Atravessado que está o período em que as festas maiores que enchem de gáudio e alegria as nossas gentes, mais uma vez pautadas por um protecionismo muitas das vezes pouco justificado e quase nada esclarecido, eis-nos às portas de outro momento que consagra o epíteto do bom tempo e da sã convivência entre todos. Estamos no início do Verão, próximos ao início de férias e à necessidade que todos temos em procurar momentos de divertimento e distração depois de mais um ano fatigante e tão fustigado por um fantasma que teima em não nos deixar.
Num momento em que o processo de vacinação na Região cobre já a grande generalidade dos açorianos sejam eles de grupos de risco variados, de contingentes profissionais específicos e de escalões etários de maior vulnerabilidade (com mais de 170 mil inoculações nas quais se incluem cerca de 69 mil correspondentes às duas doses preconizadas), e com a tão propalada imunidade de grupo a ser eventualmente atingida durante o próximo mês, estamos certos que chegou o momento da tão almejada liberdade que nos é tão cara.
Aproximam-se também novos tempos de festas. Festas em todas as ilhas, por todos os concelhos, por todas as freguesias. Festas que são um orgulho do nosso povo e uma alegria para todos os que as vivemos e para todos aqueles que as vêm viver. Festas que encerram em si toda uma cultura que nos é própria, toda uma tradição que a nós pertence. Festas que, enfim, a todos nos dão a plenitude de liberdade, de são companheirismo e de vida em sociedade. Por elas aguardamos pacientemente mas parece que por elas mesmo estaremos de novo cerceados no nosso isolamento social.
Mas também é certo que o reverso da medalha existe. Estaremos sob o lema “uma Região, dois sistemas”? Dir-se-á que essa plenitude de liberdade e de sã convivência existe mas não para todos. Tomem-se como exemplos a vinda à Região do Primeiro-ministro para apresentação de uma moção de orientação política, a realização do X Congresso Regional do CDS-PP na Terceira ou da VII Convenção Regional do Bloco de Esquerda em Ponta Delgada. Pensemos. Conta, peso e medida? Assim se esperaria numa sociedade de brandos costumes, de liberdade nas escolhas de cada um e de exercício dos direitos dos cidadãos que clamam por uma liberdade que lhe tem sido confinada. Todos somos esses cidadãos pautados por limitações continuamente impostas e por constrangimentos que teimam em não abrandar. São essas limitações, esses constrangimentos que, mais uma vez, sob a capa de razões, hoje muitas vezes infundadas, nos remetem de novo ao nosso isolamento e ao imperioso impeditivo de não vivermos uma vida em plenitude como apanágio para nos sentirmos vivos.
Não estaremos em tempo de revitalizar toda a sã convivência de viver em comunidade, de usufruir de momentos tão especiais depois de um período tão longo de isolamento e de afastamento de todos e dos momentos que nos fazem sentir vivos? Estamos certos que sim! O momento de abertura, a hora de viver, o instante de festejar e o desejo salutar de viver em comunidade é agora porque nós o merecemos!