Promovido pela AQUA – Cooperativa para o Desenvolvimento Sustentável do Mar, o Festival do Caldo de Peixe voltou a realizar-se, entre os passados dias 21 e 22 de julho, no Porto de Pescas rabopeixense. Com o intuito de promover a sustentabilidade, a nona edição deste evento gastronómico valorizou, mais uma vez, o pescado açoriano, em especial o de baixo valor comercial, atraindo milhares de pessoas.
O Porto de Pescas de Rabo de Peixe voltou a acolher, entre os passados dias 21 e 22 de julho, mais uma edição do Festival do Caldo de Peixe. Promovido pela AQUA – Cooperativa para o Desenvolvimento Sustentável do Mar, este evento gastronómico tem como principal objetivo valorizar o pescado açoriano, em especial o de baixo valor comercial, como é o caso da cavala, chicharro do alto, veja, raia, congro e peixe porco.
Apesar do indiscutível sucesso, a realização da nona edição do certame chegou a ser posta em causa, fruto da falta de apoios. “De facto, apenas em meados de junho, a cerca de 30 dias antes do início do evento, é que tivemos a certeza de que, pelo menos, a Câmara Municipal da Ribeira Grande apoiaria o Festival do Caldo de Peixe”, afirmou Rúben Farias, presidente da AQUA – Cooperativa para o Desenvolvimento Sustentável do Mar, em entrevista exclusiva ao AUDIÊNCIA.
Atestando que cada vez é mais difícil encontrar patrocinadores, voluntários e apoios, o presidente da AQUA ressaltou que “a 9ª edição foi uma das mais difíceis”. Estávamos cientes de que o evento já regista procura pela sua dimensão gastronómica, mas, este ano, a procura aumentou exponencialmente, em especial na sexta-feira [21 de julho]. Alguns constrangimentos internos, conjugados com um aumento da procura, criaram-nos dificuldades e registamos um tempo de espera muito elevado. No entanto, no segundo dia, calibramos a nossa máquina e tudo correu bem”, afiançou.
No total, mais de 70 pessoas estiveram envolvidas na organização do certame, nomeadamente na logística de preparação, confeção, atendimento, montagem e segurança. “O objetivo da AQUA é promover a sustentabilidade, nunca descurando as suas três dimensões: ambiental, social e económica. No que respeita à dimensão ambiental, promovemos a luta contra o plástico. substituindo todos os recipientes de plástico não reutilizável por cerâmica, alumínio e plástico reutilizável. Na dimensão social, promovemos a igualdade de género, uma vez que o rácio dos voluntários, que constituíram o staff foi de 50/50. Relativamente à dimensão económica, promovemos a valorização do pescado açoriano, em especial o de baixo valor comercial, como a cavala, o chicharro do alto, a veja, a raia, o congro e o peixe porco. Este ano, começamos a ter mais variantes de hambúrguer, que eram exclusivamente de cavala e também já fizemos de peixe-porco”, asseverou Rúben Farias.
Ao longo dos dois dias, a animação também não faltou, com as atuações de Acoustics e Lôkura no dia 21 de julho e da Banda 8, Marianna e Lôkura no dia 22, contudo, segundo o presidente da AQUA, “ficou aquém das expectativas e comprovou-se que, de facto o Festival do Caldo de Peixe é um evento gastronómico e que, em futuras edições, deverá ser avaliada a dimensão da animação, uma vez que consome recursos sem retorno”.
Assegurando que, apesar das dificuldades, o balanço é extremamente positivo, Rúben Farias sublinhou que “podemos afirmar que já somos vítimas do nosso sucesso. Sem dúvida, mais de mil pessoas por dia participaram no Festival do Caldo de Peixe, entre turistas e locais, e consumiram milhares de caldos. O número de visitantes ultrapassou as expetativas o que aumenta a nossa responsabilidade”.
No final do evento, Jaime Vieira, presidente da Junta de Freguesia de Rabo de Peixe, enalteceu, em entrevista exclusiva ao AUDIÊNCIA, que “mais do que um festival, tem sido uma montra gastronómica do melhor peixe dos Açores. Digo isto com franqueza e perdoem-me todas as outras localidades, mas é em Rabo de Peixe que temos o melhor e uma grande variedade de peixe dos Açores. Portanto, o Festival do Caldo de Peixe não é mais do que isso, uma feira gastronómica, onde se pode apreciar os diversos caldos e aquilo que muitos chefs também fazem com o peixe pescado nos Açores e a importância é maior ainda quando algumas dessas espécies são menos valorizadas. Já é um evento regional e que é importante continuar a apoiar. Neste sentido, temos a certeza de que estamos a caminhar rumo àquilo que nós pretendemos, que é um Festival do Caldo de Peixe cada vez mais forte, que possa cada vez mais vender a imagem que nós queremos que é: se queres comer peixe, vem a Rabo de Peixe”.
A pensar na décima edição, Rúben Farias revelou que “já refletimos sobre os erros a corrigir e as coisas boas a manter. A nossa maior dificuldade reside no pouco tempo de preparação disponível, uma vez que o espaço é utilizado pelos pescadores para trabalhar e, também, pelo facto de utilizarmos sempre peixe fresco, pois ficamos à mercê da mãe natureza. Todavia, na próxima edição teremos de, forçosamente, substituir algum trabalho, até então feito com voluntariado, e passar para um regime profissional, sem desvirtuar a essência do evento, que é manter a tradição da gastronomia ancestral e complementar com a inovação. Por fim, teremos, necessariamente, de adquirir equipamentos de cozinha e para tal será necessário encontrar apoio financeiro, que garanta que o Festival do Caldo de Peixe continue a dignificar a gastronomia da nossa região”.