“CALÇOS DA MAIA”: UM PROJETO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL QUE UNIU AS FORÇAS-VIVAS LOCAIS

A Junta de Freguesia da Maia assinou, no passado dia 14 de maio, um Acordo de Colaboração e Concertação Territorial com a Câmara Municipal da Ribeira Grande, a empresa de chá Gorreana, a Casa do Povo da Maia, a Santa Casa da Misericórdia do Divino Espírito Santo da Maia, o Museu Carlos Machado e a Cresaçor. Em causa está a implementação conjunta de um projeto de desenvolvimento sustentável, denominado “Calços da Maia”, que pretende lutar contra a pobreza e promover a coesão social, mediante uma estratégia local de intervenção intersectorial e empreendedorismo inclusivo. A sessão contou com a presença dos representantes de todas as entidades envolvidas, assim como de António Almeida, chefe de gabinete da Secretaria Regional da Juventude, Qualificação Profissional e Emprego, que felicitou a iniciativa.

 

 

A Junta de Freguesia da Maia pretende com o projeto “Calços da Maia”, operacionalizado a partir do Acordo de Concertação Territorial, que foi assinado com a Câmara Municipal da Ribeira Grande, a empresa de chá Gorreana, a Casa do Povo da Maia, a Santa Casa da Misericórdia do Divino Espírito Santo da Maia, o Museu Carlos Machado e a Cresaçor, promover condições para uma competitividade territorial diferenciada da Maia que, abrangendo, também, as outras freguesias da zona oriental do concelho da Ribeira Grande, contribua para a criação local de emprego e possibilite que a riqueza criada na Maia fique, efetivamente, na Maia, com repercussões positivas e nas vidas e no bem-estar dos maienses e seus vizinhos.

Jaime Rita, presidente da Junta de Freguesia e da Casa do Povo da Maia, afirmou, aquando da assinatura do Acordo de Concertação Territorial, que “este é um projeto que tem contribuído muito para o desenvolvimento desta zona, da zona nascente do concelho da Ribeira Grande”, manifestando a sua preocupação relativamente à “falta de trabalho, às vezes até falta de motivação dos próprios jovens, das próprias famílias, que foi muito mais agravado, agora, com esta questão da pandemia. Isto não tem sido fácil, as Juntas têm de ter um papel cada vez mais interventivo, para além das Instituições de Solidariedade Social e eu já disse, até como representante da ANAFRE, e torno a dizer que as Juntas de Freguesia têm de ter um papel mais interventivo. Não se pode limitar só a pedidos de apoios, nomeadamente para habitações, nós temos de ir muito mais além disso”.

O edil fez, ainda, questão de frisar que “esta zona tem estado um pouco abandonada” e que os dados mais recentes revelam que ”nós estamos a perder muita população na zona nascente do concelho da Ribeira Grande”.

“Devo dizer que, contrariamente àquilo que muitos dizem, mais especificamente que as pessoas que estão na situação de Rendimentos Sociais de Inserção e de outros programas não fazem nada, isso não é verdade. Eu e os meus colegas, aqui presentes, estamos à vontade para afirmar, publicamente, que essas pessoas têm sido muito úteis e tudo aquilo que se tem feito, mais concretamente na Freguesia da Maia, é com o pessoal desses programas. Portanto, bem haja o Governo que implementou isso e bem haja o Governo que, de alguma forma, irá continuar a implementar isso. Sem estas medidas, dificilmente as pessoas conseguem sobreviver economicamente e depois descamba para aquilo que nós sabemos e que não vale a pena estar a anunciar aqui, os roubos, a delinquência e a prostituição. De maneira que, este projeto vem precisamente ao encontro disto, da valorização do território, aproveitamento dos recursos e de alguns semiabandonados que podem ser plantados e aproveitados, porque existem pequenas alternativas ao setor da agropecuária”, ressaltou o presidente da Junta de Freguesia da Maia, enaltecendo que “aqueles que assinaram este documento, aqui, hoje, têm tanta vontade, ou mais, do que aquela que eu também tenho neste momento. Para mim, que estou de saída, aqui da Junta, está aqui um projeto, que eu espero que tenha continuidade. Naturalmente, eu vou continuar a fazer parte dele, através da Casa do Povo”.

Por outro lado, Alexandre Gaudêncio, presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, aproveitou a ocasião para “destacar as palavras que o Jaime Rita disse, aquando do Dia da Maia, comemorado no dia 1 de maio, uma data muito feliz, e o que eu gostaria de destacar, efetivamente, sobre esta rede que é aqui criada, é que, nas alturas de crise, ou numa altura de incerteza como a que estamos a atravessar, nada melhor do que trabalharmos em rede. Claro que, este trabalho não foi feito anteontem, ou ontem, foi feito, já, desde há três anos esta parte”, explicando que ”desde a primeira hora, como sabem, a própria Câmara Municipal associou-se quer no caso concreto da cedência das instalações na antiga Escola da Lombinha da Maia, que será sede deste projeto, quer, também, no apoio financeiro, que já está apalavrado, no valor de até 50 mil euros, para financiar este projeto e assumo, aqui, desde já, este compromisso, em nome da Câmara Municipal da Ribeira Grande”.

Relativamente à preocupação apresentada por Jaime Rita, o autarca ribeiragrandense referiu que “nós temos verificado que temos perdido população, os dados são visíveis, quer pelo número de eleitores que vamos vendo anualmente, quer pelos Censos que, agora, com certeza nos darão mais dados na prática. E efetivamente esta é uma preocupação e é através deste tipo de projetos que nós conseguimos captar e fazer com que as pessoas fiquem nestas localidades”.

“Se nós cativarmos as pessoas que nos visitam para este tipo de projeto diferenciador local e que acaba por ser, de certa forma, uma porta de entrada das nossas freguesias e dos nossos costumes e tradições, julgo que é este o caminho de futuro. Sem grandes megalomanias, sem grandes valores aqui à volta, mas retirarmos o que de melhor a nossa terra produz, o que de melhor a nossa gente produz, por isso eu acho que este projeto é muito feliz. Para terminar, gostaria de destacar que este projeto Fenais a Fenais, para além do polo central que vamos criar, aqui, na Lombinha, estamos também muito focados na zona de Rabo de Peixe, pois existem, aqui, parcerias que estamos a desenvolver, no âmbito deste projeto mais alargado, e no próprio centro da Ribeira Grande, onde nós estamos a reconstruir um antigo edifício do matadouro, que será uma incubadora de base local, que, também, na minha opinião, irá, aqui, preencher os três polos essenciais, aqui na Lombinha, no centro da Ribeira Grande e em Rabo de Peixe. Este projeto de Fenais a Fenais será fundamental para o futuro”, mencionou o presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, concluindo que “não quero deixar passar esta oportunidade para destacar este empenho pessoal com que o senhor Jaime Rita esteve à frente deste projeto”.

Também António Almeida, chefe de gabinete da Secretaria Regional da Juventude, Qualificação Profissional e Emprego, fez questão de estar presente na sessão de assinatura do Acordo de Concertação Territorial, em representação do Secretário Regional da Juventude, Duarte Freitas, e de felicitar “todos pela iniciativa e, naturalmente, pela capacidade empreendedora de olharem para um território e perceberem que a maior valia do território são os seus recursos endógenos, os seus recursos humanos”, assegurando que “nós queremos é que os açorianos vivam felizes no lugar onde escolheram viver e se nós quisermos que os açorianos possam viver felizes no lugar onde escolheram viver, é na sua freguesia, é no seu concelho, é na sua ilha e, portanto, nós temos de criar as condições diretas ou indiretas para que os açorianos se possam qualificar, para que os produtos e os serviços locais possam ser qualificados, numa perspetiva de contribuir para a melhoria do rendimento médio das famílias. Ao fim e ao cabo, o que nós queremos é que eles sejam felizes, tenham os recursos que precisam para se sentirem bem onde escolheram viver. Portanto, este é um projeto de base territorial, que parte desses pressupostos e eu penso que todos os parceiros estão envolvidos neste mesmo espírito”.

Garantindo que o Governo Regional dos Açores “subscreve, naturalmente, o objeto, o principio deste acordo”, o chefe de gabinete da Secretaria Regional da Juventude, Qualificação Profissional e Emprego aludiu ainda “podem contar connosco, o que nós queremos é valorizar as pessoas e valorizar os territórios e, portanto, vão contar, naturalmente, com a Secretaria Regional da Juventude, Qualificação Profissional e Emprego, porque, na verdade, a nossa preocupação com o emprego não é com a taxa de desemprego, é com as pessoas, é com o emprego das pessoas, é com a condição de permitir que as pessoas possam viver felizes, porque têm um emprego de que gostam e vivem e trabalham naquilo que as faz sentir melhor e, portanto, o objetivo é esse, não é a taxa de desemprego ou de emprego, mas sim o destino final, que são, ao fim e ao cabo, as açorianas e os açorianos. Portanto, bem hajam por esta iniciativa”.