“A PAIXÃO PELA MÚSICA MANTÉM-SE SEMPRE LADO A LADO COM A ENFERMAGEM”

Bárbara Azevedo nasceu na Ilha do Pico e desde a sua infância que a música ocupa um lugar de destaque na sua vida. Aos cinco anos começou a participar em festivais infantis, tendo sido inúmeras as conquistas alcançadas ao longo do seu percurso, mas apenas aos 10 anos descobriu o amor pelo piano. Em 2009, foi viver para Ponta Delgada onde, mais tarde, ingressou no Conservatório Regional. Formada em Enfermagem, concilia, diariamente, a paixão pelo mundo musical e a vida profissional. Em entrevista exclusiva ao AUDIÊNCIA, a artista evidenciou que a voz e o piano são o que a caracteriza e que o sonho é continuar a sentir-se realizada e feliz.

 

Para quem não a conhece, quem é a Bárbara Azevedo?

Nasci na Ilha do Pico e cresci num seio familiar onde a música esteve sempre presente em todos os serões. Comecei a cantar desde muito cedo, iniciando a participação em festivais infantis, aos cinco anos de idade. Aos dez anos, surgiu o amor incondicional pelo piano, começando o meu percurso no Ensino Artístico na Escola Básica e Secundária das Lajes do Pico, tendo continuado até ao V grau. No ano de 2009, vim residir para Ponta Delgada, onde frequentei a escola de música da Globalpointmusic e, mais tarde, reingressei no Conservatório Regional, frequentando o Curso de Piano até ao VIII grau. Em 2009, lancei o meu primeiro tema original em piano e voz, intitulado “The Truth”. Sou enfermeira de profissão, mas a paixão pela música mantém-se sempre lado a lado com a enfermagem.

 

Como e quando surgiu a sua paixão pela música? 

A minha mãe sempre me diz que comecei a cantar ainda antes de começar a falar. Por isso, penso que a paixão pela música sempre existiu em mim.

 

Porquê o piano? 

O piano surgiu talvez por influência da minha avó materna, Lídia, que sempre tocou e deu aulas de piano. A verdade é que nunca equacionei outro instrumento, que não este, foi algo que apareceu naturalmente na minha vida.

 

Fale-me um pouco sobre a sua vida profissional e artística? De que forma consegue aliar ambas? 

Sou enfermeira e tento sempre ter tempo na minha vida para tudo. Aliás, até no momento de concorrer ao ensino superior, o facto de querer manter a música presente, teve um peso enorme na decisão do caminho a seguir. Ao escolher o Curso de Enfermagem, foi-me possível conciliar a continuidade dos estudos em piano, no Conservatório Regional de Ponta Delgada, e começar a aparecer em alguns concertos a solo e com outros artistas do panorama musical açoriano. Hoje, não me vejo a exercer outra coisa a não ser a enfermagem e também não vejo a minha vida sem a música. Por vezes, é necessário um grande malabarismo para conciliar as duas coisas, mas é sempre possível, nem que me prive de umas horas de sono, no meio dos ensaios, concertos e turnos no hospital.

 

Quando começou a sua carreira musical? 

Penso que o início de tudo terá sido aos 5 anos de idade, quando comecei a participar nos festivais infantis, nomeadamente o Festival Baleia de Marfim, nas Lajes do Pico, do qual fui vencedora, em 2001, com a canção “Quando eu for grande”, com letra de Cinira Azevedo e música do maestro Emílio Porto. Esta vitória deu-me acesso ao Festival Caravela de Ouro, na Povoação, do qual também saí vencedora. Viajei, ainda, até ao Festival Internacional dos Pequenos Cantores da Figueira da Foz, onde arrecadei todos os prémios. Ainda com esta canção, fui participação especial no Festival da Canção Infantil na Madeira. Anos mais tarde, mantive a ligação ao Festival Baleia de Marfim, desta vez como pianista da banda residente e, também, como uma das compositoras.

 

Considerando que é uma presença assídua em inúmeros eventos, nomeadamente, não só na Ribeira Grande, mas na Região Autónoma dos Açores, sente que a cultura está a deixar de ser vista como algo menor no país? 

Penso que estes anos de pandemia que nos privaram de imensas coisas, entre elas a cultura, permitiram-nos dar ainda mais valor a todo o tipo de eventos, fossem eles festivais musicais, exposições de obras artísticas, ou peças de teatro. Porém, sinto que, apesar de todo o reconhecimento da importância da cultura, este tende a não se refletir numa componente financeira, isto é, por um lado valoriza-se a cultura pela falta que se fez sentir, por outro “rotulam-se” todos os projetos com um determinado orçamento, não sendo muitas vezes recompensados pela sua qualidade e/ou investimento profissional.

 

Se pudesse destacar o momento mais marcante do seu percurso musical, qual seria? 

Quando penso no momento mais marcante, vem-me à memória a primeira vez que gravei um tema em estúdio. Foi um cover de uma música de Pedro Abrunhosa, intitulada “Eu não sei quem te perdeu”, gravado em piano e voz, no ano de 2009. Recordo-me do nervoso miudinho e, ao mesmo tempo, da satisfação que senti quando o ouvi passar na rádio, pela primeira vez.

 

Que tipo de mensagens pretende transmitir, através da sua música e voz? 

Na interpretação de um tema, o objetivo é a emoção que parte das notas do piano e da melodia da voz. Com a minha música, partilho sempre um pouco do que sou e do que sinto, e o que nutro nem sempre é igual. O mesmo tema poderá ser interpretado com sentimentos diferentes, em concertos diferentes. O mais importante é ser autêntica, cativar o público com a interpretação e com a vulnerabilidade a que nos sujeitamos, com uma determinada letra ou melodia.

 

Que projetos tem em vista para os próximos tempos? 

Tenho vários projetos em simultâneo, todos diferentes. De salientar, os projetos “Manel the Islandman”, onde sou teclista e vocalista, e “Vânia Dilac and the Soulmates”, onde sou também teclista e backing vocal. Nos próximos tempos, esperam-se vários concertos e algumas novidades também. Para além disso, tenciono recuperar os originais, que estão guardados na gaveta, há alguns anos, e começar, ou recomeçar, a trabalhar mais a sério no projeto “Bárbara”, dando destaque ao piano e voz, que são a minha essência.

 

Qual é o seu maior sonho? 

Penso que o mais simples e mais complexo sonho de todos é ser feliz. Para mim, a felicidade implica ter sempre a música na minha vida, ser realizada profissionalmente na enfermagem e estar rodeada daqueles que me são mais importantes.

Que mensagem gostaria de transmitir aos nossos leitores? 

Antes de mais, gostaria de agradecer a oportunidade de partilhar um pouco da minha história e da minha música. A música é uma linguagem universal, que está presente nos bons e maus momentos. Deixo, aqui, uma mensagem simples, mas que penso que resume o mais importante: viva à música e vivam a música! Obrigada.