Depois de quase 12 anos à frente da Junta de Freguesia de Rio Tinto, Nuno Fonseca admitiu, em entrevista exclusiva ao AUDIÊNCIA, que se despedirá do cargo com um sentimento de missão cumprida. Honrado pelo trabalho e pelas funções que tem desempenhado na edilidade, o autarca fez um balanço positivo, destacando o reforço da identidade local, a criação de projetos de coesão social, como a Universidade Sénior de Rio Tinto, e a transformação do espaço público, em parceria com a Câmara de Gondomar. Natural da freguesia e profundamente ligado à comunidade, o edil sublinhou o facto de ter transformado uma cidade outrora vista como um dormitório, num território dinâmico e com identidade própria. Garantindo que apoia a candidatura de Cláudia Nogueira, pelo Partido Socialista, à Junta de Freguesia de Rio Tinto, Nuno Fonseca fez questão de deixar como principais desafios futuros a construção de um pavilhão desportivo e de um Fórum Cultural, equipamentos que considera serem imprescindíveis para colmatar as reais necessidades da população e das instituições locais.
Quem é o cidadão Nuno Fonseca?
O cidadão Nuno Fonseca é alguém de Rio Tinto, que nasceu nesta freguesia e que está, neste momento, há 12 anos, a desempenhar as funções de presidente da Junta, da sua terra, onde mora a sua família, onde moram os seus amigos, onde moram as pessoas que conhece e é um bocadinho isso, alguém muito comprometido com a cidade e com os cidadãos da Rio Tinto e principalmente é isso.
Que balanço faz destes 12 anos à frente da Junta de Freguesia de Rio Tinto?
Eu acho que quem deve fazer o balanço são os eleitores, porque eu acredito que nós quando estamos nestas funções tentamos fazer o melhor possível, dentro daquilo que, na altura, é possível e a vida das autarquias é uma coisa muito dinâmica, porque o que era há uns anos atrás não é agora e o que é se calhar há uns meses não era, agora é, porque isto é tudo muito dinâmico. Eu ainda há pouco tempo dizia que eu vou sair da Junta sem ter conseguido fazer alguma das coisas que eu queria fazer quando cá cheguei, mas também vou sair da Junta tendo feito muitas coisas que nunca imaginei fazer quando cá cheguei. Agora eu acho, para mim, fazendo a minha autoavaliação e eu sou sempre muito crítico e objetivo relativamente ao meu trabalho, eu acho que o saldo é positivo. Nós conseguimos, toda a equipa, conseguimos ir muito além daquilo que nós nos tínhamos comprometido ou imaginado em 2013.
Quais considera que foram os maiores sucessos do seu ciclo autárquico?
Eu acho que os sucessos são vários, como o aumento da identidade riotintense, o orgulho pela cidade, a criação de uma identidade mais forte, termos combatido de forma muito dura esta imagem de dormitório. Hoje, somos uma cidade com atividade, com vida, aliás muitas das vezes somos até condenados pelo nosso sucesso que é dizerem que tudo só acontece em Rio Tinto, o que não é verdade. Isso, para mim, é de facto o trabalho mais difícil e o trabalho mais bem conseguido, porque é um trabalho do coletivo. Isto não é um trabalho só nosso, pois tivemos de envolver as pessoas, as associações, as coletividades, ou seja, tivemos de envolver toda a gente. Depois temos outras conquistas que são importantes, como algumas mudanças, também no âmbito do trabalho feito em parceria com a Câmara Municipal de Gondomar, que ocorreram no espaço público, como a construção do Parque Urbano, a construção do passadiço que liga o centro de Rio Tinto ao Freixo, de facto são os nossos grandes marcos. E depois internamente, dentro da Junta, a criação da Universidade Sénior, que, parece-me a mim, ser a obra com maior visibilidade, que nós temos neste momento.
Ficarão promessas eleitorais por cumprir?
Não, promessas não, porque eu nunca fiz promessas e isso sempre foi uma forma diferente de nós termos a ligação. Quando viemos para a Junta e nas três eleições que nós fizemos, nós assumimos compromissos e os nossos compromissos sempre foram cumpridos. Agora, há outras coisas que eu, como Nuno, como presidente de Junta, como autarca, gostaria de ter visto a possibilidade de realizar e algumas delas não foram possíveis, porque se criaram ideias diferentes e se criaram projetos completamente diferentes, por exemplo, eu nunca tive em nenhum compromisso eleitoral a criação da Universidade Sénior de Rio Tinto e criámo-la. Portanto, eu acho que nós fomos muito além disso. Agora, aqueles compromissos que nós tínhamos escrito no papel para as eleições, eles foram quase integralmente cumpridos.
Há alguma decisão que, olhando para trás, tomaria de forma diferente?
Talvez. Não há nada que eu mudasse radicalmente. Se calhar algumas formas de gerir algumas coisas, se calhar seriam diferentes, mas isso tem a ver com a nossa experiência, tem a ver com a nossa maturidade. Agora, gerir alguma coisa que eu dissesse, nós fizemos isto e se calhar não teria feito, não, poderia às vezes ter feito de maneira diferente, agora alguma coisa que não tivesse feito do que foi feito, não, acho que voltaria a fazer o mesmo.
Há pouco falou da Universidade Sénior, que já assumiu várias vezes que é o seu grande orgulho e que acaba por ser a menina dos seus olhos neste percurso autárquico, mas que outros projetos imateriais destacaria?
Nós somos, por exemplo, uma Junta com um grande pendor na área da coesão social. Temos aqui projetos que nos marcam, que nos distinguem, como o Banco de Emergência Social, onde temos aquele que é feito de uma forma mais discreta, mas que tem uma maior importância, que é o Banco de Emergência Alimentar, que foi a primeira medida que nós criámos quando chegámos à Junta, menos de um mês depois de entrarmos, em 2013. Também temos efetivamente, dentro da coesão social, o projeto da Universidade Sénior e todo o projeto ligado ao envelhecimento ativo e até fomos distinguidos pela Ordem dos Psicólogos como uma entidade que trabalha de uma forma de excelência a parte do envelhecimento ativo. Temos vários projetos na área da educação, criámos aqui algumas dinâmicas junto das nossas escolas que nos marcam e que vão ficar para o futuro, como a questão, por exemplo, do Circo de Natal, onde nós levámos as crianças todas ao circo, mas também o projeto do circo sem animais, que fomos pioneiros a nível nacional quando dissemos que não queríamos circos com animais e, hoje em dia, já é uma realidade que atravessa o país inteiro. Temos aqui a questão que eu já lhe falei anteriormente do investimento na identidade, da ligação à lenda e, depois, tudo o que vem atrás disso, como a questão da Medieval e de outras iniciativas. Também é de ressaltar o nosso investimento na parte operacional. Hoje, temos uma equipa operacional muito grande, com muitas competências, muitas áreas diferentes de atuação, que permite proximidade e permite, principalmente, capacidade de resolver problemas no terreno, nas mais diversas áreas de intervenção na via pública. Portanto, hoje somos uma autarquia completamente diferente do que éramos em 2013.
A Junta de Freguesia aposta em eventos detentores de um grande impacto social, como é o caso da Medieval de Rio Tinto. De que forma proporcionam momentos de divulgação do território e do concelho?
Levam, mas isso também está tudo ligado ao nosso projeto de criação de dinâmica interna dentro da cidade. Nós tínhamos um objetivo em 2013, que era cortar definitivamente com a imagem negativa de que nós éramos apenas um dormitório da cidade do Porto e, portanto, foi preciso criar não só a identidade, mas, acima de tudo, criar uma dinâmica, criar vida dentro da cidade. Portanto, há aqui um conjunto de iniciativas que fazem uma ligação muito grande entre todas as entidades da freguesia, nomeadamente associações, coletividades, escolas, a própria autarquia, a Câmara, e ligam todas estas peças. A Medieval é uma dessas e, provavelmente, é quase de certeza aquela com maior dimensão, com mais marca, com mais nome e que traz muita gente não só do concelho, como de fora de Gondomar a Rio Tinto. Logo, o investimento na Medieval é um bocadinho esse.
Sente que conseguiu manter um diálogo próximo e transparente com a população e as coletividades?
Sim, claro. Eu ainda há pouco tempo dizia numa intervenção que eu saio da Junta cheio de amigos, cheio de pessoas que, hoje em dia, me tratam pelo nome e quase todas elas ligadas às associações. Eu acho que quase a totalidade dos dirigentes associativos das associações de Rio Tinto, que são muitas, tratam-me pelo nome e isto é uma relação que se foi criando ao longo de 12 anos, pelo que sim, eu acho que é um trabalho de proximidade que é feito e sempre, obviamente, com transparência, com clareza. Somos um polo de dinamismo. Logo, a freguesia é aqui um bocadinho a engrenagem, que faz isto tudo circular, mas, naturalmente, que há um trabalho muito grande dos dirigentes associativos e nós estamos aqui para apoiá-los e sempre com aquela ideia de que quanto mais eles fizerem, melhor para Rio Tinto, melhor para a cidade, e eu acredito que isso que é fundamental. Portanto, essa proximidade, que não é uma questão de transparência, é mais uma questão de trabalho em equipa, isso foi feito e nós temos aqui momentos interessantes, por exemplo, nós já temos aqui eventos, como o 25 de Abril, em que já fazemos questão de que no cenário do evento estejam as bandeiras das coletividades todas, da proximidade. Também temos o Anuário de Rio Tinto, que é uma revista que mostra o trabalho que é feito não pela Junta apenas, mas por toda a atividade das coletividades e das escolas e isso é fundamental.
Quais diria que são as reais necessidades da população de Rio Tinto?
As reais necessidades são muito grandes. Rio Tinto tem aqui uma necessidade ainda muito grande de ter alguns equipamentos que nos fazem falta. Isto já é a um nível municipal, já não pode ser gerido pela Junta, mas nós servimos sempre de interlocutor, para fazer com que, quem de direito, não se esqueça dessas necessidades. Eu acho que à cabeça disso está obviamente a questão da criação de um pavilhão desportivo, de maior envergadura, do que aquele que nós temos, que permita outro tipo de valências e também um Fórum Cultural, onde se permita ter uma sala de espetáculos, pois a sala que nós temos é o simples Auditório do Centro Cultural, que tem 90 lugares sentados, e nós precisamos de um espaço para outro tipo de espetáculos e de iniciativas, porque nós temos, aqui, coletividades e escolas que já, pela sua dimensão, quando fazem, por exemplo, uma festa de aniversário ou uma festa anual, já precisam de uma sala de grande dimensão e nós não temos. Eu gostava muito de sair da Junta a ver isso realizado, mas saio da Junta já com toda a gente convencida de que isso é uma necessidade e, portanto, esse trabalho foi criado por nós e é muito importante.
Como é que caracteriza a relação com a Câmara Municipal de Gondomar?
É uma relação boa, positiva e muito institucional. A Câmara é a Câmara, a Junta é a Junta e nós sempre nos tratamos assim, mas sabemos que partilhamos o mesmo território, o mesmo interesse e que a relação tem de ser boa, porque trabalhamos todos para o mesmo, quer dizer, quanto mais a Câmara fizer em Rio Tinto, melhor para a Junta, e quanto mais a Junta fizer em Rio Tinto, melhor para a Câmara. Eu acho que esta relação tem de ser feita sempre desta forma.
Quais diria que foram os maiores obstáculos enfrentados ao longo destes 12 anos?
Os maiores obstáculos que nós enfrentamos são sempre as limitações da nossa estrutura. Esta é uma freguesia com 60 mil habitantes e, portanto, mesmo que a Junta tenha muitos funcionários e tenha algumas verbas, nunca chega para o que nós queremos, portanto, as nossas limitações são três, nomeadamente, financeiras, de recursos humanos e de tempo. Logo, precisávamos de mais tempo para fazer as coisas, mais funcionários e mais dinheiro, claro.
O que é que vai acontecer em Rio Tinto até ao final do mandato?
Nós vamos continuar a trabalhar até ao último dia da nossa passagem aqui. Ainda falta tanta coisa e vêm agora as festas de São Bento e a Medieval. Portanto, há muita coisa que ainda vai acontecer até ao final do mandato e nós vamos continuar e nunca nos vamos esquecer de que o nosso trabalho na Junta não são apenas os eventos, porque muitos trabalhadores tratam diariamente do espaço público e essa máquina vai continuar a trabalhar e vai continuar a estar no terreno até ao último dia e tenho a certeza de que também no dia a seguir a eu sair, ela vai continuar a estar no terreno com a mesma eficácia e com a mesma motivação.
Que marca espera deixar no território?
Eu não espero deixar nenhuma marca em especial. Eu espero deixar um sentimento de dever cumprido e que as pessoas olhem para mim, depois eu deixar de ser presidente de Junta e tenham o mesmo reconhecimento, o mesmo respeito que têm hoje e que percebam que o voto que elas deram nas eleições, não foi um voto em vão, foi um voto de confiança e que eu estive à altura da confiança que as pessoas depositaram em mim. É só isso que eu quero. Eu gosto muito de, na minha vida, manter aquela máxima de não voltes ao sítio onde foste feliz e, portanto, eu acho que, como eu comecei esta entrevista, as autarquias são dinâmicas e, portanto, eu também acho que é preciso que venham pessoas novas, pessoas diferentes, fazerem de maneira diferente outras coisas, porque isto é sempre assim e está sempre em constante evolução. Como tal, eu cumpri a minha parte, sinto que estive à altura dos desafios que me puseram e eu espero que as pessoas olhem para mim no futuro e também digam isso.
Enquanto presidente de Junta, o que é que mais se orgulha de ter feito?
O que eu mais me orgulho é da cidade. Eu acho que é exatamente isso. Eu tenho um orgulho muito grande em ser presidente da Junta de Rio Tinto. Eu tenho um orgulho muito grande em andar na rua e as pessoas me reconhecerem como um representante da comunidade. Portanto, o meu maior orgulho é esse, o meu maior orgulho é a própria comunidade. “Rio Tinto somos todos nós” e esta é uma frase que nunca pode cair em saco roto. Eu orgulho-me exatamente de estar aqui nestas funções, a representar uma grande cidade como é Rio Tinto, que toda a gente reconhece como uma grande cidade, muito dinâmica, com muitas qualidades, com gente fantástica e esse é o meu maior orgulho.
Uma vez que é natural de Rio Tinto, vai apoiar a candidatura de Cláudia Nogueira à Junta de Freguesia?
Claro. Eu apoiarei sempre e em todas as circunstâncias os candidatos do Partido Socialista.
Que conselhos deixa à sua sucessora?
Só lhe deixo um conselho. Que perceba que Rio Tinto não é uma freguesia igual às outras. Rio Tinto é uma freguesia muito grande, com uma importância muito grande, não só no concelho de Gondomar, mas no Norte e em muitos sítios. É uma freguesia altamente reconhecida no país. O atual presidente de Junta é vice-presidente da ANAFRE, tem reconhecimento nacional, nós somos reconhecidos a nível nacional e, portanto, há aqui uma enorme responsabilidade e esta dimensão e esta marca traz-nos uma grande responsabilidade, pelo que o conselho que eu lhe dou é esse, é que queira estar sempre um passo à frente, queira estar sempre a desbravar caminho, queira estar sempre a ir mais e mais longe, sabendo sempre com os passos muito certos e perceber isso, que Rio Tinto não é uma freguesia igual às outras e, como tal, precisa de ser diferente e ter uma marca maior. É o conselho que eu lhe dou, para nunca se esquecer disso.
Quais são as suas perspetivas para as próximas eleições autárquicas?
Eu espero que esta equipa, que está aqui há muitos anos a trabalhar para Rio Tinto, que é extremamente conhecedora das dificuldades, dos problemas e dos desafios da cidade, que agora vai ser encabeçada pela Cláudia Nogueira, que continue a confiar, a ter o voto de confiança dos riotintenses, porque eu tenho a certeza de que é uma equipa extremamente preparada para os desafios e que vai continuar a progredir e a fazer com que o Rio Tinto cresça.
O cargo que desempenha mudou de alguma forma a sua visão sobre serviço público?
Eu já vinha do serviço público, porque quando vim para a Junta, eu vinha do INEM, portanto eu vinha de um serviço público, que é a emergência, onde nós não temos tempo para burocracias, ali não há burocracias. Portanto, eu vim de um serviço público de emergência, que é algo extraordinário, onde há noites, dias, frio, sol, chuva, calor, e nós estávamos lá sempre e isso é importante. Nós quando estamos nestas funções, quer eu que faço parte da equipa, quer todos os outros trabalhadores da autarquia, temos de perceber que trabalhamos em prol de uma comunidade e que não há muito bem aqueles limites do que é que é nosso e o que é que não é nosso. O limite do que é nosso é o limite daquilo que nós podemos mesmo fazer, porque mesmo que não seja uma responsabilidade nossa, nós temos de fazer, porque isso é melhor para a cidade, é melhor para os cidadãos. Portanto, sempre muito dedicados, sempre muito preocupados com a comunidade no geral, com a gestão da cidade, eu acho que isso é a parte importante e, aqui em Rio Tinto, há muita gente na Junta com essa dedicação e, como tal, eu vou daqui sabendo que é uma grande equipa e que merece o reconhecimento das pessoas, porque está muito dedicada e muito empenhada em melhorar a cidade.
Sairá, então, com um sentimento de missão cumprida?
Sim, completamente. Eu sinto-me realizado pelo que fiz. Sinto-me realizado pelo que as pessoas me transmitem e acho que está na hora da mudança. Eu estou nos projetos, pelos projetos. Eu nunca estive, na minha vida, em nenhum projeto pelo valor material da coisa. Eu sei que, hoje em dia, com a descrença que existe de algumas áreas da política, dizer isto parece que soa, aqui, a alguma falsidade, mas eu nunca estive na Junta por emprego, eu estive aqui por um projeto e só seria candidato à Junta de Rio Tinto, nunca seria a mais nenhuma, nunca quereria outro projeto. Tive oportunidades de ter outro tipo de projetos financeiramente mais relevantes, mas sempre quis ser presidente da Junta de Rio Tinto. Fui, cumpri, e agora vou sair, sabendo que quando entrei cá no máximo seriam 12 anos e, portanto, será assim. Eu tenho de estar com isto muito bem resolvido na minha cabeça, porque vou sair e vou continuar a minha vida, seja na política ou fora da política, é completamente indiferente. Porém, o trabalho que os riotintenses me puseram em cima dos ombros era para 12 anos e está feito, está cumprido e não voltarei, porque acho que se eu voltasse, não traria nada de positivo, nem de novo, que fosse feito de maneira diferente e iria fazer uma coisa, que é aquilo exatamente que eu disse agora, que contrario, ou seja, eu se voltasse novamente, já voltaria com uma energia que não é adequada, nem nada. Portanto, a energia é esta, foram 12 anos, está a marca, e agora é seguir em frente.
Depois do fim do mandato, qual será o próximo passo, a nível político e partidário?
Não sei, há aqui alguns desafios. Nós vamos entrar em eleições autárquicas e eu, para a Junta, encerro um ciclo. Estive 20 anos ligado à Junta de Rio Tinto, fui presidente da Assembleia Freguesia, fui tesoureiro da Junta e fui 12 anos presidente de Junta. Portanto, eu acho que 20 anos é uma data bonita para eu encerrar um ciclo. Como tal, ao nível da freguesia, não estou disponível para continuar, porque acho que devem vir pessoas novas. Relativamente a outros patamares e a outras eleições, o Partido Socialista está, nesta fase, a escolher os seus candidatos para os mais variados órgãos, nomeadamente para a Assembleia Municipal e Câmara Municipal e eu tenho a certeza absoluta de que estarei envolvidíssimo nesse projeto, para aumentarmos e acentuarmos a mudança em Gondomar, que começou em 2013.
Acredita que essa mudança é importante para o concelho?
Eu aplico ao concelho o que eu disse relativamente à Junta de Rio Tinto. Isto é dinâmico, as coisas não param, as pessoas são substituíveis, maus são aqueles que acham que são insubstituíveis, as pessoas são substituíveis, as pessoas têm fases, ou seja, cada fase deve ter rostos diferentes e, portanto, eu acho que nós temos de continuar e não podemos estar sempre no mesmo registo, pois às vezes nós temos períodos em que temos de apostar, por exemplo, mais no crescimento, outras vezes mais na quantidade, e outras vezes mais na qualidade. Há períodos onde temos de investir mais em coisas que são visíveis e outras em projetos que não são tão visíveis a nível material, mas que no futuro vão tirar aqui rentabilidades muito importantes para o concelho. Portanto, são tudo fases diferentes, fases dinâmicas e, como tal, eu acho que a vida não se esgota nos mandatos autárquicos e eu acredito que o concelho tem de continuar a mudar e a evoluir.
Quais são as suas perspetivas para o futuro?
Eu acho que, relativamente ao concelho, se a equipa que está e o Partido Socialista, fizerem uma avaliação objetiva do que mudou no concelho nos últimos 12 anos e do que ainda falta mudar, eu acredito que é fundamental não se perder o foco, não se perder a energia, continuar neste registo e, portanto, eu estou convencido de que essas equipas vão merecer a confiança dos cidadãos, porque estamos a falar da Assembleia Municipal, estamos a falar da Câmara e estamos a falar das sete Juntas. Logo, há aqui uma equipa muito grande de autarcas, que trabalham no dia a dia, em prol de um melhor concelho e, portanto, eu espero que as pessoas reconheçam isso e que continuem a dar mais uma oportunidade a que estas pessoas todas trabalhem e modifiquem o concelho de Gondomar.
Qual é a mensagem que gostaria de transmitir?
A mensagem é que fiz o meu melhor. Foi uma honra muito grande. Só eu sei a honra que tenho em ser presidente da Junta de Rio Tinto, não seria presidente de mais Junta de Freguesia nenhuma, seria só desta e depois desta não serei de certeza absoluta de nenhuma mais. Portanto, para mim foi uma honra e eu saio de cabeça levantada, saio exatamente igual, com o mesmo dinamismo, com o mesmo orgulho e com a mesma vontade do primeiro dia em que cá entrei. Como tal, saio com o sentimento de que fiz o meu melhor, de que a equipa toda trabalhou muito bem, muito coesa, muito objetivada e de que Rio Tinto de 2025 não é igual ao Rio Tinto de 2013. A cidade é feita de todos e eu tenho a certeza de que seja quem for, a cidade vai continuar a ser a melhor cidade de todas. Logo, vamos ver-nos por aí. Eu vou continuar a andar na rua normalmente e vou passar à porta da Junta e vou sentir orgulho, porque “Rio Tinto somos todos nós” e todos juntos vamos continuar a construir a cidade.