“A FOTOGRAFIA É UM HOBBY QUE LEVO BASTANTE A SÉRIO NA MINHA VIDA”

Benjamim começou no mundo da fotografia há 12 anos, e, desde então, tem desenvolvido essa sua paixão. O fotógrafo trouxe até à cidade o InRibeira Grande, que aconteceu este ano,e foi um grande sucesso.

Em conversa com o AUDIÊNCIA, Benjamim de Medeiros falou sobre a fotografia, o InRibeira Grande, e os próximos projetos.

 

Atualmente vive na Matriz, como é que veio aqui parar?

Faço agora 58 anos e vim para a Ribeira Grande com 17 anos e acabei por ficar aqui. Fiz o meu primeiro casamento e gostei tanto de estar cá que acabei por fazer um segundo casamento na Ribeira Grande.

 

É culpado pelo primeiro InRibeira Grande que aconteceu em 2018. Porquê?

Em 2016, fui convidado pelo Festival Internacional de Fotografia de Avintes, onde fui o único açoriano a expor trabalho. Em 2017 e 2018, fui lá para cumprimentar os fotógrafos e ver os trabalhos. O meu maior desafio foi trazer o In até à Ribeira Grande e trazer fotógrafos até à cidade. A ideia do InRibeira Grande surgiu em conversa com um fotógrafo brasileiro, que só o conhecia na internet, de levar o festival até à cidade da Ribeira Grande. Depois, conversamos com o diretor, Pereira Lopes, e com o presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, Alexandre Gaudêncio, que abriu a mão a este projeto muito interessante. Fizemos este ano num único espaço, no Teatro Ribeiragrandense, enquanto que o Festival Internacional de Fotografia lá fora é feito em vários locais.

 

Este Festival de Fotografia foi inspirado no Instantes de Avintes e o presidente do mesmo até veio cá. Apesar de ter sido a primeira vez, foi um enorme sucesso. Isso estava nas expectativas?

Não. Eu fiquei com a coordenação do festival nos Açores mas sempre de acordo com o diretor. Isto não estava nas expectativas. Inúmeras pessoas passaram no teatro. Só no último dia foram quase 200 pessoas que passaram. A inauguração superou todas as minhas expectativas, juntamente com as expectativas do presidente do festival e acho que também superou todas as expectativas que o presidente da Câmara e os ribeiragrandenses tinham. Acho que o intercâmbio entre os Açores e o resto do mundo, abre o apetite a muitos fotógrafos.

 

Isso significa ou pode significar que não vai ficar pela primeira edição…

Não sei, vamos ver. Mas em conversa com o presidente, ele demonstra interesse nisso. Vamos ver.

 

Depois de um sucesso desse, Quem é Benjamim Leandro de Medeiros?

Um apaixonado pela fotografia. A fotografia é um hobby mas é um hobby que levo bastante a sério na minha vida. Já ando na fotografia à cerca de 12 anos. Quando comecei mal sabia pegar numa máquina. Pegava nela e fotografava em automático, como toda a gente faz. Um dia, fui para o Porto e estive lá 3 semanas de férias e, de facto, a cidade despertou para a fotografia com aquela luz e aquela cor. A minha sorte é que levei o manual da máquina fotográfica e aprendia fazer o noturno pois pensava que era colocar a máquina no definição noturno e ela trabalhava sozinha. Nada disso. O interesse pela fotografia levou-me à compra de livros, a ver os grandes fotógrafos, e a olhar as grandes fotografias. Nos últimos 6 anos, amadureci muito na fotografia e comecei a levar a fotografia muito mais a sério.

 

Voltando ao InRibeira Grande, as fotos maiores eram da sua autoria e vi pessoas a olhar as para as suas fotografias muito entusiasmadas. Esse feedback chegou até si?

Sim. Aliás, o meu objetivo era levar um bocadinho dos Açores. O sentir o mar e mostrar a luz dos Açores. Tentei demonstrar nas fotografias todo este sentimento de açoriano. Mas, notei que despertou muito interesse nas pessoas.

 

Quais os temas que procura para as suas fotografias?

Eu trabalho em várias temáticas e, depois, vou juntando os trabalhos para expor mais tarde, mas sempre dentro do mesmo estilo e da mesma luz. Agora sou um fotógrafo muito mais exigente. É óbvio que gosto da fotografia de rua. Gosto de estar com pessoas e de falar com elas e gosto da paisagem. Todas as minhas fotos estão relacionadas com a geometria,a luz e a sombra.

 

 

 

É apelidado por Red, como é que surgiu esse nome?

Eu sou Red porque quando comecei a fotografar vestia o meu casaco vermelho. Eu queria uma imagem de marca e acabou por ficar o casaco vermelho.

 

Existe uma parceria com uma galeria de arte no continente….

É um site que é considerado uma galeria de arte, onde estão representados quase 3 mil fotógrafos de 77 países. Foi esta galeria que praticamente inspirou os meus últimos 6 anos. Eu estou à frente do FineArt Portugal há 5 anos e eu sou o que mais trabalhos tem expostos. Tenho aprendido com grandes nomes da fotografia. O FineArt tem sido a minha grande escola.

 

Recentemente, vi-o junto do presidente da Câmara aquando da Feira Quinhentista. Qual o papel que desempenha nesta iniciativa municipal?

Fiz parte do júri da Feira Quinhentista e tudo o que puder dar à Câmara como júri e com todo o meu trabalho, eu cá estou. O presidente inspira-se muito no meu trabalho pois tem duas fotografias, as maiores que estavam expostas no Teatro Ribeiragrandense, no gabinete. Acho que também tenho todo o orgulho ao saber que o presidente inspira-se todos os dias olhando para as minhas fotografias. Isso é gratificante, como é óbvio.

 

Quais os próximos projetos?

O próximo projeto que eu tenho é a elaboração de um livro, juntamente com mais 20 fotógrafos, para a Associação Acreditar. O projeto já vai na 3ª edição. Não ganho rigorosamente nada mas dou todo o meu para trabalho para a venda do livro que reverte para a Acreditar.

 

No final deste mês e princípio de setembro, a Matriz está virada para a diáspora. Isso vai inspirá-lo para fazer algum trabalho fotográfico?

É sempre um trabalho interessante a parte da emigração. É possível, não sei. Vamos ver. Eu devo muito à Ribeira Grande, em termos de todos estes trabalhos, mas acho que tenho que dar muito mais à cidade. Eu sou um fotógrafo e eu gosto de fotografar aquilo que gosto porque tenho toda essa liberdade. Não gosto de fotografar quando me fazem um pedido para um determinado trabalho. Se eu achar que vou a esse trabalho, entrego.me totalmente.

 

Já vi que é um homem feliz na Ribeira Grande…

Sem dúvida. A Ribeira Grande é um espaço encantador. É uma cidade bonita com vários recantos e, em cada recanto, tenho a possibilidade de escolher o ambiente e de estar com os meus amigos.