A EXCELÊNCIA NA PRODUÇÃO DA MELHOR CARNE AÇORIANA

O AUDIÊNCIA foi visitar a Agropecuária Manuel Couto, empresa com cerca de 50 anos que mantém a tradição da boa carne açoriana, sempre pensando no bem estar animal, mas que olha para o futuro com segurança e ambição.

 

Apesar de a firma Agropecuária Manuel Couto ter sido criada apenas em 2013, a empresa em si, criada por Manuel Couto, mais conhecido no mundo agrícola e pecuário por Manuel Queiró, tem cerca de 50 anos de existência. “Antes era apenas empresário em nome individual, mas por exigências contabilísticas e de várias ordens, teve de evoluir para empresa”, explica o proprietário.

Sendo uma empresa familiar, com apenas seis colaboradores, também o filho, Orlando Couto, se envolveu neste negócio e ocupa, atualmente o cargo de gerente da empresa. Ao AUDIÊNCIA, Orlando Couto, explica que a missão da Agropecuária Manuel Couto “é produzir bovinos para carne e o foco é a expedição para o mercado nacional, dos Açores para Portugal Continental”, algo que tem evoluído ao longo dos anos.

“A nossa produção é intensiva e temos à volta de 10 hectares para produção de forragem para alimentar os animais, como complemento às rações. Temos 450/500 cabeças permanentemente, de várias classes etárias, desde os vitelos até aos vitelões e novilhos”.

Com uma seleção de bovinos e carcaças de boa qualidade, com raças com a Angus, Limousin, Frísia ou Charolais, os proprietários asseguram que todos os animais são alvo de cuidados e atenção, muitos deles criados desde bebés, com 10 ou 15 dias de vida e que ainda são alimentados com leite em pó. “Fazem aqui todo o percurso”, garantem, dando assim provas da qualidade da carne.

“Em termos de números da produção, em 2022, tivemos 675 cabeças com 143 mil kilos; em 2023, 780 cabeças com 160 mil kilos e este ano já estamos com 533 com 116 mil kilos. Só produção própria e esperamos ainda aumentar até ao final de 2024”, afirma.

Também em termos de expedição de carcaças, outro dos negócios da empresa, os números são surpreendentes. “Fazemos também a expedição de carcaças nossas, e de outros produtores de diversas ilhas para o continente. Em média, devemos fazer 3 contentores frigoríficos por semana, às vezes é mais, outras menos. Nos últimos anos exportamos mais de mil toneladas de carne de bovinos dos Açores para o continente; em 2022 exportamos 1317 toneladas, em 2023 exportamos 1077 toneladas e até agosto deste ano tínhamos 910 toneladas. Não só produção nossa, claro”, explicam.

Estes números explicam, em parte, o reconhecimento que a empresa é alvo, que ficou em 138º lugar no ranking das maiores empresas dos Açores em 2022.

Questionado sobre qual o segredo para o sucesso do negócio, tanto Manuel Couto como Orlando Couto afirmam que “segredos não há”, mas que há certas ações que fazem a diferença. “Talvez tenhamos mais dimensão, mas segredos não há. Aquilo que pode haver é, comprarmos a ração onde todos compram, mas as forragens somos nós que produzimos, e os animais têm comida à vontade e compramos sempre de qualidade. O segredo é ter sempre comida disponível. Acima de tudo, o que diferencia é a compra de boa genética e o maneio intensivo com disponibilidade de alimentação, de água, e bem estar dos animais. Que nem sempre é o que a lei exige, há uma série de exigências para o bem estar animal, e nós produtores somos os principais interessados porque se o animal estiver melhor, em boas condições, vai produzir melhor, vai ter menos doenças. Se forem aos matadouros, principalmente o de S. Miguel, a nossa produção é a que melhores classificações tem”, asseguram.

Já sobre os subsídios, Manuel Couto admite que têm “os necessários” mas Orlando Couto assegura que os mesmos são o que mantém o setor a funcionar, caso contrário a situação seria bem pior. “O setor não tem evoluído muito, nem para bem nem para mal. Sempre foi uma atividade não muito lucrativa, subsiste porque há subsídios, porque de outra forma não dá, os animais quando vão para o matadouro não pagam aquilo que comem durante todo o processo. Em termos de subsídios acho que não nos podemos queixar, mas há sempre quem queira mais. Eu preferia não ter subsídios, preferia vender ao preço que custa produzir do que estar à espera de 6 em 6 meses que me deem a esmola. Até porque para os mais jovens, isto não é um serviço muito bom, estar numa secretária das 9h às 17h é melhor do que vir para aqui”, referem.

Já sobre os apoios da autarquia local e do Governo Regional, os proprietários não se queixam e admitem mesmo que “felizmente, não temos grandes necessidades da Câmara, porque temos boas acessibilidades, ao nível de fornecimento da água é da rede publica e não falha”, contudo, adiantam que poderia haver maior facilidade nos processos. “Uma das coisas era não complicar. Facilitar, mas não demais. Da Câmara Municipal não tenho nada a dizer, nem do Governo Regional. Está tudo legal, o alvará, os serviços veterinários também. Não implicam, mas facilitar… é preciso ir atrás deles”, afirma Manuel Couto.

A certificação em bem estar é uma das preocupações e principais objetivos para o futuro próximo, sendo que os proprietários adiantam que estão já a trabalhar nisso, até porque “o mercado assim o exige”. “Nós temos essas preocupações mas não estão certificadas e é o principal foco neste momento”, asseguram, adiantando também que existe um projeto para futuro que está a ser pensado e que pode, mais tarde, vir a ser uma realidade.

“Temos aqui também uma ideia na área comercial. Isto porque temos um espaço no centro da Ribeira Grande que funciona como escritório, mas a área é grande e já funcionou como talho e possivelmente pensamos nisso. Não para vender muito, a ideia é para vender qualidade, selecionar bem e apostar na qualidade, uma diferenciação do que existe no mercado. Está nos nossos planos para o futuro”, afirmam.

Os proprietários, que acreditam na qualidade do seu serviço e que pretendem assim continuar, deixam ainda uma mensagem aos leitores para que confiem na carne dos Açores.

“Esta carne é produzida com qualidade, com atenção aos animais. E não vale a pena as novas modas dos extremismos, do veganismo que não comem carne, mas depois metem pastilhas artificiais para compensar o que o carne dá. A humanidade só chegou aqui porque comeu carne a vida toda, os humanos não são herbívoros nem carnívoros, são omnívoros, desde sempre estão configurados para comer carne e vegetais. São extremismos que não vale a pena. E agora anda tudo no biológico, concordo, mas é preciso ter a certeza que é mesmo biológico”, alertam.