6º PROBLEMA DO TORNEIO DO CINQUENTENÁRIO JÁ É CONHECIDO

O confrade Arjacasa é o autor do enigma “Um Cachimbo no Local do Crime…”, que constitui o sexto problema do Torneio do Centenário de “Mistério…Policiário”, que decorre alternadamente nos blogues Local do Crime, Repórter de Ocasião, A Página dos Enigmas e Momento do Policiário. Os nossos leitores podem aceder ao problema em qualquer destes quatro blogues (nos endereços eletrónicos localdocrime.blogspot.com, reporterdeocasiao.blogspot.com, apaginadosenigmas.blogspot.com e momentodopoliciario.blogspot.com), bem como no site Clube de Detectives (clubededetectives.pt), que mantém em permanente atualização as várias tabelas classificativas da prova, realizada em homenagem a Sete de Espadas, um dos maiores dinamizadores do policiário no nosso país, designadamente pelo seu percurso entre 1975 e 1986, período durante o qual orientou a secção “Mistério… Policiário” na Revista Mundo de Aventuras.

A esse propósito temos vindo a publicar alguns dos problemas que integraram o I Grande Torneio (o primeiro de 25 torneios realizados naquela publicação de Banda Desenhada que fez furor sobretudo entre a “malta” mais jovens durante onze anos), que decorreu entre 4 de setembro de 1975 e 5 de janeiro de 1976, dando agora nota da solução de autor (sucinta) e da proposta de solução (mais detalhada) apresentada por um dos concorrentes, do enigma que abriu o torneio e que submetemos à consideração dos nossos leitores na edição 694 do AUDIÊNCIA, de 10 de maio.

 

Mistério…Policiário, da Revista Mundo de Aventuras em 1975

I Grande Torneio

DESCULPE, MAS NÃO LHE SIRVO DE ÁLIBI!…

Rapariga Espinho

Solução de Autor

– Claro que foi crime.

– Por várias razões o empregado está a mentir. E se mente…

– Ao chegar junto do assente e ao passar a mão por ele a sensação de gelado fez estremecer Rosa… Se o banco estava gelado, quem ali estivera sentado já há muito que dali tinha saído… Por outro lado, não se admite que a rapariga tentasse suicidar-se de porta aberta… e muito menos que se enforcasse em silêncio… E como se pendurava?…

Solução de Joe Sousa

1 – Temos de nos inclinar para a existência de crime, dado que o comportamento do único suspeito é bastante comprometedor. Além disso, temos também um conjunto de factores de ordem psicológica que não encaixam na hipótese suicídio…

Vejamos:

2 – O empregado falou de mais e arrisca-se a atrair fortes suspeitas. Ao dizer que a vítima tinha acabado de entrar no W. C. no momento da chegada da Rosa mentiu pois sabemos que esta num gesto maquinal passou a mão pelo assento do banco e o achou frio como gelo… Ora, se a morta tivesse efetivamente ocupado aquele lugar momentos antes, o pergamóide conservaria ainda algum calor e tê-lo-ia ainda conservado por cerca de um minuto mais (acabo de fazer a experiência na cadeira em que estou sentado, cujo assento é também de pergamóide). Além disso, Rosa ao aproximar-se do Café teria visto através da porta de vidro a outra a desocupar o banco… A reforçar, podemos ainda afirmar, seguramente, que ninguém se enforca em silêncio num aposento pequeno, como são todos os W. C. dos Cafés. Há sempre convulsões, pontapés na porta e outros ruídos adequados num enforcamento por sufocação que é um acto fatalmente demorado.

Rosa teria ouvido o estrebuchar.

E parece-me que nenhum suporte de candeeiro suportaria essa dança macabra, por muito magrizela que fosse a executante.

Somos, pois, levados a crer que o suicídio foi (mal) encenado.

Examinemos agora os aspetos de ordem subjetiva:

Correndo o risco de opiniões opostas, permito-me afirmar que às 9 e 30 da manhã não são horas de ninguém se suicidar. Tenham paciência. Esses atos têm lugar ou em momentos de grande exaltação ou após uma amarga introspeção, uma solitária descida aos infernos interiores. São atos para fins de tarde ou madrugadas atormentadas, quando toda a resistência cede perante o desespero.

Podemos também analisar o local: é absurdo que um suicida tipo cabeça-fria como seria aquela jovem a querer enforcar-se num Café, não tivesse fechado a porta por dentro antes de se dependurar. Não, não. Os que se matam costumam preocupar-se muito com a execução ritual: escrevem cartas, arrumam os seus pertences – e necessariamente tomam precauções pare não serem interrompidos…

Agora o tipo técnico da execução: parece-me que o auto enforcamento é mais masculino que próprio de mulheres. Estas têm mais tendência para os barbitúricos, o salto do 3.° andar, o afogamento. O enforcamento desfigura, deixa um «facies» horrível e as mulheres são como são: mesmo nesses momentos decisivos pensam em miudezas desse quilate.

Assim, para terminar, podemos imaginar que o empregado, por razões ignoradas, teve uma disputa com a vítima, decidiu jogar tudo por tudo e estrangulou-a manualmente. Depois, para arranjar uma saída airosa foi pendurá-la no W. C. Só depois deve ter colocado o copo com restos de «martini» sobre o balcão.

Eu, no lugar dele, teria colocado o copo cheio de «martini». Não sei bem porquê, mas parecer-me-ia melhor. Há sempre a hipótese de na autópsia verificarem esses pormenores e se de facto a vítima não tem o «martini» no estômago, o homem está arrumado.

E pronto.

Permita-me que apresente os parabéns à autora. Engendrou um problema curto, mas com várias subtilezas e suscetível de imensas considerações… Só aquele adjetivo, ao princípio – pachorrentamente… me parece mal colocado.

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E fechamos a nossa edição de hoje com uma chamada de atenção para as iniciativas que vêm animando os blogues A Página dos Enigmas (apaginadosenigmas.blogspot.com) e Momento do Policiário (momentodopoliciario.blogspot.com), paralelamente ao Torneio do Cinquentenário.

No primeiro serão conhecidas hoje, dia 10 de junho, as questões do teste nº 5 do Torneio “Quem É?” e no segundo decorre neste momento o prazo para o envio de propostas de solução relativas à prova nº 5 do Torneio “Português Suave”, que expira no dia 14 junho, ao mesmo tempo que tem no forno o problema nº 6 que se dará a conhecer logo nas primeiras horas do dia seguinte.

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