A Câmara Municipal de Gaia inaugurou, no passado dia 5 de abril, a expansão do Parque Municipal da Lavandeira, localizado em Oliveira do Douro, que passou a ter um total de 110 mil metros quadrados e o Parque de S. Paio, que se situa junto à reserva do Estuário do Douro, em Canidelo, e que conta, para já, com três hectares disponíveis para fruição da população. Em causa estão dois espaços nos quais as memórias, as raízes e a arte estão em plena simbiose com a natureza envolvente.
A inauguração da nova área do Parque Municipal da Lavandeira aconteceu no passado dia 5 de abril, depois da Câmara de Gaia ter adquirido e reabilitado uma parcela de terreno com 40 mil metros quadrados, graças à negociação com a família proprietária da Quinta da Lavandeira, que cedeu o espaço, através de um contrato de aquisição. A compra, que representa um investimento de 2,5 milhões de euros, inclui a estufa neogótica, em ferro, aqui localizada, que, ainda, irá ser recuperada, a zona do lago e a zona das árvores centenárias.
A cerimónia simbólica contou com a presença de Madalena Pinto e João Figueiredo, membros da família proprietária da Quinta da Lavandeira, do presidente e do vice-presidente da Câmara de Gaia, dos vereadores da autarquia, de Dário Silva, presidente da Junta de Freguesia de Oliveira do Douro, de Alípio Barbosa, pároco de Oliveira do Douro, e do arquiteto Sidónio Pardal.
“Esta ampliação só foi possível pela negociação com a família da senhora dona Manuela Pinto e do senhor João Figueiredo, a quem eu quero agradecer, desde a geração mais jovem, a quem eu quero agradecer, porque, verdadeiramente, nós com eles não fizemos um contrato de aquisição, fizemos um contrato de partilha. Partilhamos alguns recursos e eles partilharam connosco aquele que, provavelmente, é o seu maior recurso e que continuará a ser da família e continuará a ter as memórias do Conde António da Silva Monteiro”, revelou Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Gaia.
Neste espaço em construção, que, segundo o autarca, “nos interpela na área do ambiente, mas é um espaço que nos interpela na área da educação”, “nós encontramos as nossas raízes, as raízes das árvores, as raízes dos arbustos, as raízes das camélias magníficas por onde passamos, as nossas raízes coletivas, que podem e devem ser preservadas. Nem tudo é possível preservar, no sentido bucólico ou estático da vida. A vida é dinâmica, mas há um conjunto de coisas, de elementos, símbolos, espaços, territórios que temos a obrigação, em nome das gerações que nos precederam e em nome das gerações vindouras, de preservar”.
Relativamente à reabilitação da estufa neogótica, o presidente da Câmara Municipal de Gaia anunciou que o concurso será lançado em maio, prevendo uma intervenção de cerca de meio milhão de euros. O objetivo, explicou, “é colocar ali, num espaço histórico, uma cafetaria, bem como um parque botânico que remeta para aquilo que foi a estufa, antigamente”, porque “a natureza é isto, é a forma como respeitamos o meio ambiente, que não tutelamos, do qual somos parte e, como se vê com esta pandemia, somos uma parte relativamente frágil”.
“Que este parque vos inspire nas dificuldades, nas dúvidas, nos problemas e a encontrarem, aqui, as vossas próprias raízes e perceberem que estas árvores, muitas delas verdadeiramente centenárias, que encontraram na terra bons motivos para se alimentarem, encontraram na terra, ao mesmo tempo, a força construída nas suas raízes, para se aguentarem com muitas intempéries”, afirmou Eduardo Vítor Rodrigues, sublinhando que “nós hoje iniciamos um périplo, aqui, que mostra que as preocupações ambientais não são as preocupações com os canteiros. São 40 mil metros de ampliação do Parque da Lavandeira que aqui marcamos e, já de seguida, a abertura oficial daquele que é, neste momento, o maior parque urbano da Área Metropolitana do Porto para fruição, um parque aberto e gratuito, o Parque Ambiental de S. Paio, na confluência com a Reserva Natural do Estuário do Douro”.
“Um espaço absolutamente emblemático que revitaliza a orla ribeirinha”
A Câmara Municipal de Gaia oficializou, no passado dia 5 de abril, a abertura à população da primeira fase da edificação do Parque de S. Paio, localizado em Canidelo, que é uma obra da responsabilidade do arquiteto Sidónio Pardal e contempla um local de fruição com espaços verdes e de convívio, que soma uma ciclovia e áreas de descanso, junto ao à Reserva Natural do Estuário do Douro.
Para Sidónio Pardal, arquiteto responsável pela edificação do Parque de S. Paio, “esta é uma primeira fase do Parque e foi um desafio interessante”, porque “quando construímos um parque, queremos criar um sítio diferente, isolado do exterior e, aqui, temos este cenário interessantíssimo do Estuário do Douro”.
“O desafio, aqui, era tentar transformar tudo, para que tudo ficasse na mesma, para que, no fundo, as pessoas que têm memória deste sítio não se sentissem traídas, ou de alguma forma prejudicadas, pela perda de memória deste sítio”, explicou o arquiteto, salientando que “construir um parque é valorizar a cidade e é um desafio que temos numa sociedade onde um dos grandes desafios é arquitetar o território de forma a não perdermos as qualidades e os recursos, que são necessários ao nosso conforto e, portanto, o organismo, hoje, necessita cada vez mais de arte e menos de burocracia”
Também José Pimenta Machado, vice-presidente do Conselho Diretivo da Agência Portuguesa do Ambiente, fez questão de marcar presença nesta inauguração e de ressaltar que “o confinamento e o isolamento social a que estivemos sujeitos, que teima em não nos deixar, mostrou a importância dos espaços verdes, pois são uma estreita oportunidade para fortalecer a vida urbana”, evidenciando que “o Parque de S. Paio, agora, é um excelente espaço para passear, para contemplar, para descansar o corpo e recuperar a mente nesta pós-pandemia”.
Neste momento já foram intervencionados três hectares de terreno, num total de 1,2 milhões, porém, a intervenção no Vale de S. Paio comportará, no total, oito hectares e implicará um investimento total de 3,5 milhões de euros. A segunda fase os trabalhos englobará “uma mancha arbórea que se localizará mais no interior do parque, local onde serão feitos caminhos e uma cafetaria”.
O presidente da Câmara Municipal de Gaia aproveitou a ocasião para referir que “Esta era uma zona, antes de silvado, que tinha de ser preservada, obedecendo a especificidades. Na segunda fase, a mancha arbórea já está consolidada e o tipo de intervenção é diferente. Esta obra está a ser levada a cabo com respeito pelas peças emblemáticas. Estamos a fortalecer os espaços públicos abertos e disponíveis para quem os quiser utilizar”, asseverando que “nós não conseguimos fazer tudo de uma vez, mas, garantidamente, conseguimos, faseadamente, construir uma cidade melhor e onde a interação entre o cidadão e a natureza, sendo o cidadão parte da natureza, seja cada vez mais intensa”.
De acordo com Eduardo Vítor Rodrigues, o Parque de S. Paio é “uma verdadeira maravilha da natureza criada pelo arquiteto Sidónio Pardal” e “um espaço absolutamente emblemático, que revitaliza uma orla ribeirinha, com inúmeras potencialidades e, ainda por cima, com uma grande vantagem de se saber que, depois desta reabilitação do espaço natural, não vai surgir um complexo habitacional ou um conjunto de habitações, porque, para já, isso não é possível com os instrumentos de planeamento que nós temos e, por outro lado, porque isso era absolutamente impensável”.
“Uma mancha verde que, em Vila Nova de Gaia, é aberta a todos, não é pagável e não tem bilhética, porque são estes elementos da democracia dos espaços públicos, que nós queremos, também, aqui marcar. Que seja um espaço extraordinário para todos, que possa ser utilizado com todo o cuidado, mas, ao mesmo tempo, com o sentimento de pertença, que nos leva, hoje, a olhar para o rio, para o Estuário e para toda esta zona”, evidenciou o autarca, assegurando que “aqui, encontraremos a poesia das nossas vidas para uma contemplação e para uma fruição, que é absolutamente imprescindível”.