricultores”, acrescentou.
A inauguração contou ainda com a presença de duas dezenas de agricultores, assim como dos deputados da Assembleia Legislativa Délia Melo e Carlos Silva e de representantes das associações e cooperativas agrícolas Costa Norte, Leste de São Miguel, Jovens Agricultores e Bom Pastor.