A Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo (APPDA), com sede em Vila Nova de Gaia, encerrou, no passado dia 31 de outubro, as comemorações do seu 40º aniversário, com uma cerimónia que teve lugar no Auditório Manuel Menezes de Figueiredo. Esta celebração contou com a participação de Marina Mendes, vice-presidente da Câmara Municipal de Gaia, Alexandra Amaro, presidente da União de Freguesias de Mafamude e Vilar do Paraíso, e Manuel Moreira, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Vila Nova de Gaia, assim como de autarcas e representantes de entidades civis e militares.
O Auditório Manuel Menezes de Figueiredo foi palco, no passado dia 31 de outubro, do encerramento das comemorações do 40º aniversário da Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo (APPDA), com sede em Vila Nova de Gaia.
Com o mote “celebrar, inovar e pensar no futuro”, esta celebração contou com a participação de Marina Mendes, vice-presidente da Câmara Municipal de Gaia, Alexandra Amaro, presidente da União de Freguesias de Mafamude e Vilar do Paraíso, e Manuel Moreira, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Vila Nova de Gaia, assim como de autarcas e representantes de entidades civis e militares.
Na ocasião, as intervenções foram inauguradas por Ana Maria Gonçalves, presidente da Direção da APPDA-Norte, que fez questão de frisar que “fazemos 40 anos que começou a funcionar o Centro de Dia do Monte da Virgem. Historicamente, as pessoas com perturbações do espectro do autismo, não se podem integrar no sistema popular de ensino, quer pelos graves problemas de comportamento que manifestam, quer pelo desfasamento do programa escolar, relativamente às necessidades e incapacidades que apresentam. Esta situação, levou à criação de uma estrutura, que lhes desse resposta de um modo integral”.
Recordando a história da instituição e enaltecendo todas as entidades envolvidas na sua fundação, a líder da Direção da APPDA-Norte destacou que “atualmente apoiamos mais de cem pessoas com autismo, de diversas faixas etárias, e suas famílias. Temos uma equipa multidisciplinar, constituída por uma assistente social, psiquiatra da infância e da adolescência, terapeutas ocupacionais, terapeutas da fala e psicólogos, que efetuam o diagnóstico e o respetivo encaminhamento e acompanhamento”.
Durante o seu discurso, Ana Maria Gonçalves garantiu que a experiência proporcionada pelo programa Gaia Aprende+(i) “tem sido enriquecedora e desafiadora. Para além do trabalho com alunos com autismo, podemos trabalhar com alunos com múltipla deficiência”.
Afiançando que “a nossa estratégia de crescimento será apoiar o maior número de pessoas com perturbações do espectro do autismo”, a presidente da Direção desta instituição ressaltou que “para tal, temos um projeto que visa a construção de raiz de um novo edifício”.
Com urgência em criar novas estruturas, a APPDA-Norte tem, segundo Ana Maria Gonçalves, “pessoas que apresentam vários graus de autismo e temos de estar sempre atentos às suas necessidades e temos de os acompanhar, porque as famílias esperam isso de nós, pelo que temos essa responsabilidade e as próprias pessoas com autismo também esperam de nós isso, pois somos uma associação que os protege e que temos o dever de os defender e sermos o porta-voz deles. Portanto, sentimos a necessidade de criar, com urgência, residências autónomas, precisamente porque temos casos que já têm uma certa autonomia e com uma pequena retaguarda, acho que vai ser muito bom para eles, até porque nós temos que preparar também o futuro, no sentido também de que as famílias, como nós sabemos, não duram sempre e é muito nessa perspetiva, nessa aposta, que nós temos trabalhado sempre, desde o início, e queremos continuar a trabalhar”.
Neste seguimento, o vice-presidente da APPDA-Norte, Luís Silva, tomou a palavra, lembrando “o doutor Fernando Campilho, que infelizmente faleceu no passado dia 28 de outubro. (…) Era pai de uma utente e foi presidente da Direção da APPDA-Norte durante 18 anos, (…) entretanto assumiu a presidência da Assembleia Geral até que teve de largar por motivos já conhecidos. Queremos deixar aqui expressa a nossa enorme gratidão e reconhecimento pela dedicação e trabalho desenvolvido ao longo de 20 anos em prol das pessoas com autismo e suas famílias”.
Por conseguinte, também Marina Mendes, vice-presidente da Câmara Municipal de Gaia, foi convidada a dirigir-se aos presentes, frisando que “tenho, realmente, uma relação muito próxima com esta instituição. Tenho o gosto de poder participar em muitos dos momentos da associação, ao longo destes anos que estou neste ciclo autárquico, e, portanto, a APPDA Norte é, hoje, uma instituição que tem muitos cobradores, que tem muitos utentes, que dá resposta a muitas famílias, mas acho que todos nós, conhecendo um bocadinho da história, e eu tenho ouvido muitas destas histórias de que falava a dona Ana Maria, sabemos que este percurso deveu-se a ela própria, à força dela, ao empenho e a esta paixão que ela ainda hoje continua a ter por este trabalho e por estas pessoas, no fundo”.
Parabenizando a instituição, a edil destacou “a capacidade que a APPDA-Norte tem de estar sempre rodeada de amigos, que acabam também por ser contagiados por esta paixão e por este carinho que a dona Ana Maria tem e deposita todos os dias na Câmara e na instituição. Claro que não o faz sozinha, faz com a boa equipa que tem”.
Para a vice-presidente da Câmara Municipal de Gaia, a APPDA-Norte “é um sítio onde todos nós nos sentimos bem acolhidos e percebemos a alegria e o amor que existe naquela casa”. “A APPDA Norte tem sabido muito bem trilhar o seu caminho. Acredito mesmo que vão continuar a fazê-lo da mesma forma e com esta maneira de estar. É verdade que, e a dona Ana Maria já o disse, precisa de mais infraestruturas para poder dar mais respostas. A Câmara tem acompanhado, tem estado sempre presente, tem sempre apoiado naquilo que também é possível, porque Vila Nova de Gaia é um território com muitas instituições e com muita população e com muita necessidade de criar infraestruturas, mas temos também estado sempre presentes. Não abandonamos a instituição e creio que será esse sempre o caminho daqui para a frente, porque a APPDA-Norte é e continuará a ser uma referência nesta área de intervenção”, asseverou Marina Mendes.
Também Alexandra Amaro, presidente da União de Freguesias de Mafamude e Vilar do Paraíso, aproveitou o momento para referir que “é, para a Junta de Freguesia, um imenso orgulho ter uma instituição como esta, com as respostas e as valências que a APPDA-Norte oferece às pessoas que têm estas especificidades, que não são só especiais pelo seu nome, pelo rótulo, mas são especiais por tudo que embarcam e por a família que consegue agregar, porque, efetivamente, há uma história de vida que está associada à constituição desta associação e que se tornou um propósito de vida também para outras pessoas e uma missão para a sociedade. Portanto, é de louvar todo o esforço, todo o empenho, toda a dedicação e paixão que se verifica quando se entra nas portas da APPDA-Norte”.
Neste contexto, o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Vila Nova de Gaia, Manuel Moreira, foi convidado a participar, igualmente, nas intervenções, reforçando que “acho que a melhor forma de celebrar é exatamente estarmos cá, renovarmos e afirmarmos o nosso compromisso, como cidadãos desta grande comunidade que é Vila Nova de Caia, e nesse sentido nós temos de partilhar estes momentos de celebração”.
Assegurando que, “há 40 anos um punhado de cidadãos sentiram que fazia falta uma instituição destas, para dar dignidade e mais qualidade de vida, a cidadãos diferentes, mas cidadãos com os mesmos direitos que todos nós”, Manuel Moreira frisou a importante de “renovarmos o nosso compromisso com a comunidade em que estamos inseridos, para fazermos bem, para cumprirmos a nossa missão, para podermos ajudar os outros a também serem dignos da sua vida e serem felizes. É esse também, julgo, o sentido desta celebração e é por isso que a Misericórdia de Gaia, naturalmente, está feliz por ter partilhado este projeto desde a sua fundação, desde a sua criação, como bem disse a senhora presidente dona Ana Maria, e naturalmente, nós ficamos satisfeitos por estarmos a partilhar este projeto”.
Ao longo da sessão, foram inúmeros os membros da Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo que intervieram, como foi o caso de Isabel Varela e Catarina Lorga, coordenadoras do Núcleo de Desenvolvimento e Autismo da APPDA-Norte, que falaram sobre os serviços desenvolvidos dos 0 aos 8 anos para as crianças e para as famílias, de Flávio Fernandes, do CACI da APPDA-Norte, de Sónia Soares, do Lar Residencial da APPDA-Norte, e de Paula Freiras, diretora técnica da APPDA-Norte, que recordou o percurso que foi feito “com o apoio de todos, mas sempre com o foco que é o desenvolvimento de serviços e.de apoios para pessoas com autismo e para as suas famílias”, destacando que “em 40 anos, vale a pena acentuar a capacidade de manter a resiliência que muitas vezes é necessária para ultrapassar dificuldades que vão surgindo e para continuarmos criativos, tentando inovar e tentando também manter a esperança, a possibilidade de melhorias no futuro”. Neste âmbito, também Carlos Filipe, diretor clínico da APPDA de Lisboa, fez uma breve apresentação aos presentes acerca “do papel que as associações de pais e a sociedade civil têm na causa do autismo, nomeadamente na causa dos adultos com autismo. Infelizmente, ainda se continua a ligar o autismo às crianças, mas felizmente, já se percebeu que na verdade, o autismo existe ao longo da vida do indivíduo e, como tal, há, obviamente, muito mais adultos com autismo do que crianças com autismo, porque a sobrevida das pessoas com autismo não é diferente da nossa sobrevida, a não ser que se surjam complicações como a nós podem surgir”.
No final da cerimónia, Vânia Silva, vogal da APPDA-Norte, apresentou duas empresas que estão a trabalhar em dois marcos importantes da instituição, nomeadamente na inovação e no futuro. Assim, Liliana Rodrigues, CEO da 4Humanz, e a designer Matilde Ferreira apresentaram a nova imagem da associação e a forma como irá estar presentada no mundo digital, ao passo que Lara Lucas, da empresa de arquitetura e design The Atelier, falou sobre o projeto para o edifício existente, assim como para o novo equipamento, que vai agregar as valências da associação, assim como um novo CACI, com capacidade para 30 utentes.
As comemorações do 40º aniversário da APPDA-Norte encerraram com um momento musical, que antecedeu o célebre corte do bolo, assim como um brinde à longevidade e ao futuro da instituição.