Em entrevista ao AUDIÊNCIA, Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Gaia há quase cinco anos, admitiu que o seu objetivo é manter-se até ao limite de mandatos, ou seja, estar 12 anos à frente dos destinos gaienses.
A construção da nova ponte que irá ligar Gaia e Porto, a relação com os cidadãos e com as instituições do concelho e os projetos que ainda faltam implementar foram outros dos temas que o autarca abordou numa entrevista em que também ficou claro que a sua nova posição de presidente da Área Metropolitana do Porto poderá ajudar e beneficiar a área dos transportes em Gaia.
Já passaram quase cinco anos desde a sua tomada de posse na Câmara de Gaia. Na altura, não teve medo de fugir ao trabalho que era feito pelo seu antecessor, aliás, chegou a dizer que seria o único com qualidades e direito para se assumir como herdeiro do trabalho feito por Luís Filipe Menezes. Sente-se arrependido de ter dito isso, acha que Gaia, quando tomou posse, era aquilo que estava à espera? E agora, cinco anos passados, os resultados alcançados atingiram o que pretendia?
Não só não me sinto arrependido como se fosse hoje diria exatamente o mesmo. Como acho que é evidente que quem me suceder, seja do meu partido ou de outro qualquer, há-de ser o herdeiro da minha gestão, porque a nossa história coletiva faz-se desta forma, em passagens de testemunho e não em ruturas pessoalistas que, não só não são possíveis de fazer, como não fazem sentido nenhum. Do ponto de vista simbólico é assim. Do ponto de vista prático, ter sido o herdeiro significou também a possibilidade de corrigir e alterar muita coisa que estava mal, mas também de, com a mesma humildade democrática, continuar as coisas que estavam bem. Eu acho que já chega de um tempo em que tudo o que os outros fazem é mau e tudo o que nós fazemos é bom. Hoje, sinto-me mais autonomizado, porque foi fechada uma parte deste processo, foram resolvidos muitos problemas, e hoje tenho autonomia para afirmar os meus próprios projetos.
De certa forma ligado ao passado, mas com alguma relevância no presente, o festival Marés Vivas terá uma nova localização. Como estamos neste campo?
Esse tema é a demonstração de que a política, às vezes, tem um lado que faz com que os cidadãos fujam dela. Vai realizar-se num terreno junto ao Parque de São Paio, que tanta polémica deu há cerca de dois anos. Vai realizar-se lá e, que se conheça, agora não há polémica nenhuma, o que mostra duas coisas: que não havia nenhuma razão para fazer aquele combate pré-eleitoral completamente inacreditável que ajudou a prejudicar o nome de Gaia e o nome do festival de verão, e mostra também que os partidos políticos estão a precisar de se repensar a si próprios, porque, além da campanha negra, que é cada vez mais intensa, depois ficam desacreditados nestes momentos em que se nota a completa falta de verdade.
Essa campanha negra a que se refere, depois de um resultado tão arrasador nas últimas autárquicas, em que deve ser histórico vencer em todas as secções de voto do concelho, reconhece alguma autoridade moral ou de outro tipo qualquer a quem o critica neste momento, ou quer fazer um apelo para que reflitam no que estão a fazer?
Quando se trata de um modelo e de um perfil de comportamento deste calibre, assente na base da campanha negra, do insulto, o resultado eleitoral ainda acicata mais os comportamentos. Quando estamos a falar de gente decente, o resultado faz meditar e mudar o trajeto; infelizmente, quanto maior o resultado, mais acicatados ficam os comportamentos deste modelo de política que as pessoas rejeitam, mas quem é rejeitado acha que não foi rejeitado, foi apoiado por quem votou nele! Eu preferiria ter tido um resultado bem menor em termos eleitorais e ter tido uma oposição decente, porque ninguém me apaga nem da memória nem do corpo o que aconteceu. Mas julgo que os cidadãos também mostraram que sabem distinguir o trigo do joio e agora, a mim, compete-me não os deixar ficar mal.
Mas o combate contra si continua?
Não se trata de um combate, mas de uma tentativa de massacre, um bullying que dá pena. No início, ficava perturbado, reagia de forma assertiva. Hoje tenho muita pena desses casos doentios a quem sobra blogue e facebook, quando falta realização pessoal e felicidade. Há os que dão a cara, porque estão dispostos a serem marionetas e os que escondem a mão, alguns acabam por chegar longe… A minha vida é transparente e tenho um percurso que perturba algumas vedetas, mas o meu compromisso é com os cidadãos. Mas reconheço que tenho muita pena de quem vive doentiamente obcecado em perseguir os meus atos e inventar calúnias. É um amor platónico, mas não deve ser uma vida lá muito feliz!
Apesar disso, parece que continua imune a essas críticas. O ano passado houve aqui umas energias negativas com a entrega da medalha da cidade a Marco António Costa, mas este ano entregou-a a Firmino Pereira.
Eu faço o que a minha consciência manda. E, por isso, da mesma forma que acho que foi muito oportuno e aceitável a proposta que o vereador Firmino Pereira na altura fez para a entrega da medalha ao Dr. Marco António, que se fosse hoje a entregaria na mesma, entendi que os 16 anos de percurso na Câmara Municipal como vereador e como vice-presidente de Firmino Pereira, com a dedicação que teve, julgo que o município tinha de lhe ser grato. E foi isso que decidi, foi uma proposta minha, e não estou nada arrependido. O que também fica demonstrado é que a polémica da medalha do Dr. Marco António foi apenas uma polémica de ódio de alguns que estavam a tentar fazer regressar o município ao passado e que viram na medalha do Dr. Marco António uma dificuldade em conseguirem unir o partido em torno do regresso ao passado. Isso é uma leitura política que eu tenho e que um dia explicarei. Mais uma vez, o povo falou mais alto.
Hoje, passados cinco anos, em que é que o município é diferente? É aquilo que idealizou ou ainda está longe? Está a seguir a trajetória que traçou, tendo em atenção que disse, anteriormente, que não haveria nada que o arredasse do seu concelho porque o seu objetivo era servir esta comunidade. Mantém a mesma posição?
Tenho esperança de ter a confiança das pessoas para fazer 12 anos de mandato em Gaia e, muito provavelmente, depois regressar à minha vida profissional na Universidade. Digo isto para esclarecer quem vai lançando dúvidas sobre mim; Gaia não é para mim uma plataforma giratória para outros voos. É o limite de mandatos, mas não é só por ser o limite de mandatos, é porque eu acho que é o tempo necessário para arrumar a casa, programar, planear e executar um projeto político. E ver também os frutos do trabalho. Por isso é que, apesar de defender o alargamento do número de anos dos mandatos para cinco ou seis anos, que era o ideal, defendo que também se mantenha a limitação de mandatos, dessa forma permitindo que haja tempo de planeamento. Tivemos um tempo de reorganização da Câmara, financeira, administrativa, recursos humanos, e agora estamos numa fase de rejuvenescimento, com a entrada de pessoas novas, resultantes de concursos públicos para os mais variados setores, resolução dos problemas das empresas municipais e de projetos âncora que o município tem de assumir, primeiro porque são importantes para o município, depois porque são importantes para a região e, até por isso, criando um novo espírito de relação com o Porto, criando aqui, com o presidente Rui Moreira e com a Câmara do Porto, uma relação muito especial que, no nosso caso, além de ser uma relação política começa por ser facilitada porque é uma relação pessoal também.
Criam pontes…
É verdade. E as pontes pessoais são, às vezes, a melhor forma depois de estabelecer pontes institucionais. E é o que tem acontecido em múltiplos dossiers, como as festas de São João, o Centro de Congressos ou a Ponte D. António Francisco dos Santos. É verdade que essa relação tem sido às vezes criticada, porque não era esse o espírito entre as duas cidades. Mas julgo que é aquilo que tem de acontecer, a bem de todos.
Desvende-me um pouco mais do “segredo” da ponte do ex-bispo do Porto que apanhou algumas pessoas de surpresa pela maneira como foi apresentada e pela maneira como vai ser custeada.
Em primeiro lugar, ela foi apresentada com um trajeto de trabalho feito. O pior que nos pode acontecer é pensarmos que os projetos surgem da inspiração de um determinado dia. Quer eu, quer o presidente Rui Moreira, vínhamos a trabalhar neste assunto antes mesmo das eleições e tivemos em cima da mesa a possibilidade de apresentar este projeto antes das eleições. Mas decidimos não o apresentar, porque a ideia que às vezes temos é que estes projetos, quando são apresentados em período eleitoral, por muita credibilidade que tenham, são lidos como campanha. Ora, nós não podíamos misturar estes dois assuntos, estávamos muito confiantes no voto popular e apresentamos, já no início deste ano, já com um trabalho mais evoluído, e decidimos várias coisas. Decidimos uma localização que julgo ser a que melhor serve o redesenho urbano, quer de Gaia, quer do Porto, resolvendo os problemas de Gaia do lado de Santa Marinha e Oliveira do Douro, a necessidade de acompanhar a reabilitação das encostas do Douro e de dar uma nova centralidade àquela zona. E resolve o Porto, também do seu lado, o problema da atrofia de Campanhã e cria-se uma ponte à cota baixa. A localização foi, por isso, definida, o modelo é uma ponte rodoviária que é o que faz sentido, com as novas valências de ciclovia, pedonal, etc. Ao mesmo tempo, é uma ponte que ajuda a resolver os problemas de congestionamento na ponte Luís I, libertando o próprio centro histórico, e articulamos a ponte com outros meios mais leves de circulação na ponte Luís I, como a ciclovia ou como trazer o elétrico da Alfândega até ao centro histórico de Gaia e servir com esse equipamento uma zona que é para nós muito especial, que é a zona turística que hoje está completamente pedonal. Portanto, isto foi uma estratégia integrada, não foi uma apresentação de uma ponte, foi uma estratégia integrada e depois culminar com o nome, o nome de alguém que significa, de facto, o espírito de pontes entre pessoas, alguém marcante na região, e que nos inspira, pelo menos a mim, a tentar ser cada dia melhor do que no dia anterior, porque trata-se de uma pessoa, D. António Francisco dos Santos, um bispo que teve tão curta duração mas, ao mesmo tempo, tão marcante como bispo do Porto, o que justificou e muito a nossa decisão.
Neste momento o projeto já está numa fase mais adiantada?
Sim, aprovamos o Agrupamento de Entidades Adjudicantes entre os dois municípios e o caderno de encargos está a ficar pronto para, muito provavelmente em Outubro, lançarmos o concurso do projeto.
Paralelamente à ponte, o que é que o município vai ter de fazer para apoio a essa ponte e quanto poderá, eventualmente, investir?
Nós temos articulado com o Porto, no modelo de infraestrutura que concebemos, uma coisa que era muito clara. Nós só dependemos de nós, não queremos andar à cata de fundos comunitários e de pedidos ao Governo, porque a região tem de mostrar que não é uma região que se limita a pedir, mas é capaz de definir as suas estratégias e de as pagar. É uma ponte que vai ser paga integralmente pelos dois municípios. Claro que, do lado de Gaia, a importância que a ponte tem é de redesenho urbano, o que vai significar que vamos construir, no fundo, a via de ligação que vai trazer o trânsito da ponte D. António Francisco dos Santos para a cota alta, nomeadamente para a zona da VL9 e levar o trânsito da VL9, desanuviando a Ponte do Infante, levar o trânsito para a cota baixa através da ponte D. António Francisco dos Santos. Por isso, é um modelo que nos serve, porque temos capacidade para pagar a ponte e temos capacidade para pagar os acessos que estão já desenhados e que custam 4 milhões de euros. É um trabalho muito intenso, que foi feito nos últimos 8 a 9 meses, mas foi importante porque fizemo-lo no gabinete, de forma dialogada com os atores institucionais do terreno, fizemo-lo de forma ponderada, sem pressões eleitorais, sem esse tipo de constrangimentos e, ao mesmo tempo, com a certeza que é um projeto estruturante, quer para Gaia, quer para o Porto.
Estes valores, quer os 12 milhões, quer os 4 milhões que falou, surpreende comparativamente a outras obras em que se anunciam muitos milhões e esta parece quase um custo “low cost”.
Não. Estamos a contabilizar a construção dos acessos e, olhando para o território e reconhecendo que há razões para acreditar que só vamos mesmo construir os acessos, não vamos pagar as expropriações, porque uma das vantagens daqueles acessos é criarem uma frente urbana de construção para os proprietários. Portanto, na verdade, é essa negociação que vamos fazer, é o que ganham de capacidade construtiva com a cedência ao domínio público e é nessa contrapartida que trabalharemos. No que diz respeito à ponte, escolhemos em concreto aquele sítio porque é também, se estivermos a ver o perfil do rio, a zona onde o rio é mais estreito e onde a ponte pode articular-se melhor com as acessibilidades. É uma ponte que tenderá a ser simples, leve, mas, ao mesmo tempo, histórica e importante, que mantenha a tradição do rio Douro nesta zona de Porto e Gaia. É ter mais uma ponte que respeite uma história de pontes entre Gaia e o Porto que são normalmente pontes que ficam para a História e que perpetuam pessoas, Gustavo Eiffel, Edgar Cardoso… portanto, pessoas que são marcantes e, no fundo, não é apenas a construção de uma infraestrutura. E está orçamentada dentro daquilo que são os padrões da construção e é isso que importa.
Este novo redesenhar da rede viária do lado de Gaia, não vai fazer acordar nenhum dos mega projetos que estavam previstos em termos da rede viária, nomeadamente, a ligação da N222 via Paroquial de Oliveira do Douro, a VL10?
A VL10 poderá ter aí um impulso, porque uma das ligações da nova ponte vai rebater à Rua do Bolhão, à saída do IC23, e fazer a sequência paralelamente à Rua de Sá, passando por baixo do IC23 e desaguando na Ponte D. António Francisco dos Santos. O outro, vindo da ponte, vai ter diretamente à rotunda da VL9, junto à Real Vinícola. A expetativa que temos é que isso seja em si mesmo uma alavanca para surgirem novos projetos. Agora, julgo que, no caso da VL10, o troço entre a EN222 e a Rua Rocha Silvestre, foi pensado em cima dos mapas sem olhar para o território e o impacto que aquilo teria na freguesia e na cidade como um todo, é um impacto negativo colossal comparativamente com as vantagens. Portanto, em alternativa, preferimos ter o reforço da malha viária interna à freguesia e não uma autoestrada a rasgar a freguesia.
Continuando a falar de pontes, temos a histórica ponte D. Maria II abandonada, mas que poderá acordar brevemente, não é?
Sim. A ponte D. Maria é uma ponte que é gerida, e mal, pelas Infraestruturas de Portugal. E o que temos estado a discutir com as Infraestruturas de Portugal é que estamos disponíveis para participar num processo de concessão ou mesmo de exploração direta daquela ponte, tendo em vista a sua reabilitação para a utilização, naturalmente, de modos ligeiros de circulação. A única coisa que exigimos, e acho que é óbvio, é que as Infraestruturas de Portugal entreguem a ponte depois de um processo de reabilitação. E acreditamos que no âmbito do atual quadro comunitário é possível encontrar os recursos para isso. Estamos disponíveis para que aquela obra de arte, que é uma obra de arte absolutamente extraordinária para todos nós, seja entregue aos municípios depois de devidamente requalificada, o que também mostra que estamos mesmo a precisar de um reforço de competências ou por descentralização, ou por descentralização com uma posterior regionalização, porque o património do país não pode estar na mão de gente que decide as coisas a partir do Google. E, por isso, a ponte D. Maria é para nós uma prioridade, mas temos, em primeiro lugar, de negociar com quem a detém, ou seja, com o poder central.
“A boa gestão não é apenas a apresentação de bons resultados, é, sobretudo, o desenho de um futuro melhor”
Há quem o considere um negociador exímio, que permitiu arrecadar receitas para investimento no município, porque quando tomou posse tinha uma série de situações a cair em cima do município que o iriam levar quase à falência. Mas conseguiu negociar situações que agora permitem o alívio financeiro para estar disponível para estes investimentos.
É factual. Não sei se sou exímio ou não, mas para já não tenho razões de queixa. Quando nós dizemos qual foi a evolução das dívidas do município, as pessoas ficam surpreendidas, porque à escala do município de Gaia foi uma redução muito acentuada. Juntando as empresas municipais, passamos de um montante de 299 milhões para um montante de dívida de 134 milhões em quatro anos, o que é absolutamente extraordinário. E eu tenho explicado que, em alguns casos, isto resultou em pagar, é verdade, diminuímos a dívida pagando, mas não só. E aí talvez seja a virtualidade do nosso modelo de gestão. Noutros casos reduzimos a dívida renegociando. E reduzimos muita dívida renegociando enormes volumes de dinheiro que tínhamos a pagar em juros de mora e que, ao nos comprometermos a pagar, também negociamos que nos libertassem parte ou a totalidade dos juros. Nós estávamos a pagar cerca de 1 milhão e meio de euros de juros de mora por ano. Esse valor dá para construir um centro de saúde por ano. Em 2018 vamos pagar basicamente zero de juros de mora. Por isso, quando se fala de poupança não se fala de deixar de gastar, às vezes, fala-se de deixar de pagar coisas que não fazem sentido nenhum. Este dinheiro de juros de mora que libertamos é dinheiro que passa a estar disponível para o investimento. E depois também é verdade que há outras variáveis que aqui aconteceram. A Câmara passou a dedicar uma parte dos seus recursos, que outrora eram dedicados a financiar coisas como a Gaianima, a fazer de forma muito mais barata e, ao mesmo tempo, eu diria que quase sem se notar a diferença, as suas iniciativas, seja o S. João, sejam as obras. A verdade é que as coisas hoje rolam de maneira diferente.
Para que os munícipes tenham a noção, o mesmo presidente de Câmara que se propõe a construir a ponte a custas próprias, em colaboração com o município do Porto, foi capaz de reduzir o passivo em nove pontes iguais.
É verdade e o exemplo que tenho usado é outro. Quando me perguntam se temos capacidade para pagar os seis milhões de euros da nossa parte da ponte, a que acresce mais quatro das acessibilidades, ou o Centro de Congressos, eu limito-me a lembrar que seis milhões de euros foi quanto pagamos em juros de mora nos últimos quatro anos, um milhão e meio por ano, em números redondos. Por isso, aquilo que vamos poupar neste mandato de pagamentos de juros de mora paga-nos, por exemplo, a ponte. Agora, há uma coisa que a partir deste ano vamos fazer, e que é uma decisão minha que se manterá enquanto eu estiver cá como presidente de Câmara, é ter no nosso orçamento uma rubrica de um milhão e meio de euros, que se vai chamar a Rubrica do Futuro ou algo do género, que vai ficar registada no orçamento como a rubrica do dinheiro que poupamos à custa do cumprimento dos prazos de pagamento e de não termos juros de mora, e essa rubrica vai ter de servir para investimento. As pessoas vão perceber que a boa gestão não é apenas a apresentação de bons resultados, é, sobretudo, o desenho de um futuro melhor.
Há pouco falou de uma futura regionalização ou alteração relativamente ao poder local, o facto é que há alguns meses foi eleito presidente do Conselho Metropolitano do Porto. A partir daí é notório para todo o país que está a surgir um novo líder a Norte. Sente isso?
Não. Sinto apenas que a Área Metropolitana do Porto (AMP) tem de cumprir o seu papel. Em primeiro lugar, foi um orgulho muito grande, porque Gaia nunca tinha tido nenhum presidente da Área Metropolitana do Porto e também é verdade que o PS há 20 anos não liderava a Área Metropolitana do Porto, depois de Fernando Gomes, e por isso fiquei muito satisfeito com essa eleição, sendo certo que o meu ponto de partida era apoiar o Dr. Rui Moreira, porque eu acho que, por princípio, a AMP deve ser liderada pelo autarca do Porto. Por variadíssimas razões ele não o quis e depositou em mim a sua confiança e eu avancei, e é verdade que foi uma vitória importante. O meu espírito é unir a Área Metropolitana que é composta por 17 municípios muito heterogéneos, mas unir também a região. E não foi à toa que temos tido encontros mensais com todas as Comunidades Intermunicipais da região Norte para podermos articular posições conjuntas relativamente a uma série de assuntos. E conseguimos resultados extraordinários, por exemplo, conseguimos assinar um documento conjunto, por unanimidade, de redistribuição do dinheiro do quadro comunitário, no âmbito da reprogramação. Conseguimos também, recentemente, fechar uma das grandes prioridades que temos para as infraestruturas da região que é a criação de um novo canal de ferrovia de velocidade rápida para ligar o porto de Leixões a Zamora e, dessa forma, passarmos a integrar a ferrovia portuguesa do norte do país na rede TGV que, a partir de Espanha deriva para o centro da Europa. E é muito importante para nos aproximarmos fisicamente, quer enquanto pessoas, quer enquanto mercadorias, do centro da Europa e podermos beneficiar a nossa atividade económica. Por isso, é um trabalho que estou a levar com muita seriedade, acho que é muito importante, que tem alguns desafios como a descentralização, o quadro comunitário, ou seja, tem desafios importantes, mas também acho que, dentro do possível, vamos conseguir bons resultados. Agora, a questão da liderança não importa, não importa ao Norte ter um líder, importa ao Norte é ter um discurso arrojado, ambicioso, e ser partilhado por todos.
Este tema da descentralização e regionalização já teve um forte avanço no início do ano e agora parece que houve uma nova inflexão. Isto tem a ver com o facto de estar muito nas mãos de Rui Rio e António Costa, a possível proximidade ou cumplicidade entre os dois pode atrapalhar o processo?
Não. Por acaso eu acho que essa relação ajudou o processo. Porque, claramente, a entrada no jogo político do Dr. Rui Rio, veio trazer as condições para que este processo venha a ser aprovado no Parlamento. Porque se sabe das dúvidas que os partidos mais à esquerda do PS, o BE e o PCP, têm relativamente à descentralização, que são dúvidas muito injustas, muito erradas, e que não têm ajudado a aprofundar o processo, pelo contrário, têm ajudado é o centralismo. O Dr. Rui Rio entrou no processo, entrou bem, trouxe um novo alento ao processo, agora, os recuos e os avanços e até, às vezes, o resultado menos ambicioso que aquilo que todos gostaríamos, resulta na maior parte dos casos de termos elites em Lisboa que estão bem instaladas e que quando ouvem falar de descentralização ficam assustadas que aquilo possa abanar com o seu status. Veja-se o que aconteceu com o Infarmed, para se perceber que a descentralização é bem vista por todos, menos pelos centralistas.
Apesar do cuidado que teve em referir o nome de Rui Moreira, quem vive fora de Gaia ou do Grande Porto, acha que Rui Moreira já é passado e que o grande líder do Norte é Eduardo Vítor Rodrigues. Tem a perceção que as pessoas o veem assim?
Não. Isso são mitos e são coisas que são ditas, com certeza, em contexto de ligeireza.
Mas não seria possível, dado que é o presidente de Câmara do maior concelho a Norte do Tejo?
Isso não se põe. O Dr. Rui Moreira é um autarca de referência, é um autarca de grande qualidade que eu espero que continue o seu trabalho, porque o trabalho dele tem ajudado a cidade e tem ajudado a região. A mim compete-me fazer o meu trabalho, reconhecendo que o Porto é uma cidade e uma marca que puxa pela região e fazer o meu papel para que, ao mesmo tempo, Vila Nova de Gaia seja parte desse bimotor. Mas não temos aqui nenhum tipo de disputa desse género, porque reconheço que, da mesma forma que a capital do país é Lisboa, há aqui uma força motriz que a cidade do Porto proporciona à Área Metropolitana e à região. E eu vivo muito bem com isso!
Mas apesar de Lisboa ser a capital, não é normalmente um lisboeta que preside aos destinos do país. O que quer dizer que também a Norte do Tejo não é obrigatoriamente a cidade mais histórica que tem a obrigação de presidir…
Não, e neste caso não é, sou eu próprio, mas tenho bem a noção de que a presidência da AMP é apenas uma dimensão de um papel político. E vivo muito bem com essa importância do Porto e não tenho qualquer complexo relativamente ao Porto, mas tenho noção que o Porto é o motor da região e é assim que tem de ser. Ainda recentemente tivemos um grande momento que resulta exatamente desta parceria estratégica entre Gaia e Porto que é, por ação conjunta da empresas de Gaia e da Câmara do Porto e do município de Gaia, termos tido cá uma das figuras mundiais mais extraordinárias, o presidente Barack Obama, o que mostra que a região e o país ganham se forem puxadas por todos. Quando isto mete egos não vamos a lado nenhum e, felizmente, nem o presidente Rui Moreira nem eu próprio precisamos de alimentar o ego, porque vivemos muito bem connosco próprios.
E isso não chateia Manuel Pizarro?
Julgo que não. Manuel Pizarro tem um papel diferente, e percebe muito bem a dinâmica institucional.
Qual o segredo que encontrou que conseguiu levar um simples presidente de Junta de Freguesia a liderar o maior concelho a Norte do Tejo e a liderar a AMP?
É o segredo da humildade, do trabalho, da dedicação. Eu acho que ter sido presidente de Junta é um motivo de muito orgulho para mim, faz parte do meu currículo. Haverá outros que foram dirigentes de empresas municipais e que escondem isso do currículo, mas eu não preciso de esconder a minha passagem pela Junta de Freguesia. Agora, também tenho o orgulho de poder dizer que fui presidente de Junta voluntário, sem remuneração, sendo ao mesmo tempo professor universitário, com um trajeto académico obtido a pulso e sem favores ou ajustes diretos, que é uma coisa que também me orgulha e mostra que é possível hoje ter autarcas de excelência a lutar pelo serviço público, seja nas freguesias, seja no concelho. Admito que haja quem tenha o rei na barriga e, provavelmente, ache que ser presidente de Junta é incompatível com ser presidente de Câmara. Eu acho que estou a conseguir mostrar que isso não é verdade e que o problema está, de facto, no ego provinciano de quem fazia essas apreciações bacocas.
A qualificação académica que detém foi também um contributo para esta caminhada…
Claro, para mim foi. Não quer dizer que se não tivesse esta qualificação académica não pudesse ser presidente de Câmara. Mas o facto de ter a formação que tenho, ajuda-me, pelo menos, a definir as minhas prioridades. Ajuda-me a acreditar no investimento sustentável, na componente social, nas políticas de proximidade, porque foi isso que andei a estudar e que durante 17 anos andei a ensinar. E agora tenho a possibilidade de levar à prática.
Quais os principais problemas que encontra no Grande Porto e que pretende afrontar?
Para já, temos um problema de atrofia da capacidade de decisão e de falta de recursos. Sabe-se muito bem que o quadro comunitário, o 2020, foi gerido de uma forma muito pouco benéfica para a região e para a AMP. Sabe-se que isso depois se traduz no reforço do centralismo, mesmo quando parece que nos dão algumas coisas, como o banco de fomento que, que se saiba, não saiu da cepa torta.
E isto não será a justificação para a sua escolha para líder da AMP, porque é uma pessoa que não se deixa domar?
Que não me deixo domar é verdade, que seja essa a razão, não sei. Acho que não, acho que as pessoas reconhecem que tendo convicções e lutando por elas podemos ajudar a mudar. É o que me entusiasma. Mas como estava a dizer, temos alguns problemas muito concretos, como questões para resolver do ponto de vista das acessibilidades, nomeadamente, no IC-35 que serve Arouca, temos problemas para resolver no domínio da ferrovia que tem de ser uma aposta decisiva, no domínio do alargamento do Metro de superfície, e depois temos as questões imateriais do desemprego e desqualificação para resolver. Mas acho que tudo isto pode mudar com um clima económico favorável como aquele que temos, com autarcas ambiciosos como temos e com mais descentralização e mais capacidade de gerirmos os nossos destinos que estou certo que fazemo-lo muito melhor do que, a partir do Terreiro do Paço, uns tantos que não sabemos quem são.
Isto significa que a AMP deixou de ser agente morto?
Não vou dizer que era um agente morto, quero dizer é que tenderá a ser cada vez mais viva graças ao esforço de todos.
Qual o seu objetivo máximo a atingir durante este mandato na AMP?
Um bom quadro comunitário de apoio, que permita configurar uma década de desenvolvimento até 2030, essa é uma negociação que se vai fazer no próximo ano e meio e é absolutamente decisiva. E se pudesse escolher uma área que me parece absolutamente decisiva que assumamos como prioridade, para além do que já sabemos, da educação e saúde, eu diria um sistema de transportes que transformasse a AMP num território amigo do ambiente e, ao mesmo tempo, em que a mobilidade é um fator de coesão para todos.
“Aquilo que fizemos foi, ao mesmo tempo que combatíamos a situação financeira difícil, aliviar os bolsos dos cidadãos, porque é essa a nossa obrigação”
Voltando ao concelho de Gaia e às empresas municipais, nomeadamente às Águas de Gaia e à Gaiurb, são as empresas que fazem falta no concelho e são as necessárias para este contínuo caminho de desenvolvimento ou quando elas foram criadas tinham um objetivo e, hoje em dia, esse objetivo já não se mantém?
Hoje em dia, as empresas são muito diferentes daquilo que foi o seu ponto de partida. As Águas de Gaia foram muito pensadas como uma empresa de gestão da água que, depois, financiava coisas que eram penalizadoras do orçamento municipal. Foi por isso que foi lá metido o Parque Biológico, por exemplo, que sugava às Águas de Gaia muito dinheiro que a Câmara dessa maneira se viu aliviada. A Gaiurb foi criada num contexto que era de um enfoque grande ao urbanismo e depois teve um reforço, que resultou da extinção da GaiaSocial, que foi o reforço da componente da habitação social. São duas empresas que estão reconfiguradas, refeitas, cingidas a objetos muito claros, não podem ser empresas barrigas de aluguer, têm de ser empresas que sirvam o seu objeto social e que sirvam o cidadão e sejam importantes para o município. Paralelamente a estas duas empresas, haverá, já depois de termos recebido o visto do Tribunal de Contas, o surgimento da Régie Cooperativa de interesse público, liderada pelo município e que pode ser um importante parceiro para fazer do lado da educação, da ação social, do lazer e dos eventos, aquilo que precisamos muito que seja feito até fora da própria dinâmica do município, porque o município tem uma dinâmica estratégica, não é propriamente um organizador de eventos.
Será uma Gaianima reconfigurada?
Não. A Gaianima nunca poderá ter réplica porque, infelizmente, deixou uma ideia muito negativa do que pode ser uma empresa de eventos. Será, isso sim, uma extensão da vereação do desporto, da cultura, da educação, para operacionalizar muitas coisas que do lado do município são mais difíceis de operacionalizar. Mas nunca pode ser, nem pode querer ser, uma Gaianima, porque isso significaria repetir um erro e a maior burrice que eu poderia ter não era cometer um erro, mas sim repeti-lo.
Quando tomou posse havia uma guerra latente quanto ao preço e fatura da água, até havia líderes carismáticos do concelho que lutavam contra isso por ser um ataque aos cidadãos. Hoje, parece que isso está esmorecido. Conseguiu inverter o sentido das coisas ou criou condições para que os cidadãos se sintam minimamente satisfeitos?
Inverter não consegui inverter na totalidade, agora, é evidente para toda a gente que a distância que nos separava do custo da água no município e o custo da água na Área Metropolitana, ou nos municípios mais centrais da AMP, hoje está muito mais reduzida. Apesar das contas difíceis que tínhamos para gerir, por duas vezes no mandato anterior reduzimos a taxa de resíduos sólidos que imputa à fatura da água e os cidadãos sentiram isso na carteira. Como também reduzimos o IMI e, no fundo, tentamos desta forma mostrar uma coisa muito simples: é que, à medida que a Câmara melhorar do ponto de vista financeiro, também projeta essa melhoria no bolso dos cidadãos. Como, da mesma maneira, os cidadãos têm de perceber que, à medida que a Câmara se afundar financeiramente, também vão ser eles que vão pagar. E, portanto, aquilo que nós fizemos foi, ao mesmo tempo que combatíamos a difícil situação financeira, aliviar os bolsos dos cidadãos, porque é essa a nossa obrigação.
No passado houve um grande investimento em Gaia na habitação social. Hoje, como é que isso está?
Hoje temos um montante na ordem dos 300/400 mil euros para recuperar habitação, aproveitando o quadro comunitário para a reabilitação, e temos um projeto, que vai ser apresentado em outubro, de criação de cerca de 500 novas habitações. Estamos a falar de um parque habitacional que tem mais de 3 mil habitações, portanto, estaremos a falar de 15 por cento a mais de construção, mas de uma habitação diferente. Não habitação bairro social ou urbanização municipal, mas um modelo de construção mais direcionado para classes médias que possa, dessa forma, ajudar a resfriar a dinâmica do mercado porque, hoje, para um casal jovem que queira iniciar a sua vida em comum é quase impossível arrendar uma casa em Gaia e sobretudo na zona mais central e até, cinicamente, fica mais barato ir à banca pedir empréstimo para comprar uma casa do que arrendar. Ora, a melhor maneira de atenuarmos este aquecimento do mercado imobiliário, é nós próprios contribuirmos para aumentar a oferta e, dessa forma, baixar o nível de arrendamentos. É para aí que queremos contribuir. Hoje, precisamos muito de dar respostas de habitação a pessoas mais carenciadas, é verdade, mas precisamos de reconhecer que quem mais está pressionado pela procura de habitação é também um grupo de classe média, sobretudo jovens, a quem nós temos de dar resposta.
O município tem acautelado situações de diferenciação de IMI no concelho, porque, por exemplo, quem consulta o Booking fica alarmado com o custo de aluguer das habitações junto ao mar, que chegam a atingir os mil euros por dia alguns apartamentos. Aí o município poderia ir buscar alguma verba no IMI diferenciado, não?
Infelizmente, a lei não prevê isso e eu acho que houve aqui há uns tempos uma grande polémica nacional quando um secretário de Estado disse que as casas à beira mar deviam pagar um IMI superior e depois foi ridicularizado a dizer que o sol também custava dinheiro. Mas, na verdade, o que ele queria dizer faz muito sentido, é muito injusto que esteja a ser cobrado pela mesma bitola uma moradia T6 ou T7 à beira mar e uma pequena casa no interior do concelho. Claro que me dirá, mas o IMI é projetado sobre a avaliação do imóvel e eles já pagam coisas diferentes, mas eu acho que a diferença não é suficiente. E se nós queremos coesão no concelho, tínhamos aqui um trabalho para fazer, reformulando um bocadinho a questão do IMI, reformulando o próprio IMT, que deveria significar mais dinheiro, mais recursos para o município do que aquilo que significa, e dessa forma fazer algum nível de compensação. Mas, neste momento, a lei não permite essa diferenciação no território e por isso não é possível.
Ainda sobre o turismo em Gaia, estava prevista a aplicação de uma taxa em Vila Nova de Gaia. Mas ainda não está em vigor…
Ainda não. É a designada taxa turística. Nós começamos a trabalhar nela juntamente com outros municípios, nomeadamente com o Porto, e demoramos mais tempo porque ajustamos a filosofia. A ideia agora é menos de uma taxa turística, que vai passar a chamar-se taxa de cidade, e tem algumas nuances específicas. Por exemplo, atendemos muito à sazonalidade, paga-se a taxa de cidade diferentemente na época alta ou no inverno, exatamente para poder compensar estes momentos em que há menos pressão turística. A faixa etária a partir da qual se paga foi alargada, ou seja, perdemos aqui três meses que resultaram, no fundo, de uma revisão do regulamento face àquilo que era o paradigma de Lisboa e Porto, e julgo que temos um regulamento bom que vai começar a ser aplicado algures por setembro.
Mas esse regulamento será aplicado apenas para hotéis ou também para o alojamento local?
A taxa de cidade é uma taxa que se aplica a todas as formas de alojamento que resultem numa relação com o turismo e até pode ser uma relação mais duradoura como, por exemplo, o arrendamento para estadias de maior duração, estadias de quadros técnicos que cá ficam durante dois ou três meses a trabalharem em empresas. Por isso, também demoramos porque estamos a tentar fazer uma relação com todas as plataformas tecnológicas existentes, a começar na Airbnb, para garantir que ninguém escapa a esta taxa que é, no fundo, uma taxa que visa pagar a pegada turística que fica na cidade. E, por isso, é uma taxa muito justa que já se cobra há muito tempo por essa Europa fora, e que achamos que é um contributo importante para termos a cidade limpa, digna, como assim importa. Sabemos que com a pressão turística que temos tido isso está-nos a custar mais dinheiro, portanto, tem de ser dividido também por quem nos visita.
E esse valor arrecadado dará para construir uma ponte todos os anos?
Dará para construir o nosso lado da ponte! Mais a sério, compensa a pegada turística de quem nos visita.
Temos também a situação da economia em Gaia. Continuam a afluir empresas e empresários a Vila Nova de Gaia, recentemente, nos Açores, o responsável máximo GrandVision, Rui Borges, afirmou estar muito satisfeito com o investimento porque Gaia é uma cidade que oferece todas as condições para a economia se desenvolver.
Eu tenho muito orgulho na GrandVision porque foi uma das primeiras empresas que eu consegui, já no meu mandato, “assediar” para ficar em Vila Nova de Gaia. Nós criamos um programa, que ainda hoje se mantém, que é o programa Gaia Capacitação-Emprego, que visa colocar Gaia na disputa por investimento na região. Investimento tecnológico, investimento importante em setores de atividade que até nem são tradicionais, como a produção de óculos para mercados muito específicos, por isso acho que é possível diversificar a nossa atividade económica, criar postos de trabalho qualificados e que respondam ao que as pessoas pretendem quando saem das universidades. Mas, além da GrandVision, não descuramos outras coisas que, sendo um bocadinho mais tradicionais, marcam a nossa história. E por isso também nos dedicamos com força, o que para mim é sempre um orgulho referir, à Cerâmica Valadares, que foi um ressurgimento ocorrido muito à custa de um administrador judicial absolutamente extraordinário, de um secretário de Estado da Segurança Social que muito nos ajudou na altura e da Câmara Municipal que se empenhou com o Millennium BCP para viabilizar aquele negócio que hoje prospera e se tem algum problema é o excesso de encomendas.
Na estratégia para a economia em Vila Nova de Gaia, o município tem optado por o fazer diretamente com os empresários individualmente. Isto porque não há uma estrutura representativa do empresariado em Gaia?
Nós temos duas estruturas interessantes. A AciGaia, que representa o comércio e indústria existente, e a InovaGaia que tem uma componente, por um lado, de incubadora e, por outro lado, de formação. A verdade é que, quer uma quer outra, têm um objeto muito específico num caso mais dedicados aos que já cá estão, noutro caso mais dedicado àqueles que querem uma zona de embrião ou de incubação. E julgo que o tempo vai fazer com que a AciGaia cada vez mais alargue a sua área de influência para poder ser também um instrumento de internacionalização da nossa marca. Agora, também é bom dizer que estas estruturas passaram por uma série de anos de crise e de emagrecimento, portanto, não é exatamente a mesma coisa estar numa associação comercial e industrial em Lisboa ou estar em Gaia. O abalo de uma crise económica deixa-as mais debilitadas, mas a minha expetativa é que elas se reforcem. Mas as associações não impedem que o município tenha por si só a sua iniciativa, que é o que temos feito.
Então, ao contrário das associações, a economia em Vila Nova de Gaia não está em crise?
Graças a Deus. Felizmente, nos últimos dois, três anos, fomos além da dinâmica de crescimento do próprio país. Os números do desemprego em Gaia, que eram há cinco anos dramáticos, hoje, enfim, enquanto houver um desempregado será sempre um drama, mas os números do desemprego estão em linha com a média das grandes cidades. Temos uma atividade económica que nos orgulha, uma constante instalação de empresas, não apenas na área do turismo, mas também na área do turismo, empresas em setores de atividade tradicionais, como a carpintaria com um crescimento pujante, alguns setores de atividade que se reforçam, por exemplo, a RTE, a JJ Teixeira numa área mais tradicional, mas, ao mesmo tempo, com uma capacidade de inovação espetacular, a Cerâmica de Valadares que já referi, e agora há as unidades hoteleiras na beira-rio. Temos tido a sorte de apanhar aqui um clima positivo, por um lado, mas diria que, no nosso caso, esse clima tem sido bem melhor do que a média nacional, porque nós também fizemos o trabalho de casa para que as coisas se tornassem exponenciais na nossa cidade.
Mas não é só na economia que o município se tem empenhado. Foram criados vários programas, nomeadamente no plano educacional com o Gaia Aprende+, na área social com o Gaia+Inclusiva, e um sem fim de iniciativas.
Aqui o sublinhado vai para os nossos parceiros. Nós criamos estes programas, é evidente que são programas municipais que são suportados financeiramente pela Câmara, mas também acho que é evidente para toda a gente que sozinhos não eramos capazes de os fazer. E só os conseguimos fazer, porque tivemos o apoio de mais de uma dezena de IPSS pelo concelho fora. E se me orgulha muito o GaiaAprende+, que hoje é em si mesmo um elemento estruturante da educação em Gaia, não deixo de referir que neste momento a grande aposta do município é o GaiaAprende+(i) que é um programa único no país. Desvalorizado porque não fazemos disto alardo político, porque estamos a lidar com crianças com necessidades educativas especiais, mas é um programa que oferece terapias durante o ano todo e não apenas durante o período letivo, e que oferece um conjunto de respostas socioeducativas que não encontro em mais nenhum município. E isto é o corolário de um trabalho estruturado de reforço da Câmara Municipal nestes domínios, sem ter havido descentralização nenhuma. Ou seja, estamos a fazer, não aquilo que a lei prevê, mas muito além daquilo que a lei prevê. Mas estamos a fazer aquilo que, do ponto de vista da coesão social, melhor responde às famílias e aos cidadãos. Era tradicional vermos algum envolvimento, algum apoio em concreto ao longo do ano letivo, mas, neste momento, temos um paradigma em Gaia que é garantir que as crianças que saem no final do ano letivo não têm de esperar pelo início do ano letivo seguinte para voltar à escola, muitas vezes tendo perdido os ganhos que tiveram com as terapias ocupacionais e com as atividades adaptadas no ano letivo anterior. Neste momento, julho, agosto e setembro, são meses de contínua aprendizagem e desenvolvimento para estes alunos e isso tem-se sentido, quer na multideficiência, quer no autismo, e esse é um motivo de orgulho. Do lado do trabalho social, é evidente que há coisas que se mantiveram, porque estavam bem feitas, e há outras coisas que criamos de novo. Tenho muito orgulho no facto de Gaia passar a ser um dos poucos municípios do país que tem um programa municipal de apoio ao arrendamento, que foi uma coisa que surgiu há dois anos e que, neste momento, serve já mais de uma centena de famílias. Tenho muito orgulho em sentir que o município de Gaia tem um programa de emergência social para qualquer eventualidade mais gravosa. Agora, nunca direi que isto é uma responsabilidade da Câmara Municipal. Quanto muito, isto foi uma inspiração da Câmara Municipal que é acompanhada de uma forma altamente competente e empenhada pelas IPSS do concelho, que são uma estrutura da economia social que temos todos obrigação de valorizar e não apenas valorizar quando estamos no poder.
Portanto, nota-se com este tipo de iniciativas que o município demonstra um sinal de força e de vitalidade.
Mostra que é possível que o município de Gaia, que é o terceiro maior município do país em termos demográficos, seja capaz de conciliar investimento inteligente, de futuro, de criação de condições de melhoria constante com políticas imateriais, políticas que têm a ver com a função social, com a educação, com o ambiente, ou seja, coisas que para muita gente parecem secundárias e que, hoje, são nas grandes cidades da Europa, com quem Gaia se quer equiparar, elementos estruturantes e da qualidade de vida que lá existe.
Uma das obras que já faz história em Gaia, pela sua ausência, é o Hospital Gaia/Espinho. Mas ultimamente, e dizem que por força do novo presidente do Conselho da AMP, tem pernas para andar e estará para breve…
Há duas coisas que assumimos como decisivas para este mandato. Era a área da saúde, continuando uma prioridade do mandato anterior, e a área dos transportes. Por isso, fico muito contente que já tenha vindo o Visto do Tribunal de Contas que permite a fase B do Hospital de Gaia, que esteja para inaugurar ainda durante o mês de julho o novo centro de saúde de Vilar de Andorinho, e que, no mesmo dia em que inaugurarmos o novo centro de saúde de Vilar de Andorinho, lançaremos a primeira pedra do centro de saúde da Madalena. Isto na área da saúde mostra que estamos a participar num esforço do país no domínio da saúde pública, alocando 3 milhões de euros de dinheiro municipal, e a valorizar os nossos equipamentos, quer o Hospital, quer estes dois centros de saúde. Na área dos transportes, que por acaso se cruza com o Hospital de Gaia, temos a extensão da linha de metro para Vila D’Este, passando pelo Hospital, e depois a ligação das Devesas ao Campo Alegre com uma ponte dedicada à linha de metro, pela VL8. Os transportes hoje são absolutamente decisivos porque trazem qualidade de vida às pessoas, definimos essa prioridade no seio da Área Metropolitana, com a Área Metropolitana de Lisboa, e esperamos que esse seja o mote do próximo quadro comunitário. Aí sim, poderá fazer a diferença ter o presidente da Câmara de Gaia à frente da AMP para lutar por um sistema de transportes mais inteligente e mais amigo do cidadão.
Ainda sobre transportes, mas na faceta mais turística, finalmente existe os 32 km de praia…
15 km. Se somar a orla ribeirinha que vai no próximo ano candidatar os seus areinhos a praia com bandeira azul, e acho que isso é muito possível, chegará lá, porque são 17 mais 15, que dão os tais 32km.
Mas esses 15km passaram a ter ligação de autocarro entre eles, não é verdade?
Vão passar a ter um shuttle durante o dia. Não tanto porque não haja transportes lá, porque há, mas mais porque os transportes são organizados em modelo de descarga dos veraneantes e depois de recolha. E nós precisamos muito de ter um transporte mais longitudinal que me permita, por exemplo, estar de manhã numa praia da Madalena e estar de tarde numa praia de S. Félix da Marinha. E, portanto, fazer isto de forma tranquila, acessível, e fazer desta mobilidade uma forma também de desanuviar o trânsito. Quem hoje frequenta a orla marítima de Gaia percebe que, sobretudo aos fins de semana, há ali uma pressão forte, com muita circulação automóvel. É uma experiência que vamos fazer, vamos depois avaliar, veremos como as coisas correm, mas tenho a melhor das expetativas.
Vila Nova de Gaia acaba também de viver uma época desportiva louvável, com destaque para os mais recentes títulos da equipa de futebol feminino do Valadares, do Futebol Clube de Gaia que esteve na Final Four da Taça de Portugal e da equipa de andebol do Modicus. Qual é o relacionamento do município com as coletividades desportivas?
O relacionamento é muito transparente. Nós fazemos a aprovação dos apoios, todos ao mesmo tempo, e dizendo a cada um o que pode contar e quais são os critérios. Ainda agora no final da época são cerca de 170 mil euros para apoio às camadas jovens, juntamente com os cerca de 190 mil que pagamos de inscrições dos atletas. A relação do município é, por isso, muito clara. É uma relação de apoio a tudo quanto é formação, e de renúncia a envolvermo-nos em apoios a seniores e em subidas de divisão para obter aplausos. Depois, é uma clara aposta nas infraestruturas. Se alguma coisa me posso orgulhar nesta área é que nos últimos quatro anos, quer a reabilitação de infraestruturas, quer a construção de infraestruturas novas, esteve em plena força. Por isso, é uma política desportiva muito transparente. Aposta na formação e aposta nas infraestruturas. Quem quiser evoluir para um modelo mais profissionalizante com seniores e aposta na componente mais competitiva, pois que tenha condições para o fazer, não é o município que o impede, embora também não é o município que o paga.
“O tempo de presidente de Câmara foi um tempo em que vivi os melhores momentos da minha vida e os piores também”
Com as funções de líder deste concelho, e com a liderança da AMP, como fica a sua vida pessoal?
Fica bem! Tenho uma equipa que também me ajuda, essa é uma verdade, tenho uma família que também compreende as coisas e o processo, sabe que isto é a minha vida que estou dedicado de corpo e alma e que estou a fazer destes 12 anos, 12 anos de dedicação total. Aquilo que não conseguir viver ou que perder do ponto de vista da vida pessoal, hei-de recuperar quando sair daqui.
Se tem uma equipa que o ajuda, também foi uma batalha vencida porque no princípio, quando assumiu a presidência da Câmara, não foi isso que encontrou…
Não, mas também tinha obrigação de a montar. Tenho obrigação de montar uma equipa mais coesa, de reforçar a existente. Encontrei muita gente boa na Câmara Municipal, técnicos de elevadíssimo gabarito, e acrescentei com o meu próprio trabalho político e o meu próprio staff político.
Mas quem manda em casa, é o pai ou o filho?
Em casa, a única pessoa que não manda nada é mesmo o pai. De resto, toda a gente manda!
Que objetivo tem ainda para concretizar na sua vida pessoal e profissional?
Eu acho que o meu único objetivo, neste momento, é ser feliz. O tempo de presidente de Câmara tem sido um tempo em que vivi os melhores momentos da minha vida e os piores também. Portanto, espero ser capaz de valorizar os melhores momentos e de esquecer rapidamente os maus momentos, porque o ódio, o rancor e as angústias não dão vida a ninguém. Quero ser feliz e fazer dos outros felizes e as pessoas quando olharem para mim, podem até ter algum motivo de crítica, porque ainda têm um buraco à porta de casa, mas que possam olhar para mim como eu olho para o presidente Obama e dizer “é um tipo sério, lutou com todas as forças que tinha, dedicou-se honestamente à causa e fez o melhor que podia e sabia”. Isso para mim já é um grande contentamento.
Mas sente-se um presidente de Câmara que resolve o buraco na rua ou um presidente de Câmara que tem uma ideia para o município e que se preocupa com o global?
Eu sinto que sou capaz de fazer as duas coisas. Tenho uma visão estratégica para o município e não deixar que essa visão subalternize os problemas do quotidiano que afetam os cidadãos. É isso que um presidente de Câmara tem de ser. Um indivíduo com visão e ambição, mas sem nunca perder de vista o dia-a-dia dos cidadãos.
Gaia e Porto perderam o Red Bull Air Race, mas ganharam outras grandes iniciativas.
Não, não perderam o Red Bull. Gaia e Porto decidiram, depois da última edição, não fazer recandidatura. Temos outras prioridades, reconheço que uma das prioridades começou a ser trabalhada este ano, quando aceitamos a parceria com o grupo Global Media para fazer o Grande Prémio de Ciclismo e julgo que isso configura que nós, provavelmente, tenhamos aqui um reforço nesta modalidade, muito brevemente, com outros eventos marcantes. Gaia e Porto definiram claramente que não faz sentido ter ano após ano sempre os mesmos eventos. E a diversificação é também uma forma de chamarmos gente diferente, gente nova, a Vila Nova de Gaia. Eu diria que depois de andar no ar, nada melhor que andar em duas rodas e trazer um grande evento do ciclismo nacional à nossa região que há tanto tempo o deseja.
Então é por isso que à entrada da Casa da Presidência existe uma bicicleta?
Temos uma bicicleta lá e eu tenciono participar na Volta a Portugal, nem que seja só a descer a Avenida da República!!
Tem, pelo menos, mais três anos de mandato à frente da Câmara de Gaia. Como espera deixar Gaia no final do seu mandato, além da inaugurar a ponte, o que pretende deixar?
Para já, a minha obrigação é deixar Gaia melhor do que encontrei, como os meus sucessores hão-de tentar fazer ao deixar Gaia melhor do que eu vou deixar. É assim que se faz a história do nosso país, da nossa cidade e da humanidade. Mas, acima de tudo, se eu puder deixar uma marca de alguém que lutou de forma dedicada e de forma honesta, fazendo disto um projeto de vida, pois ficarei muito satisfeito e conto sinceramente que essa marca seja deixada ao fim de 12 anos. É claramente isso que me move independentemente de todos os factos históricos que possam acontecer até lá. E nunca confundir adversários com inimigos, que é o que eu sinto ser alvo na atualidade…
Quanto ao mandato na AMP o objetivo é fechar com chave de ouro e ter a regionalização concretizada…
Eu gostava muito. Acho que não temos, neste momento, ainda condições políticas para que isso aconteça, mas também acho que, com a descentralização e novas competências e novas áreas de intervenção dos municípios, as pessoas começam a perceber que estamos perante uma nova geração de políticos, de autarcas, de gente dedicada à causa pública que vai ser capaz de assumir novos projetos mais profundos, mais ambiciosos, e as pessoas vão progressivamente acreditar que somos capazes de, na nossa região, nos governamos sem necessitarmos do Terreiro do Paço no dia a dia para decidir o que devemos ou não fazer.
Sente-se bem com a relação com os cidadãos?
Saio sempre pela porta da frente da Casa da Presidência e circulo tranquilamente no concelho, indo de Metro para a AMP, indo às compras, que é minha obrigação, pois quem manda lá em casa assim exige, e sendo um cidadão comum que, por acaso, neste momento, é presidente da Câmara. Sem nunca ter enchido o peito pela função que ocupo, sem me deixar deslumbrar pela função que ocupo e tentando servir o melhor possível os meus concidadãos.
Continua a frequentar os mesmo locais que frequentava antes de ser presidente de Câmara?
Nem todos com a mesma frequência, porque agora vou menos vezes ao Zé da Serra, porque tenho menos tempo para almoçar, mas como é evidente sim, continuo a frequentar os mesmos que frequentava e continuarei a frequentar no futuro, porque sou de cá e ficarei cá depois de deixar a Câmara Municipal.
Ao longo destes cinco anos houve alguém que o tenha surpreendido pela negativa, alguém que considerava um verdadeiro amigo e porque as ambições pessoais de alguém não foram compreendidas ou aceites por si lhe virou as costas?
Uma meia dúzia de pessoas que revelaram um carácter, ou falta dele, revelaram um oportunismo e um utilitarismo absolutamente inacreditável, e que depois fizeram aquilo que fazem todos os traidores que é tentar espetar uma faca nas costas. Mas aqui aquela música, aquele poema de Jorge Fernando, que a Marisa interpreta muito bem que é “A Chuva”, diz-nos que “há gente que fica na história da gente e outra de quem não queremos ouvir falar” e é o meu caso, não quero ouvir falar dessa gente.
Mas talvez tenha acontecido algum caso contrário, alguém que não estaria à espera e que compreendesse a sua missão e apoiar.
Isso é verdade. Felizmente, posso recordar isso e são pessoas, comuns cidadãos que estão no mundo associativo, pessoas absolutamente extraordinárias que encontrei nos bombeiros, nas IPSS, pessoas como o presidente dos Bombeiros da Aguda, Manuel Guedes, como o presidente da CerciGaia, pessoas também no mundo da política como o vereador Firmino Pereira ou o vereador Elísio Pinto, que eram vereadores opositores e que se envolveram de uma forma, cada um ao seu estilo e à sua maneira, num dos casos até fazendo parte da minha equipa, mas também técnicos do município que têm muitas reservas sobre os políticos, que têm sempre preconceitos e que se entregaram a este desafio, e neles incluo a Drª. Manuela Garrido, a Drª. Gabriela Maia, enfim, os técnicos que tenho encontrado de grande competência e que merecem que façamos o possível por dignificar a Câmara Municipal. É gente que fará parte da história da gente mesmo depois de eu sair daqui.
Depreendo, então, que já consegue dormir tranquilo!
Eu sempre consegui dormir tranquilo, hoje consigo é dormir com mais confiança no estado da Câmara e com a certeza de que hoje a equipa já tem pernas para andar. E o que espero é que as pessoas continuem a trabalhar de forma coesa, com os presidentes de Junta empenhados, cada um deles com a noção de que ser presidente de Junta é ser um servidor das pessoas, como é ser um presidente de Câmara, que nunca se deixem engalanar, que nunca se deixem entusiasmar excessivamente, porque as pessoas não têm que andar a aturar egos ou vaidades e que possamos mostrar que não são só os nórdicos que sabem fazer política em condições e desenvolvimento em condições, nós também somos capazes de o fazer. Só assim teremos futuro.