Com os nossos torneios de decifração e de produção de enigmas policiais em velocidade de cruzeiro, preparamo-nos agora para dar inicio a um novo concurso de contos.
“Um Caso Policial em Gaia” continuará a ser o mote da segunda edição deste concurso, que terá como única obrigação temática o local da ação dos trabalhos, que deverão ocorrer neste concelho do norte do país situado a sul da cidade do Porto. E para que os potenciais concorrentes possam começar desde já a produzir os seus originais, podemos também adiantar que o concurso está aberto a todos, sem quaisquer condicionalismos de idade ou nacionalidade, que se queiram aventurar na escrita de ficção policial, podendo apresentar mais do que um original desde que o façam com pseudónimos diferentes.
Acrescentamos ainda que os trabalhos deverão ser escritos em língua portuguesa e ter obrigatoriamente o mínimo de duas páginas de formato A4 e o máximo de quatro, escritas a 1,5 espaços, na fonte Times New Roman e com o corpo de letra 12. Por último, duas informações fundamentais: 1) os originais a concurso podem ser enviados a partir de 1 de janeiro do próximo ano, através do email do orientador da secção (salvadorpereirasantos@hotmail.com); 2) a avaliação será feita pelos próprios leitores do AUDIÊNCIA GP, que pontuarão cada conto logo após a sua publicação, numa escala de 5 a 10 pontos, em função da qualidade e originalidade. Em próximas edições explicaremos melhor este processo. Para já, o que importa é ir deitando mãos à escrita…
Entretanto, prosseguem os nossos torneios em curso, com a publicação do enigma que constitui a prova nº. 6 de “Solução à Vista!”, de um dos mais destacados policiaristas nacionais:
TORNEIO “SOLUÇÃO À VISTA!”
Prova nº. 6
“Crime Leaks”, de Daniel Falcão
Gustavo Santos está sentado, numa solarenga manhã de domingo, na esplanada do Café-Restaurante Sítio do Costume. Continua a rodar a colher dentro da chávena defronte de si, enquanto observa com alguma curiosidade a primeira página do jornal Matutino, pousado sobre a mesa.
Nos últimos dias, as notícias daquele teor têm surgido a conta-gotas. Dia após dia iam sendo libertados fragmentos de relatórios criminais. “Crime Leaks”, assim era apelidada pelos meios noticiosos estas fugas de informação. Mais um “leak” a juntar-se a vários outros, o que levava muitos a perguntarem sobre qual seria o próximo, numa época em que tudo vinha a público, mesmo as informações mais privadas.
Gustavo Santos abre o jornal e lê atentamente a mais recente fuga de informação que aparece reproduzida na terceira página. O texto em causa divulga informações, que deviam ser confidenciais, sobre o homicídio de Manuel José Carvalho, ocorrido em finais de dezembro de 2018.
Pela leitura do texto publicado, ficava-se a saber que a vítima fora encontrada no seu escritório pelo companheiro. Este afirmara que, assim que deparou com o corpo, imediatamente ligara às autoridades. Os agentes destacados para o local não tiveram dificuldade em concluir, pelas peças partidas, pelos móveis deslocados e pelos papéis espalhados pelo chão, que ali ocorrera uma violenta disputa. Disputa que teria terminado com a vítima a ser fortemente golpeada na cabeça com o pisa-papéis, encontrado mesmo ao lado do corpo.
Alexandre Miguel Duarte, assim se chamava o companheiro da vítima, declarara que naquela noite saíra com uns amigos comuns, mas que o Manuel ficara em casa, pois tinha agendado receber uns clientes, situação que ocorria com alguma frequência. Acrescentara ainda que, ao chegar a casa, pouco depois da meia-noite, se apercebera que o companheiro ainda estaria no escritório, pois a luz estava acesa. Decidira não interromper e subira para o quarto, situado no primeiro andar, adormecendo mal se deitara na cama. Seriam umas cinco horas da manhã quando acordou e reparou que o Manuel ainda não se deitara. O que achou estranho. Desceu as escadas, bateu à porta do escritório e, como a luz continuava acesa e não teve qualquer resposta, abriu a porta e entrou. Foi nessa altura que deparou com o escritório todo desarrumado e com o corpo do companheiro.
Segundo o relatório policial, a vítima tinha próximo da sua mão esquerda uma magnífica espátula para abrir cartas, com cabo em madrepérola e lâmina em tartaruga natural. Desta vez, a espátula teria servido para marcar o soalho com o que parecia ser um número: 942. Qual seria o seu significado? Era algo que ainda estava por esclarecer. Se é que significava alguma coisa.
O agente responsável chegou a questionar o companheiro da vítima, ainda no local, sobre quem seria a pessoa ou pessoas com quem Manuel José Carvalho tinha agendado reunir. Num primeiro instante, o inquirido manifestou desconhecimento. Logo depois acrescentou que, nos últimos dias, havia alguns assuntos que ocupavam muito do tempo do companheiro, envolvendo dois clientes: Francisco João Sá e Isidro Diogo Baganha. Suspeitava que a reunião teria sido marcada com algum deles, mas não sabia qual.
As últimas informações disponíveis sobre este caso referiam que o companheiro da vítima, segundo as suas próprias declarações, saíra de casa pouco depois das oito horas, tendo chegado ao local do encontro, a cerca de uma dezena de quilómetros, cerca de meia hora depois, pois era muito cuidadoso na condução.
Gustavo Santos leu e releu os elementos agora divulgados e começava a ter uma ideia do que sucedera na noite do crime.
DESAFIO AO LEITOR
E o leitor também tem alguma teoria? Em caso afirmativo, desenvolva essa teoria, sustentando-a com os factos disponíveis. E envie depois o respetivo relatório para o organizador da secção, até ao próximo dia 5 de dezembro, através dos seguintes meios:
– por correio postal, para AUDIÊNCIA GP / O Desafio dos Enigmas, rua do Mourato, 70-A – 9600-224 Ribeira Seca RG – São Miguel – Açores;
– por correio eletrónico, para salvadorpereirasantos@hotmail.com.
E, já sabe, não se esqueça de identificar a solução enviada com o seu nome (ou pseudónimo adotado), nem de remeter juntamente a pontuação atribuida ao enigma “… E Também não é uma Cebola“, de Búfalos Associados, para efeitos de classificação no concurso “Mãos à Escrita!”.