As designadas agências de notação ou de «rating» como alguns preferem catalogá-las, não são mais senão empresas privadas em que a estrutura accionista é dominada por fundos de investimento cujas avaliações, quando decidem sobre as suas aplicações, procuram uma relação directa de benefício com as operações dos mercados, vulgo Bolsa.
As referidas agências possuem o poder de avaliar a credibilidade económica de Estados de tal forma que estes passam a depender do interesse dos grandes fundos investidores, no entanto e curiosamente, a credibilidade dessas agências varia na relação inversa do poder que procuram demonstrar se tivermos em conta, por exemplo, as suas avaliações efectuadas em 2007 ao Lehman Brothers, ao Northern Rock ou ao Bear Stearns, poderosas entidades bancárias em risco máximo de falência que acabou por acontecer e deu origem à crise avassaladora mundial ainda em curso, entidades essas, porém, às quais foi atribuída a notação máxima, AAA, apesar das centenas de milhões de dólares de títulos hoje considerados como lixo tóxico.
Estas agências possuem uma enorme quantidade de mecanismos ao serviço dos centros do capital transnacional e das instituições anexas, tais como, o FMI, o Banco Mundial ou a União Europeia que, no conjunto e objectivamente, limitam a soberania dos Estados, fazendo depender arbitrariamente as condições de financiamento à exigência de imposição de políticas que submetem esses Estados a condições de dependência e agravamento da vida dos povos e das respectivas economias, agravadas pela falta de políticas em cada País para assegurarem a sua soberania económica, orçamental e monetária.
O nosso País tem sido chantageado pelas referidas agências que nos consideram economicamente como lixo com todas as consequências negativas que essa classificação determina e, mesmo com a melhoria social e económica ultimamente conseguida, nem por essa razão, por exemplo a Moody’s, deixou de nos catalogar negativamente.
Outro tanto acontece com a Standard & Poor’s cuja notação financeira nos mantem no segundo nível de lixo, BB, mas, para apaziguar a situação, elevou a perspectiva, o chamado outlook do rating de Portugal, de estável para positiva, uma no cravo e outra na ferradura, mas de acordo com a estimativa do Citigroup.
A próxima avaliação do rating de Portugal pela Standard & Poor’s está agendada para 18 de Setembro, segundo o calendário apresentado antecipadamente, não querendo isto dizer que a agência não possa anunciar uma decisão fora das datas calendarizadas, desde que isso se justifique e dado que, no relatório sobre a reavaliação a Portugal, a S&P justifica a melhoria da perspectiva com a estimativa de uma recuperação mais forte da economia e com o compromisso do Governo na consolidação das contas públicas.
Mas a agência faz também algumas ressalvas, a saber: «apesar de considerarmos que a melhoria dos dados do emprego confirma a relativa eficácia das reformas no mercado de trabalho, consideramos que as actuais políticas em matéria de educação poderão não ser suficientes para combater a falta de mão-de-obra especializada ou a elevada percentagem de desemprego estrutural, que é também de longo prazo e abrange os trabalhadores menos qualificados», além de que «o mercado de trabalho em Portugal continua a ser mais regulado do que o da maioria dos seus pares», diz também a S&P, acrescentando ainda que «os recentes aumentos do salário mínimo poderão sustentar a criação de empregos menos qualificados».
Além disso, «consideramos que algumas áreas dos sectores dos serviços em Portugal, incluindo os serviços profissionais, não tiveram reformas suficientes para poderem contribuir mais para a competitividade da economia. O fracasso em concluir a agenda das reformas estruturais poderá pesar no futuro investimento directo», ou seja, trocado por miúdos, o nosso País e o seu desenvolvimento económico e social, continua dependente das opiniões emanadas das referidas instituições, mas não foi com elas que demos a volta ao calendário da governação de direita e encetamos um novo caminho de melhoria das nossas condições de vida, para continuar e levar mais longe.