A IV Noite das Pantas, organizada pela Casa do Povo, este ano conheceu uma modalidade diferente: a virtual. Se nos outros anos as pessoas iam para a rua, cobertas com lençóis brancos, a assustar amigos e familiares, este ano, devido à pandemia da Covid-19, o evento teve de se realizar à distância de um ecrã. Online e em direto nas redes sociais, Graça Borges Castanho, vice-presidente da Casa do Povo, garantiu que foram milhares os que assistiram ao evento e tornaram esta edição a mais vista de sempre.
A Casa do Povo celebra, anualmente, a tradição das Pantas numa atividade apelidade de Noite das Pantas. A sua IV edição deparou-se com a pandemia da Covid-19 e teve de ser reajustada no tempo.
As Pantas são uma tradição secular carnavalesca, na freguesia da Maia, em São Miguel, nos Açores. Neste local, desde que há memória, em toda a época do Entrudo, indivíduos cobertos com lençóis brancos deambulam pelas ruas, assustando quem passa e visitando amigos e familiares. Antigamente, no Domingo Gordo e na Terça feira, faziam-se acompanhar de um espeto, onde as pessoas enfiavam malassadas. Reza a tradição que as Pantas são alusões aos entes queridos defuntos, a quem se dá vida nesta altura do ano.
No âmbito do Plano Estratégico de Literacia Turístico-Cultural da Maia, implementado pela Biblioteca Infanto-Juvenil da Casa do Povo e pelo Posto de Turismo, a Casa do Povo decidiu dar a conhecer esta dimensão do Património Popular a cada vez mais pessoas, por isso, em 2018, deu início à reconstituição histórica da Noite de Pantas. “Em cada edição preparamos um programa vasto com a participação de centenas de Pantas nas ruas, percorrendo ruidosamente as ruas da Maia, com entrada em algumas casas, onde malassadas e bebidas foram oferecidas. Os percursos foram acompanhados de grupos da filarmónica, bombos, gigantões, yoga do riso, dança, grupo folclórico e de cantares. Em 2020, acrescentamos artes circenses que muito enriqueceram o nosso cartaz”, contou Graça Borges Castanho, vice-diretora da Casa do Povo.
Noite das Pantas online
A celebração da Noite das Pantas no ano de 2021 teve de ser, por força da pandemia que vivemos, diferente, no entanto, a Casa do Povo não quis deixar de celebrar a tradição e a mesma aconteceu num ambiente digital. “Celebramos virtualmente, via Zoom e com transmissão direta através do Facebook, a Noite de Pantas, alargando ainda mais o alcance da nossa iniciativa”, explicou Graça Borges Castanho. A transmissão via facebook foi acompanhada por milhares de pessoas, garantiu a vice-presidente da Casa do Povo, e o vídeo gravado, disponível na internet, continua a somar visualizações, dia após dia, o que leva a crer que a projeção do evento deste ano foi a maior alguma vez alcançada.
Nesta IV edição, online, assistiu-se a uma retrospetiva das edições anteriores, além de que foi oferecido ao público uma uma breve contextualização histórica, cantoria, declamação de poemas, uma música inédita do Carnaval maiato, de uma antigo maestro da Filarmónica da Maia, José Coelho, a receita das malassadas e outras iguarias, música da filarmónica, espetáculo de bombos, entre muitas outras situações. “Foi um momento de alegria e de confraternização, que muita falta nos fazia em tempo de pandemia”, garantiu a vice-presidente.
Para o próximo ano, e sempre na perspetiva de que a pandemia da Covid-19 já terá passado, a Casa do Povo está a prever o maior evento, no terreno, de celebração das Pantas de sempre, sempre com a ideia de manter os fenómenos culturais e de cariz popular.
“No caso das Pantas, não está em causa apenas a dimensão lúdica desta prática carnavalesca, mas sim a sua vertente social e de harmonização da vida em comunidade. As festas servem para o convívio, para a partilha, para o encontro das populações que, assim, vivem mais equilibradas, sentem-se mais apoiadas e são mais felizes”, reforçou Graça Borges Castanho.