90 ANOS SEM MARIA CURIE

No ano em que se celebram 90 anos da morte de Marie Curie (1934), a primeira mulher a ganhar o Prémio Nobel e, a primeira pessoa e única mulher a ganhá-lo duas vezes e em duas áreas distintas (Física e Química), a Planeta publica a obra “Madame Curie, e a força de sonhar”, de Susanna Leonard.

Nesta obra, a autora alemã relata os bastidores do processo de investigação científica, nomeadamente a hostilidade e os desafios impostos a uma mulher pioneira numa área até então considerada masculina, sem esquecer a parte pessoal.

Maria Salomea Skłodowska passa a sua infância e juventude com os irmãos e o pai em Varsóvia. Não tem uma infância fácil: marcada pela doença da mãe e pela sua morte prematura, Mania (como Maria é chamada) tem tendência para a depressão. Encontra, ainda assim, alguma felicidade e apoio na sua extensa família e nos seus parentes.

Como na Polónia não é permitido às mulheres estudar além da escolaridade obrigatória e os recursos financeiros da família são limitados, Mania começa por ganhar a vida como explicadora depois de terminar os estudos. Durante esse tempo, frequenta aulas na secreta “Universidade Voadora”; os membros desta organização conseguem que a talentosa Mania estude na Sorbonne, em Paris.

É em Paris que Mania conhece Pierre Curie. Os dois complementam-se excecionalmente bem e vivem para a Ciência. Tornam-se um casal e investigam juntos a radioatividade durante vários anos. Juntos, recebem o Prémio Nobel da Física pela descoberta dos elementos polónio e rádio, e, mais tarde, Marie, como agora se chama a si própria, recebe também o Prémio Nobel da Química. Após a morte acidental do marido, Marie Curie torna-se a primeira mulher a ocupar uma cátedra na Sorbonne, defendendo sempre as mulheres e os estudantes estrangeiros.

Neste romance, Susanna Leonard escreve sobre a vida de Marie Curie, duas vezes vencedora do Prémio Nobel, de uma forma simples, mas emocionante, sem entrar nos complexos temas da Física e da Química de uma forma demasiado científica.

Susanna Leonard cresceu em Karlsruhe e em Paris e é, até hoje, uma amante do savoir-vivre francês. A sua admiração por mulheres corajosas e o seu amor a Paris levaram-na à ideia de escrever um romance sobre uma das personalidades mais conhecidas que viveram na cidade: Marie Curie. Com a publicação de Madame Curie e a Força de Sonhar, concretiza-se um desejo vivo da autora. Também já publicou romances sobre a jornalista Annie Londonderry e a zoóloga Dian Fossey.

Curiosidade: O cientista português Mário Augusto da Silva foi discípulo e assistente de Madame Curie no seu Instituto do Rádio de Paris após ter sido afastado das universidades portuguesas pelo Centro Académico de Democracia Cristã, associação católica a que pertencia Oliveira Salazar, por não fazer referência à origem divina da vida nos seus artigos científicos.