Há dois anos, eu dizia que a agricultura exigia um olhar neutro e imparcial, diferentes perspetivas e abordagens aos desafios dos nossos agricultores, assim como uma ação e pulso firme no propósito de continuar a desenvolver o setor primário e todo o potencial que este encerra numa Região como os Açores.
É factual que em dois anos, e por muito que custe a alguns reconhecer, tivemos uma evolução notável e transversal a todos os setores. Foram criadas várias soluções, novos instrumentos de ação, planos e estratégias, para firmar o papel das fileiras e estimular um futuro de sucesso para todos aqueles que fazem da terra o seu projeto de vida.
Começando pela fileira da carne, só no último ano, em matéria de abates, aumento do consumo local e exportações, temos uma variação de 11%, 1,9, 19,5 % respetivamente. Importa também referir que o preço do quilo da carne sofreu uma valorização entre 15 a 30 cêntimos.
A fileira do leite merece sempre destaque porque continua a ser um dos principais focos de ação e estratégia do Governo Regional dos Açores. Algumas conquistas e estratégias permitiram devolver maior valorização, mais estabilidade e maior previsibilidade ao segmento. Como exemplo, temos o estudo comparativo do valor do leite e a aprovação da candidatura a fundos para promoção dos produtos lácteos no Canadá. No mesmo sentido, o facto deste Governo assumir a necessidade de mediação, apelo e incentivo para a criação de novos produtos por parte da indústria levou ao surgimento de duas candidaturas ao PRORURAL +, que são um bom caminho a seguir.
Gostaria também de referir o setor da vinha e do vinho, que num curto espaço de tempo dá nota de ser um excelente exemplo de investimento público em prol da Terra, das tradições e do potencial endógeno de cada ilha. Os prémios alcançados, a área recuperada, o valor e a credibilidade deste produto, ultrapassaram barreiras e fronteiras que honram e dignificam a ilha do Pico e os Açores no seu todo.
Também há mais robustez, energia e dinâmica na horticultura, na floricultura, na fruticultura e apicultura, áreas e setores produtivos que permitem reforçar as exportações e contrariar importações no setor primário. Ao registar-se um crescimento de 25% atesta-se, assim, a capacidade e a necessidade de prosseguir nesta linha de crescimento e progresso.
O Plano e o Orçamento para 2019 continuam a fixar objetivos concretos, projetos e ações a implementar, metas a alcançar, a favor do engrandecimento do capital rural açoriano, refletindo uma orientação clara dos ativos financeiros para uma otimização dos recursos endógenos de cada fileira e para o reforço dos instrumentos e equipamentos que permitem uma diminuição de custos, em especial nas explorações. Pretende também capitalizar o valor dos nossos produtos ao continuar a investir no setor agroalimentar, aliado ao fundamental incremento do conhecimento científico, da inovação e da tecnologia.
É na soma e na complementaridade de todos estes elementos que temos uma agricultura mais eficaz, mais competitiva, e mais capaz de enfrentar novos desafios e de agarrar novas oportunidades sem perder a sua essência tradicional e regional.
Em suma, falar dos Açores e do nosso projeto de desenvolvimento e coesão socioeconómica é admitir que a agricultura é uma das forças motrizes da nossa economia e da nossa sociedade. E, por isso mesmo, devemos ter a capacidade de acompanhar os tempos e os desafios, de transformá-los em vantagens e mais-valias.
A mensagem é clara, o tom é firme, a motivação é grande e o compromisso é total. O Partido Socialista e o Governo Regional dos Açores pugnarão sempre pela defesa intransigente de mais rendimento, estabilidade e segurança.
Falar do amanhã é querer mais agricultura, mais crescimento, mais e melhor futuro para os nossos homens e mulheres da terra. Neste sentido, queremos mais reconhecimento, mais valorização, aqui e além-fronteiras, da labuta daqueles que, de sol a sol, sem folgas e sem feriados, cultivam o rico solo destas nove ilhas.
A todos, bem hajam.
Mónica Rocha
Deputada PS, ALRAA