A Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) de Gaia assinalou o seu 50º aniversário com uma cerimónia comemorativa, que decorreu no Auditório Manuel Menezes de Figueiredo. Repleta de homenagens e emoção, a sessão contou com a presença de Patrocínio Azevedo, vice-presidente da autarquia gaiense, e Rosário Loureiro, diretora-adjunta do Centro Distrital do Porto do Instituto da Segurança Social, assim como de autarcas e representantes de entidades civis e militares.
O Auditório Manuel Menezes de Figueiredo foi o palco das celebrações dos 50 anos da delegação de Gaia da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM). Fundada a 18 de março de 1973, com a inauguração do Centro da Rasa, que se assume como sendo o primeiro equipamento, no concelho, dedicado a apoiar o deficiente mental e a promover a sua integração social, esta instituição dispõe, atualmente, de várias respostas, nomeadamente a Intervenção Precoce na Infância, o Socioeducativo, vários Centros de Atividades Ocupacionais, dois lares residenciais e Centros de Recursos para a Inclusão e Qualificação de Pessoas com Deficiências e Incapacidades, desenvolvendo, ainda, apoios, no âmbito do programa municipal Gaia Aprende+(i).
“50 anos é muito tempo”, afirmou Joaquim Queirós, presidente da Direção da APPACDM de Gaia, fazendo uma reflexão sobre o que têm sido estas últimas cinco décadas. “Tivemos muitas vivências e experiências, mas também muito cuidado e interesse pela resolução de problemas e situações que vão surgindo no dia a dia. Olhar para o passado sempre foi, é e será importante porque ao enfrentarmos o presente, vamos encontrar experiências que nos vão ajudar e vão servir de bons exemplos, daí ser importante realizarmos esta comemoração, lembrando todos aqueles que por aqui passaram”, enalteceu o dirigente da delegação gaiense da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental.
Assegurando que a instituição, que dá resposta a cerca de 500 utentes e emprega mais de 100 colaboradores, está habituada a lidar com pessoas especiais, o presidente desta IPSS ressaltou que “muitas vezes, o progresso a que nós assistimos, no dia a dia, com os nossos utentes é tão pequeno que, às vezes, é um sorriso, mas é tão necessário e, para nós, é extremamente importante”.
A intervenção de Joaquim Queirós, ainda, foi marcada pela necessidade de se quebrar barreiras e preconceitos, face aos mais vulneráveis, evidenciando que é imperioso criar espaços de inclusão e de igualdade. “A inclusão é algo que nos preocupa a todos e que não se consegue por decreto, pois somos nós, no dia a dia, que temos de tentar mudar esta mentalidade”.
A sessão foi repleta de homenagens e contemplou, nomeadamente, a agraciação de Mário Dias, presidente da Mesa da Assembleia Geral da APPACDM de Gaia, e da Câmara Municipal de Gaia.
Depois de ter sido presenteado, num momento simbólico, o presidente da Mesa da Assembleia Geral da APPACDM de Gaia foi convidado a dirigir umas palavras aos presentes. “A nossa origem teve como sentido encontrar soluções adequadas para o dia a dia dos nossos utentes, tendo como princípio económico, meios escassos muito profundos, maximizando tudo”, frisou Mário Dias, reforçando a importância do trabalho em rede, “para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, porque, todos juntos, conseguimos realmente construir mais, neste caso, no território do Município de Gaia”.
Também Rosário Loureiro, diretora-adjunta do Centro Distrital do Porto do Instituto da Segurança Social (ISS), fez questão de marcar presença nesta sessão solene e de salientar, 50 anos depois, a evolução daquilo que era a situação de uma pessoa com um familiar com deficiência. “O grande salto é destes homens e mulheres, que fizeram do seu problema pessoal uma doação, para um bem coletivo, organizando-se para fazer com que a sociedade encarasse um cidadão com deficiência”, sublinhou a representante do ISS, alertando que “continuamos a ter de trabalhar esta situação da exclusão e é essa, também, a missão da Segurança Social, proteger as pessoas com deficiência. (…) Diria então que aquilo que temos de fazer, e se temos consciência disso, é replicar esta consciência, cada vez mais alargada, à nossa comunidade e centrarmos a pessoa, não nas suas incapacidades, mas nas suas capacidades, de modo a termos toda uma sociedade a favor da inclusão”.
Por fim, foi Patrocínio Azevedo, vice-presidente da Câmara Municipal de Gaia, quem encerrou as celebrações. Na ocasião, o edil admitiu que “senti um murro no estômago, quando o doutor Joaquim Queirós começou a falar”, revelando que “esta falta de sensibilidade e de capacidade para ver para além daquilo que é a nossa realidade é, acho eu, a maior angústia de um autarca e a lição que eu, e todos nós, levamos hoje daqui é sermos capazes de ver para além da nossa própria realidade e de olhar para além daquilo que vivemos, diariamente”.
“Estamos a comemorar 50 anos de vida, aliás, de muitas vidas. Cada sorriso conquistado dá anos de vida aos colaboradores, aos pais e aos dirigentes. Este é um trabalho inacabado e que não se pode fazer sozinho. E, no fundo, hoje estamos aqui, também, a comemorar esta rede de parceiros, que trabalha pelo mesmo fim, criar igualdade e construir sorrisos”, asseverou o autarca, afiançando que “só desta forma é que conseguimos, todos juntos, superar os problemas, mas, sobretudo, unidos, criarmos justiça e coesão social”.