A Tuna Académica de Oliveira do Douro (TAOD) deslocou-se até à ilha de São Miguel para concorrer no V Festim. Desta viagem levaram quatro prémios: Melhor Original, Melhor Adaptação, Melhor Porta-Estandarte e Melhor Tuna.
O AUDIÊNCIA aproveitou a ocasião para conversar com alguns membros da TAOD: o Gonçalo Pereira (Presidente), o Fábio Pinto (Magíster), o Ricardo Monteiro (membro mais antigo da TAOD) e a Carla Guerra (caloira da tuna), bem como para lhes deixar o desafio de organizar o “Francesinhas D’Ouro” na cidade da Ribeira Grande.
A TAOD foi a vencedora dos dois primeiros troféus Audiência Tuna Académica do Ano, isto em 2004 e 2005. De 2004 até agora, o que mudou na TAOD?
Gonçalo: Muita coisa. De ano para ano foi entrando mais gente, tanto é que atualmente temos cerca de 35 pessoas. O nível de capacidade musical melhorou imenso, até porque temos a sorte de grande parte dos novos elementos já terem competências musicais. E nós também temos investido mais nesse campo. Estes últimos anos temos demonstrado isso nos festivais por onde temos passado.
A tuna, no início quando se fundou, a base era um grupo de amigos que gostava de se juntar para tocar umas guitarradas.
Umas loucuras do António Castro (fundador).
Gonçalo: Exatamente. Um grande exemplo e um grande professor no que toca à tuna.
Deu sempre muita “energia” à tuna?
Gonçalo: Falo por mim, a nível pessoal é dos maiores exemplos que tenho. Quer ele, quer o André, anterior Presidente e anterior Magíster. Eu estou na tuna há oito anos, faz nove em novembro, e levo esses dois elementos na memória como exemplo de vida na tuna.
Falámos no período de 2004 a 2019, mas a tuna já existia antes.
Gonçalo: Sim, a tuna faz 18 anos este ano.
Ricardo: Estou cá desde 2002. A tuna foi fundada em 2001.
O Ricardo foi um dos primeiros caloiros da tuna.
Ricardo: Exato. Inicialmente estava reticente quanto a ir para a tuna. Depois comecei a ver e comecei a gostar, até porque andava lá a minha irmã e o António Castro, que era meu grande amigo, além de outros amigos que lá tinha. Pisar palcos, cantar e representar a freguesia são bons motivos para estar na tuna.
Ao longo destes quase 18 anos, haverá muitas peripécias para contar.
Fábio: Em 2007 foi fundada a associação, tornámo-nos associação jovem e temos sede na Praceta Dina Teresa, num edifício cedido pela Câmara Municipal em 2015.
Isso proporcionou outra dinâmica.
Fábio: Sem dúvida. A nossa melhoria em termos musicais vem desde aí. Lá está, ensaiávamos normalmente em palcos cedidos pela Junta de Freguesia, mas nunca tivemos um espaço próprio. Tendo esse espaço próprio, há outra dinâmica porque podemos ir para lá mais vezes ensaiar.
O que é que leva um jovem a querer participar numa tuna académica?
Carla: Eu tive conhecimento da tuna em espetáculos que eles faziam em Oliveira do Douro. Já era para entrar no ano passado. Entrei este ano por influência de uma amiga, aliás, entrámos as duas e cá estamos.
Como é estar a falar da Tuna Académica de Oliveira do Douro a 1700 quilómetros do local, que sensação tem?
Fábio: Primeiro de nostalgia porque faz precisamente 10 anos que estivemos cá no I Festim, em 2009. Na altura foi no Teatro Micaelense, um palco espetacular. Falo por mim, e o Ricardo também esteve cá, foi um dos palcos mais bonitos em que já estivemos.
Na altura, lá está, a tuna não estava como está em termos musicais. Ganhámos o prémio de melhor instrumental. Voltar cá passado 10 anos é muito bom. Principalmente porque podemos transmitir ao pessoal mais novo que já estivemos cá e mostrar-lhes alguns sítios por onde passámos.
Esta viagem foi feita exclusivamente à custa dos membros ou o poder local político ajuda?
Fábio: Sem dúvida. Nós tivemos um apoio por parte da Câmara Municipal de Gaia de 2.000€, também por parte da Junta de Freguesia e de várias entidades, como por exemplo o transporte para o aeroporto. Além disso, cantámos na rua, fizemos eventos para angariar dinheiro, também houve um espetáculo de teatro em que a bilheteira reverteu para a viagem… portanto, temos tido o apoio da comunidade.
Quanto tempo têm de se preparar para vir a um festival aos Açores?
Fábio: Desta vez preparámo-nos bem, até porque temos dois ensaiadores: temos o Pedro Almeida que ensaia a parte vocal e o Carlos Ferreira que ensaia a parte instrumental. Temos muitas músicas novas e bons arranjos. Temos melhorado com isso.
Quantos festivais vão em média por ano?
Gonçalo: Entre três a quatro, sempre fazendo um estúdio prévio a nível de custos que vamos ter, número de ensaios que vamos conseguir realizar até ao festival, e se não coincide com algumas das atividades que temos previamente estipuladas no plano de atividades.
Fábio: Exato. Para além da tuna ter a vertente musical, somos também uma associação e temos certos eventos anuais que já são referências na freguesia. Portanto, temos de conciliar a nossa agenda com a ida a festivais.
Quais são essas atividades?
Fábio: Francesinhas D’Ouro, que é um jantar de francesinhas que envolve cerca de 300 pessoas e é uma angariação de fundos para a participação na Festa da Bifana promovida pela Junta de Freguesia. Também fazemos Cafés Concerto e temos o nosso festival em novembro, o Tunas D’Ouro, em que vão tunas a concurso, no Auditório de Oliveira do Douro e também temos o nosso aniversário.
Têm alguma coisa preparada para celebrar estes 18 anos?
Fábio: Está em preparação.
Gonçalo: Algumas ideias ainda não estão concretizadas.
O que é que podem adiantar?
Fábio: Podemos adiantar que estamos em conversações com um artista conhecido, do qual nós temos a versão de uma música dele, que é o Martim Vicente. Convidámo-lo para vir tocar essa música connosco e estamos pendentes da agenda dele, que não é fácil. Só para abril é que temos uma resposta.
O que mudou na tuna quando se tornaram associação?
Gonçalo: Acho que começou a ser mais trabalhada e começámos a dar mais importância, principalmente a partir do momento em que nos foi cedido um espaço, porque até aí andávamos um pouco como “nómadas”, de um lado para o outro. Sempre se desenvolveu e trabalhou mais a parte musical e instrumental. Na vertente associativa, começámos a explorá-la mais a partir do momento em que nos foi entregue o espaço. Isto porque ao nos ser entregue o espaço, há questões legais e burocráticas que devem ser tratadas.
Fábio: Posso acrescentar que isso também nos traz certas vantagens, como por exemplo a candidatura a apoios e programas. Ser uma associação traz-nos vantagens, aliás, só temos sede porque somos uma associação.
Qual é que é a diferença entre ser Presidente e ser Magíster?
Gonçalo: Até agora, o Presidente e o Magíster sempre foi a mesma pessoa. De há dois anos para cá, tentamos diferenciar as competências de um e de outro. Neste caso o Magíster encarrega-se da parte da tuna.
Fábio: Trabalho com os ensaiadores, músicas novas para a tuna, marcação de ensaios, festivais…
Gonçalo: No meu caso é a parte associativa: os eventos, a gestão da sede, a logística… Um não trabalha sem o outro porque as atividades são da tuna e da associação.
O que é que é necessário para entrar na TAOD?
Fábio: Um dos critérios para entrar na tuna é ser-se estudante universitário. Se bem que podemos continuar na tuna depois de terminar o curso.
Entra-se em setembro como aspirante, e depois?
Fábio: Entra-se em setembro como aspirante e a partir do quarto ensaio torna-se caloiro. Há um tempo de integração e passa-se a tuno por mérito, ou seja, quando os tunos acham que os caloiros têm um desempenho que merecem passar a tuno.
Gonçalo: Tem de se ter pelo menos um ano de caloiro.
Fábio: De setembro a maio, andam com o traje de caloiro. Em maio, como trajam pela universidade pela primeira vez, trajam também pela tuna e a partir daí é caloiro, mas pode usar o traje.
Gonçalo: A fita que o caloiro usa na cabeça, depois usa no braço. E os tunos podem usar pins na lapela e o caloiro não.
E quanto a vocês. Quais as vossas ambições pessoais?
Ricardo: Já trabalho. Acabei o curso em Engenharia Mecânica em 2008. Já estou no ativo. Quero trabalhar na minha área, seja lá onde for.
E a Carla?
Eu estou a estudar Biologia na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Também sou de Oliveira do Douro e vivo lá.
Se já projetou o seu futuro, o que gostaria de fazer?
Eu pretendo trabalhar em investigação, na área da Biologia, preferencialmente na área de estudo das células tumorais.
E o Gonçalo?
Eu também sou de Oliveira do Douro, nascido e criado. Tirei Saúde Ambiental, na antiga Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto, agora a atual Escola Superior de Saúde que pertence ao Instituto Politécnico do Porto. Já não estudo.
E ainda está na tuna. Tem boas recordações?
Muito boas.
Quanto a ambições pessoais?
Já trabalho, ainda que relativamente há pouco tempo, na Câmara de Gaia. Espero trabalhar dentro da minha área e evoluir.
E o Fábio?
Também nasci e cresci em Oliveira do Douro. Tenho o mestrado em Ciências da Saúde e Tecnologia do Ambiente, também na Faculdade de Ciências do Porto. Terminei em 2012. Atualmente não trabalho na área e essa é a minha ambição: conseguir trabalho na área. Também sou formador de Higiene e Segurança no Trabalho, é essa a minha ligação à área, atualmente.
Para terminar, sobre a visita à Ribeira Grande. O que estão a achar dos Açores em geral e da Ribeira Grande em particular?
Fábio: Já estive cá várias vezes. Em 2009 em São Miguel e em 2010 noutro festival de tunas na Terceira. Entretanto já cá estive mais duas vezes e já conheço um pouco. À Ribeira Grande é a primeira vez que venho. Este é um sítio onde gosto de vir, até porque tenho amigos que eram da tuna e que atualmente vivem cá.
Ricardo: Além disso, é sempre uma responsabilidade muito grande representar a nossa freguesia e o nosso município, ainda mais aqui, num local mais afastado. Também porque representamos quem nos apoia, o que acresce uma responsabilidade para mostrarmos que trabalhamos e que conseguimos fazer “boa figura”.
Gonçalo: Também é preciso agradecer este dia à Ribeira Grande, que tão bem nos tem recebido. Estamos a ser muito bem tratados.