A HISTÓRIA DE ADRIANO ALVES, EMIGRANTE NO CANADÁ HÁ QUASE SEIS DÉCADAS

O AUDIÊNCIA esteve à conversa com Adriano Alves, um açoriano que deixou tudo para trás há 57 anos e que esteve 40 anos sem voltar “a casa”.

 

 

Saiu há 57 anos da Rua das Rosas, na freguesia da Conceição, para viver em Montreal, no Canadá, e há quatro décadas que não visitava a sua terra natal. Adriano Alves foi “apanhado”, em agosto, pelo AUDIÊNCIA enquanto passeava, com a filha e o genro, na terra onde nasceu e viveu até se casar, e que deixou à procura de melhores condições de vida.

“Emigrei por necessidade. Na época do Salazar havia muitas dificuldades, era mais fácil viver no Canadá do que aqui. Eu estava casado há um mês e a minha esposa, já lá estava, então fui ter com ela e claro que não foi tudo fácil. A língua era o mais complicado para mim, mas fui aprendendo e consegui logo trabalhar num restaurante a lavar pratos. Depois acabei por ir para a Construção Civil e fui aprendendo cada vez mais a língua e consegui uma vida melhor do que conseguiria aqui. Construi a minha família, mas em casa ainda falamos português”, confessa.

Hoje, regressado passados 40 anos à sua terra natal, e já sem a esposa, que faleceu há cinco anos, Adriano Alves admite que nota já diferenças significativas quer na freguesia da Conceição, quer na própria cidade da Ribeira Grande, mas não se arrepende da decisão que tomou.

“Não estou arrependido, se fosse hoje, talvez voltasse para trás, mas tenho uma vida criada no Canadá e aqui nem havia casas para nós. Agora já existem casas e as mulheres também já trabalham, mas acho que ainda se ganha muito pouco. Está tudo muito diferente, quando cheguei à Rua das Rosas, nem sabia onde estava. A rua está maior, as cores das casas diferentes… nas ruas antigas já me consigo localizar, mas nas novas não sei onde estou”, afirma.

Adriano Alves regressa ao Canadá de coração cheio e prometeu dizer aos seus amigos emigrantes açorianos tudo o que de novo existe nesta ilha.